17 março 2008

Os domingos de Neves e Avallone


Volto a falar sobre os "jornalistas esportivos". E uso as aspas porque a grande maioria é lixo, tanto na ideologia quanto na ética que os rege. Sempre foi assim, mas até pouco tempo atrás tínhamos, ao menos, um tico de diversão.

Já devo ter mencionado e o Barneschi cansa de lembrar os áureos tempos de nossa saudosa - e hoje falida - Rádio Panamericana AM. O dial do radinho da cozinha já estava colado nos 620 kHz. Todo engordurado, ele aquecia os ânimos para o jogo que viria (sempre) às 16h - naquele tempo, horários esdrúxulos como 18h10, 21h45 e 11h00 eram exóticos.

Dali de dentro, uma festa de informações e de futebolatria. A equipe de Milton Neves tinha o mestre José Silvério, Wanderley Nogueira, o saudoso Flávio Prado (ele morreu e hoje tem outro no lugar dele), Luiz Carlos Quartarollo, Mauro Nóbrega, Cláudio Carsughi e o grande Israel Gimpel trazendo informações do Rio.

Já de noite, outra instituição saudosa que hoje não vale nada. O Mesa Redonda Futebol Debate, da TV Gazeta, tinha o folclórico e ainda necessário Roberto Avallone comandando o bate-boca. E naqueles áureos tempos, Chico Lang era ninguém. Quem mostrava serviço em outras épocas era Luiz Carlos Ramos, Márcio Bernardes, Fernando Solera (antes de ficar gagá) e até o temperamental Dulcídio Wanderley Boschillia.

Ficou famosa, inclusive, a briga ao vivo entre os dois comandantes. Milton Neves e Roberto Avallone trocaram acusações na mesa do programa da Gazeta, o que rendeu ao sobrinho da Tia Dora um gancho considerável. Esse episódio, vale dizer, é tão inesquecível para quem viu quanto a Playboy da Claudia Ohana.

Tudo isso culmina na aparição recente de Jorge Kajuru (o coitado está cego), bradando moralidade e defendendo crápulas como o JK. Muito coerente, a não ser o motivo real de sua visita ao ridículo programa de Vanucci, na Rede TV. O gordinho foi lá para promover seu livro, uma publicação que deve ser horripilante e só traz agressões (muitas até necessárias) a seus desafetos.

Federações e clubes vivem a receber críticas por conta de seu funcionamento à base de camaradagens. E o que fazem os "jornalistas esportivos"? Agem da mesma forma, ao tentar parecer éticos e fiscalizadores, mas apadrinhando pseudo-profissionais e trocando tapas e beijos. A crônica não precisa disso. Quem fiscaliza é a torcida. A imprensa deve estimular as rivalidades, exaltar os grandes jogos, falar da beleza que é a alma da arquibancada.

Quem dera tivéssemos uma peleja como a Neves x Avallone todo domingo. Seria uma melhora significativa a tudo isso que está aí. Hoje, no entanto, não passam de um bando de cagalhões, que só trabalham nos bastidores e, por isso, ferem uma regra básica do jornalismo: trabalhar visando o bem coletivo.

7 comentários:

  1. não quero falar de esportes hj

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  2. Que falta faz o Avallone...

    De cara, eu digo que tenho enorme desprezo por jornalistas esportivos que não vão a estádios.

    O Flávio Prado é o grande artífice disso tudo ao levantar a bandeira do "Não vá ao estádio". Virou um tremendo babaca e aí fala sobre o que não vê.

    Quem vê pela TV não vê de verdade. Não sabe o que acontece. E grande parte desses jornalistas todos não vai aos estádios, o que limita a capacidade de análise.

    Tomemos como exemplo o seu amigo JK: na ânsia de escrever análises (desprezíveis) sobre todos os jogos da rodada, o cara atola a bunda em um sofá e não vai ao campo. Aí escreve sobre todos os jogos, mas sobre nenhum ao mesmo tempo.

    O Mauro Beting pelo menos escreve - com mais propriedade - sobre o jogo que assistiu do estádio. É um diferencial.

    E o Milton Neves então? Esse aí não deve pisar em um estádio de futebol há anos, mas há quem leve a sério o que ele diz.

    Enfim, o cenário é desolador.

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  3. Precisamos dar um jeito nisso, cara...

    O Mauro é um dos poucos que se salvam. Ah, outra coisa que a gente aprende na faculdade e que esses merdas que não vão ao estádio não praticam: a gente não tem que apurar antes de escrever? No limite, o que os caras fazem é igual copiar/colar.

    E o JK é meu amigo e teu pai.

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  4. Anônimo11:04 AM

    E quando vamos começar o jeito nessa porra???

    O Avallone foi um grande amigo da minha Avó. E, sem falso testemunho, quem reavivou a carreira deste senhor foi meu pai, agenciando-o para esse programa que fez história.
    É o fim da picada que tenha acabado nas mãos e na voz desse ignóbil f.da prado. Ele não gosta de arquibancada, não gosta de futebol e não gosta de nada que não seja cor-de-rosa, aquela merda humana.

    O Mauro Beting, antes de ser porco, se declara anticorintiano. E ainda escreve sobre Corinthians, inclusive textos "comemorativos" em jornalecos como lance. Ou seja, é o máximo do pilantra. E ainda consegue se sair muito bem...

    E na quarta que vem, primeira merda que fizerem na vila, vão querer impedir os Gaviões também. Provavelmente vão pagar alguns imbecis pra provocar.
    Enfim. Está praticamente consumado.

    E hoje: a volta dos que não foram. Fábio Ferreira na zaga...
    E O ÉVERTON, MANO???

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  5. Porra, mas quando foi que o Mauro Beting se declarou anticorintiano?

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  6. Anônimo11:10 AM

    Naquele livrinho que ele conta a historinha de como se formou porco.
    Nada explícito, evidente, pois o rapaz é até sutil. Mas não deixa nada barato.

    Mas é natural, Palestrino. Não se pode esperar outra coisa.
    E ontem, chegando no jogo, o Japonês está de prova, o cara só cornetava por causa de cinco minutos de atraso na partida.
    Não digo que foi só porque era jogo do Corinthians, mas também não negaria se dissesse.

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  7. Realmente, a briga foi inesquecível. Eu só lembro dos "flashs", mas pq ninguém põe esse vídeo na internet?

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