21 agosto 2012

Corinthians, modéstia à parte - O caminho do êxtase


Novamente voltamos para o 14º capítulo do livro "Corinthians, modéstia à parte", de Nailson Gondim. O trecho desta postagem destaca a função social do corinthianismo, artigo raro em nossa torcida nos últimos anos. Não me estenderei, porque as palavras de Gondim falam muito melhor - com grifos meus em especial.

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O caminho do êxtase

Futebol é alienação, pois desse caminho não escapa. Na Copa do Mundo, então, o ufanismo nacional mostra como esse esporte é mobilizador, manipulador e, dependendo das possibilidades da Seleção, atração presidencial. Mede-se por aí. Todos sabem disso; todos desconhecem isso. Problema para a sociologia política esclarecer. Agora, corinthianismo não é alienação. É futebol também porque nasceu desse meio, veio para ficar e continuou com sua origem em razão da autenticidade que não perde. Mas, por meio desse esporte, escolheu o caminho da fé, em que andam a vitória e a derrota, o sorriso e a lágrima, o abraço e o soco... A sociologia política não esclarece isso. Não pode. Há misticismo, mitologia e magia por trás do corinthianismo - caminho pelo qual não se reza cartilha, não se cumpre estatuto, não se é doutrinado por catecismo. Possui regulamento, instintivamente, mas nada rígido. A obrigação - todos os seus sabem - é acreditar sempre, não invejar jamais e orgulhar-se do que é. Regra complicada para os leigos que procuram cores, nível social e engajamento em grupos preocupados com individualidades, em vez de união. No corinthianismo, cada um tem conhecimento de sua responsabilidade espiritual com o compromisso concebido. Não há juramento - não se pede - e cada qual é livre em seu direito, sempre reconhecido, de aplaudir e vaiar. Faz de todos fiéis e não reprime quem grita um palavrão, quem bebe uma pinga a mais ou quem leva embora a bola chutada do campo para as arquibancadas. Momento de desabafo e descontração de um trabalhador, de um estudante, de um desempregado. Gente sem cadeira no Legislativo, mas com presença assumida com seu povo nos estádios. "Todos próximos da alienação" - generalizarão. O corinthianismo não pode distanciar-se disso. Tem de estar no meio. E o único caminho aberto para os desamparados, os explorados e os que lutam sem parar contra os desvios de outros caminhos. Concentra em seu seio fortes e fracos, bonitos e feios, ricos e pobres... O corinthianismo não é ciência, religião ou utopia. É um caminho igual a muitos: com pedras, espinhos e barreiras. Mas, com uma diferença: o corinthianismo leva ao êxtase.

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