16 dezembro 2008
Museu do Futebol: o engodo II
Em 03 de outubro, falei por aqui sobre o Museu do Futebol inaugurado sob as sagradas arquibancadas do Pacaembu. Tratei a obra com muito desdém, já que ela tinha idealizadores para lá de suspeitos, além de seguir preceitos pouco nobres, como a modernização do esporte. O prudente amigo Fernando Cesarotti, responsável jornalista que é, alertou nos comentários: "Porra, japonês, vá lá ver primeiro, também não precisa entrar de sola com todas as pedras na mão". Seguindo o conselho dele, fui lá no último domingo. E achei uma pena que a visita não serviu corroborar as palavras do Cesarotti.
Em linhas gerais, é um museu muito bem equipado, todo cheio de parafernálias tecnológicas e até um bom acervo, principalmente no que diz respeito ao audiovisual. O problema é que a coisa não vai muito além e traz poucas novidades. Mais (ou menos) do que isso, apesar de estar no Templo Sagrado da bola, o Museu do Futebol pouco inspira paixões.
Vou apegar-me à única coisa que me chamou atenção. Logo após o salão do primeiro andar, há uma escadaria e alguns telões que ficam bem embaixo de onde montam guarda os Gaviões da Fiel. Coincidentemente, esses telões prestam homenagem às torcidas organizadas do país, mostrando cantos e as festas nas arquibancadas. Existe inclusive uma espécie de duelo entre os principais rivais que ficou muito interessante. É possível passar um bom tempo apreciando as imagens, apesar do cheiro insuportável de mofo, uma vez que as estruturas foram montadas aproveitando as vigas do estádio e sobre o barranco que cai da Rua Itápolis.
Sendo repetitivo, assim como é esse museu, a visita só vale a pena por conta dessa área das torcidas e dos vídeos e sons disponibilizados. Para quem conhece um pouco mais das histórias do futebol, já antecipo: erros de informação serão encontrados em número relativamente elevado. Também se fala muito pouco sobre o estádio que o abriga, apesar das milhares de histórias maravilhosas que possui a Casa da Fiel. Portanto, fica a dica: vá durante a semana (em férias, obviamente), porque a lotação aos sábados e domingos é elevada e você não aproveita aquilo que o museu tem de melhor.
Não dá para finalizar esse texto sem mencionar o trágico bar que fica ao lado, denominado "O Torcedor". Cheio de bichices totalmente alheias ao futebol, ele só se salva por conta do entorno. Afinal de contas, é fantástico poder sentar à beira da Praça Charles Miller e ao lado do Pacaembu para tomar um chopp (Brahma, apenas correto, a R$4,20). Pedi, inclusive, um hambúrguer para ajudar o figueiredo na digestão, depois de ter constatado o maior erro desse bar: como se chamar "O Torcedor" se você não tem sanduíche de pernil no cardápio?
Roteiro completo percorrido, o veredicto continua o mesmo. O Museu do Futebol e sua estrutura complementar é muito menos do que tentaram mostrar. Além de ter prejudicado toda a fachada do Pacaembu com suas portas de ferro à la 25 de Março, ele pode ser o responsável por alimentar uma geração de alienados que preferem uma camisa do Manchester ao manto do Juventus da Mooca. A quem for e gostar, perdão, mas eu continuo achando aquela merda um engodo.
Irei para conferir ao vivo qualquer dia desses, mais provavelmente em janeiro. E acho que gostarei, mas entendo - e respeito - sua visão. é algo que sempre converso com o Barneschi, o pessoal criado no interior tem uma visão diferente das coisas. Meu pai e meu irmão foram e curtiram, ainda que ambos sejam Bambi - embora do ramo das exceções, daqueles que vêem jogos até quando o time está mal.
ResponderExcluirPreciso ir lá, mas não arrumo tempo.
ResponderExcluirTalvez tenha uma impressão semelhante à sua, e tudo leva a crer que é isso mesmo. Até porque do início ao fim dessa reforma senti como se a sala da minha casa estivesse sendo invadida.