15 abril 2007

Aerosmith: coerência sonora



Muito mal se falou da apresentação do Aerosmith em São Paulo, no último dia 12 de abril. As críticas mais ferrenhas se focaram no excesso de "hits FM" que a banda originária de Boston tocou na sua passagem pelo Brasil, em detrimento a um repertório mais hard rock. Mas a verdade é que Steven Tyler, Joe Perry e companhia se mostraram uma banda competente, coerente e, principalmente, ainda incomparável com a média.

Apesar do som péssimo - além de jogos, o Morumbi se comprova o pior estádio para se assistir a shows -, é notável a qualidade dos músicos. Perry, a máquina de riffs dedilhados, é de uma clareza incrível. Solos matadores e técnica apuradíssima, que ficou ainda mais evidente na parte bluesera da noite. Joey Kramer e Tom Hamilton garantem a cozinha redonda e Brad Whitford segura a onda para que Perry debulhe nas seis cordas. E Steven Tyler, ah, esse cara é simplesmente um dos grandes vocalistas da história do novo rock. Lembro-me de uma homenagem que a MTV americana fez ao Aerosmith. Lá pelas tantas, a cantora Pink entrou no palco para cantar "Janie`s Got a Gun" e foi até a tribuna de onde Tyler recebia as honrarias. Eis que ela coloca o microfone na grande boca do cantor, que solta um berro ensurdecedor. Era latente o constragimento de Pink...

Voltando ao show, não dá para entender o porquê de tanta falação com relação aos hits. Depois de seu retorno, na segunda metade da década de 80, com a re-explosão de "Walk This Way" junto ao Run DMC, o Aerosmith assumiu de vez sua pose mainstream. O direcionamento mudou radicalmente, mas desde então, e até hoje, é possível reconhecer muito do peso do começo da carreira. E quem reclamou, o fez de barriga cheia. Tivemos no set do show "Toys in the Attick", "Sweet Emotion", "Dream On" e a já citada "Walk This Way". Apareceram, ainda, “Baby, Please Don’t Go” e “Stop Messin’ Around”, do álbum de blues Honkin' on Bobo.

Interessante saber que, se os eles tivessem tocado só a fase setentista, seriam chamados de ultrapassados, nostálgicos e apelativos. Mas era só olhar para a platéia para entender o porquê do repertório mais pop. Meninas preocupadas com a chapinha e playboys da Vila Olímpia eram maioria. Culpa, em parte, da glamourização já citada aqui, que cria uma demanda de público irreal e pouco fã da banda. No final das contas, eles agradaram a todos, fazendo uma verdadeira viagem pela própria história.

Outra coisa que se deve lembrar são os quase 40 anos de carreira dos caras. Fica impossível fazer um set list impecável sem que se sinta falta de alguma música. Padecem do mesmo "problema" bandas como Kiss, Rolling Stones, Deep Purple... Cito também os Ramones, que faziam shows com 31 músicas e, mesmo assim, sempre deixava algum clássico essencial de fora. Reafirmo que isso é para poucos. De minha parte, já posso morrer tranqüilo e deixar o registro para as gerações futuras: eu vi Aerosmith ao vivo!


10 comentários:

  1. da póxima vez beberei menos

    não fale mal do morumbi, eu fiquei muito empolgada por estar em solo sagrado

    tem gosto pra tudo, por isso o mundo é bonito

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  2. Porra, japonês, mas um show do Aerosmith sem "Crazy" é de foder...

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  3. Ah, e faço o mesmo registro: eu também vi Aerosmith ao vivo.

    CHUPA, LUIGI!

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  4. Eu também assisti ao vivo! Mas foi no Hollywood Rock, acho que em 1994, ou 1993, não tenho certeza.
    No mesmo Morumbi, os caras arrasaram. Dream on! veio só no chorinho, ao fim do show, arrepiando a galera. Fui um dos melhores shows que assisti.

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  5. Evita: acho q a gente tem é que comer bastante antes! Tipo, um japonês...

    Barneschi: caralho, mano. Tu corneta até em show...

    Rê: acho que foi em 93. Esse show, aos reclamões, seria melhor porque teve mais velharias. Mas depois de tanta heroína, os caras nem devem lembrar mais como toca...

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  6. Anônimo1:16 PM

    Sem causar polêmica, mas apenas constatando uma falácia: como é que algo roubado, usurpado, mendigado, corrompido, e coisas mais impronunciáveis, pode ser chamado de "sagrado"???
    Aquele pedacinho de terra roubada e corrompida é o cúmulo da feiúra...

    Quanto ao show, Corinthiano, ouvi pouco dali da quase-esquina do General Morazam. Acho que o vento estava contra...

    Que falta faz o Joe com seu cabelo.

    Quarta que vem precisamos armar uma caravana VS/Previdência até o Templo.

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  7. Vamos com calma, Corinthiano. Evinha é dona do barraco e do meu coração. Por isso, tem carta branca e sinal verde para falar o que quiser por aqui. Até do sumpaulo. Aliás, ela é uma das poucas pessoas nesse mundo que pode falar por conhecimento de causa, e não pelo comodismo.

    Qto à caravana, marquemos. Só que eu saio direto do trampo, aqui na av Angélica. Na volta, a gente passa derrubando a Rebouças.

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  8. Anônimo2:19 PM

    Compreendo, Corinthiano.
    Trata-se tão somente de uma questão lógico-falaciosa...
    Jamais usaria o espaço deste nobre nipônico barraco para expressar o que expressamos em nossos barracos, ou até no chiqueiro do Palestrino Barneschi. Ainda mais para a senhora sua Dama.
    Fica apenas a constatação...

    A Rebouças é nossa.

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  9. vou pegar esse filipe na saída

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  10. Pena que tive que parar o carro longe. Ah, mas já estão resolvendo isso: eu, japonês, Barney, Filipe....todos estamos pagando para que se construa um estacionamento lá.

    Legal isso, não?

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