01 maio 2007

Que Fria



Neste primeiro de maio, escrevo me remetendo à morte de uma figura importante do jornalismo brasileiro. Importante no quesito empresarial, lógico. Dono do maior jornal do país - de novo, outro relativismo: maior no quesito circulação -, Octávio Frias faleceu na última semana. Morreu muito tarde. Conseguiu deixar seu legado entreguista e liberalista, personificado na figura do filho, Octavinho.

Comprado a preço de banana, o periódico dirigido pela família Frias cresceu na década de 80. Sagaz, o publisher se aproveitou da onda das diretas já e se vendeu como o "porta-voz da redemocratização do país". Só que esqueceu de apagar as páginas manchadas das décadas anteriores.

Como explicar, por exemplo, a postura extremamente complacente ao regime militar? Até o Estadão, diário da oligárquica e fascista família Mesquita, foi mais combatente (por motivos pessoais, claro) que a Folha. Citemos, como exemplo, a demissão sumária do então diretor de redação, Cláudio Abramo, substituído por Boris Casoy para calar uma equipe recheada de esquerdistas e progressistas.

Aí a gente vê gente como Mauro Beting - para mim, um dos poucos jornalistas esportivos que merecem ser escutados - exaltando a figura do "seo Frias". Francamente. Depois de Roberto Marinho, o Frias pai era uma das figuras mais nefastas da mídia brasileira. Talvez por tentar, a todo custo, ter o mesmo poder de influência de Carlos Lacerda.

Calou investigações. Silenciou em benefício de sua empresa. Defendeu forças conservadoras paulistas. E na última corrida presidencial, polarizou sul e norte brasileiros, num autêntico separatismo preconceituso. Camuflou
como colunistas os porta-vozes de seu partido, o PSDB, e os forjou "jornalistas respeitados". Era, enfim, um empresário, e trabalhou a favor de seu planozinho pessoal de grande empreendedor.

Do baixo do túmulo, Frias deve estar fechando sua derradeira primeira página para este dia do Trabalhador. Pegará as manifestações e chamará de baderna. Dirá invasão às ocupações dos movimentos sociais Sem-Terra e Sem-Teto. E, no ano que vem, provavelmente teremos uma festa (10 para 1 que será da Força Sindical) na "Avenida Octávio Frias". Cúmulo.


5 comentários:

  1. jingle bell

    jingle bell

    acabou o papel

    não faz mal

    não faz mal

    limpa com jornal

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  2. Anônimo8:41 AM

    Faltou dizer que ele foi o criador do "pesquisismo" burrazileiro, versão datafodaçe.
    Foi um ótimo criador de capa de jornal.
    Mas é interessante ver Clóvis Rossi, Marcelo Coelho, Gilberto Dimenstein, o painel do leitor inteiro a semana toda babando ovo pra cima do velho.
    Fora isso ver o çapo e o çuvaco aninhados juntos feito urubu no caixão dele... NÃO TEM PREÇO!!!

    "Golbery esteve aqui, mandou lembranças"

    Ah, claro:
    VIVA O CORINTHIANS!!!
    (o frias, frio, foi bambi por causa própria)

    Abraços.

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  3. Anônimo9:21 AM

    Esqueci de convidar o casal deste blog para o aniversário de 2 anos da Teresa.
    Passa o seu e-mail para filipemartinsg@gmail.com para eu enviar o convite, que pode ser visto parcialmente no jornar.blogspot.com ?

    Abraço

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  4. Aproveitando a deixa final, fica a pergunta: onde será a tal avenida Octávio Frias?

    Ou seria apenas uma rua?

    E mais: Vicente de Sousa Queirós, vulgo Barão de Limeira, perderia o seu logradouro público?

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  5. Evita: ótimo post pro head, com direito à foto do velho embalsamado hahahahahahhahahahahaha...

    Corinthiano: verdade, o datafalha é uma das coisas mais nefastas desse país. Triste é ver o Lula na posição de presidente e perseguido pela Falha mandando que as Diretas só existiram por causa do "seo Frias". Além disso, o serra parecia o chefe dos coveiros. Ele sim é o corvo do novo milênio. O email já está a caminho!

    Barneschi: pensei exatamente nisso. E como o prefeito é chupa-rola da empresa folha da manhã, não duvido nada que o Barão de Limeira dance.

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