22 outubro 2008

A omissão criminosa


A cada eleição e a cada fato político relevante, a história mostra que a imprensa costuma omitir informações e enrustir suas opiniões dentro da notícia. Citando apenas acontecimentos relativamente recentes, foi assim com a Campanha da Legalidade pela posse de João Goulart, foi assim na movimentação em prol do Golpe Militar em 64, foi assim na imposição do AI-5 em 1968, foi assim durante todo o período em que a ditadura esteve no auge, foi assim com as Diretas Já e foi assim nas eleições para presidente em 1989.

Em todos esses casos, havia barões da mídia bancando quem lhes interessava, seja por questões econômicas ou por pura manutenção do elitismo. Há quatro anos, São Paulo passou por um duríssimo pleito, elegendo um aproveitador que só usou a cadeira de prefeito para chegar ao governo do Estado. O estelionatário eleitoral não cumpriu um décimo do que prometeu e reforçou o moralismo barato e os preconceitos da classe média paulistana, além de nos deixar como herança um generalzinho oriundo da pior casta política que essa cidade já teve - casta que engloba nomes como Adhemar de Barros e Paulo Maluf.

O antipetismo e a birra com Marta se repete nesse 2008, só que de forma ainda mais preocupante. A Falha e o Estadão embarcaram em uma viagem sem volta, correndo o risco de figurar no mesmo balaio da galhofa que a semanal Veja. Por quê? Porque adotaram a mentira como pauta e ideologia. E o revanchismo e a destruição moral dos adversários como objetivo, a fim de consolidar sua posição controladora e patriarcal sobre uma população que avança cada vez mais em seu tacanho pensamento neo-burguês.

Nessa última semana de disputa eleitoral, as coisas chegaram ao nível do absurdo. Lutam contra a realidade de forma vergonhosa e escancarada. A notícia da vez foi o choro de Marta ao ser barrada no CEU Formosa, mas o que deveria ter sido mostrado era a vergonha das obras atrasadas. O problema é que isso comprovaria toda a tese da campanha petista. Para não contrariar o chefe, a imprensa ignora que não só esse como a maioria dos CEUs da gestão Serra/Kassab – como pode ser visto aqui – estão menos estruturados, mais caros e com o cronograma comprometido.

O que dizer, então, da manchete que agora pisca no site da Falha? “Lula repassou mais verbas a Kassab do que a Marta em SP” diz o texto, como se quisessem mostrar que até o presidente – e petista – Lula prefere a gestão do demo ao da sua companheira de partido. Sujeira braba. Quem analisou essa maléfica intenção dos Frias foi Luís Nassif:

“Uma das razões a reportagem aponta: melhoria do ritmo da economia nos últimos anos. A outra não: o fato do PAC ter começado a deslanchar. Especialmente em um aspecto pouco ressaltado: o avanço que proporcionou nas relações União-estados-municípios. Foi um avanço não apenas no plano do planejamento de investimentos mas da articulação federativa”.

Essas constatações só reforçam a tese de omissão proposital da mídia e servem como base para outros questionamentos. Primeiro, a bobagem da objetividade e imparcialidade não teria sido uma belíssima jogada de marketing, que hoje em dia não é mais eficaz por conta do descaramento? Segundo, têm consciência do que fazem esses jornalistas a serviço de um patrão vil, esquecendo o que juraram quando se formaram? Ou será que não se formaram, e por isso tem tanta empresa defendendo e fazendo lobby no STF para que caia de vez a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão?

É preciso, portanto, encontrar um meio de expandir a “contra-mídia”, a mídia dos excluídos. Já temos alguma coisa nesse sentido, como a Carta Capital, a Caros Amigos e, principalmente, o Brasil de Fato. O problema é a restrição na distribuição de publicações por conta do oligopólio formado pelos próprios barões que defendem a mentira.


Relegamo-nos, assim, aos blogues e à internet, sabidamente menos influentes no papel de formação de opinião em larga escala. Ao mesmo tempo, a mobilização pela popularização da web talvez seja o ponto crucial para a criação eleitores mais conscientes e leitores mais críticos daqui para frente.

5 comentários:

  1. GLORIOSA LUTA, contra essa corja canalha, meu caro Jornalista!

    FORA imprença abutre e alienada!!!

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  2. E isso aqui?

    "Não votem em mim se eu sair em 2010, diz Kassab"

    Lembra muito um ex-prefeito...

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  3. Senhores, cada vez mais me envergonho da nossa profissão.

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  4. Nem me fale, Cesarotti!

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