12 dezembro 2008
Genialidades
O que se segue aqui são obviedades. Justifico-me lembrando de um professor na faculdade que dizia que uma boa pauta é aquela que enxerga justamente a obviedade, porque a maioria das pessoas tendem a fugir do óbvio por conta das manipulações, correndo o risco de passar batido pelo que realmente interessa. Tratarei, a partir de agora, de duas genialidades com as quais me deparei essa semana.
O primeiro gênio atende pelo nome de Kiko Dinucci. Quem anda pela noite ou já o viu nas quartas do Ó do Borogodó sabe do que eu estou falando, mas não deve saber de tudo. O cara, antes um roqueiro, virou seus olhos para o samba (e principalmente o samba paulista) depois de se cansar da simplicidade musical do gênero norte-americano. Além de excelente músico, atua com maestria em outras frentes nas artes, seja fazendo gravuras ou dirigindo filmes (realizou um documentário sobre o Exu no Brasil). Provocador, ele afirma que o samba de hoje é tudo mesmice. Kiko tem autoridade para falar, já que mistura ritmos e influências com muita propriedade e sem perder sua veia verdamarela. Confira abaixo dois vídeos que comprovam o que estou querendo dizer:
Voltemos agora lá para a primeira metade do século XX, mais precisamente na década de 30. Foi nesse período que o estupendo Ary Barroso, ao lado do não menos brilhante Lamartine Babo, escreveu "No Rancho Fundo". Ela também segue abaixo em vídeo, com a letra, interpretada pela dupla Chitãozinho e Xororó. Sobre Xororó, aliás, só um comentário: como pode um cara com uma puta voz dessa parir Sandy e Jr., ambos de garganta fraquíssima e comportamentos indignos?
Bom, esqueçam isso, pois o post é sobre gênios. Eis a outra pérola:
"No rancho fundo
Bem prá lá do fim do mundo
Onde a dor e a saudade
Contam coisas da cidade...
No rancho fundo
De olhar triste e profundo
Um moreno canta as máguas
Tendo os olhos rasos d'água...
Pobre moreno
Que de noite no sereno
Espera a lua no terreiro
Tendo um cigarro
Por companheiro...
Sem um aceno
Ele pega na viola
E a lua por esmola
Vem pro quintal
Desse moreno...
No rancho fundo
Bem prá lá do fim do mundo
Nunca mais houve alegria
Nem de noite, nem de dia...
Os arvoredos
Já não contam
Mais segredos
E a última palmeira
Ja morreu na cordilheira...
Os passarinhos
Internaram-se nos ninhos
De tão triste esta tristeza
Enche de trevas a natureza...
Tudo por que
Só por causa do moreno
Que era grande, hoje é pequeno
Pra uma casa de sapê...
Se Deus soubesse
Da tristeza lá serra
Mandaria lá prá cima
Todo o amor que há na terra...
Porque o moreno
Vive louco de saudade
Só por causa do veneno
Das mulheres da cidade...
Ele que era
O cantor da primavera
E que fez do rancho fundo
O céu melhor
Que tem no mundo...
Se uma flor desabrocha
E o sol queima
A montanha vai gelando
Lembra o cheiro
Da morena..."
Amanhã é dia de ganhar dos porcos hein!
ResponderExcluirTamo junto!
Abraços,
Kadj Oman.
PS.: adicionei teu blog ao meu.
http://manihot.wordpress.com
Opa! Valeu a referência!
ResponderExcluirÉ nóis!
Fala Cláudio!
ResponderExcluirEntão cara, aonde na Folha que saiu? Nem tava sabendo. Legal.
Abraços