25 novembro 2008
As madrugadas de quarta
Quem me acompanha há algum tempo já deve ter lido uns textos sobre meu saudosismo com relação à imprensa esportiva de não muitos anos atrás. As manhãs de domingo na rádio Jovem Pan AM e o fechamento da rodada com o Mesa Redonda, por exemplo. Tal saudosismo, no entanto, é sempre confrontado com o péssimo direcionamento que a mídia futebolística tomou a partir da década de 90. Jornalistas, servindo a interesses escusos, esqueceram-se de seu público e passaram a tratar a profissão como um grande balcão de negócios.
Há duas vertentes nesse novo jornalismo dos gramados. Uma, cuja figura principal é o Milton Neves, vende até a mãe se possível, utilizando um espaço (raro) para fazer seus merchans ao invés de aproveitá-lo em prol da informação. Fala-se muita besteira, e a não ida aos estádios, coisa incompreensível para quem quer ser chamado de jornalista, é o motivo. Já a outra vertente também não costuma freqüentar os estádios, porém é ainda mais perigosa. Usa seu espaço como meio de promoção político-social, se veste com o manto da moralidade e consegue atingir o público higienista e imbecil que, por exemplo, vota em Kassab e acha o máximo as benesses da modernização do mundo. Acertou quem pensou no Juquinha, o crápula inexplicavelmente admirado por uma renca de gente, principalmente a molecada.
Isso em mente, venho aqui cumprir o mea culpa e dizer que a primeira turma está, ao menos, prestando um ótimo serviço à memória das comunicações. O Cabeção, ao lado do Mauro Beting, faz hoje o melhor programa de rádio durante as madrugadas de quarta-feira na Bandeirantes AM, na edição especial do Terceiro Tempo. Enquanto os juquinhas tentam abocanhar alguma teta nos poderes instituídos, Milton e sua equipe parecem querer voltar aos áureos tempos de Panamericana - contando, inclusive, com o fantástico acervo da Bandeirantes.
É divertidíssimo escutar as merdas - no bom sentido - que são ditas durante o Terceiro Tempo. Bom humor, recordações de ricas histórias do futebol e do povo e o resgate de jingles, programas e propagandas antigos. Não dá, por exemplo, para não se emocionar com o logotom do "Scratch do Rádio" característico das transmissões esportivas na emissora dos Saad.
Lógico que não serei irresponsável em absolver todas as imbecilidades que já proferiu o Milton Neves, ainda mais em relação às torcidas organizadas e ao Corinthians. Porém, é altamente recomendável escutar - ou ressucitar o velho gravador de k7 - essas madrugadas de quarta. Pena que algo tão bom esteja num horário tão inacessível ao grande público. O que, diga-se, faz saltar novamente minhas lombrigas com relação ao podcast. Resolução para 2009, aliás: fazer essa porra acontecer.
Japonês,
ResponderExcluirVocê sabe que eu compartilho dessa opinião. Do saudosismo pelos tempos áureos da JP, da época em que aprendi a gostar de jornalismo (esportivo), dos domingos de rádio AM. Bons tempos aqueles...
Sobre JK, reitero apenas o que foi dito pelo Raphaello: o cara criou uma rede de blogs do Juquinha, de efeito extremamente maléfico.
Sobre Milton Neves, tenho lá as minhas críticas a fazer (e são muitas, em especial pelo fato de ele ser hoje mais publicitário do que jornalista), mas eu prefiro guardar a lembrança dele como radialista, ainda possível nas madrugadas de quarta da Bandeirantes. Tenho ido dormir mais tarde às quartas, mas vale sempre a pena.
Recomendo o áudio das Pílulas do Dr. Rossi (disponível no site do Cabeção). É absolutamente genial.
Abraços
O Cabeção extrapola quando quer se crescer na onda de jogos importantes ou quando lança uma polêmica desnecessária. Não acredito nem que seja falha de caráter, ao contrário do Juquinha.
ResponderExcluirPorra, as pílulas são geniais, de fato! Aliás, os áudios todos merecem ser ouvidos. O Mauro cantando é algo entre o constragedor e o bizarro hahahahahahahahahha...
Sinceramente mesmo, que os dois nadem um oceano de merda pra chegar num abismo.
ResponderExcluirMas recordar é viver, e é importante sabermos que já teve uma certa qualidade esse jornalismo esportivo.
Hoje não enxergo qualidade alguma. Apenas falhas, defeitos e sacanagens.