26 abril 2010
A realidade no IRPF
A gente vai ficando velho e certas coisas que pareciam surreais até algum tempo atrás tornam-se parte de nossa vida. Ressacas com dois dias de duração, dores no corpo depois de um mísero futebolzinho, total falta de disposição para pensar em academia (imagina sair de casa para ir àquela joça?)... Nesse exato instante, acabei de terminar minha declaração do imposto de renda, que também figura nessa lista.
Reconheço que a tarefa em nada lembra a árdua missão de outrora, quando meus pais se matavam para tentar tirar uma coisinha aqui, declarar um algo mais ali, arranjar uma restituiçãozinha acolá. Eram noites e noites sem sono, um monte de anotação e contas na calculadora, papéis para tudo quanto era canto da casa e uma notável alteração de humor. A brilhante série "Anos Incríveis", aliás, chegou a dedicar um episódio inteiro para contar o tenso preenchimento do IR.
Porém, se hoje o computador eliminou as dificuldades com a papelada, há outra situação que me deixa de mal com o mundo. As quatro declarações que entreguei ao Leão me apontam dedos no nariz e mostram minha incrível habilidade em ficar mais pobre a cada ano, denunciando ainda minha incapacidade de administrar dinheiro de acordo com as necessidades dos bons costumes. Chega a dar certa vergonha perceber que, beirando os 29 anos, eu não tenha absolutamente nada de relevante no quesito financeiro.
Por um lado é bom. O meu banco adora esticar meu limite sem que eu nunca tenha solicitado um. Naturalmente, essa merda já se tornou parte do salário - que não existe no atual momento - e me deu mais aumentos que jamais tive em qualquer emprego. Trata-se de um oásis na desértica conta corrente. Portanto, caso venha a me foder em dívidas com a família Setúbal, talvez eles se interessem em comprar este blogue, única propriedade deste mendigo que vos toma o tempo.
Percebam que, em horas como essa, rir como hiena e comemorar a parca restituição é uma alternativa. Mesmo assim, prefiro a velha e batida piada ao recibo da minha entrega do IR: o melhor é pagar, pois é sinal de um sobrando para inteirar a despesa da mesa.
Esse episódio do Imposto de Renda é muito bom, a mãe do Kevin ficou maluquinha, quando se deu conta que não lembrava onde tinha guardado a papelada do imposta.
ResponderExcluirJá não se fazem mais seriados como antigamente.
E não é que no fim vai todo mundo se foder nas mãos dos Setúbal? Mas o senhor ainda pode vender vossos cabelos, Samurai.
ResponderExcluirVAI CORINTHIANS!!!