28 novembro 2008

As coisas mudam


Ontem, depois de milênios, encontrei dois amigos dos tempos de colégio. Havíamos marcado, via internet, uma reunião para relembrar os ensaios que fazíamos quando adolescentes, ainda alimentados pelo sonho de viver de música. Só que uma coisa mudou, além da idade e dos sonhos: antes o negócio era meio que na marra, enfurnando-nos num quartinho ou no porão de casa. Ontem, meus caros, toquei num estúdio todo modernoso.

A comparação foi imediata com os campos de futebol society. E, da mesma forma, com as escolinhas de futebol. Se antes a bola era jogada nas ruas e os ensaios eram feitos nas garagens, agora a molecada vai toda emperequetada para a grama sintética e se enfia numa sala cheia de parafernálias para tocar.

O lado ruim é que isso some com a essência da coisa, aquele negócio meio rebelde (santa ingenuidade) de ficar tocando por horas, enchendo a cara de cana e jogando conversa fora com os amigos. Some também a inspiração para composições. Não que não tenha sido bacana tocar no mesmo lugar por onde passou um monte de artista fudido, mas os estúdios eram um outro estágio na vida de músico.

Para se ter uma idéia da facilidade, a hora custa módicos R$20. Há na recepção (!!!) um bar e todas as salas possuem ar-condicionado. Está ao alcance de todos um lugar que outrora era considerado um templo.

Talvez por isso qualquer um vira músico, bandas medíocres fazem sucesso e o Perdigão é jogador do Corinthians.

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Falando em coisas medíocres, não demorou muito para que confirmássemos que, mesmo com o limite de 40% para meia-entrada, os preços de ingressos para eventos culturais não irão diminuir. O Filipe me mandou esse texto, acompanhado de um editorial ameaçador da Falha, avisando que isso é só o começo.

E aí eu me pergunto: mesmo se baixar, vai baixar de R$400 pra R$300? Pra mim não adianta nada...

Um comentário:

  1. Muito bem descrita a co-relação, real, entre a graminha sintética e a espuminha na parede a 20 conto a hora.
    Melhor ainda relacionar isso com zé mané e Perdigão, aquele que entrega.

    E, velho, depois da falha colocar na manchete de capa o que aconteceu em SC, DOIS DIAS DEPOIS DA DESGRAÇA, aquele editorial lambendo as bolas frias do vampiro foi fichinha... E essa matéria foi piada.

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