27 agosto 2008
Mar de papel
O blogue Campanha no Ar, da Falha Online, postou algumas imagens de antigas eleições em que as ruas eram tomadas por faixas, santinhos, propagandas em muros e em postes. Ao contrário do que caga o politicamente (e ecologicamente) correto, sinto uma falta tremenda dessas coisas. Hoje, há quem duvide que estamos em plena campanha para Prefeitura e Câmara dos Vereadores.
Era uma festa ir até a Zona Eleitoral com meus pais (que ficava na escola conhecida como Água Podre, já que passava um córrego tomado pelo esgoto ao lado do prédio) e recolher santinhos de candidatos pelo caminho. Não se via rua, não se via calçada. Havia um mar de papel, e a eleição tinha uma cara de Carnaval fora de época, com o povo comemorando seu direito de votar.
Atualmente, a profunda decadência pela qual passa a classe média burguesa decidiu que isso tudo virou porquice – porquice é uma palavra que também me lembra aqueles tempos de moleque, e não sei se é assim que se grafa porque nem sei se ela existe formalmente. Por esse motivo, também não podemos ser presenteados com réguas, camisetas, bonés e outros artigos que dificilmente se transformam em voto. Eu mesmo devia pegar material de candidatos bisonhos, só pela bagunça nas ruas. O que não me impediu de, em 89 e aos 8 anos de idade, brigar com meus pais ao saber que eles quiseram collorir ao invés de Lulalá.
Fato é que a sociedade estéril dominou também a política. Antes empolgante, as campanhas hoje são modorrentas, impopulares e impessoais. Parece até uma limpeza étnica, mas não ética. Devemos lembrar que tornar o setor desinteressante ainda é o principal instrumento da classe dominante para afastar o povo da participação. Na minha avaliação, isso tudo também influencia o crescimento constante do enorme abismo entre a juventude e a política.
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