16 maio 2013

Teu presente, uma lição


A Fiel Torcida andava mal-acostumada. Foram 3 títulos em seqüência, um deles inédito e que acabou pondo fim ao principal argumento da anticorinthianada, que até hoje não se recuperou e tenta reescrever a nossa história de amor a partir do ódio deles. Curiosamente, essas conquistas trouxeram um ônus terrível: a falta de humildade. O corinthiano, no geral, estava se portando como uma vagabundinha, exibindo por aí seus penduricalhos para tentar comprovar uma hegemonia que, no campo, já se bastava. O pessoal se pautava por disputa de maior patrocínio e se deslumbrava por estar na Forbes e na The Economist, coisas tão abomináveis e tão contra nossa tradição. Ah, a "liberta"...

Neste 2013, no entanto, o Corinthians fez apenas uma boa partida: o primeiro jogo da final do Paulistão. De resto, vimos bagunça tática e discursos infundados de jogadores querendo escolher o campeonato, como se qualquer partida não fosse importante o suficiente para ser levada a sério. De novo, a falta de humildade de um grupo que não tem nenhum craque, mas que estava pisando no gramado com uma empáfia inexplicável.

Veio, então, a lição da última quarta-feira, implacável e amarga. Não fomos só eliminados, fomos expostos a uma vergonhosa manipulação de resultado pela arbitragem, a um time que só conseguiu jogar bola durante cinco minutos e a um treinador cujas limitações são gritantes. Vimos um grupo de atletas sem o menor brio e sem o sangue quente o suficiente para mostrar ao canalha do apito que o Corinthians jogava em sua casa. Foi essa a conta pela covardia e empáfia que estavam se repetindo desde o começo do ano.

Repito mais uma vez: a humildade é algo essencial para o corinthianismo e para que os recados sejam compreendidos. Se estamos sentido o gosto terrível da eliminação, é preciso dar atenção à mensagem. Depois de apostar todas as fichas cegamente em um torneio que foi uma sucessão de erros desde o começo - a morte de um moleque boliviano, a prisão de 12 inocentes em território estrangeiro e as inúmeras canalhices do tal tribunal de disciplina da Conmebol -, seria o caso de trancar a porta, olhar para a sujeira da nossa casa e dar uma geral.

A torcida começou a fazer isso de maneira bela e brilhante antes mesmo do fim da partida. Exaltou nosso Corinthians em Templo Sagrado como há muito não se via. Foi uma renovação de esperança aos mais velhos e um aprendizado aos mais novos, mostrando que o Corinthians extrapola o futebol. O Corinthians é vida, é parte da identidade de cada corinthiano que neste dia triste enverga seu manto com orgulho pelas ruas. 

Aos jogadores, comissão técnica e dirigentes: saibam que esse grito não foi para vocês. A Fiel estava dando prova de sua autonomia, criando seu próprio combustível e, mais uma vez, garantindo sua perpetuação. No domingo, vocês serão colocados em xeque. Façam o que bem entenderem, mas saibam que para tudo há conseqüências.

E QUEM NÃO FOR CORINTHIANO...

2 comentários:

  1. Perfeito, Craudio, Sem mais, nem menos. Em especial, o último parágrafo, que deveria ser difundido aos quatro cantos do planeta. Parabéns.

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  2. Secundo suas palavras. não podemos nunca nos esquecer dos anos intermináveis sem títulos, dos times mal montados, dos ditadores que comandaram (comandam) o clube, do rebaixamenteo... e de como tudo isso nunca nos impediu de sermos Corinthians e só nos fortaleceu.
    espero que a eliminação, do jeito que ocorreu, traga à consciência do corinthiano novamente que não é um campeonato bizarro desse que mediu oou vai medir nossa grandeza, e que o mais importante é ser Corinthians, seja em que campeonato for.
    abraço

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