07 outubro 2009
Entre a cerveja de ontem e hoje
O bem-estar de um sujeito no intervalo entre uma carraspana e outra depende exclusivamente daquilo que foi ingerido antes ou durante tal atividade. Se teremos mais ou menos dor de cabeça, se seremos acometidos por uma bela caganeira, se acordaremos ou não com aquele gosto de estopa na boca...
Segue aqui uma lista com alguns pratos bem comuns, ordenados sem nenhum critério e que ajudam na sobrevivência do bêbado nos períodos da vida em que ele não é tão feliz - lembrando sempre que bêbado que se preze não dá vexame: ou dorme na mesa ou sai dignamente do estabelecimento e vai para casa dormir, e sempre feliz. Deixando de lado o fator "marca da cerveja", já que Skol é um veneno, Bohemia e Itaipava são laxantes e Kaiser e Schin sem comentários, ficam estabelecidas como CNTP a Brahma, a Antarctica Faixa Azul e a Original. Os amigos podem e devem deixar outras dicas.
- Feijoada: é o amigo nº 1 do bebum. Coma um belo prato e carregue bem nas carnes, couve e pimenta. A partir daí é só alegria, e os trabalhos vão até enquanto houver o que cavucar na tigela. No dia seguinte, o mundo é uma maravilha e nada parece ter acontecido, o que abre caminho para o recomeço da irresponsabilidade etílica logo pela manhã. Não exagere, porém, na batida de limão que sempre acompanha.
- Churrasco: apesar da combinação com a cerveja ser certeira, o churrasco é perigoso. Mesmo aquecendo e amaciando o estômago e o figueiredo para a quantidade industrial do líquido amarelo que será sorvida, o problema aparece ao acordar. A ressaca do churrasco manda reis para o trono na mesma freqüência com que passa o Vila Gomes/Jd. Miriam.
- Coxinha: pode parecer café pequeno, mas o óleo e a massa do quitute criam uma espessa gororoba que funciona como um filtro dentro da barriga. O dia seguinte também é tranqüilo, mas há o risco de se levantar da cama com uma fome descomunal.
- Pizza: depende da cobertura. Prefira sempre aquelas carregadas no queijo e que tenham algum defumado (calabresa ou pepperoni). Lembre-se ainda que pizza, sozinha, já é sinônimo de complicações intestinais posteriores e, portanto, é grande o risco de se passar boas horas no banheiro. Como precaução, deixe um bom livro à mão.
- Batata frita: fuja! Além de não ser comida, mas sim complemento de prato, ela causa problemas logo ao bater no estômago. Grandes riscos de ter que sair da mesa, abandonando os amigos, para dar aquela gorfada de limpar o radiador.
- Fast food em geral: outra cilada. Hambúrgueres, esfirras e até essas comidas mexicanas expressas são ilusão e causam uma sensação semelhante a do crack - o barato dura, no máximo, uns 5 minutos. A fome que não é saciada e você terá pago uma fortuna por algo que não consegue ter o mesmo efeito nem mesmo de um caldo verde.
- Comidas de casas do norte: outra bela pedida para se evitar problemas. Eu sempre fico entre a vaca atolada e a galinha, mas preciso mencionar uma paçoca de carne-seca que comi no Rancho Nordestino, um templo que fica na Rua Manuel Dutra, na Bela Vista.
- Conservas: apesar de deliciosas e bastante apropriadas para acompanhar aquela grade de Brahma ao fim do expediente, há de se restringir o papel das conservas. Elas são tira-gosto e a expressão deve ser levada ao pé-da-letra. Comece na batatinha de casamento, na berinjela curtida e na sardinha apimentada, mas depois parta para algo com mais sustância.
PORRA JAPONÊS!
ResponderExcluirEscreve um Guia do Bebum, no qual bastará o complemento de algumas arestas deixadas aqui por falta de espaço. E ainda poderá angariar um patrocínio - ao estilo Quatro Rodas - para pesquisar ao redor do mundo o melhor complemento da bebida.
Sim, pois comida é complemento de bebida, visto que podemos ficar dias sem comer, mas poucas horas sem beber.
No mais, Porta-Voz, és um gênio. Gênio! E tenho dito.
PS: O Vila Gomes é um nojo e só passa quando não precisamos. No mais, acredita que o Jd.Guaraú/Ana Rosa será uma linha extinta em breve? Começaram já tirando os ônibus novos da linha. Hoje, vim com um busscar de 1997.
O nuncaçabe é um filhodaputa sem tamanho!
Mano, obrigado pelas palavras, apesar de achar exagero! Façamos todos juntos esse guia, que seria mais um mapa de rango.
ResponderExcluirE como assim vão tirar o 775-P? Filhos de uma puta!!!
A minha dica para o guia é o Bar do Bil (nada com o Bill, o insignificante).
ResponderExcluirFica na Cardeal, bem perto do Praça Benedito Calixto. Uma casa nordestina com certeza.
E eu sou das antigas: chego em casa e mando um "Sonrisar" mesmo!
Grande japonês! Isso tá parecendo até coisa de crítico gastronômico. Daqui a pouco você vai dar dicas de harmonização de cerveja.
ResponderExcluirMas e a Norteña? A Patricia? A Pilsen? A Stella? O senhor está sendo injusto com todas elas...
Álvaro, tenho traumas com Sonrisal. Me faz vomitar ainda mais!
ResponderExcluirBarneschi, você só pode estar de brincadeira. Veja lá se Patricia é nome de cerveja! E harmonização de cu é rola, trata-se apenas de remediar a inevitável ressaca nossa de cada dia. Não freqüento, por exemplo, o Octávio's Café para querer pagar de Josimar Melo.
Caraleo,
ResponderExcluirVou me mudar para Sampa. Ou vocês nasceram na cidade errada. Rachei de rir, apesar da seriedade do assunto. Cláudio, já encerrei a carreira de bebum, o que não me impede de tomar meus porres as vezes. Mas com toda experiência adquirida ao longo da minha vitoriosa carreira devo acrescentar algumas sugestões:
Caldo de mocotó acompanhado de pãozinho fatiado: Cuidado apenas com o exagero e com a pimenta. O caldo puro pode sobrecarregar o figueredo, mas aí entra o pãozinho, serve como "catalizador". Excelente pedida.
Sarapatel (Angú à Baiana): Capriche nos miúdos, mas não esqueça de comer a polenta. É ela que ajuda na absorção do álcool.
Um torresmo bem sequinho é complemento pra quase tudo, assim como ovo cozido. Ajuda a manter no estômago aquela película de proteção necessária para a ingestão da cerveja.
A escolha da cerveja, no meu caso, é cíclica. Já foi Skol, Brahma, Boêmia. A cerveja da vez é a Boooa. Acho que a bunda da Juliana Paes contribuiu na escolha. Além do fato dela ser vascaína. São dois argumentos muito poderosos, que convenceram meu exigente paladar etílico.
Por hora é isso. Me reservo o direito de sugestões posteriores. Abraços.
Opa, caldo de mocotó segura qualquer ressaca. Bom bagaraio.
ResponderExcluirCaldo do mocotó lá do Mocotó na Vila Medeiros. (O "problema" é que lá a gente acaba entornando a marvada também).
E sarapatel tem no Bil.
Belíssimas dicas, João! E não muda para cá não, a gente é que nasceu no lugar errado mesmo. Aliás, podíamos concretizar essa reunião entre maloqueiragem, porcada e portuguesada em terras cariocas.
ResponderExcluirÁlvaro, terei que visitar o Bill urgentemente.
Sobre o 775-P; está de fato prevista a extinção. Lenta, gradual e segura. O metrô vem aí.
ResponderExcluirMudaram o trajeto, obrigaram a passar pelo Jd. Jacqueline, e nisso pelo menos três pontos ficaram a ver navios - CADÊ O RESPEITO COM QUEM PAGA IMPOSTO E TEM DIREITO A TRANSPORTE PÚBLICO? NÃO É DEVER DESSA MERDA DE "estado"?
Só que há um grande problema nessa medida autoritária da SPTrans e da "prefeitura".
NÃO HÁ ÔNIBUS PARA DEFICIENTES.
Há uma norma que reza: TODA LINHA TEM DE TER PELO MENOS UM CARRO PARA DEFICIENTES.
Valeria um hora da patrulha, aproveitando que hoje pautei até o Cruz.
Até porque não sabemos ainda em quantas linhas estão tomando tais medidas.
E, decerto, não é só a essa.
Abraço.