29 maio 2009

A incomparável Tijuca


Uma das coisas que eu nunca compreendi é essa rivalidade inútil entre Rio de Janeiro e São Paulo. Geralmente pautada pela falta de conhecimento, a dicotomia passou a ser alimentada na mídia, que se esforça cotidianamente em mostrar qual das duas capitais é a mais violenta e inabitável. São, na verdade, cidades com muitos problemas, mas também com diversas peculiaridades positivas (basta saber olhar). O Rio, porém, ganha disparado em um quesito: beleza.

Obviedades à parte, devo lembrar que a noite de quarta rendeu, além do bom empate do Coringão no Maracanã, um encontro inesquecível. No centro nervoso da zona norte carioca, passei boas horas na companhia de craques da mesa, da palavra e do coração. Edu Goldenberg, assim que recebeu a notícia de minha rápida passada pela Cidade Maravilhosa, convocou a seleção que perfilou no Bode Cheiroso - um templo, localizado na Rua General Canabarro.

O escrete foi formado por Felipinho Cereal, Fefê (irmão do Edu e vascaíno responsável pela minha segurança até a entrada do Bellini), Fernando Szegeri (chegando de SP assim como eu), Luiz Antônio Simas e Marcelo Vidal, além do próprio Edu. Time da pesada. Mas o que teria de tão bonito a reunião de um monte de marmanjos? Tudo, porque o troço exalava fraternidade e o cenário era, nada mais, nada menos, que a Tijuca.

Enquanto esperava os portões do Maior do Mundo serem abertos ao final da partida, e sabendo que iríamos presenciar uma noite histórica, tentei convencer os amigos para voltarmos ao Bode. Preferiram o aeroporto Santos Dumont, não sem antes dizer alguns impropérios sobre a violência no Rio... Eu, pelo contrário, sabia que não deveria perder mais nenhum minuto daquelas poucas horas que tinha antes do meu vôo de retorno à garoa.

De volta ao Bode Cheiroso, sou presenteado com Simas e Szegeri relembrando trilhas de novelas antigas. Já Felipinho se impressionava com o tamanho (ou a falta de) dos olhos orientais, mas impressionante mesmo é ele - ali embaixo eu explico o porquê. E o Edu é um cronista irrecuperável, porque o que ele escreve em seu Buteco não chega a um milésimo de suas histórias à mesa do bar. Trinta e tantas Brahmas depois (os bardos bebiam desde 19h30) e duas Antarcticas de saideira, fechamos o Bode Cheiroso em busca de outro balcão.

Tivesse eu voltado para casa naquele momento, minha felicidade já seria grande. Porém, o que se seguiu foi o ápice, e o Edu descreve com precisão o caminho emocionante que fizemos, depois da minha surpresa pela grande distância percorrida e tão pouco notada:

"Cráudio: andamos, malandro, andamos exatamente isso, lembre-se de que sou preciso do início ao fim. Saímos do BODE CHEIROSO quando ele já quase-fedia. Entramos na Oto de Alencar, vimos a feira sendo armada na esquina da Morais e Silva com a rua do Simas (onde você delirou com a quantidade de casas...), entramos na Mariz e Barros, na Professor Gabizo (onde vimos a casa da vó da Gi, lembra?, e o prédio onde mora o Dicró). Atravessamos a rua do Rio, onde fica o portentoso Fiorino, fomos à praça Afonso Pena... e seguimos, cara, seguimos, seguimos... sem bala traçante, sem assalto, e sem - belíssima percepção a sua - barulho sequer de motor de automóvel!"

O trajeto acabou na Haddock Lobo, onde o Felipinho protagonizou uma cena que é a própria alma da Tijuca. O Estudantil era nossa última esperança, mas, como quase tudo às 2 da manhã de quarta-feira, também estava fechado. Astuto, Felipinho viu uma luz escapando pela fresta da porta, e foi por ali que ele gritou: "Abre aí, é o Felipinho. Tô sempre aqui. Me dê três Brahmas e quatro copos". Em qualquer lugar do mundo levaríamos alguns tiros na cara. Como se trata da Tijuca, e contávamos com o impressionante Felipinho Cereal, dois minutos depois bebíamos as cervejas. Tal generosidade pode assustar os incautos, mas é comum naquele precioso pedaço de chão.

É necessário registrar que nunca veríamos tanta tranqüilidade e beleza durante uma caminhada noturna, em qualquer cidade que se possa imaginar. Ainda são impactantes as imagens que estampam meu coração. E são elas, e não aquelas bobagens que a gente lê nos jornais, as provas cabais para o veredicto: a Tijuca é incomparável.

Mon amour, meu bem, ma femme


Coincidentemente, grandes acontecimentos cumprem um ciclo quadrienal. A Copa do Mundo, as Olimpíadas, as eleições... Hoje, algo da maior importância na vida deste escriba atinge tal condição, mas, ao contrário, não é pontual. Percorremos, Evinha e eu, 4 anos intensos, amorosos, felizes. Ao mesmo tempo que parece ter sido quase ontem a junção dos caminhos (é nítida, ainda hoje, a sensação eufórica daquela primeira vez em que bati o olho na nega), há aquela indescritível sensação de confiança e entrosamento que só as décadas trazem. Paradoxal, o amor.

Lembro-me com clareza de cada uma das nossas aventuras, das nossas fanfarronices, das discussões calorosas que sempre terminavam sem nenhum consenso. Das quatro paredes, no côncavo e o convexo (valeu, Rei!). De tudo que aprendi e dos meus maus-hábitos corrigidos. Das bebedeiras, porque não há coisa melhor do que você ser um bêbado e ter alguém igual ao seu lado. Intenso, o amor.

Ganhei amigos, lugares, sorrisos sinceros, afilhados, abraços, sensações. Dividi lamentações, tensões, inseguranças, medos. Nisso tudo, fomos em frente, firmes que nem geléia e rindo da vida. É assim, o amor.

O amor é livro.

28 maio 2009

Com um pé lá


Será uma catástrofe, além de sinal de incompetência extrema, se o Corinthians não passar pelo bacalhau na próxima quarta. Sem desmerecimento aos portuga, o nosso escrete é bastante superior. Podem dizer que aquele serzinho mascarado que já nos defendeu irá voltar. Mas volta também o Gordo. E onde o Gordo treina, mascaradinho não vende amendoim...

Aliás, só para não ser injusto, os cruzmaltinos fizeram uma bela festa de 5 minutos no Maraca. Talvez porque seja o Maraca. Esse estádio - que querem destruir, diga-se - é o lugar mais fantástico do futebol mundial. Estar naquele templo, e ainda mais vendo seu time de coração, é algo que não se pode descrever.

De nosso lado, não foi preciso muita coisa para calar o adversário. Só que não podemos ser complacentes com displicência em campo, o que automaticamente resultou em inadmissível perda de gols. Acomodação no Corinthians não! Jogar sério e marcar nas oportunidades que aparecem não é pedir muito.

Sobre a passagem no Rio, retomo o tema depois. Ele precisa ser escrito com o cuidado necessário, e hoje eu estou num bagaço tão grande que não teria condições físicas e psicológicas para isso.

E domingão é enfiar o nabo no time médio novamente.

VAI CORINTHIANS!

27 maio 2009

Em modo de espera


Aguardando esse dia chuvoso passar até a hora de ir para Cumbica, deixo aqui alguns tópicos de reflexão:


- De toda a problemática do aumento abusivo do ingressos e da elitização do futebol, uma frase do tampão chamou a atenção: "Não existe a menor possibilidade de reduzirmos o valor para R$ 20. E eles podem protestar". Está comprovado, portanto, que esse cara está dando de ombros para a Fiel. Esperemos uma média de público inferior a 10 mil pessoas nesse Brasileirão cada vez mais chato para ver se o areia mijada não muda de idéia. E como prova de que esse conceito de elitização está disseminado, vejam as brilhantes palavras do Barneschi.

- Falando em usurpação de alma, está excelente a discussão no Anarcorinthians sobre a questão dos patrocínios em excesso na camisa do Corinthians. Particularmente, vejo o bafafá como mero desvio de foco. Mais ainda, entendo que nossa camisa a gente mesmo faz. Ideal mesmo seria se essa corja abrisse a participação na administração do clube, baixando o preço dos títulos e pagando as contas do Coringão via mensalidades de associados. Só que isso implica reforma política (como o fim de reeleição para conselheiros, por exemplo) e esses sujos dificilmente farão manobra para tirar-lhes o osso da boca.

- É óbvio que a canalhada puniu o Gordo, mesmo que com a pena mínima de um jogo - e ele já não iria jogar contra o time médio. A questão é: a bichice realmente dita as regras no futebol. Morte ao STJD e aos seus procuradores bambis!

- Alô, corinthiano. Não freqüente o Shopping Ibirapuera. A administração dessa excrescência não permitiu a instalação de uma loja do Corinthians, alegando que a Fiel Torcida não corresponde ao seu público-alvo, mais refinado e, por que não, fresco. A loja tricolouca, porém, está lá, e com o número 24. Mandem e-mails protestando e organizem manifestações nada amistosas. Sugiro quebrar aquela merda toda.

- Se o Inho e o Juquinha podem, por que eu não posso fazer posts em tópicos?

- Ao lindo e belo Rio de Janeiro! Vai, Corinthians!

26 maio 2009

Uma cerveja, um cigarro, um Carnaval


Semana passada, ao sair do trabalho, passei no posto de gasolina e peguei aquela gelada para depois do expediente. Inexplicavelmente, me veio na boca a primeira cerveja da vida. Contava com uns 5 ou 6 anos e, desde então, passei a dar bicadinhas na espuma do copo do meu padrinho. Era um gosto em princípio meio amargo e muito estranho, mas que se adocicava ao descer pela goela. Mas o motivo do meu alcoolismo não é só esse, pois meu padrinho e o amigo dele, o Gentil, eram os sujeitos mais bacanas da rua. Como me espelhava nos dois descaradamente, foi natural nutrir adoração pelo copinho com o troço amarelo vida afora.

Engraçado essas experiências sensitivas. No mesmo instante em que você sente um sabor, cheira um cheiro ou ouve um ruído que te traz uma lembrança, automaticamente seu corpo e sua mente viajam no tempo. Foi muito claro o momento desse primeiro gole: aniversário de minha irmã com Churrasquinho Jundiaí (em pleno Plano Cruzado, chegamos a ter uma puta vida confortável lá em casa, ironicamente), lá no quintal recém-reformado. Era começo de noite e meu padrinho e o Gentil entornavam um vidrinho de Eparema, a fim de proteger o figueiredo. Nem bem o caboclo do churrasco havia iniciado os trabalhos com o carvão, e os dois já estavam de copo na mão. Foi bem ali quando o Gentil me chamou, com o padrinho dando a aprovação: toma um gole aí, moleque.

Depois do gole, o primeiro cigarro. Dias desses, minha mãe chega em casa fedendo fumaça. Ela sempre chega fedendo fumaça, só que naquele dia, não sei por qual motivo, o cheiro foi igualzinho ao da estréia com o tranca-peito. Era noite e brincávamos as crianças na rua, enquanto os velhos jogavam conversa fora. Um senhor que passava arremessou uma bituca no chão e a bichinha ficou ali repousada, brilhando aos meus olhos. Automaticamente, imitei a velha - e o raciocínio deve ter sido: "se ela faz é porque é bom". Tão automático quanto minha tentativa de tragar aquela merda foi o tapa que meu pai me deu na boca. Passei boa hora de castigo no lavabo de casa, amargando aquele cheiro desgraçado entre os dedos.

Admira-me negativamente quem não carrega essas impressões e lembranças sensoriais. Algumas, aliás, até tentam evitá-las, o que denota um certo desvio de caráter. No Carnaval desse ano, por exemplo, alguns daqueles que estiveram conosco em Pirapora do Bom Jesus se surpreenderam durante o baile no salão do clube municipal, em que as pessoas giravam. Porra, no carnaval se gira pelo salão (eis o Rubinato: "Primeiro carnaval, primeiro amor criança/Numa volta no salão ela me olhou")! Na primeira vez que entrei no baile em Pirapora, me vieram todas aquelas matinês de quando, projeto de gente, saía pelo salão apavorando minha irmã.

Contrariando a máxima que garante periculosidade do apego ao passado, isso anda me tranqüilizando e se tornou essencial para uma fase da vida que eu sei que chegou. Já não tenho mais paciência com um monte de coisas, já não suporto certas incoerências e ando muito pouco receptivo a frescurinhas. Fora que tal melancolia serviu de tema para um post totalmente sem pé nem cabeça, num dia de tão pouca inspiração...

25 maio 2009

A voz do povo é a única voz


Quando tratamos aqui do primeiro aumento nos ingressos corinthianos, minha postura foi bem clara. Não havia motivo para desespero porque o reajuste das arquibancadas havia sido mínimo e o custo R9 repassado aos abastados das numeradas. Justo, até porque eles não comparecem em todos os jogos e, por terem maior poder aquisitivo, devem sim pagar pelo "espetáculo" que tanto enaltecem. O povão das arquibancadas, ao contrário, vai lá para ver o Corinthians...

Infelizmente, o resquício de câncer que ficou nas salas ar-condicionadas do Parque São Jorge tomou uma desastrada decisão e, assim que levantamos invictamente a taça do Paulistão 2009, subiram junto as entradas dos arquibaldos, assaltados em inviáveis R$30. Acendeu-se, então, a luz de alerta. Foi a segunda majoração em menos de seis meses, sob a desculpa de se manter um "elenco de nível". Elenco de nível se mantém com patrocínios e venda de diversos serviços e produtos. PRODUTOS que não o jogo de futebol, elemento social que não pode nunca ser comercializado.

O processo sobre o qual a gente vem falando aqui desde 2007, com a confirmação da Copa do Mundo no Brasil, atingiu seu ápice na agenda alvinegra. Esses aumentos consecutivos nada mais são do que a explicitação desavergonhada da elitização do esporte, que irá afastar de vez aqueles que são apaixonados pelo Corinthians, mas que não mais conseguirão pagar o que pedem pelo ingresso.

Curioso mesmo é o silêncio daqueles que, no começo do ano, resolveram fazer escândalo por terem sido "prejudicados". No último sábado, em que a arquibancada estava cheia e deu o seu recado à diretoria, as cadeiras laranjas, numeradas e setor vip estavam às moscas. A mensagem é muito clara para mim. Enquanto nosso pessoal do cimento dizia "apesar de você e de estarmos sendo roubados, comparecemos e vamos protestar", a moçada das cadeiras se omitiu e não fez a sua parte, como também nunca faz quando está presente em Templo Sagrado.

Portanto, antes de encherem a boca para nos chamar de marginais ou então requisitar tratamento semelhante ao do povão sofrido, façam vossa parte. Sejam corinthianos de fato e pensem na maioria. Até o momento, o verdadeiro corinthianismo continua vindo daqueles que menos têm (ah, essa nossa essência!), agindo, inclusive, em prol daqueles que nos combatem com essas atitudes preconceituosas e/ou omissas.

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No mais, quarta-feira é Rio. Ingresso na mão e preparando a voz com cachaça. Quem for, manda um e-mail para o caso de se trombar no aeroporto ou no Maraca.

VAI CORINTHIANS!


22 maio 2009

Tábua de frios


- Não achem que meu silêncio signifique despreocupação com o golpe na Petrobrás promovido pelos demo-tucanos. Mas é que tem gente muito mais gabaritada para falar sobre o assunto do que eu. Aqui, deixo a cobertura do manifesto contra a CPI golpista, uma dica de como protestar e o link para download do livro "O Brasil Privatizado", do mestre Aloysio Biondi (por enquanto esse tipo de troca de informação ainda não é crime).

- Palavras do procurador canalha do STJD, Paulo Schimitt, para justificar a denúncia contra o Gordo: "O jogador cometeu a infração não somente por ter puxado o canelo do adversário, mas também por beliscar a jugular de Fahel". Bichice ou o quê? E o tribunal está tão desmoralizado que a própria vítima já se prontificou a testemunhar a favor do Fenômeno.

- Recebi de Fernando Szegeri uma bela dica para quem gosta dos ritmos do Norte. Ao lado de outros grandes músicos, ele irá inaugurar nesta sexta (22 de maio) um projeto no Ó do Borogodó que tem como fundo musical o carimbó, a guitarrada e outras manifestações do cancioneiro popular lá de cima. O bar fica na rua Horácio Lane, 21, em Pinheiros. R$20 de entrada.

- Sábado tem protesto contra os bandidos que aumentaram o preço dos ingressos. O povão vai gritar, mas será que o torcedor cumum se manifesta?

- O Seo Cruz publicou uma edição especial e toda formosa da Biografia de Madame. Confira a primeira e a segunda parte.

21 maio 2009

Maracanazzo


Menos de um ano depois, o Florminense teve que conviver com mais um Maracanazzo. Falaram bastante bobagem - e alguns dos nossos também -, mas na hora da verdade o Corinthians manteve a lógica do futebol em dia. Com 20 minutos, fizemos o necessário para cozinhar a partida, o arroz e o pó e garantir a classificação para as semifinais, nas quais iremos enfrentar o bacalhau.

Diante de tamanha facilidade para chegar entre os 4 finalistas, é preciso ressaltar que sábado é dia de sair do Pacaembu com a vitória. Apesar de focado na Copa do Brasil, não podemos ficar perdendo pontos nesse início de campeonato. O Corinthians é grande e entra em toda e qualquer batalha para vencer.

É hora da Fiel não ficar se preocupando com papinhos de Zé Roberto, espanhol aposentando e outros supostos reforços ou saídas. Se bem que depois do jogo dessa quarta temos que reconhecer: contratar esse Conca seria de grande valia ao Coringão. O argentino bate um bolão e está no time errado... Outro aviso: o Gordo sem perna é melhor que o Mercado Livre (a partir de agora, aquele bosta será chamado assim até sair do Parque São Jorge), portanto não caiam na cilada de ficar cornetando o cara só porque ele não marcou nos últimos jogos.

Sabadão, diante daquele arqueiro corinthiano que sempre nos complica, conquistar os três pontos é obrigação mesmo com um time misto. Nem que, para isso, nossa diretoria de futebol tenha de levar um contrato para o dito cujo, que visivelmente cata muito mais que o comedor de acarajé - a falha no primeiro gol do flor foi grotesca.

P.S.: como é bonito o Maior do Mundo, não? Pena que os cartolas babacas e a Copa de 2014 querem destruí-lo...

20 maio 2009

Tem jeito?


Todo mundo sempre têm alguma particularidade. Seja um gesto ou uma fala, tais reações descrevem tão bem um sujeito quanto o DNA e geralmente vêm à tona quando estamos em uma mesa de bar. Cito abaixo algumas pessoas muito próximas a mim de alma, sangue e coração, e que são ainda mais marcantes por conta desses pequenos detalhes.

Minha Evinha, por exemplo. Muitos podem ter a primeira impressão de que ela esteja braba. Sua franzida de olhos, letal como um caça norte-americano, fica ainda mais ameaçadora quando entra em cena a TPM - e sobre isso leiam um texto do blogue dela. Porém, tirando a fase crítica do ciclo hormonal feminino, meu amor na verdade está tentando enxergar. Se o sol está a pino, a coisa piora. Se é noite, mais ainda. Muitos amigos dela provavelmente devem ficar no vácuo pelas ruas, não por falta de educação, mas porque ela realmente não viu.

Aí temos o FH. É lendária a cena do caboclo pegando no sono quando fica bêbado. A ação tem, inclusive, fases. Num primeiro momento, o cara cruza as mãos como se estivesse rezando, e as posiciona sobre a barriga. Depois, o queixo vai caindo até encostar no peito (e aí já começou a "pescaria" e os olhos começam a fechar). Finalmente, ele se deixa derrotar e apaga, derrubando-se sobre a mesa. Não há Cristo que o acorde, nem tapa na cara ou grito na orelha. Para não dizerem que minto, cito aqui o registro fotográfico feito pelo Edu Goldenberg. Alguns ainda podem citar sobre FH a expressão "Fu-la-no-pe-lo-a-mor-de-de-us", falada assim, pausadamente.

O Galuppo é outra figura. É dele o neologismo "Pôtílígo", única palavra da língua portuguesa a ter três sílabas tônicas. O siciliano usa essa charmosa intervenção oral para reforçar seu sex appeal com as moças. Entraram para a história dois "pôtílígo": o primeiro teve como destinatária a bandeirinha Ana Paula de Oliveira e foi ouvido por todo o Parque Antártica num jogo beneficente; o segundo aconteceu numa balada e saiu da boca do nosso paesano depois que ele ofereceu um cartão de visita a uma vítima de seu palavrório cortês e galante.

Não pode ficar de fora dessa lista o Vandré, de quem eu falei no começo da semana. O Vandré tem um "pronto" cujas interpretações variam mais que taxa cambial. Saiu um golaço do Corinthians? Vandré grita "pronto"! Alguém provou que ele estava certo, Vandré solta um "proooonto" todo convencido. A Renata dá um pito nele, Vandré sussurra um "pronto" desolado, como se dissesse "tô fudido".

Por fim, o Barneschi. Não tem coisa mais hilária, e ao mesmo tempo amendrontadora, que ver o Barneschi indignado quando é xavecado por um viado ou quando é zoado por um são-paulino - ou as duas coisas juntas. Quem conhece o Barneschi pelo seu blogue deve imaginá-lo um cara que sai batendo em velhas na rua (tá certo que em sua adolescência ele fazia isso no busão). Pelo contrário, é um camarada dócil e tranqüilo, um gentleman dos trópicos. Infelizmente, ele vira o Hulk durante as situações descritas no começo do parágrafo. Chuta carros, destrói mesas de bar, cospe na cerveja alheia e diz palavrões que eu nunca ouvi na vida. E logo depois, continua a conversar normalmente, numa variação de humor impressionante.

Depois dessa, sintam-se livres
os "homenageados" para me descascar nos comentários...

19 maio 2009

Pra fechar o dia


Tô me achando o Seo Cruz, vários posts por dia...

Então, recebi o seguinte comentário:

"Claudio,
Parece que você não se sente muito à vontade fazendo uso da palavra escrita. Levou uma surra argumentativa e teve de apelar a ofensas e difamações. Se você preferir uma querela em outras bases, não tenha dúvida: posso oferecer-lhe também uma surra física."

Caso o machão dos teclados não veja a resposta que deixei por lá, reitero aqui: estarei, como estou em todos os jogos, na primeira quebrada das escadas, de cima para baixo, na divisa entre a arquibancada amarela e as cadeiras laranjas. Apareça! Ou será que, assim como no Jogo das Barricas, o ameaçador não vai ao estádio ver o Corinthians? Bom, ao eleger Rogério Ceni como ídolo, ele deve freqüentar no máximo um camarote no Jardim Leonor.

Estarei esperando. Para me reconhecer, visite as fotos do meu Flickr aí do lado.

Regra do jogo


Republico esse post porque me chamaram de "grosso" nos comentários sobre do Jogo das Barricas 2009. Ele explica em linhas gerais as regras de funcionamento deste blogue e foi originalmente publicado em novembro de 2007, inspirado no antigo blogue de Paulo Henrique Amorim. Lá, o jornalista trazia a seção "Não coma gato por lebre", descrevendo o funcionamento do seu Conversa Afiada.

A versão 2009 da Regra do Jogo tem um novo tópico, explicando
justamente que a boa educação nem sempre é utilizada neste espaço.

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Pois bem, o dono deste blog:

- é corinthiano e, por isso, só irá falar (muitas vezes, inúmeras) bem do Corinthians e (muitas vezes, inúmeras) mal da diretoria quando essa merecer;

- ama, admira e exalta sua namorada Eva, e só irá falar (muitas vezes, inúmeras) bem dela e a defenderá sempre;

- é comunista e irá falar quase sempre dos males do regime capitalista;

- não suporta a Globo, a Folha (a quem chama de Falha), Estadão e Veja;

- recomendará, sempre que possível ou necessário, a leitura de Carta Capital e Caros Amigos;

- recomendará, sempre, a leitura de Marx, dos apocalípticos e do livretinho "Brasil Privatizado", de Aloysio Biondi;

- gosta de samba e rock com a mesma intensidade, entendendo que ambos os gêneros têm viés popular;

- defende os Gaviões da Fiel sempre que possível, mas abomina a idéia deles participarem dos desfiles de Escolas de Samba;

- não suporta homofobia, mas quando se trata de futebol é o primeiro a chamar são-paulinos, cruzeirenses, fluminenses, gremistas e semelhantes de bicha ou bambi;

- defende que o futebol é o único esporte que existe;

- odeia povinho reacionário, ama a cidade de São Paulo e tem paixão pelo Rio de Janeiro;

- ama e admira sua mãe, irmã, avós maternos e tia - além dos dindos -, mas cortou relações com o pai por ele ser um crápula;

- defende os amigos sempre, mas não perde uma oportunidade de tirar um pêlo quando necessário (o que abre caminho para que eles façam o mesmo);

- bebe compulsivamente, mas só cerveja;

- considera o churrasco e a feijoada os elementos básicos para uma boa dieta;

- é contra a globalização e a destruição dos costumes populares e tradicionais de qualquer nação;

- prefere gatos a cachorros;

- prefere viajar pelo Brasil a ir ao exterior dar dinheiro pra gringo (mas aceita de bom coração os gringos que vêm ao Brasil);

- é contra a Copa de 2014 no Brasil;

- é contra o estado do Paraná existir;

- ainda vai abrir um buteco;

- fala muito palavrão, é grosso e sarcástico com quem merece e não aceita argumentos baseados em achismos. Ao invés disso, valoriza relatos daqueles que presenciaram os fatos com olhos de ver; *atualização

Acho que é isso. Se lembrar de mais coisas, coloco aqui.


Hora da Patrulha


Segundo o governo do Estado, a América do Sul tem dois Paraguais. A informação veio num livro fornecido às escolas públicas e a única explicação para isso deve ser a tal liberdade poética. Se a desculpa colou, por que não tacar uns palavrõezinhos e ensinar aos alunos da terceira série do Fundamental a vida como ela é? Caso os amigos achem que eu estou mentindo, basta ver as imagens no Blog do Favre.

Não pregaria aqui o falso moralismo, pois as crianças escutam esse tipo de coisa na rua, em casa e até mesmo na TV. Achei até bom que uma das tirinhas descreve com precisão as duas torcidas gaúchas. Porém, certos limites devem ser respeitados e palavrão não pode nunca ser ensinado na escola, até para não perder o seu teor reacionário e contestador.

A questão maior, que não vi sendo levantada nem na época dos Paraguais e nem agora, é saber por que raios a elaboração desses livros fica por conta de empresas terceirizadas. O material didático, logicamente, deveria ser produzido pelos próprios professores, já que são eles quem irão utilizar as obras durante o ano letivo e sabem quais demandas elas devem suprir. Porém, o ímpeto privatista (alô, Petrobrás!) da tucanada, sempre vendida como modelo de eficiência, dá provas de sua falência funcional e moral. O prejuízo com esses livros gira em torno de R$35 mil, o mesmo gasto por qualquer deputado na "farra das passagens aéreas". Mau-uso do dinheiro público idêntico, mas não vemos classe média indignada no caso do pau-no-cu do Serra.

Vale fazer a indagação: como essas coisas passam pela Assembléia e pelo Tribunal de Contas? Será que os fiscais são iguais ao da Lapa, distrito comandado pela moça Soninha (você acreditou nela? hahahahahahahhahaha)? Para quem não viu, o gaiato foi pego vendendo pontos para camelôs a R$3 mil. Qualquer semelhança com a Máfia do Pitta não é mera coincidência...

Ou então os responsáveis pela fiscalização na educação sejam os mesmos que aprovaram para a Prefeitura a creche que funciona sobre uma loja de material de construção - e cabide de emprego é com o generalzinho, pergunte ao Roberto Freire. Creche na sobreloja, respirando pó de areia e cimento, brincando com arame farpado, tudo isso sob o comando de uma ONG humm... terceirizada - ah, essas ONGs.

Sorria, São Paulo.

18 maio 2009

Dois gigantes no ringue


Entre tantas notícias cabulosas como a CPI da Petrobrás - um sinal claríssimo de antipatriotismo -, vi na rede blogueira de responsa duas boas novidades.

Uma nem é tão novidade assim, já que o Vandré Fernandes havia abandonado seu É (quase) tudo verdade e o retomou no começo deste 2009. Belíssimas crônicas do Jacaré, que ficam ainda melhores caso você conheça o caboclo e passe a imaginar o texto sendo interpretado pelo seu autor.

Outro que caiu nas graças da internet foi o Júlio Vellozo, com o seu Casagrande Futebol Clube. Não preciso nem dizer qual é a temática...

Favoritem, sigam, linkem e acompanhem sempre essas duas personalidades.

17 maio 2009

A denúncia em forma de festa


A segunda edição do Jogo das Barricas, modéstia à parte, foi um grande sucesso. Apesar do placar desfavorável em 2009, com os verdes ganhando por 5 a 2 (os motivos falo já), o que mais valeu foi estar junto aos amigos-rivais e conhecer novas caras que, como este e outros blogues parceiros, se dão ao trabalho de denunciar constantemente a corja leonor.

Muita cerveja, muito cansaço, muita raça, muita conversa fraterna. E um placar não tão expressivo quanto poderiam imaginar os torcedores presentes, todos vestindo verde (e sobre isso falo já). Mesmo com 20 jogadores contra 6 guerreiros corinthianos, os palestrinos só conseguiram furar a meta 5 vezes.

Aproveito para agradecer a cada um dos irmãos alvinegros que, destoando da massa ignóbil (abaixo, mais sobre ela), abraçaram mais uma vez a idéia e foram a campo defender o manto do Corinthians. Janeiro, Filipe, Felipe, Odil e Álvaro se juntaram a este que vos escreve para enfrentar uma horda palestrina.

Também não posso deixar de parabenizar os rivais e saudar toda a disposição desses guerreiros palmeirenses que fizeram o Jogo das Barricas 2009 acontecer: Barneschi, Galuppo, Seo Cruz, Ademir Castellari, FH, os Pacífico e todos os parceiros que lá estiveram para prestigiar essa iniciativa que, acreditem, tem tudo para se tornar um gigantesco acontecimento.

Obrigado a todos! Parabéns a nós! E vai Corinthians!!!

Ficha técnica:
Palmeiras 5 x 2 Corinthians - TAÇA FORZA PALESTRA
Data: 16/05/09
Local: Rua Lavapés 410
Publico: 40 pagantes
Arrecadação na Barrica: R$ 5,38. Além de 1 lira italiana e 1 peso argentino
Gols: Junior, Pharinha, Marcel, Giovanni (2) (PAL); Felipe e Eduardo Janeiro (COR)
1º tempo: Pal 0x1 Cor; Resultado final: Pal 5x2 Cor
PALMEIRAS: Galuppo (G), Fernando Henrique, Giovanni, Luigi, Vitor, Ademir, Nicola,Yuri, Luiz, Marcel, Paulo, Alexandre, Bruno, Hiran, Guilherme (Equipe que atuou no 1º tempo); Guto (G), Junior, Victor, Giovanni, Michel, Pharinha, Paulo, Luiz, Luigi, Marcel (Equipe que atuou no 2º tempo). Técnico: Rodrigo "El Bandoneon" Barneschi
CORINTHIANS: Bruno (G), Filipe, Craudio, Felipe, Eduardo Janeiro, Odil, Alvaro. Galuppo (G), atuou no gol alvinegro no 2º tempo. Técnico e Capitão: Craudio "Genghis Khan"

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Eis agora algumas palavras sobre o fato da presença verde ter sido maciça e a corinthiana vergonhosa. Tenho comigo um ímpeto quixotesco de, sempre que detecto qualquer sinal de sintonia entre pessoas, tentar unir e agrupar esses indivíduos para fortalecer as idéias. Uma dessas tentativas se deu quando comecei, por meio deste blogue, a acompanhar e dialogar com alguns outros blogueiros alvinegros.

Lavo aqui as minhas mãos e digo que foram inúmeros posts, inúmeros e-mails e inúmeras convocações para cada um dos responsáveis pelos endereços que estão listados no menu à esquerda e no blogue irmão Anarcorinthians, na esperança que ao menos tivéssemos o apoio virtual nessa causa. A cobrança é cabível: trata-se de uma obrigação de todos aqueles que se dizem corinthianos. Não um favor para mim, é uma tarefa pelo Corinthians.

Ao que parece, essa suposta rede blogueira alvinegra é composta por gente que adora cornetar e meter o bedelho em tudo, mas que se omite
na hora de colocar a mão na massa. Exemplos iguais vemos no nosso Templo Sagrado, com molecotes e mini-periguetes indo às arquibancadas apenas para fazer social e ficar tirando fotinho depois do jogo. À merda todos vocês! O Corinthians é coisa séria e não é café pequeno.

Fôssemos depender de omissões como as que vi na divulgação desse Jogo das Barricas, nossa história não ultrapassaria o ano de 1912. Eu fico, a cada dia que passa, mais envergonhado pelos antigos, que hoje devem se revirar no túmulo ao ver tanta alienação. E alienação todos sabemos onde deveria estar.

Aqueles que se sentirem ofendidos e magoadinhos, fiquem à vontade para retirar o link deste Chuta que é macumba. Aqueles que tiverem o mínimo de bom senso e decência saberão ficar calados. Ao contrário de festinha em buteco chique, preocupações com carnaval e oba-oba com jogador, diretor e o escambal, este blogue defende unicamente a essência daquilo que fez o Corinthians ser grande. E quem não for corinthiano, vai pra puta que pariu!

15 maio 2009

STJD é a vergonha do futebol


Só pode ser brincadeira essa suspensão aplicada ao Dentinho, que não irá enfrentar o Florminense na próxima quarta e provavelmente ficará de fora da semifinal. O moleque apanha o jogo inteiro, é pisoteado, chutado e agredido. Mesmo assim, o tribunal de merda entende que ele pratica jogada violenta (artigo 254).

Esses magistrados, com mais uma decisão imbecil, provam que entendem de tudo menos de futebol. Em benefício a um time da terceira divisão, cuja capivara contém ascenso via tapetão e a histórica pecha de pó-de-arroz, transfomaram a vítima em condenado.

O STJD é um lixo, uma bosta, uma podridão, e deveria ser dissolvido imediatamente. Pelo bem do esporte. E o Sport Club Corinthians Paulista precisa se manifestar contra essa arbitrariedade, para não dizer injustiça.

O STJD é a vergonha do Brasil!

Hora da Patrulha


A notícia de que a melhor escola estadual de São Paulo ocupa a 2.596ª posição no ranking brasileiro precisa ser rememorada. Assim como outros indicadores negativos relacionados à tucanagem, é óbvio que ela não foi devidamente explorada pela mídia. Apesar de saber que a avaliação possa apresentar distorções por utilizar os mesmos parâmetros em realidades distintas, não dá para ignorar que o Estado mais rico do país não se esforce nem ao menos para se sair bem nesses quesitos.

Esforço, vale lembrar, não é promover o famoso choque de gestão tucana, que consiste em pressionar os professores e arroxar salários a fim de "tornar a máquina pública eficiente". Muito menos assediar esses profissionais via imprensa, como fez o governador José Serra ao atribuir a eles a culpa pela má qualidade do ensino. Os bons resultados aparecem somente com a valorização do corpo docente, caracterizada pelo pagamento de bons salários e a formação profissional constante.

Serra mente, e mente feio. Prova disso são as entrevistas com dois especialistas no riscado. O primeiro é o diretor da escola paulista de melhor desempenho nas avaliações (de novo, a 2.596ª do Brasil), que afirma categoricamente: "O Governo só me atrapalha". O segundo é a diretora da Faculdade de Educação da USP, cujas palavras confirmam a mitomania do nosso governador. Aliás, perguntinha ao Serra: se o ensino é ruim por conta da preparação acadêmica deficitária dos professores, a administração estadual não está decretando sua própria ineficiência ao não oferecer cursos decentes nas universidades sob sua tutela?

Saindo do mundo das idéias por um momento, passemos a demonstrar a incompetência na prática. Na zona norte de São Paulo, uma escola tem reforma prevista para as férias de julho. Reforma mais do que necessária, já que pouco tempo atrás o teto de uma das salas desabou. Curioso é saber que, no começo do ano letivo, essa mesma escola recebeu várias demãos de pintura. Belíssimo exemplo de choque de gestão e uso responsável do dinheiro público.

No braço municipal do governo tucano, absurdos semelhantes acontecem. O generalzinho demo vendeu na propaganda bonita que sua gestão dava até leite de marca. Garantida a reeleição, o leite, o material escolar e o transporte gratuito para os estudantes sofreram restrições. Ao mesmo tempo, o prefeito inventou tarefas burocráticas aos professores: ao invés de estar na sala de aula ou preparando projetos pedagógicos, eles foram obrigados a exercer função adversa, preenchendo relatórios para garantir que a distribuição dos benefícios seja, de fato, racionada.

Se você não ficou sabendo de nada disso, a culpa é do Bolsa-Jornalista. Contrariando a orientação de tempos não muito distantes, as editorias de cotidiano, cidades ou o que valha não mandam mais seus repórteres às ruas (e repórter que se preza deveria ser obrigado a ir para a rua). Porque se saíssem, iriam encontrar creches, escolas e CEUs sucateados, hospitais em condições precárias, buracos no metrô, obras inacabadas, aumento nas tarifas do transporte público, buracos nas ruas e trânsito caótico. Talvez a reportagem de rua tenha ficado inviabilizada pelos pedágios no Rodoanel, vai saber...

O governo demo-tucano é caso de Procon.
Sorria, São Paulo.

14 maio 2009

Resultado corinthiano


1 x 0 sempre foi um resultado corinthiano. Apesar de eu gostar mais do 2x1 porque ele dá uma acordada na zaga, o regulamento da Copa do Brasil pune aquele que leva gol em casa. Portanto, o 1x0 contra o florminense foi exatamente o que precisávamos. Claro, ficou uma sensação de que podíamos ter enfiado uns 4 - e podíamos mesmo -, mas no Corinthians nada é assim.

A Fiel irá se deparar com manchetes como "Corinthians faz só 1x0". Só? Não, abutres, aqui a soberba não deve entrar. Vamos sempre mais confiantes quando a anticorinthianada desconfia do nosso triunfo. Devemos ter sempre a final do ano passado como alerta.

Vamos ao Rio focados, cumprindo tabela contra o time médio (embora muito mais simpático que o daqui) e nos concentrando para a batalha da próxima quarta. Basta um resultado semelhante ao da nossa brilhante Invasão Corinthiana para que o Maior do Mundo tenha outra noite em preto e branco. Duvida que a Fiel Torcida vai tomar conta do Maraca? Aguarde...

Aproveito o post para dar parabéns ao Sanchez. Na desesperada penúria de tirar dinheiro do bolso do corinthiano, o abjeto ser viu as numeradas e as laranjas (setores tão valorizados por abrigarem o modelo de futuro torcedor para o futebol elitizado) vazias. Deixou de ganhar uma boa quantia porque resolveu nos assaltar. E ainda escutou, lá das arquibancadas e da família que defende o Coringão, que é um ladrão e que o Timão é do povão. Vejam só: é o povo defendendo a elite, elite essa que corneta aos ventos mas não faz no estádio o protesto que deveria.


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Já leu isso aqui? Então deveria.

Já mandou o e-mail confirmando presença no Jogo das Barricas? Então deveria.

13 maio 2009

Desobediência cívica


O Brasil tem um péssimo costume de desvirtuar valores. Os brancos do poder constituído apareceram em 1888 com um 13 de maio que hoje ou é ignorado ou é erroneamente apresentado como a mais expressiva ação de liberdade. Foi assim que nasceu o preconceito velado, sintetizado na frase "eu não tenho nada contra preto", dita enquanto o branquinho pensa "fora da minha casa e da minha família".

Interessante é o comportamento desse preconceituoso. Ele aprecia um bom samba ("de buteco chique, por favor"), a-do-ra aquele terreirinho fajuto comandado por gente que lê Allan Kardec e até sentaria na mesma mesa que o Pelé, mas só porque ele AGORA tem classe e elegância e vive indo para a Europa. Vejam só a lógica dessa corja: a gente embranquece o negro, pega o que ele tem de mercadológica ou socialmente aceitável e alivia o peito com um relacionamento de aparências.

Também está na moda o branco falar sobre as cotas. A grande maioria é contra, porque não quer o Estado criando "uma situação de exceção". Como se os negros não tivessem vivido sob essa condição por mais de 400 anos... Pior ainda são aqueles que trocam boca por cu, chegando a dizer que preconceito é o negro entrar em universidade via cota. Não, branco imbecil, é reparação histórica!

Ao contrário dessa deturpação toda, o 13 de maio deve ser lembrado como marco inicial da luta incessante desse povo que sempre foi (sub)julgado pela cor da pele e sempre teve que ficar provando competência porque tem a pele preta. Desde pequeno, eu aprendi que preto é ladrão, que preto é inferior, que preto não presta e que preto só faz merda. Por sorte, fui uma criança bastante desobediente. Mal sabia eu que essa desobediência era um ato cívico, do qual me orgulho muito.

Negro é raiz!


12 maio 2009

Jogo das Barricas 2009 - nova convocação


Já temos um número expressivo de confirmações para a segunda edição do Jogo das Barricas 2009, que acontece no próximo dia 16 de maio. Porém, é necessário lembrar que quanto mais gente estiver presente, maior será o barulho da denúncia contra o time que tem medo. O time Regina Duarte. O time que, mais uma vez em sua história, fugiu e conseguiu o que queria pela porta de trás.

Para tanto, refaço a convocação para esse ato cívico, cuja presença deve ser confirmada pelo e-mail cramone99@gmail.com . Ainda nesta semana, vocês irão receber novamente todas as coordenadas para chegar ao local da peleja que iremos travar contra a porcada, numa belíssima confraternização.

É prova de que a convivência pacífica é possível e já existe entre os maiores rivais, o que ressalta ainda o respeito mútuo e deixa bem claro quais são as forças paulistas no melhor futebol do mundo. Ao contrário do que possa parecer, não se trata de uma união que supostamente garantiria a grandeza daqueles que combatemos. É apenas uma reparação histórica a um feito que muito nos envergonha.

11 maio 2009

A volta das Carmelas


Dia desses, minha irmã me mandou um vídeo em que cantavam Adoniran Barbosa e Elis Regina. Coisa bem produzida que, apesar de detalhes meio forçados, cumprem sua função de registrar na eternidade um momento com informações preciosas de tempo e espaço. O tempo era a década de 70 e o espaço era um Bixiga já em fase de degradação imobiliária. Mais especificamente, o encontro entre dois grandes nomes de nossa música se deu numa birosca chamada Bar da Carmela.


Chamo atenção para alguns detalhes, como o vidro de conservas, as ampolas de Antarctica sobre a mesa e a geladeira da Kibon onde os percussionistas se apóiam. Ou então a comilança que precedeu as músicas, adornada com quitutes de gigantesca qualidade. Ou ainda o passeio pelas malocas que Adoniran tão bem descreveu em seus causos cantados, e cuja beleza só os emotivos conseguem detectar.

Por conta dessa emoção, a escolha do Bar da Carmela foi estratégica. Durante anos, locais como esse serviam de ponto de encontro para muita gente de responsa. Bêbados misturavam-se a crianças, donas de casa e trabalhadores em fim de expediente, todos eles contando seu dia-a-dia. Era o povo fazendo sua história, em templos que se tornariam espécie em extinção.


O relógio rodou, a modernidade emplacou de forma nociva e as tranqueiras como o Bar da Carmela sofreram uma campanha de difamação tremenda. Ficou difícil encontrar pelos bairros aquela portinha de ferro que, invariavelmente, oferecia aos clientes cerveja sempre gelada, preços justos e alguma comida especial.
Apareceu o conceito "buteco chique", mas se é buteco, não pode ser chique. Se é chique, não pode ser buteco. Analogicamente, se é Corinthians, não pode ser parmera, capice?

Superando essas vicissitudes,
alguns heróis da resistência, algumas Carmelas, ficaram para servir de exemplo num momento em que se evidencia mudança nos ventos, ainda que tímida. Aquele ímpeto modernizador dos estabelecimentos que ofereciam tudo no atacado se enfraqueceu. Hoje, já podemos ver Blockbuster fechando (a do Pacaembu já era) e loja de McDonald's indo à falência (quebrou uma na saída da USP). Em contraposição, aqui perto de casa uns gaiatos se arriscam a receber os bebuns, adaptando a garagem de suas casas.

A virada de jogo pode ser atribuída a dois fatores. De um lado, a estabilidade econômica e os incentivos do governo Lula possibilitaram novas investidas da classe trabalhadora no comércio. De outro, a sanha proibitória do elitista governo demo-tucano em SP determinou: quem tem como bancar propina ou cumprir as absurdas exigências da prefeitura se manteve naqueles núcleos de outrora boemia; quem não possuía tal bala na agulha, bateu em retirada e agora procura os bairros como novo público.


É preciso acreditar em novas jornadas. A administração municipal antipopular deu um notável tiro no pé e isso prenuncia melhorias no decorrer do período. Porque é ali no balcão que nossa gente conversa e se informa - e não na TV ou no jornal da ditabranda. Saber o nome do garçom amigo, ter seu pedido na ponta da língua do Mané e não pegar fila para sentar-se à mesa na calçada e ler o jornal causam, de novo, satisfação. Com as Carmelas voltando e tagarelando, quem sabe as Cavalcanti Penteado parem de ditar as regras?

P.S.: o Bar da Carmela ficava na Rua Almirante Marques de Leão. Não sei se ainda existe e, se alguém souber, peço que divulgue. É um lugar que valeria a visita.

Irresponsabilidade fora de hora


Antes de falar da cagada do Mano Menezes neste domingo das mães, voltemos um dia antes para falar sobre o "treino" que marcou a estréia da nova camisa do Corinthians. Foi algo como um baile da ressaca, em que estavam presentes 97% de zicas e sofás. De bom, deu para perceber quem tem e quem não tem bola pra jogar no Timão. Souza faz parte do último grupo e isso foi provado (de novo) contra as moranguinhas do sul. Nem em recreativo ele consegue sair de trás do zagueiro. Outra coisa importante foi o copo d'água jogado contra um abutrinho que trajava a cor inaceitável. Há certas tradições que devem ser mantidas...

De mal, o que mais me surpreendeu foi que eu, e somente eu, gritei em protesto contra os R$30 cobrados pela arquibancada. O bonachão Mario Gobbi ouviu, e muita gente lá ouviu também. A maioria dos festeiros dispensáveis, no entanto, silenciaram. Oras, que situação melhor para se cobrar e cornetar quem deve ser cornetado, senão um treino despretensioso como esse?

A falta de compromisso do evento continuou neste domingo, e partiu do banco de reservas. Tudo que podia ser dito foi dito pelo Filipe. Se querem estabelecer uma relação mercadológica com a Fiel, então por que cobraram R$30 para vermos um time reserva? Posso mandar um e-mail pedindo o reembolso da metade do dinheiro?

O mais irritante, porém, não é perder 3 preciosos pontos e a oportunidade de desmoralizar aqueles que, há menos de dois anos, se uniram aos principais rivais (trocando beijinhos em camisas) e agiram contra o Coringão. Dói aos ouvidos corinthianos escutar desse treinador que Souza e Lulinha foram bem. É lutar contra os fatos, contrariar o óbvio. Só pode estar mal-intencionado alguém que defende um jogador sem capacidade de dominar uma bola. Eu só quero saber, seu Mano, se iremos buscar esses pontos desperdiçados lá no Beira-Rio.

Sobrou para Nilmar, esse serzinho sem alma e vontade própria que, no ímpeto de satisfazer empresário, aproveitou a onda e também quis pisar no Corinthians. Fez um belíssimo gol (em cima de uma zaga reserva), mas na saída do Pacaembu ouviu belos mau-agouros também deste que vos fala, todos eles direcionados ao seu joelho de porcelana. Novamente, seguimos apenas a relação de profissionalismo, mercantilismo e modernidade que tanto pedem. Nada pessoal, apenas defendemos nossos interesses.

Que o time resolva a classificação para a semifinal da Copa do Brasil já nesta próxima quarta. Só isso irá justificar a postura irresponsável do técnico na estréia do Brasileirão. Caso contrário, é bom começar se preparar para a pressão...

08 maio 2009

Malandros maneiros


Na semana que passou, dois textos geniais pintaram aqui no monitor e me fizeram lembrar dos meus 17 anos, quando, precocemente, precisei escolher minha profissão ao preencher a ficha do vestibular. Aliás, uma observação: é maldade fazer um moleque com essa idade escolher o que ele vai fazer da vida, mas isso é outro papo. Voltemos ao tema.

Lá na época do colegial, já havia me decidido pelo jornalismo. Muito porque passei a gostar de escrever sobre o que via ao redor, além do fato de ter tido em casa um jornalista. Mas esses não foram os fatores decisivos. Para mim, aquela imagem do sujeito maltrapilho, bom de copo, contador de história e cercado de amigos de semelhante estirpe era bastante sedutora. A vida atrás do gravador e (hoje) do teclado, o ouvido pronto a escutar histórias, a entrevista cara-a-cara e a passadela no buteco no fim do expediente... Isso sim me motivou!

Nessa toada, escreveu o jornalista Paulo Thiago, em seu blogue Pendura Essa, algumas ótimas palavras sobre as duas gerações que atualmente contrastam nas redações. Os mais velhos, meus espelhos, são descritos assim pelo Paulo: "Aqueles jornalistas da velha guarda, que valorizam a apuração na rua, que acham que podem mudar o mundo e que o jornalismo tem esse dever, e que são, sobretudo, boêmios, pois no bar está parte de seu trabalho, apurando, pensando em pautas e estabelecendo contatos". No corner oposto, os meus contemporâneos aparecem cristalinamente assim: "De outro lado, as novas gerações, com texto impecável, uma visão profissional incrível (quase todos querem virar o diretor de redação) e que acham que a função do jornalismo é simplesmente informar com precisão e rapidez e não transformar a sociedade."

Já o Zé Sérgio Rocha, a quem tive o prazer de conhecer pessoalmente, mas rapidamente, no carnaval carioca de 2008, nos presenteou com o perfil de Emmanuel de Bragança Macedo Soares. Emmanuel, segundo Zé Sérgio, é outro daqueles que praticam o desapego aos valores ditos "civilizados e modernos", mas nunca deixaram de fazer jornalismo maiúsculo. Com a palavra, Zé Sérgio, mais um que figura entre os grandes: "Ovelha negra assumida de um clã poderoso que mandou na política da Velha Província fluminense, ocupou ministérios de governos democráticos e ditatoriais e, de quebra, ainda teve nas mãos um jornal que fez história no Rio de Janeiro – o Diário Carioca –, Emmanuel teve sua primeira carteira assinada pela Última Hora do Samuel Wainer no ano de 1963. Tinha, então, 17 anos. O golpe militar que pipocou no ano seguinte, diz ele, 'foi uma merda para mim em todos os sentidos'. Não arranjava emprego em lugar nenhum fora do Diário Carioca, onde evitou até onde pôde trabalhar. Uns e outros achavam que ele não precisava, que era rico, ou então desconfiavam que fosse comunista, o que também não era verdade. 'Eu era esquerdista, mas não o suficiente para levar porrada do DOPS', confessa, sem tortura."

Ambos os textos citados aqui devem ser lidos, relidos e divulgados à exaustão. Demonstram um caminho que deveria ser retormado, em contraposição ao profissionalismo todo que vemos por aí. A salvação, para mim, é colocar Zé Sérgio, Emmanuel, Paulo Thiago e uma porrada de monstros sagrados da velha guarda dentro das faculdades, para ensinar que o jornalismo, assim como tudo na vida, deve ter alma (e talvez por isso os grandes veículos estejam agonizando). A todos esses mestres, deixo o tributo, adaptando aquele samba do Roberto Ribeiro:

"Hoje vamos prestar nossa homenagem
A que toda malandragem
Homenageia e respeita também
Aqueles que portando uma caneta
Um bloco e uma folha preta
Escreveram a sorte ou o azar de alguém
São eles velhos malandros maneiros
Que têm São Jorge guerreiro como fiel protetor
Mas ganhou leva,ganhou leva
Só vale o que está escrito
Lá não se leva no grito
Quem quis levar não prestou"

07 maio 2009

A lógica


Se há uma lógica que funcione no futebol, ela diz respeito à diferença entre times grandes e pequenos. A não ser em casos extremos em que o grande entra em campo soberbamente, as coisas fluem de forma natural e o pequeno sempre sai derrotado. Foi o que aconteceu nessa quarta-feira.


O Corinthians jogou de ressaca e isso deu pro gasto, novamente com show do Gordo (mais dois vale-puta). Até o primeiro gol, ele havia apenas tentado algumas firulas na frente da área e um chute de canhota que passou raspando. A diferença, no entanto, se viu quando ele resolveu jogar bola. O drible que originou o pênalti e a posterior cobrança humilhante beiram o sensacional.

Não é possível compreender, no entanto, que a ressaca do time tomasse conta da torcida. A eleição de quem foi eleito para tomar conta disso, porém, explica as novas prioridades daqueles que outrora "apavoravam o Brasil". Os antigos devem sentir um desgosto profundo de tudo isso... Mesmo assim, houve o protesto contra os R$30 que a diretoria vai cobrar pelas arquibancadas durante o Brasileirão. Tímido, diga-se, até porque ontem só havia sofás e zicas que provavelmente não estarão lá no próximo domingo, quando iniciamos mais uma guerra.

Já que foi citado, é dever cívico de todos os corinthianos criticar o aumento absurdo promovido pela diretoria. Óbvio que é uma manobra para forçar a adesão ao Fiel Torcedor. Só que o problema maior não é esse, mas sim uma provável postura de constantes reajustes, característica da elitização. O time do povo vai deixar seu povo na mão e fora do Templo Sagrado.

A Fiel Torcida precisa intensificar sua patrulha contra esse tipo de posicionamento excludente. Protestos devem ser organizados com urgência para que a corja imunda das salas ar-condicionadas do Parque São Jorge reveja esses preços. Quando aconteceram os primeiros aumentos no começo do ano, este blogue relevou porque eles visaram o bolso do torcedor esporádico das numeradas. São pessoas com maior poder aquisitivo (e quando eu digo maior poder aquisitivo não quero dizer ricos, mas sim gente que não ganha salário-mínimo para sustentar a família) e que podem muito bem aderir aos planos de fidelização oferecidos pelo clube.

Já o povão das arquibancadas, em menos de seis meses, tem que enfrentar o segundo reajuste nos ingressos, e sem nenhuma contrapartida. Não demora muito e iremos ao Pacaembu para "assistir" ao Corinthians no radinho das barracas de pernil. Opa, também não tem mais barraca de pernil...

"Doutor, eu não me engano. R$30 é roubar corinthiano!"

06 maio 2009

Altruísmo não é salvação particular


No fim do ano passado, o Brasil se comoveu com as terríveis enchentes que atingiram Santa Catarina. Ao ver cidades numa situação calamitosa e a principal via de transporte do Mercosul interrompida, o país se uniu numa imensa campanha solidária e enviou para a região todo o tipo de ajuda que se possa imaginar.

Em 2009, com o fim do verão, quem está passando por sofrimento semelhante é a região Norte. Piauí e Maranhão estão debaixo d’água há várias semanas e suas capitais estão isoladas do mundo. Repito: há um mês chove e há um mês esses Estados se encontram alagados. Por que raios não houve barulho semelhante de mídia e opinião pública, tal qual o que foi feito para os catarinenses?

Essa pergunta me incomoda já faz algum tempo e eu fiquei esperando o engajamento em nível nacional - que não aconteceu - antes de me manifestar, só para não ser chamado de amargo ou psicótico. Mas não é de se estranhar o comportamento desinteressado? A solidariedade, tal qual a mídia burocrática e golpista, só teria olhos ao sul? É fácil ajudar loirinho de olho claro, mas dói ter compaixão com indígenas, caboclos e mulatos? Numa comparação fria, são mais de 600 mil pessoas desabrigadas, contra 50 mil catarinenses. Isso não seria digno de uma mobilização ainda maior?

O altruísmo segregado do brasileiro, na verdade, demonstra que muita gente participa de ações beneficentes não pensando na ajuda pura e límpida, mas sim como uma forma de pagamento social de sua omissão em outras esferas, principalmente política. Quem não se lembra, por exemplo, do babaca do Luciano Huck fazendo escândalo depois de perder seu Rolex e bradando que “ele é um cidadão que paga seus impostos e ajuda entidades assistenciais”. Por conta disso, ele não deveria ser assaltado? O raciocínio vai meio por aí...

Fica explícito que a imagem do “Brasil Leblon” propagado pelas novelas, ou ainda a do “Brasil São Paulo Maravilha” disseminado pela Falha de S.Paulo, foram incorporados de tal forma que tornaram bastante natural o desdém com o Norte/Nordeste. Assim como não suportam um pernambucano operário na presidência, nem flagelados do sertão tendo a oportunidade de comer com o Bolsa-Família, os brasileiros modernos, civilizados e quase-europeus ignoram dilúvios entre o Trópico de Capricórnio e a linha do Equador. A catarse Criança Esperança já basta para massagear a culpa burguesa e salvar a todos no juízo final.

Amém.

05 maio 2009

Hora da Patrulha


Este post é sucinto, até porque o vídeo abaixo vale por mil palavras. E a cereja do bolo é a frase que vem em seguida. Tanto o vídeo quanto a citação descrevem muito bem o que há por trás dos panos das administrações paulista e paulistana.

Com vocês, José Serra:




E agora, Soninha Francine, em seu
blogue:

"O Serra é de esquerda. Tem horror à doutrina neoliberal"

Sorria, São Paulo!

04 maio 2009

Jogo das Barricas - edição 2009 confirmada!


*** Atualizando os dados: o Jogo das Barricas acontece no dia 16 de maio, a partir das 12h30. Quem estiver interessado em participar, envie um e-mail para cramone99@gmail.com que eu passo o endereço e demais coordenadas. ***

Em 13 de dezembro de 2008, blogueiros corinthianos e palmeirenses se juntaram para relembrar uma data nada louvável de suas histórias. Eram marcados 70 anos do Jogo das Barricas, famosa peleja entre Corinthians e palestra que serviu para dar sobrevida a um recém e já falido clube de futebol, hoje em dia um biltre que vive a se postar tal qual menino mimado.

Foi uma manifestação louvável, que merecia um grande número de participantes. Porém, por conta da data pouco acessível, da relativa pressa de realização, da parca divulgação e vai saber mais o quê, contamos com duas dezenas de pessoas. Não vem ao caso dizer - mas eu digo - que a agremiação alvinegra bateu os gaetaninhos pelo largo placar de 13 a 11, como pode ser visto neste relato. Além do bom papo ao final da partida e de muita cerveja, ficou firmado um pacto ali: o Jogo das Barricas, a partir de então, seria realizado anualmente como forma de protesto ao protecionismo leonor da mídia, do poder público e do senso comum.

Eis, digníssimos visitantes deste humilde blogue, que é hora de esquentar os tamborins. A 2ª edição do Jogo das Barricas acontece no próximo dia 16 de maio. O rival e amigo Ademir deu o pontapé inicial para as atividades e trouxe uma novidade. A partida terá troféu para o vencedor, e nós, corinthianos, receberemos também um outro troféu referente à primeira edição. Ao final do quebra-canelas, muita cerveja e muito churrasco.

Conto desde já com a participação em massa da família corinthiana, se não para jogar, ao menos para torcer e prestigiar esse ato imprescindível. Aos blogueiros alvinegros, por favor reproduzam o texto ou criem outro, a fim de passar a informação para frente.

Claro, teremos também o caráter beneficente do troço. Corrigindo o erro de nossos antepassados, iremos coletar doações em moedas miúdas, e elas serão despejadas à porta do CT dos orlandos soberanos. É para ajudá-los a saldar dívida monstruosa - a maior entre os clubes paulistas - com o INSS.


Para confirmar sua presença e receber as coordenadas sobre horário e endereço, mande um e-mail para mim, no cramone99@gmail.com . Novamente, é de extrema importância o comparecimento de gente em quantidades oceânicas. Gente do povo e com alma. E nem será preciso apelar ao programinha babaca da emissora do Casares para mostrar que os rivais conseguem suportar-se no mesmo ambiente.

Fazendo história



Parabéns a todos nós, família corinthiana. O Corinthians levou para casa o seu 26º título paulista, de forma invicta. Para quem não entendeu ou ainda está anestesiado como eu, fizemos parte da história, meus caros. Imaginem vocês que, daqui 40 anos, estaremos todos velhos, rabugentos e lembrando aquela fantástica tarde no Templo Sagrado.

Há ainda outro fator de importância histórica: há 55 anos o Corinthians não erguia uma taça no Pacaembu - a última foi do fantástico campeonato do IV Centenário. Tenho certeza que todos os nossos heróis do passado estavam lá (alô, Mandioca!), olhando pelos guerreiros atuais. E como disse o Filipe, aquele fogo na hora em que o capitão levantava o caneco só deve ter sido "arte" de Neco, ao ver uma festa tão comportada e cheia de frescura promovida pela FPF.


Não podemos, porém, deixar de falar sobre dois pontos negativos. O primeiro, sem dúvidas, diz respeito aos ingressos. A cagada começou logo na venda, por conta de uma comercialização via internet bastante desorganizada. Depois, tivemos as bilheterias empanturradas e os esquemas com cambistas. Por fim, já na hora do jogo, uma quantidade incrível de "ingressos falsos", muitos deles (alegam seus portadores) comprados em postos oficiais. Não duvido que tenham emitido alguns lotes aos cambistas para forçar uma situação tal que obriga a adesão ao Fiel Torcedor - o tampão mesmo deu o recado semana passada. O segundo ponto é a presença dos torcedores de final que, conforme profetizou o Janeiro, irão voltar com a corda toda nesse Brasileirão, e eu digo que de maneira muito pior que em 2005. Haja paciência para tanta zica.

De toda forma, sabemos aqui quem é quem. Nós, desde a arquibancada, estamos comemorando demais, mesmo que silenciosamente atrás da mesa no trabalho. O grito corinthiano ainda vai ecoar por muito tempo no ouvido dos anticorinthianos. Escutem aí: CORINTHIANS CAMPEÃO INVICTO!!!!!

A abutraiada é outra que vai ter de nos agüentar e engolir a seco que o Coringão não se alimenta mais de crise inventada. Talvez por isso deve ter ficado putinha e resolveu atrapalhar a comemoração do Gordo. Depois de terem ressucitado playboy iraniano, "descoberto" camisa de campeão invicto antecipado e falado bobagens absurdas sobre o Pacaembu na tentativa desesperada de defender o panetone, estão vendo a cidade em preto e branco.

Mas isso é café pequeno. O importante é a consolidação de nossa volta por cima e nossa hegemonia no Paulistão. Lembre-se, Fiel, que ano passado tínhamos uma dor insuportável na alma. O tempo passou e as coisas foram colocadas no seu devido lugar. Domingão foi, definitivamente, um dia de Corinthians minha vida, minha história e meu amor. Eternamente em nossos corações.

AQUI É CORINTHIANS!

01 maio 2009

A hora da verdade

Chegou a hora, corinthiano. Estamos a poucos dias do jogo mais importante do Corinthians desde muito tempo. Se há alguns anos fomos vítimas de uma corja que nos usurpou e fez com que a Fiel passasse por apuros, agora a volta por cima se consolida. Torna-se comum novamente disputarmos um título, e é o Paulistão. Os ignóbeis desdenham, mas é despeito motivado pela nossa hegemonia nessa porra, desde 1914 (e essa semana eu tive que ler por aí que o Coringão começou a ganhar títulos recentemente...).

Na partida de domingo, é preciso fazer tudo que faltou no confronto de quarta-feira passada, cuja despretensão foi vergonhosa e nada digna de nossa usual postura. Das arquibancadas, que a soberba também atípica não se faça presente. É para cantar e empurrar o time durante os 90 minutos. Mentalizar cada ídolo, cada luta e cada glória dessa quase centenária história.

Os nervos já estão meio fora de controle e acredito que irei beber exponencialmente até domingo. Ficar bêbado é a solução para o tempo passar mais rápido. Que São Jorge nos guie e que o ímpeto vencedor daquele que nos deixou há 15 anos ilumine e inspire nossos guerreiros no gramado. A hora é agora!

Abaixo, os vídeos decisivos. O primeiro traz um empate com sabor de vitória, por conta da obra-prima de Marcelinho. O segundo mostra o fim de um tabu, que não era tabu (vejam que a atuação anticorinthiana da abutraiada não é de hoje). O blogue só volta na segunda.

VAI CORINTHIANS!!!!