25 junho 2008

Os do contra


Todo mundo teve na infância aquele colega que sempre era do contra. Se todo mundo queria jogar bola, ele queria vôlei. Se todos quisessem pizza de pepperoni, ele pedia logo a de atum. Se o dia era bom pra empinar pipa, ele rezava pro vento acabar. Assim são os do contra - tipinho que até virou personagem do Maurício de Souza. Geralmente, esse povo quando cresce não muda. Ficam daquele mesmo jeitinho e, na maioria das vezes, têm opiniões um tanto quanto nocivas à coletividade.

Parentêses: algumas pessoas defendem a idéia de que se um imbecil é imbecil e a gente descobre, é melhor ficar quieto e não contestar esse imbecil, principalmente no nosso blogue. Eu discordo disso em certas ocasiões, já que o blogue é uma extensão do papo conosco mesmo, aqueles que a gente leva durante o trânsito ou quando espera na fila do banco. Além disso, serve para denunciar esses imbecis e mostrar o que eles realmente são. Mesmo que para meia dúzia de fiéis leitores.

Esse nariz-de-cera todo foi para ambientar onde se encontra mais um discípulo mainardiano. Um tal Daniel Lopes, que escreve para o site Digestivo Cultural. Em primeiro lugar, vale dizer o que é o Digestivo. Para mim, não passa de uma grande bobagem, carregada por um tal Julio Daio Borges. Um típico politécnico uspiano pedante que, do alto de sua vasta sabedoria, colhe, aqui e ali, opiniões tão ou mais descartáveis quanto a própria. Mas o papo não é sobre o Digestivo e seu criador - que cita o Mainardi! -, e sim o tal Daniel Lopes.

Cheguei a ele por meio de uma polêmica desnecessária, criada em um artigo desabonador sobre Machado de Assis. Vejam, caros, a empáfia desse moço. Ele se dá a liberdade de contestar Machado, o maioral! Porque eu aprendi que tem coisas no mundo que não se contesta, e Machado é uma delas. Usarei as palavras do próprio Lopes para descrevê-lo melhor:

"estou a folhear no corredor um livro de George Orwell, quando um rapaz mais ou menos da minha idade pára sua caminhada simplesmente para dizer que eu sou um alienado. Eu levanto os olhos e o vejo erguendo um livro de José de Alencar. "Já leu isso?", perguntou. Sou um sujeito muito tímido, não gosto de discutir nem com gente inteligente. Disse apenas que "já, é um livro muito ruim". Nem vi direito o título, mas se era José de Alencar só podia ser algo chato, e eu queria me livrar do rapaz o mais rápido possível. Ele resmungou e foi embora. Hoje penso que ele devia ser um desses membros do movimento estudantil que gastam mais tempo se movimentando do que estudando."

Entendo que o rapaz possa ser um fruto da falida geração pós-anos 80, aquela que não sabe de nada, quer ter opiniões sobre tudo e não mexe uma palha para mudar o que acha errado. A geração que foi criada em condomínios, que faz críticas profundas como uma piscina regan. Enfim, que se satisfez com a mesquinharia que lhes foram impostas por esses valores novos tão nocivos. Tudo isso não justifica, porém, querer aparecer às custas de Machado de Assis. E o que dizer, então, quando o garoto vai além e também desce o sarrafo em Pablo Neruda?

Recomendo a leitura dos textos do cara, que podem ser encontrados aqui. Às vezes, é bom mostrar para os outros o não-exemplo. Geralmente, quando o grau de idiotice atinge níveis estratosféricos. Lá, você vai poder ver no perfil do Lopes que ele tem um blogue. Escreve sobre "literatura, punk rock e atualidades" - esse último termo, aliás, entra no mesmo balaio de coisas como "estilo", "tendência" e "diferenciado". Nem me dei ao trabalho de conhecer mais o caboclo, mas levando em conta o fato de que ele deveria sempre jogar vôlei quando criança, deve ter algum texto falando mal dos Ramones na seção punk rock...

5 comentários:

  1. Anônimo5:34 PM

    Craudio, acho que a tinta finalmente afetou meu cérebro. Afinal, ele falou mal do Machado ou do José de Alencar??? :S

    Beijos!

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  2. Dos dois! No link dá para acessar o texto contra Machado. Que ele usa pra falar mal do José de Alencar tb. Só usei o trecho para mostrar que ele fala mal de qualquer um que seja minimamente brilhante.

    bejas

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  3. É, eu tive um professor na Filosofia que falou que Aristóteles foi um filósofo 'pouco útil'...
    E outro que tentou "provar" que Nietzsche não foi filósofo, só um escritor...

    E depois tive um professor de sociologia que dizia que Lucáks foi um 'marxista de pensamento curto'.

    Enfim.

    Só pra tentar mostrar um pouco que a imbecilidade assola essa noça çoçiedade. E nas Universidades.

    Agora, falar mal do Machado é caso pra porrada mesmo.
    hahahahahahahaha

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  4. deve gostar da zíbia

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  5. ah, fala sério, mano. Que mal há em não gostar de Machado de Assis? Como assim "tem coisa que não se contesta"? Particularmente acho o Machado um gênio, mas o Macedinho das Moças, vamo combiná que não dá. Se ele tivesse frequentado uns puteiros com o Aluísio de Azevedo ou com o Álvares de Azevedo, não teria escrito A Moreninha.
    POrra, e o tal Daniel Lopes nem critica tanto o Machado, critica aquela exposição lá. Mas concordo em relação à entrevista (quem fez?) com o Diogo Mainardi. "Entrevista de Umbigo" matou a pau. Só por você não gostar do Jô Soares já adicionei seu blog a meus favoritos

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