07 janeiro 2009
Velhaco jamais
O notável Ulysses Guimarães lascou no Fernandinho Jet Sky uma frase que ficaria célebre, entre tantas outras que o arauto da Constituição de 88 proferiu ao longo da vida: "velho sim, velhaco nunca!" Essa frase não me saiu da cabeça quando li uma porcaria de livro que ganhei de amigo-secreto na firma. É mais uma daquelas publicações caça-níqueis, e traz depoimentos sem muita informação relevante - com exceção da entrevista com Mino Carta, que desce o sarrafo nos Civita. Mas vamos nos focar no porquê da frase ter sido recorrente.
Quase todos os jornalistas entrevistados eram rapazotes quando houve o golpe de 64. E quase todos eles eram ou membros do Partidão ou defensores da causa comunista. Talvez por conta do autoritarismo do regime militar, o Partido Comunista atraía inúmeros admiradores e militantes, uma vez que espelhava a luta efetiva contra os gorilas de farda.
O espanto se dá no fato de que a totalidade desses jornalistas abandonaram o lado vermelho da força, assim como saíram do partido por divergências (a grande maioria por motivos pessoais, diga-se). Tornaram-se, podemos dizer, velhacos ao envelhecer. Porque uma coisa é você ficar velho, ranzinza e intolerante - sinto-me cada vez mais assim. Porém, isso não te faz abandonar suas crenças e suas lutas, haja vista Ulysses Guimarães e sua frase lapidar. Ao mesmo tempo que deixaram de lado o Partidão, todos esses caras passaram a ignorar a ideologia coletivista que prega o comunismo, chamado nessas bandas capitalistas de utópico.
A conclusão imediata é a de que eles não deveriam estar convictos de suas idéias e pegaram embalo no clima que pariu, entre outros males, a tal "esquerda festiva". Meu pessimismo com relação à humanidade me faz pensar diferente. Ao invés de se contradizerem por pura mudança de opinião ou fraqueza de discurso, talvez eles aspiravam a vitória que a força repressiva supostamente obtinha e, mais idiólatras que ideólogos, atravessaram a cerca.
Não há neles nenhuma base teórica, só que naquela época isso não tinha tanta importância. Primeiro porque os "caras do muro" eram minoria. Segundo porque esses paspalhos não ocupavam cargos de alta cúpula nos meios de comunicação. Pode ser que isso explique, além da decadência humana, o encaminhamento que a mídia brasileira esteja dando aos seus veículos, cada vez mais vendidos a interesses empresariais e cada vez menos servindo o bem-estar social.
Caríssimo, segue abaixo uma explicação interessante a respeito do termo "vira-casaca", que tão bem se aplica a seu post:
ResponderExcluirhttp://www.fernandodannemann.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=176780
Quanto à época do Mister Democracy e Fernandinho-cheira-todas, a frase que jamais esquecerei veio de Gastone Righi, no dia do impeachment (saúde!)
Velho aliado de Fernando I, ele não poderia votar a favor da cassação, pois a tentativa de se realizar votação secreta não vingara, e o Brasil todo via a cena. Inclusive Fernando. Mas, pelo mesmo motivo, ele não podia votar contra o impeachment (saúde!), pois o povo poderia crucificá-lo.
Assim, quando lhe foi perguntado pelo microfone da presidência da casa se era a favor ou contra a cassação, o barbudo gordo saiu-se com essa, imortal:
"Eu me abstenho, apesar de ser contra"
zenzazional...
Porra, parece o doutor Paulo explicando que a assinatura era dele mas não tinha sido ele quem assinou hahahahahahahaha...
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