03 abril 2009
Ainda ontem chorei de saudade
Visitando o blogue do nosso amigo Danilo Mandioca (que agora está dando mais entrevista que o Ronaldinho), o Vai Lateral, inspirei-me para essas parcas palavras depois de ler o depoimento de um torcedor porco. Resumindo a história para os preguiçosos que não querem clicar nesse link, o cara (o porco, não o Mandioca) encontrou o Amaral (o coveiro) comprando uma camisa na loja do parmera (lamento o péssimo gosto). Sim, comprando. A constatação natural aparece na frase final do texto: “O Palmeiras deveria dar, no mínimo, uma camisa sempre que o Amaral pedisse”.
Cada história de descaso dos clubes com ex-jogadores como essa me ataca fortemente a úlcera. Mesmo que o Amaral tenha jogado no maior rival dos verdes e nunca tenha sido um craque, ele dava o sangue em campo e teve uma boa identificação com os gaetaninhos. É triste demais perceber que não há reconhecimento algum por parte das instituições com suas estrelas do passado, e tal comportamento fere até mesmo os grandes ícones.
É famosa a tragédia do Basílio Pé-de-anjo no portão do Parque São Jorge. Um dos maiores heróis da história corinthiana foi PROIBIDO de entrar no Corinthians. Apesar de inominável e abominável, a coisa é mais comum do que imaginamos. O Neto foi outro que, por duas vezes, ficou impedido de freqüentar as dependências do clube do qual é sócio e que deve a ele eterna gratidão pelo título brasileiro de 1990. A desculpa, nas duas situações embaraçosas, foi que o porteiro não reconheceu os caras. Imaginem: se o Neto passou por isso, qual seria o tamanho da vergonha imposta, por exemplo, ao Wilson Mano? Na capivara do Coringão há diversos casos semelhantes, como o de seu Idário, o Deus da Raça, que passa por complicações de saúde e de dinheiro e só foi receber algum auxílio do Timão em 2007, após a intervenção de alguns torcedores.
A excrescência também está presente em outros clubes. Os leonores, que tanto se orgulham do pé-frio Telê, abandonaram o cara nos seus últimos dias, como lembrou muito bem o Seo Cruz. Esse post do rival, aliás, traz mais dois casos, sendo o mais recente o Pedro Rocha, cuja situação se assemelha a de Idário.
Envergonha-me profundamente esse tratamento indiferente aos ídolos. Os times deveriam ser obrigados a manter departamentos de acervo histórico e cuidar do seu patrimônio. O pior de tudo é constatar a raiz social e cultural desse problema, já que ele se repete na música, na política e até na vida privada. Basta lembrar o miserê pelo qual passou Cartola durante muitos anos de sua vida, sendo ele o Cartola. A admiração do povo é muito efêmera e não há outro culpado senão essas tendências de modernidade que forçam um olhar para o futuro e esquecem do passado, de onde tiramos as melhores lições.
é cara, isso virou rotina, o cara serve e presta enquanto é util, quando deixa de ser importante para as atuais necessidades da instituição é chutado feito um cachorro, o pior de tudo assim como você relatou é que não envolve somente os clubes de futebol não, ja é uma questão "globalizada" neste país.
ResponderExcluirInaceitável.
Abraço Claudião.
É Brunão, e essa entrevista com o Idário mostra exatamente isso. Aliás, é impossível não se emocionar com esse texto, e também vale ler o link para o papo com o Carbone.
ResponderExcluirMais uma prova:
ResponderExcluirhttp://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas/2009/04/03/ult59u193755.jhtm
Se for o Homem-Jaca do Milton Neves, ele sairia dando tiro pra todo lado. Ele pode ser sardinha e meio-fdp, mas nem o caga-regra do Juca Kfoda dá a cara a tapa pra defender o jogador do passado e a memória esportiva, e isso eu reconheço. Mas claro que não vamos esperar só pela cabeçorra muzambafálica dele pra fazer essa nossa parte.
ResponderExcluirAh, essa cartolada...