01 dezembro 2008

O futuro do jornalismo


Sem citar o moço da credibilidade, sem falar nos milhares de fãs que o Juquinha tem, sem mencionar o fato de que a molecada entra na profissão querendo ser assessor de imprensa ou bajular artista de TV, músico e jogador de futebol, é preocupante o nível de conhecimento e a baixa capacidade de reflexão dos futuros jornalistas. Quando ainda trabalhava com estagiários, inclusive, já diagnosticava essa falência das próximas gerações.

Hoje, a onda é criar portais jovens, seja lá o que for isso. São sites que falam de tudo e não tratam de absolutamente nada. Ajudam na alienação desse povo, que só se preocupa em modinhas que vêm e vão na velocidade da luz. A fórmula é simples: muita imagem, fofocas sobre gente fútil e textos sem preocupação com a correção gramatical, tudo isso bancado por uma linha editorial que valoriza o politicamente correto.

Mea culpa, não consegui fazer muito para mudar esse cenário enquanto estive num desses portais. Talvez por incompetência, talvez por impotência diante das regras mercadológicas. Mas a principal interferência no processo era a inércia dos próprios moleques que, além de tudo, se achavam para caralho. Para se ter uma idéia, certa vez discutíamos em uma reunião sobre blocos de carnaval e uma menina, que dizia saber tudo sobre samba, ignorava solenemente a existência do Cordão do Bola Preta. Outro, um micareteiro, jamais tinha lido linha sobre Dodô e Osmar.

Se tudo isso já é motivo para vomitar de desgosto, o que dizer de uma chamada como a que encontrei no Vírgula? Em referência ao desastre que acomete Santa Catarina, o pessoalzinho muderno me vem com essa: "Blog Te Dou Um Dado? e Virgula (sic) lançam campanha para ajudar animais em SC".

Entendem o que eu quero dizer?

6 comentários:

  1. E eu que com 23 anos estou me formando em direito e quero cursar jornalismo, até desanimo em ser "transmissora da futilidade".
    Gostei do blog!
    Frequentarei com frequencia...

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  2. Pois é, Teka. Mas não podemos nunca desanimar, sob o risco de sermos engolidos pela mesma futilidade. Curse sim o jornalismo, e lute (mesmo que pareça meio quixotesco) contra essa maré de péssimos profissionais.

    Apareça sempre!

    Abraços!

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  3. Ah, é fofinho, pô...

    E esse?
    http://www.virgula.com.br/fervendo/nota.php?nota=2012

    O pessoal acha que é muuuuuuuito legal escrever assim!

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  4. A "impotência diante das regras mercadológicas" resume tudo. No meu tempo de Folha vi muita gente boa ser mandada embora para dar vaga a recém-formados ganhando o piso. E você sabe a qualidade da formação dessa gente.

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  5. Gostei do post.
    Acho que o juramento que o jornalista faz na graduação de se comprometer com a vdd é sem consciência da importância dele.
    E os que tem consciência em algum momento da vida , seja pelo motivo que for... pelo menos uma vez ... acaba colocando-o de lado em pról de outras questões que muito longe estão de serem comprometimento com a verdades.
    Tanto isso é vdd que até pequenos folhetins, meros informativos msm de bairros, instituições, escolas, faculdades...falam de tudo menos da tal vdd.
    Complicado né?

    abraços

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  6. Filipe: pois é, a linha de pensamento é tão pobrinha... Eles queriam o quê? Guarda-chuva tamanho família?

    Raphael: pior do que gente ser mandada embora é gente que nem tem chance. Eu sempre uso como exemplo nosso amigo Barneschi, que deveria estar no lugar do Clóvis Rossi. Do contrário, tem que trabalhar em assessoria, porque é o que paga as contas. Pior de tudo é que os jornalões chamam a molecada e não mais ensinam os focas a fazer jornalismo sério. Pelo contrário, moldam essas cabecinha para servir a eles e a seus "patrões" políticos.

    Monikita: verdade, o juramento! E a tendência mercadológica das comunicações é o que motiva tudo isso, realmente. Por isso mesmo temos de ser a favor de um veículo público como a TV Brasil, que os jornais insistem em desabonar, porque trata-se de uma fantástica ameaça. Volte sempre!

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