12 junho 2009

A bola é minha, não brinco mais


Trata-se de um sucesso a inserção da Petrobrás nas redes sociais. Já defendemos aqui, há uns meses, que a comunicação mudou de paradigma e que as fontes de informação não ficam mais restritas aos jornalões. O que fez o blogue da petrolífera ser o hit do momento foi exatamente a reversão (ou seria a destruição?) de um sistema viciado e que precisava ser chacoalhado. Talvez fosse mais interessante se essas transformações tivessem partido da própria imprensa, mas, ao que parece, os colegas jornalistas se acham melhores que todo mundo quando fincam a bunda nas redações e se acomodam. É a empáfia atrapalhando até mesmo as mentes mais brilhantes.

Apesar de não ser inédita, já que há inúmeros blogues denunciando o mau jornalismo e/ou dedicados a disseminar uma outra premissa comunicacional, a iniciativa é referência porque não investiu nas redes sociais para espalhar viralzinho ou vender mais gasolina. A Petrobrás buscou nos instrumentos da web uma maior eficiência de comunicação e deu a cara a tapa, colocando como garantia seu grandioso status e sua aceitação pública. É óbvio que será publicado conteúdo de interesse corporativo, o que não deixa de ser edificante, pois desmistifica a baboseira da imparcialidade. O ponto a ser ressaltado, na realidade, é o enfraquecimento da dependência da estatal com relação à boa vontade dos jornais, TVs e revistas no que diz respeito à publicação do "outro lado", e isso pode até motivar ações semelhantes.

A postura até certo ponto revolucionária irritou profundamente os barões da mídia, que agora se portam como molequinhos mimados. Batem o pé, fazem bico, brincam de ficar roxinho e chegam até a ovular. Abaixo, palavras dos principais porta-vozes dos abutres, seguido de alguns comentários meus. Os depoimentos foram reunidos pelo crápula Ricardo Noblat, aquele que chama Gilmar Mendes de Gilmar "Dantas":

- Eurípedes Alcântara, da Veja: "Atropelar a apuração jornalística é uma forma de censura, muito criativa, sem dúvida, mas censura".
Comentário: apuração jornalística sem criatividade é fácil de ser batida. A Petrobrás só cansou de ser ridicularizada pelas informações distorcidas que são praxe na semanal dos Civita.

- Sérgio Lírio, da CartaCapital: "
Cheira um pouco a intimidação, incompatível com uma empresa que afirma não temer as investigações. (...) Inútil, em todos os casos, pois acaba por gerar um noticiário negativo à empresa, justamente o que os estrategistas de comunicação da Petrobras almejam evitar".
Comentário: inútil? Noticiário negativo? A blogosfera, meu caro, está em festa. É a consolidação e massificação daquilo que defendemos. Intimida desnudar os bastidores da notícia? Então sejam corajosos de fato e façam o mesmo com os bastidores da empresa.

- Luiz Antonio Novaes, d'O Globo: "O que podem estar querendo, atropelando a ética dessa forma, é tumultuar e impedir a reportagem, para supostamente provar que, no jornalismo, tudo é opinião. É um erro, um abuso e um disparate – que merece o repúdio de todos".
Comentário: engraçado ver um serviçal da família Marinho falando publicamente, e sem corar, de ética. Repúdio merece o golpe da CPI apoiado pelo jornal O Globo, tão indignado porque foi o primeiro a ser desmentido pelo blogue da Petrobrás.

- Octavinho, da Falha: "Não considera adequado, porém, que questionamentos jornalísticos endereçados à empresa sejam tornados públicos por meio daquele blog antes que as respostas possam ser avaliadas e utilizadas pelos veículos que enviaram as interpelações".
Comentário: menininho, você foi até educado, mas quem te conhece sabe que essa frase está recheada de sarcasmo. Insisto em clamar pela criatividade jornalística. Vocês estavam precisando dela e agora terão de se virar, principalmente porque suas mentiras parecem encontrar mais obstáculos a partir de agora.

- Ali Kamel, do país sem racismo, ops, da TV Globo: "Todos nós que trabalhamos em redações de jornais, revistas, emissoras de rádio e televisão e sites da internet temos a noção exata do valor de uma informação exclusiva: revelar um fato em primeira mão é um atributo da qualidade do trabalho jornalístico, que o público reconhece e valoriza. Não há 'nova era' que modifique isso".
Comentário: negão (posso te chamar assim né?), se a fonte de informação exclusiva for um delegado da Polícia Federal, isso é muito imoral. E, na nova era, é mais do que sabido que a revelação do fato em primeira mão vale menos que nada; o que vale é sua repercussão e discussão LIVRE, onde quer que isso aconteça (um blogue é um bom lugar).

- Ricardo Gandour, do Estadão: "A Petrobras – tenho convicção, não por má fé, mas por falta de compreensão e aprofundamento de um assunto complexo e contemporâneo – caiu numa armadilha conceitual que foi a de achar que a sociedade pode prescindir da edição. (...) A sociedade não pode prescindir da imprensa e dos valores da edição".
Comentário: a sociedade não tem capacidade nem mesmo de distinguir esses valores, ela compra aquilo que você coloca como verdade. Só porque a verdade do Estadão não prevalece, isso não quer dizer que aqueles que a desmentem não têm importância. No mais, para um veículo que há tempos vem falando abobrinhas dos blogues, mencionar falta de compreensão e aprofundamento de um assunto complexo e contemporâneo parece discurso ao espelho.

Notem que é nítida a falta de conhecimento dos principais veículos com relação ao que os cerca. Como bem definiu o Pedro Alexandre Sanchez, eles estão agindo tal qual a indústria cultural com relação à pirataria. Você não dominar um conceito não o faz menor. Pelo contrário, isso ridiculariza quem, a partir da ignorância e da soberba, promove um embate desnecessário. O novo modelo de comunicação interdependente está consolidado e cabe à mídia se adaptar ou sumir.

2 comentários:

  1. ALI KAMEL é um dos caras mais safados e imorais que este país já viu, diga-se de passagens os professores que sonham em ter bons livros didáticos nas escolas públicas, afim de formar um pensamento crítico para com seus alunos.

    Ótimo Post CLAUDIÃO !

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  2. Livro, pro Ali Kamel, é só aqueles que ele escreve e fatura sobre.

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