Nada pior do que escrever o post derradeiro do ano depois de ter assistido ao Especial da Elis Regina. Mas este programa me pareceu propício para fazer o inevitável balanço do ano nesses últimos dias de 2006.
Comparativamente com anos anteriores, foi bastante positivo o resultado. Apesar de meu Corinthians ter vacilado, como diz o ditado, "infeliz no jogo, feliz no amor". E meu amor deu provas de solidez. Entramos numa de valorização total do trabalho. Mesmo assim, as escapadinhas do cotidiano foram muitas, e excelentes. Evinha é, realmente, um encaixe sem rebarbas. Acho que até nossa rotina de se ver pouco, no fim, acaba ajudando a me fazer vê-la daquele mesmo jeito daquela noite naquela foto com aquele beijo e todos aqueles cheiros e gostos e sensações...
Deixo aqui nada mais que um adeus bastante empolgado para o 2006. Se ano passado foi um tanto quanto devagar, este aqui eu nem dei conta de tanta demanda. Devo ter me queimado em alguns meios (acadêmicos hahahahhaa), mas com certeza me fiz notar em alguns outros quesitos.
Que venha 2007, pra eu conseguir, finalmente, capitalizar alguma coisa do esforço que foi esse último semestre, em particular. Esse depoimento pessoal é para deixar registrado um momento bom. Apesar de trabalhar em quase 3 turnos, ver tão pouco aquela que amo e dever 10 dos 12 meses do ano para a família Setúbal, o resultado final apresentou grandes perspectivas. E há tempos eu não vislumbrava isso num réveillon.
Muito sexo, dinheiro, perdição, alcool, drogas e rock'n'roll para todos no ano que se anuncia!
29 dezembro 2006
02 dezembro 2006
Sétima arte, dez petardos
Quem não gosta daquele filme que não fez sucesso, não tem reconhecimento da "crítica especializada", não tem nada de muito revolucionário e, pior, a gente não acha nem na 2001 pra alugar? Essas produções marcam nossas vidas de uma maneira única e, se pudéssemos, assistiríamos a elas todo dia. Algumas nos tornam motivo de chacota quando contamos que as consideramos impagáveis.
No meu caso, há não um, mas vários filmes. Farei um TOP 10, já adiantando que provavelmente deixarei vários de fora. Eles não estão em ordem de preferência, porque cada um é bom de um jeito.
1) Jovens, Loucos e Rebeldes (Dazed and Confused) - É o terceiro filme do diretor Richard Linklater, que depois soltou pérolas como "Escola do Rock". Ele mostra o fim das aulas e o começo das férias de verão num subúrbio norte-americano na década de 70. Entre trotes e mudanças na vida dos adolescentes, o diretor ilustra o que eu considero como a noite perfeita. Festa, bebida, drogas e, principalmente, falar e fazer merda com os amigos. O principal é que se tem um distanciamento da cultura consumista estadunidense. Poderia ter sido filmado tanto no Capão Redondo quanto nas alamedas de Moema.
2) Boleiros - O filme de Ugo Giorgetti é uma obra-prima do cinema nacional. Pra quem gosta de futebol, é tão imperdível quanto os filmes do Pelé. Histórias baseadas em fatos reais do mundo da bola são contadas de uma maneira muito eficiente. Geralmente, os filmes sobre o esporte carecem de verossimilança. "Boleiros" é quase um documentário, uma versão cinematográfica do "Grandes Momentos do Esporte", da TV Cultura. Pena que a continuação não foi um décimo do original.
3) O Poderoso Chefão (The Godfather) - Não precisa nem falar o porquê. Esse é o clássico dos clássicos. Particularmente, prefiro a segunda parte, em que é contada a origem da saga dos Corleonne. Fora a seleção de estrelas no elenco, que reúne gente como Al Pacino, Robert de Niro, Diane Keaton e Robert Duvall, tem também a direção de Francis Ford Coppola. Tudo isso numa trama perfeita, assinada por Mario Puzzo.
4) Quinteto Irreverente (Amici Miei atto II) - Poderia ter escolhido o primeiro da série, "Meus Caros Amigos". Mas a continuação da obra de Mario Monicelli é um daqueles raros exemplos em que a parte 2 é melhor que a primeira. Outra justificativa é que as sacadas mais geniais estão neste "atto II". Ele também me fez chorar no final. Vale a dica para conhecer um dos grandes trabalhos do ator Philippe Noiret, morto na semana passada.
5) Férias do Barulho (Private Resort) - Já adianto que é uma bosta. A história é fraca, só mostra mulher de peito de fora e conta as aventuras de dois adolescentes querendo trepar num hotel de luxo. Mas o fato é que esse filme marcou a infância e pré-adolescência de todos nos anos 80. Era praticamente certo que o SBT iria exibi-lo pelo menos uma vez por mês. Não veja relação com o filme de número 1 desta lista. As estripulias aqui beiram ao ridículo. E tem Johnny Depp no começo de carreira.
6) Kill Bill vols. 1 e 2 - Não dá pra separar os dois volumes. Só Hollywood fez isso. Apesar de ter no currículo "Pulp Fiction", "Jackie Brown" e "Sin City", entre outros, esta é a obra definitiva de Quentin Tarantino. Muitos o chamam de marqueteiro, fake, forçador de barra... Eu digo: é gênio! Nesta homenagem à própria infância, Tarantino revive antigos astros do cinema japonês e faz infinitas referências aos heróis das artes marciais. Além disso, consegue a proeza de deixar Uma Thurman bonita. Destaque para as atuações de David Carradine (da série "Kung Fu"), Sonny Chiba (o lendário Hattori Hanzo) e Gordon Liu (que estrelou milhares de seriados nipônicos), e também a parte em animação, que conta a história de O-Ren Ishii.
7) Bar Esperança, o último que fecha - É a voz da boemia. A obra de Hugo Carvana retrata um ponto de encontro dos bêbados cariocas. Nos primeiros minutos, já dá aquela vontade de abrir uma gelada e se sentir na mesa ao lado da cena. E tome filosofia de boteco, acompanhada de muita nostalgia e uma trilha sonora perfeita. Deve ser um dos grandes responsáveis pela minha paixão por bar e Rio de Janeiro.
8) Diários de Motocicleta - Co-produção de diversos países, dirigida pelo brasileiro Walter Salles e estrelada pelo mexicano Gael García Bernal. Conta a parte pré-revolucionária de Che Guevara. Dois pontos me tocam neste filme: a viagem pela América Latina e o idealismo quase romântico de Guevara, que, depois do contato com o marxismo, se tornou prático, efetivo e até hoje mostra sinais de vida. Dá vontade de vender tudo, comprar uma moto e cair na estrada sem destino.
9) Férias Frustradas (National Lampoons) - A saga da família Griswold também marcou a infância nos anos 80. O que mais atraía era o cinismo das piadas e as situações bizarras. Algumas cenas clássicas: a vovó morta no teto do carro, o seqüestro do parque de diversões, as luzes de natal e "crianças, o Big Ben"... Chevy Chase é o cara!
10) Máquina Mortífera (Lethal Weapon) - Os quatro filmes estrelados por Mel Gibson e Danny Glover podem ser taxados de violentos e machistas, além de tentarem pregar a supremacia norte-americana... Independente disso, não dá pra apagar a genialidade da série de Richard Donner. Nacionalismos à parte, o diferencial de "Máquina Mortífera" é justamente seu mea culpa, ora tratando do apartheid, ora denunciando a exploração de imigrantes pelo sistema escravista. No meio disso tudo, piadas e chavões inesquecíveis completam o pacote e fortalecem o mito.
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