09 abril 2007
Povo meu, tão intolerante
Saiu lá, lá na Falha de S.Paulo. O instituto prostituto de pesquisa deles - o Datafalha - que revelou. Estudo de abrangência nacional mostrou que 49%, sim, 49% dos brasileiros reprovam a união civil entre homossexuais. Outro dado alarmante aponta que 52% não aprova a adoção de crianças por casais gays.
Sustos. Primeiro, porque o Datafalha se propôs a fazer uma pesquisa séria. Piadas à parte, partamos para o lado sério e problemático da coisa. É certo que, por outro lado, 42% e 43% são, respectivamente, a favor do casamento gay e da adoção por casais desse gênero. Mas é alto o número de rejeição para uma coisa que, ao meu ver, não deveria nem ser colocada em questão.
Desde muito tempo, sempre tive um contato muito próximo com os homossexuais. Pedido de calma aos machões que passarem por aqui, já que não vai adiantar o esperneio desesperado em favor da virilidade heterossexual. Aprendi, na convivência amistosa e harmônica, a obviedade de não julgarmos o caráter de ninguém tendo como pressuposto sua orientação sexual. Você não vira gay, você nasce gay.
Qual seria o absurdo se eu chegasse para alguém e não aceitasse que ele casasse com um semelhante só pelo fato de ele ser, por exemplo, negro? Ou manco? Ou o raio que o parta? Eu adoro, por exemplo, ver as pessoas esbravejando a famosa frase: "não tenho nada contra". Essa é, talvez, a expressão que mais contenha preconceito e intolerância. E ela nos traz de volta o assombro da primeira exposição ali em cima, os tais 49%.
E sim, são esses 49% que acham bonito os gays na rua, no Carnaval... Mas só na casa dos outros. Só de longe é bonito, como se os homossexuais fossem bichos de zoológico. Assim como aconteceu naquela hipocrisia da última novela global, em que os portadores de Síndrome de Down foram glamourizados e provavelmente cairão no esquecimento tão rápido quanto um participante do BBB.
A Parada GLBT em São Paulo ser a maior do mundo - e ter crescido exponencialmente - não é algo surpreendente, mas ineficiente, pois não conscientiza na mesma proporção. Ao mesmo tempo em que queremos vender nossa imagem liberal, temos metade da população insegura sobre sua própria sexualidade, a ponto de intolerar a diversidade. De incoerência em incoerência, vamos construindo uma realidade em que se justifica agressões a gays, em plena Avenida Paulista, só porque o cara é gay. E já dá para ter uma idéia das conseqüências trágicas disso tudo.
Sem querer cagar regras, proponho uma reflexão. Iria você negar um filho, um pai, um amigo ou um irmão, só porque ele se descobriu gay? Se a resposta for negativa, acredito que você esteja bem direcionado. Se a resposta for positiva, digo que você estaria colocando em xeque toda a estrutura familiar sob a qual vive a humanidade. Além de demonstrar um medo terrível de poder a vir gostar do babado.
Tem tanta gente medrosa...
ResponderExcluirMas esse problema é delicado (sem gozação). E é profundo.
Tem natureza profunda em comum com o preconceito de cor, por exemplo. Tem muito 'homem' "macho" que não beija mulher negra. "Cultural"? Não sei. De caráter, com certeza.
O Brasil é um país que se acha "liberal", no sentido de tolerar as diferenças. Mas não era necessário um datafodaçe para constatarmos a mentira que é essa "tolerância". Quem anda de ônibus, na rua, com o povo, bem sabe. Tolerância é papo de boteco da vila madaloca.
O mundo é cruel para quem busca liberdade, camarada.
E não é só que o povo seja intolerante. O povo é ignorante, mesmo os "cultos".
Quantas mulheres negras, com criança no colo, são preteridas do lugar no ônibus que é de direito, às cinco da manhã, pois um marmanjo (da cor que for) ocupa aquele lugar, e não cede para a mulher?
Ou dos jovenzinhos de tênis que custa quinhentos reais, ouvindo seu MP4 ultimo modelo, deixa a velhinha de pé, sentados que estão nos lugares assinalados com o amarelo preferencial?
Acho que a raíz de tudo isso é a mesma para tudo isso: caráter. Educação. Cabeça e coração.
Falta cabeça e coração para o nosso povo intolerante.
Esse país é muito triste, camarada.
Triste demais, Corinthiano. E você tocou (opa!) num ponto crucial: é papo de modernoso. E fica só no papo...
ResponderExcluirAgora, com relação ao banco do busão, tem um amigo nosso aí que só senta (opa!) no último lugar, do lado esquerdo e sei lá mais o quê. E ele vivia batendo em mulheres, principalmente nas idosas... Nem precisa dizer o nome né? hahahahahahahhahahahahaha
abraços!
Eu sou da seguinte opinião: tenho coisas demais pra fazer para ficar preocupado com a vida alheia e julgando os outros. Não tenho nada contra (haha, ok, é a expressão maldita, mas no meu caso é sincera)gays, lésbicas e simpatizantes, pelo contrário. São pessoas, de carne e osso, que escolheram seguir o caminho q a sua natureza os indicou. E são corajosos, ao assumir isso perante uma sociedade conservadora e altamente reacionária.
ResponderExcluirGostaria de ler aqui um comentário de um amigo nosso q tanto vc quanto o Filipe conhecem bem.
Aposto 100 pra 1: ele leu, se coçou, mas não vai comentar. hahahahahahahahahhahahahaha...
ResponderExcluirChupa Roma!
belo texto, minha gayxa
ResponderExcluirPior que não tinha lido ainda, japonês. Só agora.
ResponderExcluirSejamos diretos:
Tenho tudo contra.
É meu direito julgar que pederastia é algo condenável.
Não é preconceito. É conceito.
Sobre o busão: sou o primeiro a ceder lugar para quem quer seja.
ResponderExcluirO episódio citado diz respeito apenas e tão somente às voltas de jogos em tempos idos e saudosos. Nunca deixei ninguém de pé. O que eu sempre fiz foi solicitar às pessoas que estavam no meu lugar que se sentassem em um outro, mais confortável até.
"pessoas que estavam no meu lugar"...
ResponderExcluirBarneschi, é transporte PÚBLICO! PÚBLICO!
Ok. Mas em dias de jogos, é fato que o ônibus pertence aos torcedores.
ResponderExcluirHAHHAHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHAHHAHAHAHAHA
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