03 outubro 2008

Museu do Futebol: o engodo


A prudência indicaria uma visita antes de qualquer palavra sobre o Museu do Futebol, inaugurado nesta semana no Estádio do Pacaembu – sempre é necessário dizer, a casa do Corinthians. Mas como prudência e futebol são coisas que raramente se misturam, às favas com a visita. Esse museu nada mais é do que um engodo. E digo isso levando em conta aqueles que foram os responsáveis pela sua criação.

Primeiramente, eis aí a Fundação Roberto Marinho. Sim, o braço responsável pelo caixa 2 da Rede Globo colocou seu dinheiro para agradar dirigentes de clubes, CBF e a mídia esportiva em geral.
Com isso, manteve o controle das rédeas sobre as transmissões futebolísticas mais relevantes, deu um cala boca nos concorrentes, lembrou o Ricardo Teixeira de que não há CBF sem a Vênus Platinada e armou o esquema para monopolizar toda a verba publicitária destinada à famigerada Copa 2014.

Logo em seguida aparece o Governo do Estado. E aí não dá para esquecer que é o mesmo governo que age em favor dos abastados e está cagando para o povo e suas tradições. São os responsáveis pela cratera no metrô e os contratos suspeitos com a Alstom, o não-cumprimento do piso salarial determinado pelo governo federal para professores e outras tramóias tucanas que jornalistas costumam não ver.

Finalmente, lá está a Prefeitura do prefeito tampão e repressor. As características usadas para descrever o governo estadual são as mesmas para a administração municipal. Afinal de contas, foi dado um golpe – bancado pela classe “de” média paulista, diga-se – para ficarmos na mão de uma mesma pessoa tanto no Palácio dos Bandeirantes quanto no Edifício Matarazzo.

Há, ainda, empresas nesse rolo, mais interessadas em agregar valor à marca e conseguir uma isençãozinha de imposto do que patrocinar decentemente o esporte mais popular do mundo.

Feito o intróito, vamos aos fatos. A fachada do mais belo estádio do país foi “presenteado” com portas de ferro, no estilo das lojas da 25 de março. Um horror. Ainda há resquícios da obra, como restos do muro que foi levantado ali no ano passado. Aproveitando a deixa, digo que a reforma no Pacaembu foi uma das coisas mais mal-feitas do mundo. A pintura já descasca e a escada lateral ainda não está finalizada – existe um vão na lateral de quase dois metros de altura e não há corrimão acompanhando os degraus.

Lá dentro, a alta tecnologia dá o tom. Vendo as reportagens sobre o museu, todas elas destacam o caráter multimídia da coisa, seja lá o que isso signifique. Esquecem, porém, do essencial no futebol e na vida: as histórias, principalmente as que nos fazem chorar.

Anexo ao museu está um bar. Ou, como está na matéria do site da Globo, “uma choperia, que promete se tornar rapidamente um point dos apreciadores de um bom chope”. Point? O Pacaembu é coisa séria, meus caros. E o futebol é muito mais do que isso. Vale dizer que o tal bar não abrirá em dias de jogos – talvez porque tem muito “povo”, e esses caras não gostam do “povo” – e provavelmente só servirá aos endinheirados do bairro e os playboys da FAAP. Um nojo.

Esse é, portanto, mais um passo dado em direção da modernização. Tudo muito bem calculado, preparando o terreno para a Copa 2014. Que será, insisto, a morte do futebol brasileiro.

8 comentários:

  1. depois dessa nem quero mais ir

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  2. Porra, japonês, vá lá ver primeiro, também não precisa entrar de sola com todas as pedras na mão.

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  3. Caro Cesarotti, o Japonês só está dizendo a verdade.

    E o mendigão da Charles Miller vai ter que arrumar outro chão pra dormir, porque vai encher de polícia pra garantir a segurança dos meninos da faap.
    A grana da casa do mendigão foi desviada pra fazer um bar, pra molecada poder tomar chopp no Templo Sagrado.

    Sendo que os torcedores são privados de sublime ato.

    Eu quando tiver dinheiro vou dar uma passadinha aí neste museu e fazer como o mendigão fará: mijarei na porta.
    Mas vou entrar pra ver qual é também. Disseram que não tem nada demais. Que o São Cristovao da Vila Madaloca tem mais coisa interessante.
    Aliás, sendo muito chato, as pessoas doam para o bar, mas para o museu não. Tem lógica isso?

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  4. Evinha: eu ainda quero ir, só pra comprovar minha tese.

    Cesarotti: é que eu sou gato escaldado e tudo que tem Rede Globo no meio eu já desconfio.

    Filipe: não duvide, daqui a pouco eles colocam um serviço de traslado Faap-barzinho point com aqueles carrinhos de golfe.

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  5. Cráudio e Filipe: procurou-me por email um blogueiro anti-leonor querendo se engajar no movimento anti-madame: e é um blog corintiano, portanto vou recomendar tb a vcs, ok?

    http://fud1957.meublog.org/

    O rapaz precisa ser "catequisado" ainda, mas a gente chega lá, rs...

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  6. Viu o seu amigo casares no MR ontem, Japonês?

    Esse fudêncio parece um perfil fake de orkut, Palestrino...

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  7. Filipe: não vi. Ontem dediquei o dia à eleição e abdiquei de futebol. Mas já ouvi dizer que o MR bateu recorde de propaganda, e não era da Ypióca...

    Raphael: de fato, muito catequisado ahhahahahaha! Tentemos!

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