17 dezembro 2012

Vencedor de demandas


Em 1910, o povo resolveu revolucionar o futebol e se emancipar do status quo. Diziam que o esporte não era coisa para pobre, operário e negros. Pois a  classe trabalhadora se juntou a pequenos comerciantes e migrantes e imigrantes recém chegados à capital paulista para concretizar um sonho: nascia o Sport Club Corinthians Paulista. Em seus primeiros anos, o Corinthians era relegado pela força dominante do ludopédico, e os golpes foram recorrentes para tentar afastá-lo das disputas mais importantes. Não adiantou. Podem ter fundado e refundado ligas e associações, mas o único filho legítimo da várzea lutou e reverteu as vilanias.

Nos anos 1940, quando o Estado Novo getulista se viu obrigado a tomar lado durante a II Guerra, um emergente golpista quis mostrar suas asas e tomar nosso patrimônio. O Corinthians, que já se fortalecera em 20 e 30, se consolidando como gigante no futebol brasileiro, foi ameaçado com uma intervenção do poder público. A corinthianada, sabida e calejada, fez manobras habilidosas e freou o ímpeto golpista daquela gente nojenta e safada que vive de penduricalhos. 

Dez anos se passaram e os resultados dessa tentativa frutrada de golpe se viram em campo: o Corinthians sofria e não dava a sua Torcida a alegria de um título. Começaram campanha ferrenha contra nossa imagem para, tolos, tentarem nos diminuir. Entrou em cena a Vila Maria Zélia e, de lá, surgiu o maior time que o futebol já viu. Ganhamos tudo, inclusive a tal "projeção internacional" que só viria a ser pauta 40 anos depois. Nunca a bola foi tão bem tratada como nos tempos da Santíssima Trindade, composta por Cláudio, Luizinho e Baltazar.

Tivemos, então, o jejum. E, apesar dos 23 anos sem conquistas, a Fiel revolucionou os paradigmas da arquibancada. Como massa em repouso, só fez crescer, estabelecendo uma referência que perdura até hoje como, segundo previu Menotti del Picchia no começo do século XX, "um fenômeno sociológico a ser estudado em profundidade". Surgiram os Gaviões. Fizeram a Invasão ao Rio de Janeiro. E veio 1977.

Ano sim, ano não, o Corinthians passou a ser campeão.Mais ainda, o clube disse a um Brasil sob ditadura militar que era preciso democracia. A Democracia Corinthiana, aquela que retomou os ideais inclusivos e participativos dos ancestrais de 1910. Ao invés de apoio, seus articuladores receberam pecha de baderneiros, bêbados e drogados. O tempo, porém, soube inteligentemente mostrar o que tudo aquilo significou.

Aí, os raivosos inventaram de falar que o Corinthians era um time regional, tratando pejorativamente o maior campeão do Paulistão, apesar dos 23 anos de seca. Não durou muito tempo o discurso, já que em 1990, no Salão Para Festas Corinthianas, um grupo de trabalhadores da bola levantou o caneco do Brasileirão. Nas ruas, festa jamais vista por todo o país, e as falácias contra o Time do Povo cada vez mais ralas e sem consistência.

Quase que imediatamente, a resposta dos fígados opilados veio por meio de um torneio continental que, até então, era tratado com tanta importância que os times brasileiros mandavam seu elenco reserva para a disputa. Virou a "obsessão". Tanta obsessão que, ainda que tenhamos conquistado o mundo em 2000, diziam que esse campeonato homologado pela federação internacional de futebol não valia. Só porque eles queriam.

Eis que chega 2012, ano em que morreram todas as piadas. Qualquer tentativa de reescrever a história se vê derrotada com a glória dos títulos que o Corinthians ganhou neste ano. Não pela grife ou pelo status, mas como a prova inconteste de que o Todo-Poderoso é, tal qual seu São Jorge padroeiro, um vencedor de demandas. Como dizia mestre Lourenço Diaféria, autor da bíblia corinthianista, "o Corinthians busca os títulos para dá-los ao povo, como forma de carinho, como a imaginária corda mi do cavaquinho de Adoniran Barbosa"

Nesses mais de cem anos de história, a lição é essa: inventem um desafio que o Corinthians, empurrado pela sua torcida, vai derrubar. Somos uma congregação que luta, que enfrenta e que vence. Somos uma família espalhada pelo mundo. Somos o Corinthians. E isso nos basta. 

VIVA O CORINTHIANS! OBRIGADO, CORINTHIANS, POR ME ESCOLHER!

04 dezembro 2012

Que saudades, Doutor!


Naquela mesa ele sentava sempre
E me dizia sempre o que é viver melhor
Naquela mesa ele contava histórias
Que hoje na memória eu guardo e sei de cor
Naquela mesa ele juntava gente
E contava contente o que fez de manhã
E nos seus olhos era tanto brilho
Que mais que seu filho Eu fiquei seu fã

Eu não sabia que doía tanto
Uma mesa num canto, uma casa e um jardim
Se eu soubesse o quanto dói a vida
Essa dor tão doída, não doía assim
Agora resta uma mesa na sala
E hoje ninguém mais fala do seu bandolim

Naquela mesa ta faltando ele
E a saudade dele ta doendo em mim

E aí, Doutor? Já faz um ano que você partiu, naquela tarde bonita de domingo, em que o Corinthians ganhou seu quinto Campeonato Brasileiro. Um dia de sentimentos contraditórios, com a dor ardida da sua perda e a alegria incontrolável que todo título do Timão proporciona. E, depois desse um ano, te digo: como você faz falta.

Teus comentários ácidos, nem sempre muito bem compreendidos. Tua luta constante em manter vivos o senso crítico e o ímpeto mobilizador da Fiel que tanto te amou e que tanto fez você compreender o significado do que é ser Corinthians. Justo você, que era o último contestador de amplo alcance no combate à alienação cada vez mais nociva que ronda o Parque São Jorge, teve de ir?

Ah, às favas com a tristeza. Eu quero mesmo é falar das boas lembranças. Não me canso de ver teus jogos maravilhosos, o talento incomparável com a redonda nos pés e, principalmente, teu jeito de encarar a vida. Lições para sempre, Doutor. Ainda que você não lembre, pude dividir a mesa contigo em duas oportunidades naquele bar do Serginho Leite (o bardo deve estar aí do teu lado agora, na carraspana), onde ele servia o chopp Antarctica de Ribeirão. Era teu refúgio aqui na capital. Jamais esquecerei da noite em que você e o Wladimir contaram histórias incríveis, sempre com o humor e a insensatez habituais e necessários.

Pode não parecer, mas há muitos aqui levando adiante o teu legado. Ainda que lá no Coringão inventem conversas fiadas para desvirtuar a Democracia tão bonita que você ajudou a construir, que tenham transformado o Bar da Torre numa escrotice que serve lanche natural e que a elitização seja regra e justificativa para tudo que se relaciona ao futebol, habemus resistência! Culpa tua, ressalte-se.

Você deve ter visto daí a festa da Fiel no aeroporto antes do Corinthians embarcar para mais uma guerra. Um furdunço daqueles que você ia gostar, não? O corinthianismo, Doutor, não morre nunca! Portanto, neste 04 de dezembro em que bate uma saudade danada na gente, bebamos a sua obra. Dê aí um abraço em cada um dos nossos ancestrais, agora que você faz parte dessa congregação sagrada. Sob a benção de São Jorge, ilumine nossas mentes e nossos corações.

Para você, Sócrates Brasileiro e Corinthiano, o eterno e sincero amor que só um corinthiano pode oferecer.

15 outubro 2012

Quem é de luta


Sou meio metido ao engajamento em lutas alheias mais do que em minhas próprias, talvez por ser intrometido ou por ter comigo que valorizar os outros é uma forma de valorizar a mim. Independentemente de explicação, sempre lembro dos professores com algum carinho - uns mais, outros menos - e também com amor depois que a melhor prô desse mundo, a Evinha, entrou na minha vida. 

Indigna-me em doses cavalares ficar sabendo de cada ingerência do poder público sobre a vida dela. São de matar o despreparo e o desprezo que governos estadual e municipal dedicam aos professores, que acabam sendo forçados a fingir adequação ao burocratismo e mercantilismo que tomou conta de toda a Educação básica. Assim sendo, impossível eu não tomar partido numa briga tão essencial.

Imaginem os senhores fazendo uma jornada diária de 12 horas e, na maioria das vezes, lidando com problemas que não são seus - há quem acredite que levar o filho na escola é o único dever da paternidade - para depois receber um contracheque vergonhoso, ver seu direito de greve podado pela PM, sindicatos e até mesmo pela opinião pública. E, ainda assim, não esmorecer e cumprir com seu dever de maneira digna e responsável? Coisa para poucos, meus caros...

Um viva a todos os profissionais da Educação desse país que passam por esses perrengues e não perdem a esperança. Isso é que são guerreiros! PARABÉNS, PROFESSORES!



09 outubro 2012

Corinthians, modéstia à parte - Nunca mais


Eis que chega ao fim a série "Corinthians, modéstia à parte", obra magnífica do jornalista pernambucano Nailson Gondim. Corinthiano de quatro costados, Gondim escreveu uma bíblia de bolso do corinthianismo, cujas palavras me catequizaram desde muito pequeno. Era uma época ainda boa, em que o futebol era visto com a seriedade devida e sem as frescuras que a modernização do esporte rapidamente implantou ao final da década de 1990. 

Era o tempo das bandeiras, dos rojões, da cerveja e do povo confraternizando nas arquibancadas e nas gerais do Brasil. Nessa época, a molecada ia ao Pacaembu e ficava encantada com todo o furdunço que a Fiel Torcida fazia, seja gritando gol, cobrando jogador e diretoria ou carregando o time nas costas quando o time não ajudava. Faço parte da última geração que vivenciou o mundo da bola sem a chatice, a babaquice e a frescura predominante hoje em dia.

A transcrição dessa obra, portanto, visa disponibilizar um pouco de tudo isso que eu pude ver. É uma contribuição pequena às futuras gerações de corinthianos que dificilmente terão acesso ao livro, já que ele está tão fora de catálogo como certas premissas e muito do comprometimento da nossa Fiel com o Corinthians. Se esses textos caírem na mão de uma criança e fizerem desse corinthianinho uma cabeça pensante, contestadora e com senso crítico sempre ligado, acredito que a missão de Nailson Gondim estará cumprida.

VIVA O CORINTHIANS! 

-----------

Nunca mais

Corinthians, você não vai ouvir mais nosso grito. De agora em diante, vamos ficar alegres somente com a vitória dos adversários. E sairemos por aí, em festa, cada um vestindo uma camisa diferente da sua. Não encontraremos nenhuma bandeira corinthiana pela frente. Quando você entrar em campo, haverá apenas indiferença. Silêncio amplo, geral e irrestrito. Pouco adiantará sua luta nos estádios, porque cada gol que você marcar vaiaremos. Nossos rojões serão apenas para os outros times. Se o juiz errar a favor dos adversários, acharemos bom. Deixaremos o estádio cantando outros hinos, abraçados com anticorinthianos. E em cada jogo vamos pedir olé contra você. Sabe aqueles chutes que passam por fora, bem longe do gol? Quando você der um desses, chatearemos assim, ó: "Uuuuuumm!..." Nas nossas faixas, você não encontrará mais a indicação "Fiel". Até o nosso suor vamos negar: suaremos frio, como as outras torcidas. Sangue? Nem saberemos se é vermelho, amarelo ou lilás. E toda vez que você tomar um gol pediremos "mais um!..." Apontaremos irregularidades nas suas vitórias, pressionaremos os juízes e bandeirinhas para que roubem para os adversários, e quando a bola cair nas arquibancadas a gente vai segurá-la para fazer cera se você estiver perdendo. Vamos organizar caravanas e encher estádios só para incentivar os adversários. Ou nem fazer isso, que é para deixar você sozinho. Sim, queimaremos nossas bandeiras; e tudo que for branco e preto não usaremos mais. Em seus jogos não irão mais o pipoqueiro, o sorveteiro e o vendedor de bandeiras. E o motorista da CMTC vai errar o caminho do estádio só para não levar público para você. Vamos apoiar os oportunistas e golpistas que de vez em quando aparecem na disputa pelo poder corinthiano, provocar crises internas no Parque São Jorge e pedir a volta dos técnicos incompetentes. Faremos tudo para você não ser mais campeão de nada. Será o fim do legendário Sport Club Corinthians Paulista.

É verdade, Corinthians, isso não passa de uma brincadeira. Brincadeira sem graça e de mau gosto, tem razão. Perdoe-nos. Nunca mais brincaremos assim com você. Nunca mais...

CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! 

04 outubro 2012

Abrindo o jogo


Amigos e amigas, venho aqui abrir o jogo e apontar a vocês que visitam este espaço as minhas escolhas para o pleito do próximo domingo. Há quatro anos, ou melhor, há oito anos, São Paulo mergulhou numa obscura política proibitiva encabeçada pela gestão Serra/Kassab. A cidade, ao contrário do país, parou. Tudo está sucateado, inclusive as idéias do paulistano. Desde a posse dessa lamentável administração, vamos apenas sobrevivendo a partir de determinações absurdas que não permitem a distribuição de livros e comida para moradores de rua.

São Paulo, portanto, carece de uma mudança de rumos para correr atrás de tudo aquilo que poderia ter feito, principalmente no que diz respeito às oportunidades de inclusão que as realidades política e econômica brasileiras proporcionaram nos últimos tempos. Não dá para ficarmos nesse marasmo, nesse incentivo ao individualismo. São Paulo precisa de gente na rua, de gente nos bares e na noite, precisa de barracas de pernil na porta dos estádios com a população falando sobre o dia a dia, convivendo com o diverso e se sentindo integrado à cidade.

É fato que essa guinada só é possível com a eleição de Fernando Haddad (13) para a prefeitura. Mais do que representar o "novo" que sua campanha prega, Haddad é o candidato do projeto aclamado pelo resto do país com a eleição do ex-presidente Lula. É fazer a coisa andar e não governar voltando o nariz para ideologias conservadoras e reacionárias. Mas se você não se convence com o Brasil em ascensão de Lula e é pragmático, note que a candidatura de Haddad é a única que apresentou um plano de governo consistente, com estudo da realidade e a proposição de intervenções que valorizam a convivência coletiva, como o Arco do Futuro e o Bilhete Único Mensal. 

Já com relação à vereança, vou de Jamil Murad (65123). É a terceira vez que Jamil merece meu voto, não só por ser um camarada de partido, mas por encampar algumas importantes ações parlamentares na área dos Direitos Humanos e da Saúde. Para saber o que fez Jamil em seu último mandato, vale visitar a página do candidato. Pessoalmente, relatos que ouvi daqueles que se beneficiaram com seu trabalho no Legislativo me fazem classificá-lo como um grande humanitário, responsável por incontáveis pequenos atos que mudaram a vida de muita gente e que justificam cada voto que recebe.

Eis aí minha declaração de voto para tentar ajudar quem ainda estiver indeciso ou não muito decidido com os candidatos que aí estão. É preciso reverter o cenário cada vez mais excludente e babaca da capital paulista. Como diria o grande estadista gaúcho, "vamos dizer um NÃO rotundo que tu tens abafado no teu peito" a essa sanha retrógrada simbolizada tanto por Serra/Kassab quanto por Russomanno. Esse pessoal é o atraso, é o colonialismo, é a falta de compromisso e a dissimulação. E se você concorda comigo, peça seu voto à família e aos amigos. Assim faremos, todos juntos, as transformações necessárias.

Até domingo e HADDAD NELES! JAMIL NELES!

02 outubro 2012

Corinthians, modéstia à parte - Desfilando na avenida


Confesso que esse capítulo eu reproduzo meio contrariado. Fala dos Gaviões da Fiel como escola de samba, à época do livro ainda como bloco. Nailson Gondim conta em seu "Corinthians, modéstia à parte" como eram os dias da organizada no Carnaval da alegria. E é só isso que eu tenho a dizer sobre o assunto.

-----------

Desfilando na avenida

Quando chega o Carnaval, o Corinthians entra na avenida com os pés dos "gaviões". E o sempre campeão Grêmio Gaviões da Fiel Torcida levanta as arquibancadas, faz o povo cantar e é sensação na passarela. Apresenta um desfile de garra, tipicamente corinthiano. O suor que escorre é sangue, o cansaço não intimida e a rouquidão é problema só para o dia seguinte. Pouco importam os milhares de metros da pista. O asfalto é um desafio que não assusta. As alas se unem, todos parecem desfilar de mãos dadas e a emoção empurra os componentes do bloco até a chegada, como se o grupo tivesse como meta o gol adversário. E tem. Por isso, o esforço coletivo é mostrado com disciplina aos jurados. E, como num jogo, os minutos são contados. Ninguém facilita. A marcação é rígida e todo passe é medido. A cobertura é perfeita e não falta entusiasmo. Os diretores de cada ala gritam sem parar, como se fosse capitães do time ou técnicos. É o grito que nunca deve faltar dentro de campo ou no banco de reservas. Nada de toques de lado, dribles desnecessários e displicência. Luta!!! E o chão sente o peso corinthiano. A avenida - seja qual for - brilha com o branco e preto, as arquibancadas se alvoroçam e os "gaviões" passa, arrastando a vitória indiscutível. A fantasia já não está fora da medida; o calo só vai incomodar depois (calo corinthiano é assim); e o fôlego castigado não impede um passo a mais. É o Corinthians lutando sem esmorecer, o coração batendo forte e todo o povo junto, na mesma caminhada. O ritmo é igual do começo ao fim; o esquema é a raça. Nenhum segredo. O que faz a diferença para os adversários é que, quando soa o sinal para a partida, o bloco acompanha o grito-de-guerra da multidão: "Corinthians!" "Corinthians!" ... Isto arrepia.

20 setembro 2012

Corinthians, modéstia à parte - Vez por outra


No 18º capítulo da série "Corinthians, modéstia à parte", em que vamos transcrevendo a obra de Nailson Gondim, mais alguns exemplos do jornalista pernambucano sobre o doentio comportamento da anticorinthianada. Além disso, é outro tributo ao nosso Corinthians, amor eterno na vitória ou na derrota.

----------

Vez por outra

O Corinthians é o melhor de um resultado. Quando vence, todos ganham porque é vitória da maioria - na nação corinthiana o voto da maioria prevalece; quando perde, é atração para os que não são maioria e tiram proveito da derrota do povo - na nação corinthiana  a democracia permite que a minoria se manifeste. É por esse ponto de divergência que se descobre:  os outros não sabem seu time. Para eles, mais importante é policiar a vida corinthiana. Ficam vigiando o sonho, o interior e o espírito corinthiano. Tarefa fácil porque em toda família há, inevitavelmente, um parente corinthiano. É a vitória e a derrota deles. Disso não se esquecem. Nem poderiam esquecer-se porque cicatriza. Mas escondem-se nas vitórias corinthianas, só aparecem nas derrotas. São típicos... Figuras decorativas sem coro nem refrão. No discurso que fazem procuram abalar o que não conseguem derrubar. Ficam cansados, debilitados e sem saliva. Pior para eles, que envelhecem assim. E juntam-se todos contra um. Só dessa forma é que podem - e sabem - enfrentar seu grande trauma. Denunciam-se com esse comportamento que não altera a rotina corinthiana, que, mesmo cumprindo os altos e baixos de sua escalada, é sempre a poeira dos olhos que não vêem cor onde há cor. Eles até encontram força para sobreviver no sofrimento, martirizados pelo castigo que escolheram sem conhecer a pena. Apanham do próprio chicote, pisam o próprio rabo e se enrolam no próprio nó. E um tormento que o Corinthians não provoca, pois nem sabe disso. Mas se causa esse dissabor, pode ser que algum dia os alivie dessa agonia. A solução é difícil, já que a cura seria permitir-lhes direito ao mesmo grito, o que não será possível: o grito Corinthiano exige dom. Para não aumentar o desespero dos infelizes, o Corinthians vai perder, vez por outra. É para amenizar o sofrimento da minoria.

12 setembro 2012

Corinthians, modéstia à parte - O preço de um título


O Corinthians joga hoje e domingo tem um derby, mas a trupe alienada só quer saber de japão, japão, japão... Quem paga essa conta somos nós, torcedores que estamos lá dia e noite, fazendo nossa parte. Os canalhas sabem disso. Sabem que estarão lá os mesmos 5 ou 6 mil. Só que continuam a sangrar o bolso do povo e a elitizar o Corinthians, copiando modus operandi daqueles que antes eram inimigos. Sem mais, a 17ª parte da série "Corinthians, modéstia à parte", obra do pernambucano e corinthiano Nailson Gondim.

--------------

O preço de um título

Custa caro ou quase nada o título de campeão para o povo corinthiano. O preço é invariavelmente alto no começo da disputa. O dinheiro gasto faz falta, principalmente quando na programação financeira de cada um são lançados empates e derrotas. Então é que se vê como a passagem de ônibus está cara, o ingresso sem valer a pena e o providencial sanduíche feito de pão adormecido. Nada presta. Ou, para evitar radicalismo, tudo é ruim. Há outras: o juiz é ladrão e mais alguma coisa; o técnico é burro e mais alguma coisa; o time adversário continua sendo mais alguma coisa - dessa vez, com mais certeza. Na contabilidade do povo corinthiano em busca do título campeão o balanço só tem ativo. Crédito, para qual deles quiser, só naquela loja. Aquela loja que - como os gananciosos adversários - pega o crédito imediato dos corinthianos e transforma em débito a longo prazo. E perde tempo quem for reclamar ao juiz - meritíssimo... No fim do mês, o holerite de quem o recebe vem com desfalques parecidos com os da escalação do time na terceira rodada do campeonato e para o próximo jogo. Mas é assim mesmo. Para ganhar o título de campeão é preciso o sacrifício do almoço engolido às pressas, do empurra-empurra que acaba dando certo nas arquibancadas e da insônia pelo cansaço que não deixa ninguém pregar o olho. O dia seguinte e mais os outros exigem desgaste emocional: a discussão inevitável contra os rivais, a esperança de otimismo imprudente e o tímido pedido de dinheiro emprestado para poder fazer tudo de novo. Pelo título de campeão o corinthiano briga em casa, com o vizinho e o motorista que buzinou forte e o assustou. É o estado de alerta de um povo, enquanto dura o campeonato. O dinheiro que emprega é contado da mesma forma como são contados os pontos ganhos e perdidos, os gols prós e contras e o confronto direto. E vale gol average, que ninguém sabe traduzir mas conhece seu significado, isto é, o que representa. Esporte é cultura - dizem por aí. E, mais que isso, esporte com Corinthians é título. Título de campeão, porque essa história de vice-campeão e outras colocações só fica bem mesmo é para os adversários. Portanto, para o povo corinthiano não ser campeão custa tudo isso. Caro demais. Quanto ao título propriamente título, depois do sacrifício e de todas as dificuldades, o preço é quase nada.

11 setembro 2012

O Ministério que faltava


No começo da gestão Dilma, assumiu a pasta da Cultura a Ana de Hollanda e uma das primeiras de suas medidas foi rifar com a licença Creative Commons do site do Ministério, num sinal do que estaria por vir. Isso deu início a uma série de decisões que freou muitas ações do governo federal no sentido de estimular debates e encaminhar demandas ao Congresso Nacional, principalmente na conturbada questão dos direitos autorais.

Em 2010, fiz uma reportagem sobre o assunto para a revista da UNE, em preparação para o CONEG daquele ano. A pauta pedia um balanço dos trabalhos já realizados e que caminhos o MinC deveria tomar para democratizar o acesso às produções culturais no país.

Algumas respostas estão no texto logo abaixo - repito, foi feito há mais de 2 anos - e é importante destacar a paralisia que a gestão da dona Hollanda significou ao setor. Ao contrário de dar continuidade às iniciativas de Gilberto Gil e Juca Ferreira, a irmã menos talentosa da famosa família se dispôs a trabalhar pelos barões das grandes corporações, que na época começavam a perder força. Hoje, depois do anúncio da demissão de Ana de Hollanda, ares de retomada começam a soprar no Ministério. Entra Marta Suplicy, justamente a responsável pela instalação dos Telecentros em São Paulo e a utilização de software livre na rede. Que o troço siga o ritmo do governo e do país, pois o MinC era, a meu ver, um contra-senso.

--------------------


Direito autoral em debate 
Revisão da lei coloca na pauta a necessidade de novos modelos de gestão da propriedade intelectual

Desde 2005, o Ministério da Cultura vem mobilizando o setor de produções culturais do Brasil em torno de um debate polêmico e muito complexo. Ao convocar a I Conferência Nacional de Cultura, o governo federal sinalizou a necessidade de revisar a legislação dos direitos autorais, datada de 1998 e recheada de interpretações dúbias. Por conta dos avanços tecnológicos, a forma de disseminação de informações revolucionou as relações do mercado cultural em nível mundial. Ficou claro, porém, que um dos lados não conseguiu se adaptar às transformações da realidade e a indústria passou a tratar seus consumidores como adversários. 

Ainda na tentativa de amenizar o clima de guerra e estabelecer novas diretrizes, o Minc promoveu em março de 2010 outra rodada de debates na segunda edição da Conferência, dessa vez com mais que o dobro de participação em relação à primeira. Absorvendo as mais diversas sugestões para atualizar a lei nº 9610/98, as conversas resultaram na elaboração do texto final de um Projeto de Lei amplo. Membro da União Brasileira de Escritores e Professor Doutor de Direito Penal da USP, Victor Gabriel Rodríguez faz um esboço do que a nova legislação deveria abranger: “A natureza da oposição entre empresas e consumidores é de todo econômica. Por isso, nem sempre a lei faz chegar a um consenso. O que a nova legislação pode fazer é definir melhor o que deve ser considerado pirataria, tendo em conta a internet, a convergência digital e a facilidade de cópias pelas diversas mídias.”

De fato, as últimas resoluções apresentaram um teor conciliador. Da II Conferência Nacional, saíram 32 propostas prioritárias, entre as quais vale destacar a que sugere “criar dispositivos de atualização da lei de direitos autorais em consonância com os novos modos de fruição e produção cultural que surgiram a partir das novas tecnologias, garantindo o livre acesso a bens culturais compartilhados sem fins econômicos desde que não cause prejuízos ao(s) titular(es) da obra, facilitando o uso de licenças livres e a produção colaborativa”. De acordo com Rafael Pereira Oliveira, Coordenador-Geral de Difusão de Direitos Autorais e Acesso à Cultura do Minc, o objetivo do órgão é estimular novos formatos de negociação. “Nossa proposta explicita salvaguardas (que já constam do código civil) para proteger autores e artistas de práticas abusivas e facilitar a revisão e resolução de contratos, dá maior clareza à obrigatoriedade do editor de divulgar a obra e busca corrigir práticas de mercado danosas aos interesses dos autores. O criador deve ser livre para estabelecer relações com a indústria do jeito que bem entender, mas não pode ficar refém de contratos abusivos que retirem a soberania sobre as suas próprias criações.” 

Trata-se de sugestões bastante audaciosas, principalmente por utilizar termos como licenças livres e autonomia, tão demonizados pelas grandes corporações. A elaboração de um sistema de arrecadação com regras mais claras parece realmente ser o ponto-chave no debate. O jornalista e empresário Eneas Neto fala da dificuldade que é trabalhar regido por uma lei completamente defasada. Criador do site FiberOnline, um dos primeiros a apostar na idéia de compartilhamento ao oferecer espaço de divulgação a novos artistas, Eneas afirma que “tentar achar um consenso entre o que é cópia, uso não-autorizado e criatividade é praticamente um embate sem fim. Com a internet, o acesso à informação e, por consequência, a um farto acervo digital promoveram um verdadeiro caos para quem estava estabelecido sob regras rígidas que as leis de direito autoral imprimem há décadas.” 

Outro ponto que merece bastante atenção é a influência da lei de direitos autorais na Educação. A alta demanda por livros nos cursos universitários e as dificuldades de acesso às obras norteiam as discussões acerca do artigo 46, parágrafo II, um trecho verdadeiramente obscuro da atual legislação. Consta que “não constitui ofensa aos direitos autorais: a reprodução, em um só exemplar de pequenos trechos, para uso privado do copista, desde que feita por este, sem intuito de lucro”, e aí temos a dificuldade em estabelecer o que seria um “pequeno trecho” e quem seria o “copista”. Para isso, o Minc está considerando a sugestão de possibilitar a reprodução de obras esgotadas, sem a finalidade comercial, desde que autorizada pelo autor e devidamente remunerada. 

Um estudo do Gpopai (Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para o Acesso à Informação) da USP quantifica melhor esse problema. O curso de Obstetrícia da universidade, por exemplo, gera um gasto de R$5.810,46 com livros por ano. Ao mesmo tempo, 40,5% dessas obras não são mais encontradas em lojas do ramo. O mesmo Gpopai levantou outro dado alarmante. Cada tese de dissertação da USP recebe um investimento público de cerca de R$155 mil, contrapostos a apenas R$17 mil da verba privada. Curiosamente, muitos desses trabalhos, depois de publicados, ficam sob o controle de editoras e, portanto, indisponíveis para a comunidade acadêmica. 

Seja na música, na produção literária ou em qualquer outro segmento cultural, é quase unanimidade que a nova regulação deve levar em conta uma maior participação, tanto da população em geral quanto dos profissionais envolvidos. Segundo Victor Rodríguez, “o caminho deveria ser a descentralização da interpretação da norma, antes de se chegar ao Poder Judiciário. Uma comissão formada por representantes dos diversos setores da sociedade poderia indicar o que é ou não considerado abuso dos direitos relativos à propriedade intelectual.” Já Eneas Neto ressalta o formato de apresentação como uma maneira de se adaptar à realidade. “O importante é se diferenciar. Não dá para voltar atrás, hoje o download gratuito é a melhor forma de distribuição. Não deve mais ser encarado como receita para gravadoras e artistas.” 

A boa notícia é que o Ministério da Cultura se mostra realmente disposto a direcionar os debates da nova regulação levando em conta a função social dos direitos autorais. Segundo Rafael Pereira, “os que defendem ferrenhamente o direito autoral como um simples direito privado muitas vezes esquecem que isso também serve ao enriquecimento do patrimônio cultural, estimulando a criação, difusão e fruição da nossa produção em toda a sua diversidade.” Para criar essa nova visão sobre o tema, o Minc desenvolve desde 2009 um programa de capacitação na gestão de projetos culturais, com oficinas destinadas a artistas, produtores e autores. Com isso, a esperança do governo é fomentar uma mobilização maciça em torno da consulta pública que será disponibilizada na internet para, enfim, finalizar o texto do Projeto de Lei que será apreciado pelo Congresso Nacional.

05 setembro 2012

Corinthians, modéstia à parte - A próxima cena


Mais um recado direto à torcida corinthiana, que anda muito alienadinha e acreditando em tudo o que abutre publica por aí - tanto para denegrir a instituição Corinthians quanto para fazer troca de favor à diretoria canalha. Não uso minhas palavras, já que elas têm, segundo o Google Analytics, 90% de rejeição. Recorro novamente ao Nailson Gondim, na série "Corinthians, modéstia à parte" de transcrição dessa obra rara. Está tudo aí, é só saber ler, reconhecer os próprios erros e mudar as atitudes.

QUE CORINTHIANS QUEREMOS PARA AS PRÓXIMAS GERAÇÕES?

------------

A próxima cena

Em 1974, o povo corinthiano deixou o Morumbi em silêncio, numa romaria acabrunhada, decepcionada e frustrada com um resultado impiedoso e inconfortador porque acidental (0 a 1, em chute que contou com a ajuda da sorte). Era dezembro, pouco antes do Natal, e a tristeza encerrava aquele ano de fastio ao porco. E não adiantava evitar o assunto, pois todos só discutiam o perdedor. Dois anos depois, 1976, esse povo era quase dono do Brasil: em sua caminhada ao título do Campeonato Brasileiro que não veio, entusiasmou o Recife, com grande caravana, da qual participava o cego Didi, para espanto dos pernambucanos; depois, encheu de festa o Maracanã e, paralelamente a isso, fez carnaval nas avenidas Paulista, São João e Ipiranga, comemorando apenas a classificação à final do Campeonato Brasileiro daquele ano; e preocupou os gaúchos, ameaçando - como fez no Rio - invadir Porto Alegra e vestir no Laçador (monumento folclórico) a camisa do Corinthians. Nada ganhou, a não ser o vice-campeonato, mas pontuou com interrogações o que fez. Ano seguinte, 1977, o time foi campeão paulista, depois de o povo - o  povo - passar quase 23 anos sem esse título. Todo o Brasil corinthiano entrou em estado de graça e atenção para o que poderia ocorrer com o seu povo campeão. Nada além do direito à liberdade. Houve alguns excessos, como se queixou a empregada doméstica beliscada no bumbum em meio à festa na Avenida Paulista. Também, pudera: quem mandou passar por ali rebolando? E, bem mais relevante que isso, claro, foi o paraplégico que, na madrugada de festa, desafiava sua deficiência física e subia - ajudado por suas muletas - a rampa que fica por trás do Museu de Arte de São Paulo (Masp) para chegar à avenida que era só carnaval. Este paraplégico carregava nas costas a bandeira do Corinthians que ele colocara agarrada a seu pescoço. E com sacrifício escalava a ladeira, ávido para sambar com seu povo e gritar - como sempre sonhou - "é campeão!" "é campeão!" "é campeão!"... Mais recentemente, em maio de 84, parte representativa do povo corinthiano foi ao Maracanã e saiu derrotada, apesar do empate (0 a 0), cujo resultado classificou o adversário. Mas, diante do sorriso debochado e da satisfação irônica dos rivais que deixavam o Maracanã cantando, reagiu com seu grito-de-guerra que não falta, no pátio do estacionamento do estádio: "Corinthians!" "Corinthians!" "Corinthians!"... Foi o suficiente para estarrecer de admiração os sobressaltados torcedores cariocas que assistiram àquele improvisado espetáculo. Todos olhavam para o grupo com ar de indagação, parecendo perguntar "quem se classificou"? Não importava. Eles eram assistentes privilegiados de mais uma cena corinthiana. A próxima cena...

01 setembro 2012

Corinthians: no coração e na alma


Quando o corinthiano entra em um estádio para ver o seu Corinthians, não é qualquer coisa. Não se trata do cotidiano, do comum, de mais um jogo. É o sentido da existência do cidadão. Para o bem e para o mal, a vida do sujeito gira em torno do amor a esse que é o maior movimento social do mundo. Ao corinthiano, basta renovar sua fé, reviver em cada guerra toda sua história e também a história dos outros. Ora: quem nunca chorou vendo o gol de Basílio, de Tupã ou de Luizinho, talvez os três tentos de maior importância em nossa trajetória que hoje completa 102 anos?

Não só isso. Quem não se imagina na sagrada esquina do Bom Retiro, fazendo escudo para que o vento não apague a vela que ilumina a ata de fundação? Quem não busca inspiração naqueles operários guerreiros que consolidaram o sonho do Time do Povo? Quem, por São Jorge guerreiro!, não esteve lá vigiando os muros enquanto o Neco "roubava" nossa taça pra preservar o patrimônio? Quem não ajudou a instalar os parafusos de Alfredo Schürig no Monumental da Fazendinha? Quem não articulou idéias para combater a intervenção da madame em 1941? Nossa história é belíssima, e ela nos basta.

Aliás, não só nossa história, mas também nossa luta. Esse papo de que "corinthiano gosta de sofrer" é uma tremenda inverdade. O sofrimento é apenas a conseqüência natural da sucessão de fatos que vêm ocorrendo desde 1º de setembro de 1910. O corinthiano gosta mesmo é de lutar. Por isso somos o que somos, foi esse o legado deixado pelos ancestrais.

Tudo que foge das concepções de luta, inclusão e fraternidade não é o Corinthians. Atribuam nomenclaturas como "modernidade", "evolução", "civilidade", o diabo. Esses termos não querem dizer nada - ou melhor, querem dizer o anticorinthianismo. O Corinthians se resume à guerra, ao proletariado revertendo a ordem por meio da disputa em nível de (quase) igualdade. O Corinthians, senhoras e senhores, é coisa muito séria.

Portanto, neste dia de Corinthians, grite como nunca! Faça a saudação a todos os milhões que nos acompanham, no céu e na terra, na batalha diária do corinthianismo. Exalte a força que nos faz sorrir e cair em prantos, de joelhos, quando o símbolo sagrado se agiganta. E, principalmente, saiba que seus atos determinarão o Corinthians que iremos deixar para as próximas gerações.

Obrigado, Corinthians! VIVA O CORINTHIANS! VAI, CORINTHIANS!


28 agosto 2012

Corinthians, modéstia à parte - O medo maior


Conforme previsto, o título da Libertadores fez um mal terrível ao Corinthians. Sua torcida, a verdadeira energia vital do time quando em campo de batalha, está no mais alto nível de alienação já visto em nossos quase 102 anos. No capítulo 15 da obra de Nailson Gondim que vamos reproduzindo por aqui, um breve relato sentimental daquele que foi um período de grande dureza para a Fiel. Tempos que, repetidos hoje, talvez trariam como resultado algo completamente diferente.

Voltemos nossa atenção à trajetória alvinegra, corinthianos. Ela nos basta. Maiores que qualquer imposição midiática, todas as batalhas lutadas e vencidas fazem o Corinthians esse gigante movimento social. Em cada canto do mundo, o corinthiano precisa se conscientizar, se mobilizar e promover sua pequena intervenção. Há nas salas ar-condicionadas do Parque São Jorge gente da pior espécie, todos eles mamando na teta e iludindo o torcedor com conversinhas fiadas. Pesquise, leia a Bíblia Corinthianista de Diaféria, escute na Rádio Coringão o programa semanal de nosso professor Filipe e beba nas fontes certas. Não dê carniça para jornalista abutre que só quer reinventar a história em benefício do seu patrão madame. Apoio incondicional é para ser usado somente nos 90 minutos; mais que isso é cegueira ou falta de compromisso com a causa.

O Corinthians é o povo. O Corinthians é do povo. O Corinthians está em nossos corações. Que Corinthians queremos para as próximas gerações?

----------

O medo maior

Os anos 60 e 70 foram terríveis para o povo corinthiano. Só decepções encadeadas numa sucessão de incógnitas que logo se tornou fato curioso. E contraditório, porque enquanto o time amealhava a seqüência perturbadora da perda de títulos, ganhava o cognome "Timão". Era forte e não deixava de colaborar com a Seleção Brasileira, cedendo jogadores. Enchia estádios, apesar da fase de agouros, e crescia sem explicação, confundindo quem procurava motivos que justificassem isso. Foram também anos de outros grandes times pelo Brasil todo, mas entre os melhores estava o Corinthians - maior nas derrotas que nas vitórias, sua eterna contradição. Nada valeu naquela penitência que cumpria não se sabe por quê. A camisa começou a pesar para alguns. E não era o peso da âncora no distintivo. Tudo dava errado no fim, e quando o passo ao título era largo acabava em tropeço. Queda fatal, que deixava profundas marcas em quem jamais conseguia pular uma poça d'água sem pisar a beira e molhar os pés. Trabalho perdido na luta de cada ano. Não faltou incentivo, porém, naqueles anos de castigo. Havia estímulo de todo o tipo para que - independente de sacrifício - se desse fim àquele tormento paradoxalmente nada desanimador, mas espinhoso. Até quando iria aquilo ninguém sabia. Dizia-se ser "até o ano que vem". E assim se fez uma década. Depois mais uma. Em lugar do ciclo dos anos, começava o ciclo das décadas. Má sorte ameaçadora e brutal contra quem persistia e cultuava a expectativa de vencer uma vez. E, com as viradas na folhinha sempre renovando esperanças, surgiu o que menos se poderia esperar: a solidariedade. Era a solidariedade dos adversários que - falsa ou verdadeiramente - se mostravam ansiosos para ver o Corinthians campeão. Mas não era piedade ao sofrimento do povo corinthiano. Era para acabar com o pavor que eles sentiam todo ano com aquele Corinthians preparado para vencer um dia. Isso os atemorizava. Era o maior medo deles.

24 agosto 2012

Taça Malabaristas da Arbitragem



"Temos o imenso prazer de convocar os senhores Emerson Augusto Carvalho e Flavio Rodrigues Guerra para receber nesta sexta-feira, 24 de Agosto, às 18 horas, na sede da Federação Paulista de Futebol, no bairro da Barra Funda, nesta Capital, a Taça Malabaristas da Arbitragem.

Dessa forma, reconhecemos o talento da dupla na construção da vitória do Santos Futebol Clube sobre o Sport Club Corinthians Paulista, em 19 de agosto passado, em partida válida pelo primeiro turno do Campeonato Brasileiro 2012.

Os malabarismos de Carvalho e Guerra exibiram o talento da arbitragem brasileira para desmoralizar o futebol brasileiro e, assim, quem sabe, dirigir o interesse público para outros divertimentos, como o estudo da acústica dos apitos seletivos e das moléstias da articulação complexa entre o braço e a escápula.

A dupla é responsável pelo recorde mundial de impedimentos não assinalados em um único lance de gol. Foram três no segundo “tento” do clube mandante.

De forma extraordinária, mostraram capacidade reversa, ao assinalar impedimento em jogada do atleta Romarinho, do Sport Club Corinthians Paulista, no primeiro tempo da referida partida.

A Brigada Miguel Bataglia tem por objetivo defender o “CORINTHIANISMO” e trabalha todos os dias no resgate das virtudes que convergiram para a fundação do TIME DO POVO.

Os brigadistas celebram as raízes populares, democráticas, libertárias e humanistas do clube do Bom Retiro. Valorizam a miscigenação, o multiculturalismo, a universalização de direitos a inclusão por meio do esporte,

Ao mesmo tempo, combatem a elitização do espetáculo da bola, a divinização do “business” de pilhagem e a instrumentalização do futebol por partidos e instituições associadas ao pensamento egoísta-conservador.

O Corinthians tem um papel na sociedade brasileira, que é despertar paixões, construir identidades solidárias e agregar esforços no processo civilizatório. Como sentenciou nosso primeiro presidente, Miguel Bataglia, 'o Corinthians é o time do povo, e é o povo que vai fazer o time'."

21 agosto 2012

Corinthians, modéstia à parte - O caminho do êxtase


Novamente voltamos para o 14º capítulo do livro "Corinthians, modéstia à parte", de Nailson Gondim. O trecho desta postagem destaca a função social do corinthianismo, artigo raro em nossa torcida nos últimos anos. Não me estenderei, porque as palavras de Gondim falam muito melhor - com grifos meus em especial.

------------

O caminho do êxtase

Futebol é alienação, pois desse caminho não escapa. Na Copa do Mundo, então, o ufanismo nacional mostra como esse esporte é mobilizador, manipulador e, dependendo das possibilidades da Seleção, atração presidencial. Mede-se por aí. Todos sabem disso; todos desconhecem isso. Problema para a sociologia política esclarecer. Agora, corinthianismo não é alienação. É futebol também porque nasceu desse meio, veio para ficar e continuou com sua origem em razão da autenticidade que não perde. Mas, por meio desse esporte, escolheu o caminho da fé, em que andam a vitória e a derrota, o sorriso e a lágrima, o abraço e o soco... A sociologia política não esclarece isso. Não pode. Há misticismo, mitologia e magia por trás do corinthianismo - caminho pelo qual não se reza cartilha, não se cumpre estatuto, não se é doutrinado por catecismo. Possui regulamento, instintivamente, mas nada rígido. A obrigação - todos os seus sabem - é acreditar sempre, não invejar jamais e orgulhar-se do que é. Regra complicada para os leigos que procuram cores, nível social e engajamento em grupos preocupados com individualidades, em vez de união. No corinthianismo, cada um tem conhecimento de sua responsabilidade espiritual com o compromisso concebido. Não há juramento - não se pede - e cada qual é livre em seu direito, sempre reconhecido, de aplaudir e vaiar. Faz de todos fiéis e não reprime quem grita um palavrão, quem bebe uma pinga a mais ou quem leva embora a bola chutada do campo para as arquibancadas. Momento de desabafo e descontração de um trabalhador, de um estudante, de um desempregado. Gente sem cadeira no Legislativo, mas com presença assumida com seu povo nos estádios. "Todos próximos da alienação" - generalizarão. O corinthianismo não pode distanciar-se disso. Tem de estar no meio. E o único caminho aberto para os desamparados, os explorados e os que lutam sem parar contra os desvios de outros caminhos. Concentra em seu seio fortes e fracos, bonitos e feios, ricos e pobres... O corinthianismo não é ciência, religião ou utopia. É um caminho igual a muitos: com pedras, espinhos e barreiras. Mas, com uma diferença: o corinthianismo leva ao êxtase.

14 agosto 2012

Corinthians, modéstia à parte - A vitória dos rivais


Na décima terceira parte da série "Corinthians, modéstia à parte", o pernambucano Nailson Gondim mostra o quanto é doentio o sentimento anticorinthiano, que na verdade representa o ódio contra o próprio povo brasileiro. E Gondim faz isso como se deve fazer: galhofando desses pobres diabos, cuja vida se resume a criar demandas para o Corinthians, que vai lá e as vence. Todas. 

-------------

A vitória dos rivais

O passado não faz os maiores times do Corinthians. É verdade que a história corinthiana conta de suas equipes que só foram gol, vitória e alegria; destaca a maioria que criou e cultivou a raça, a garra, a coragem; mostra os que, com o seu espírito de luta, ajudaram a popularizar essa fé; diz como foram formados os mosqueteiros de legendária carreira; ressalta os que fizeram lema da reação que se imortalizou em viradas marcantes; explica o cognome Timão; relata a conquista do irreparável título Campeão dos Campeões; e, entre outras proezas, lembra a mais recente vitória: o exercício da Democracia Corinthiana - antecipando-se à democracia política almejada em todo o País. Quanto mérito! Mas nem por isso pode-se dizer que o maior time foi este ou aquele, com todo o reconhecimento aos que foram, com a camisa do Corinthians, verdeiros guerreiros e craques que suaram e até ensanguentaram pelo time. Sangue, suor e gol! A lágrima, nessa tríade, vem depois: de alegria. O passado não foi esquecido. Isso não. Será sempre boa recordação e cada vez mais guardado nos arquivos dos grandes. Um vai contar para outro, outro vai contar para um, e quem quiser que conte para todos. Todos o ouvirão. Mas o maior time, o melhor desde o começo do mundo, ainda está para chegar. Pode parecer utopia. Doce utopia. Não importa. O que basta é saber que, quando isso ocorrer, o corinthiano - todo o povo corinthiano - vai precisar de bons argumentos para enfrentar a inveja dos rivais, principalmente se o time não mantiver a média de 10 a 0 por jogo e vencer somente de 6 a 0 ou 4 a 0. Dois a um nem pensar! Então é que a rivalidade será para valer. "Campeão invicto? Mas tomou um gol no campeonato, ha, ha, ha..." - debocharão os adversários. E o Corinthians, campeão - quem sabe - por 23 anos consecutivos (antiironia), mas sem poder exibir esse feito porque, nesse período, jamais terá conseguido ser campeão com mais de dez pontos sobre seus vice-campeões. Um motivo a mais para os rivais gargalharem. É a vitória deles.

07 agosto 2012

Corinthians, modéstia à parte - A carapuça


Eu não compactuo com a mediocridade. No entanto, o futebol dito moderno anda consagrando muito filho da puta que pratica o anti-jogo, no pior dos significados do termo. Nessa toada, o cara ganha um título ali e aqui e já logo é chamado de gênio, incompreendido, alvo de radicais. Eu, que fui criado vendo o Corinthians jogar como Corinthians - e isso inclui técnica, raça (não confundir com correria, porque jogador não é velocista) e, acima de tudo, vergonha na cara e vontade de ganhar -, faço minhas as palavras do grande Nailson Gondim, que nesta décima segunda parte de sua obra "Corinthians, modéstia à parte" dedica algumas palavras ao Seu Burro. "Con razón o sin razón, o Corinthians tiene siempre razón!", diria Manuel Correcher.

-------------

A carapuça

Conferir o banco de reservas do time é hábito comum para o povo corinthiano. Na hora do aperto - o aperto existe, corinthiano não vive em nuvens brancas, mas em nuvens brancas e pretas - os olhos têm a mesma direção: o banco de reservas, onde pode estar um substituto salvador. O pedido sai, instintivamente, das arquibancadas. Há momento certo para a reivindicação explodir como seus rojões. Este lampejo de ansiedade leva muitos técnicos a ponderarem sobre a máxima "Em time que está ganhando não se mexe", mas a se confundirem quando ocorre o contrário, não se arriscando a fazer substituição. Eles se apegam ao dito popular "A esperança é a última que morre", sem a preocupação de que, num jogo do Corinthians, a esperança deles não recupera minutos, e se ficar por último também sai derrotada. Para o povo corinthiano, a "esperança" está no banco de reservas. Tanto pode ser o zagueiro violento ("Põe ele aí pra impor moral, seu Burro!"), como o armador e lançador ("Mexe nesse meio de campo aí, seu Burro!") ou, então, o atacante rompedor ("Tá na hora de pôr ele aí, seu Burro!"). Mas "seu Burro", geralmente, não entende de Corinthians. Como está recebendo para dirigir, se for dirigido não justifica seu salário; ou porque podem pensar que ele atendeu ao povo corinthiano para fazer média. E o tempo passa, o aperto aumenta o sufoco e todos lá, no banco de reservas, intocáveis, balançando as pernas, bocejando e chupando o gelo que deveria ser usado para desinchar as marcas da luta. E "seu Burro" com cara de quem tem dúvida se realmente "a voz do povo é a voz de Deus", preferindo ajustar-se à frase borada na lapela em que baba: "A voz do povo corinthiano não é a voz de Deus". Claro (resposta a "seu Burro"), o povo corinthiano não é onisciente, onipresente. Está lá, de ingresso pago e enfrentando qualquer clima e tempo. É ele quem vê, sente e profetiza seu destino sem perder o otimismo. O povo corinthiano não é o coração do time, é o espírito. Um espírito que conhece as manhas do jogo, sabe esquematizar a equipe e percebe quando chega a hora de mudar. Não é espírito profissional, é espírito corinthiano. Por isso reclama, exige e contesta, porque não tolera esperar os 15 minutos finais - prazo estabelecido por tradição para "seu Burro" alterar o time - para ser atendido. Quando o povo corinthiano se manifesta, pedindo substituição, é porque a substituição é necessária. E acerta, pois está sempre atento e preparado para agir contra os desmandos que dificultam ainda mais sua sobrevivência. Que "seu Burro" pense nisso.

31 julho 2012

Corinthians, modéstia à parte - A melhor fé



Após a falta de assunto imposta pelo Corinthians no último dia 4 de julho, a abutraiada vem tentando colar ao clube uma nova mácula para compensar tamanha perda. São incautos, esses pobres diabos, que não sabem do que o corinthiano é capaz. Talvez consigam convencer essa geração mais recente, acostumada a adorar os penduricalhos de puta que a mídia inventa. Mas nada abala a fé corinthiana, essa força que já se provou invencível por diversas vezes. No décimo primeiro capítulo da série "Corinthians, modéstia à parte", o pernambucano Nailson Gondim trata exatamente dela, nossa crença no Coringão. Mais um excerto emocionante dessa brilhante obra em prol do corinthianismo.


--------------


A melhor fé


Há quem acredite em Cristo, Iemanjá e horóscopo. Fé não se discute. Cada um na sua - diz a gíria. Mas a fé corinthiana não é dessas indiscutíveis. Ela existe - forte, contagiante e provocadora - para ser discutida por quem a quiser discutir. Direito de fé reconhecido. Cristo salva, Iemanjá protege, o horóscopo prevê... E o Corinthians? O Corinthians motiva, polemiza e incomoda; alegra e entristece também, sem se desfazer, sem se deteriorar, sem se diluir. Coisas da fé corinthiana, que tem como característica-símbolo a mobilização geral. Abençoa os prós e os contras, mesmo os que lhe rogam praga, os que só sentem na ponta da língua o dissabor do "ainda hei de ver...". (Hás de ver nada, fé-dorento!) A fé corinthiana é ponto de discussão na certa. Não precisa de templo para ser debatida. A discussão começa em qualquer lugar. É uma fé que se alastra sem cruz de martírio, sem maços de cravo, sem mapa zodiacal. Um fenômeno. Cristãos, espíritas e maníacos juntam-se muitas vezes, fazem rodinhas e passam tempo preocupados com o que procuram e não encontram: razão para compreender o que jamais entendem - a fé corinthiana. E se coçam sem ter sarna, pigarreiam sem ter tosse, tropeçam sem ter batentes. Eles se irritam com as contradições da vaia e do aplauso, da derrota e da vitória, da morte e da ressurreição, que não se desviam dos caminhos corinthianos mas não acabam com a fé. Fé corinthiana que não se sabe de onde vem. Mas os agourentos querem conhecer, analisar, justificar (por conta deles) a fé que os atormenta. Por isso rezam, pede e se sugestionam. Nada conseguem. Sofrem com a sua fé que não é discutida, não mexe, não realiza, não satisfaz e só é concebida em dia de jogo. A fé corinthiana é diferente. Tão diferente que não os tem como adeptos. É a melhor fé. Ora, se é!...

24 julho 2012

Corinthians, modéstia à parte - Dia de vaia



Na décima parte da série "Corinthians, modéstia à parte", mais um capítulo que pode soar pessimista, tal qual o anterior. Na verdade, o autor Nailson Gondim conseguiu, de forma contundente, passar alguns recados para aparar as arestas daquela meia-verdade de "apoio incondicional" que muita gente utiliza para colocar sujeira debaixo do tapete. Serve como tapa na orelha de desavisado, de jogador vagabundo, de dirigente ladrão e de conselheiro aproveitador. Serve para mostrar à corja que sempre vai ter um corinthiano alerta, pronto para defender seu clube, ainda que isso tenha de ser feito de maneira mais radical. 


O Corinthians é coisa séria. O Corinthians é único. O Corinthians não é marca, é uma revolução permanente e o maior movimento social do mundo.


---------------


Dia de vaia


Vaia para o Corinthians não depende do tempo de jogo. Pode soar tanto aos cinco minutos do primeiro tempo como na fase final. Não é ensaiada, é espontânea. O protesto estoura inconscientemente - solidário e abafado - e sua chama atinge, sem discriminação, todo o time, com ídolo ou sem, craque ou perna-de-pau. A vaia para o Corinthians surge em substituição ao grito corinthiano preparado para o melhor e que, cargas d'água para esfriar, fica entalado na garganta, preso como a aferrada equipe em campo. A repetição de chutes para fora, dribles mal dados e marcações displicentes são motivos para levar o Corinthians à vaia. É triste ver o Corinthians de muitos aplausos vaiado. Mas há vezes que precisa ser castigado, saber desatar os nós da dificuldade e aprender a não esperar pela sorte. Só a vaia para o Corinthians ensina isso: "A mão que afaga é a mesma que apedreja" - lembrou Sócrates, certa vez, citando Augusto dos Anjos. Essa afirmação é discutível, pois não cabe aí em razão de a vaia para o Corinthians existir porque o aplauso corinthiano é redentor, supremo e único. O aplauso corinthiano reforça o grito, faz o peito bater mais forte e alarga o sorriso dos tímidos. E cabe ressaltar que o que para alguns representa 90 minutos, para um povo é eternidade. Também é necessário frisar, deixar claro para os insensíveis, que cada jogo do Corinthians é uma história. Uma história escrita num quadro-negro cujo apagador são as aflitivas falhas do time. Desculpáveis, mas incômodas porque limitam prazeres, desfazem sonhos e mudam rumos de uma história. E sem história, não há Corinthians; sem Corinthians, não há aplausos, só resta a vaia. E como amarga "aplaudir" o adversário; "vaiar" o Corinthians; "pedir" olé para ver o time na roda. Ainda bem que isso é só desabafo em dia de vaia. Plá-plá-plá...

18 julho 2012

Corinthians, modéstia à parte - A cor da derrota



Retomando a série que nos acompanhou na vitoriosa trajetória daquele torneio que acabou com o assunto da anticorinthianada doente, eis agora um texto importantíssimo. O título do nono capítulo da obra "Corinthians, modéstia à parte", de Nailson Gondim, pode soar pessimista ou negativo à primeira impressão. Mas trata, na verdade, de um sentimento importante que todos nós devemos carregar, principalmente após essa conquista recente que pode apagar erros gritantes e alienar ainda mais a massa corinthiana. Está tudo aí, portanto, para que fiquemos sempre atentos.


----------------


A cor da derrota


Vitória do Corinthians é luta sem fim e cheia de bate-e-rebate, e só em dia de graça é que se torna fácil. Quando isso ocorre, há o inevitável lamento pelos gols perdidos, pelos lances marotamente desperdiçados e pela vontade frustrada de quebrar o recorde de goleada e preencher um espaço sempre reservado no Livro de Recorde Guiness. É verdade que a vitória foi de 5 a 0 sobre o Palmeiras, 4 a 1 ante o Flamengo, 10 a 1 contra o Tiradentes... Mas, por que não 20 a 0, 30 a 1 ou 50 a 1? Era só jogar um pouco mais - e pronto. Isso não significa mais pontos ganhos, a vitória terá o mesmo valor. E daí? Gols neles, que ganham pra isso: pegar a bola dentro do gol quando enfrentam o Corinthians, de quem são gandulas e, por esse motivo, respeitados. A situação se inverte, ocasionalmente, não se sabe por quê. As cores da vitória são branca e preta (deve estar escrito em algum lugar bíblico, divino ou corinthiano); branca e preta corinthianas, cores que surgiram da dificuldade de um inesperado desbotamento das primeiras camisas cremes. Foi, portanto, determinação de um fator - causa que não abriu discussão e teve unânime receptividade de quem estava autorizado a definir as cores de uma nação com o branco e preto. E estas cores - que parece ter sido criadas uma para a outra - floresceram, frutificaram e reproduziram (flor, fruto e gente corinthianos). São as cores que mais aparecem nos estádios, nos campos da vida, na porta dos lares, no peito dos desempregados, nos vidros dos carros, na satisfação dos sãos, no cobertor dos mendigos, no sorriso dos inocentes, nos braços dos carregadores, nas janelas dos presídios, na mesa dos empresários, no chaveiro do matuto, no leito dos enfermos, no espelho dos que amam, na carrocinha do pipoqueiro, na saia rendada da moça tímida, na tatuagem da prostituta, no elevador Lacerda, no Corcovado, no rio São Francisco, na feira de Caruaru, na estátua do padre Cícero, no viaduto do Chá, em Florença, em Nova Iorque e Bauru. Nas derrotas, as cores mudam de tom. A cor da derrota corinthiana são todas as cores, inclusive com o branco e preto, porque - sem desmerecer os vencedores - o Corinthians perde mesmo é para si próprio. É para não deslustrar o colorido das derrotas.

05 julho 2012

O amor venceu o ódio



Não à toa o Corinthians tem São Jorge como santo padroeiro: ambos são vencedores de demandas e retificadores de injustiças. A noite do dia 4 de julho de 2012 entra para a história do alvinegro como mais uma prova de que não há limites para o Timão. Por mais penduricalhos de puta que inventem para tentar diminuir sua gigantesca presença astral e física, o Corinthians derruba todas as barreiras que lhes são impostas só para fazer sua Fiel Torcida feliz. É, como diz Lourenço Diaféria em trecho do livro Coração Corinthiano destacado pelo irmão Filipe, um agrado:


"O Corinthians não conquista vitórias apenas para alimentar sua vaidade ou para fazê-las constar em manuais de história. O Corinthians busca o título para dá-lo ao Povo, como prova de carinho, como a corda mi do cavaquinho de Adoniran. O Corinthians conquista suas Glórias para que o Povo dê sentido à vida, e para que as pessoas simples descubram que a vida vale a pena"


Somos campeões de uma copa que só há pouco tempo começou a ter valia - mais precisamente e curiosamente quando perceberam que o Corinthians ainda não a havia conquistado - e vos digo: sorte dela. A Libertadores agora pode falar que tem o Corinthians. Mais ainda, ser campeão foi a comprovação de que quando demonstramos nada além que nosso amor pelo clube - em oposição àqueles que, desde 1910, nutrem inconformismo e ódio pelo triunfo do povo -, invariavelmente o Todo-Poderoso se impõe. Pela história, pela mística, pela camisa e pela sua torcida.


Comemore, Fiel! Desabafe e mande às favas todos os anos de piadinhas babacas e de manifestações desesperadas de gente que não entende o corinthianismo. Abrace cada corinthiano que cruzar o teu caminho, pois fraternidade é coisa boa para se espalhar pelo mundo e a missão do Corinthians também é essa. Faça oferenda a todos os guerreiros do passado que transmitiram a nós os ensinamentos para manter acesa essa chama que transcende a lógica e a racionalidade. E, principalmente, galhofe da falta de assunto do mundo a partir de agora. 


VIVA O CORINTHIANS! OBRIGADO, CORINTHIANS! PARABÉNS, FIEL!

03 julho 2012

Corinthians, modéstia à parte - Depoimento de Sócrates



É véspera de uma grande decisão para toda a Nação Corinthiana. Cada um de nós, merecedores do privilégio de representar e levar adiante o sonho do Time do Povo, precisamos estar focados e conscientes de nosso papel nessa batalha final. Espírito armado, contra tudo e contra todos, para levar o Corinthians à vitória - na bola, na raça, no grito ou na porrada. 


Assim, o intuito de transcrever o livro "Corinthians, modéstia à parte", de Nailson Gondim, é exatamente o de fortalecer essa concentração e canalizar todas as nossas forças em prol do corinthianismo. Nesse sentido, talvez nenhum outro de nossos guerreiros que já se foram tenha conseguido verbalizar e racionalizar tão bem os sentimentos que estão alvoroçando o peito de cada corinthiano como o Doutor Sócrates. Ele, que nos deixou há sete meses, num dia de Corinthians Campeão, soube entender cada detalhe da complicada (mas belíssima) relação Corinthians/Fiel. E a ele eu passo a palavra, quebrando a lógica da narrativa - o Corinthians próprio não é lógico, é sangue e suor - para compartilhar a orelha da obra de Gondim, um depoimento emocionante e propício para o momento.


-----------


Depoimento de Sócrates


Escrever sobre o Corinthians tem uma caracterização diversa de qualquer outro tipo de literatura, pois também o conteúdo do texto é passional e, principalmente, quando se vive a realidade corinthiana, é impossível racionalidade, por menor que ela seja.


Este novo livro do Nailson demonstra uma vez mais a particularização e discussão acerca deste fenômeno social brasileiro, que se chama corinthianismo. E ele me pede que fale um pouco da minha experiência.


Quando se toma contato, desde a primeira vez, com a nação corinthiana, vê-se que ela tem forma, posição, participação e força. É o povo, na sua expressão mais pura, utilizando seu espaço, de acordo com sua necessidade, carência ou, simplesmente, sensibilidade, demonstrando o quão é fundamental a sua ação, acima da própria realidade vital.


Ter o prazer de participar deste contato é maravilhoso. Não importa a posição a ser ocupada, pois todos, sem exceção, nesta nação têm o livre direito de se manifestar, de se posicionar. A caracterização de posicionamentos opostos é clara na própria divisão de seus partidos, que são altamente politizados e participantes. As várias correntes de opinião são ouvidas e têm devida importância. Ser o artista, que no fundo é o executivo dos anseios deste povo, é uma responsabilidade muito grande, pois são poucos estes representantes desta nação imensa. Porém, é uma experiência fantástica, já que o aprendizado, a troca de informações e de emoções, provoca uma mudança brutal nos limiares de excitação humanos. Nesta realidade se percebe o quão insignificante e impotente é o homem quando se expressa sozinho, ao contrário de quando está em grupo, quando se manifesta em bloco.


Viver Corinthians é a própria expressão cíclica das emoções humanas. É a caracterização da necessidade social de agrupamento em torno de um foco de atuação que é tão fundamental quanto qualquer uma das fisiológicas.


Amar Corinthians é amar a si próprio, amar ao próximo, amar o futuro, amar a gente, amar a idéia, ou seja, é a eterna paixão.
Saudade, Magrão


*Nota do autor: Sócrates escreveu este depoimento desde Florença. Enviou o texto manuscrito, em folha de caderno escolar, com palavras escritas desalinhadamente e até riscadas e substituídas por outras. Foi este o Sócrates que todos aprendemos a admirar: simples, humilde e modesto. Gente e povo, como a nação corinthiana, que a ele muito ensinou, que com ele muito aprendeu. Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira é também um dos nossos. Modéstia à parte.


*Nota deste blogue: Saudades de ti, Magrão. Esteja conosco no Pacaembu, ao lado de todos os imortais corinthianos dos gramados e das arquibancadas que te fazem companhia no lote de São Jorge Guerreiro. VAI CORINTHIANS!

27 junho 2012

Corinthians, modéstia à parte - Compromisso com a bandeira



Em dia de decisão, nada melhor que acalmar o coração com uma dose de corinthianismo. Eis a oitava parte da série "Corinthians, modéstia à parte", na transcrição da obra de Nailson Gondim. Fé, esperança e pensamento positivo. Mais uma guerra para a família corinthiana, e a gente tem que vencer. VAI CORINTHIANS!


-----------


Compromisso com a bandeira


Que seria se dezenas de corinthianos fossem craques do tipo que "desequilibra" qualquer jogo? A pergunta se impõe porque craque corinthiano há, senão aos tropeços pelo menos aos empurrões, mas corinthiano craque não. Por isso, não se vê tanta facilidade nas disputas do Corinthians. Tudo é difícil. A agonia está sempre rondando a sorte corinthiana. Não raro, a possibilidade de classificação - haja hipóteses! - é ameaçada por resultados de terceiros ou quarteiros, como diria aquele ex-presidente. Isto porque a equipe é formada de mais craques corinthianos do que de corinthianos craques. Coisa de regime profissional, o que acaba destruindo - como herbicida - o rogado "amor à camisa". Corinthiano craque seria desses que têm amor à camisa. Mas como são poucos, tecnicamente, restam somente - e aos milhares - corinthianos não-craques com amor à bandeira. Todos se imaginando craques para poder concluir, remontar e criar as melhores jogadas que, em campo, se desfazem tolamente às vezes. Ser corinthiano basta - isto está claro -, mas seria bem melhor ser corinthiano craque. Então, não existiriam mais problemas e os adversário iam afundar-se em desgosto. Dia de treino, no Parque São Jorge, seria um Deus-nos-acuda na fila da "peneira". Só craques no portão. E o técnico sem saber quem escolher; com dificuldades até para formar os times reservas. Aliás, nem haveria reservas. A Seleção Brasileira, por sua vez, insistiria implorando esses craques, oferecendo o mundo para os que sobrassem no Corinthians. Proposta difícil de ser aceita, pois ninguém ia querer a Seleção. O objetivo seria o Corinthians, que entraria com ofício na International Board solicitando alteração na regra para poder substituir 11 jogadores a cada dez minutos de jogo. Mas, com isso, os corinthianos correriam o risco de não mais encontrar torcida adversária. Porque os outros, sem veia nem sangue corinthianos, podiam passar - fatal, acidental ou matreiramente - para o lado do Corinthians. Melhor não ser corinthiano craque. Até porque o compromisso do povo corinthiano é com a bandeira. Camisa se troca.

19 junho 2012

Corinthians, modéstia à parte - O grito de um povo


Eis o sétimo capítulo da série "Corinthians, modéstia à parte" que vamos trazendo aqui para toda a família corinthiana. No texto de hoje, uma convocação à Fiel, um chamado para que cada corinthiano no Pacaembu e no mundo cante junto, empurrando o Coringão para mais uma vitória.

VAI CORINTHIANS! SARAVÁ, SÃO JORGE!

-----------

O grito de um povo

Não é preciso ter voz de soprano, ser tenor ou simples vocalista para fazer o Corinthians ouvir o coro que mais o sacode. Basta ser corinthiano e transformar cada nota desse coro em grito-de-guerra. O adversário treme, balança e cai. A história corinthiana conta isso desde 1910, quando os primeiros corinthianos (salve, eles que levantaram a poeira!) começaram a afastar - com seu grito - os rivais perfumados e bonitinhos dos campos de futebol. Que grito é este? Estranhavam os que somente batiam palmas de luvas e desconheciam uma legião que fazia multidão - gente de voz desafinada, mas sempre pronta para soltar seu grito e empurrar o Corinthians. Não interessa se muitas vezes esse grito fez o time tropeçar e cair. Interessa é que o empurrou, e se o fez cair foi para a frente. Esse grito vem-se arrastando pelas gerais e arquibancadas e criando um mito. Adversários são testemunhas e não negam quando o soar desse brado é forte. E os que dele precisam não escondem que é fundamental numa disputa esportiva (ainda não foi testado numa guerra civil ou militar). É um grito solicitado nos momentos difíceis. Por isso, o time procurou - com o zagueiro Juninho no comando - no jogo contra o Flamengo, no Morumbi, pela Copa Brasil de 1984. O coro explodia a um simples sinal dos que buscavam força para conter o adversário - então todo-poderoso -, que passou a correr em campo com o peso daqueles gritos e acabou goleado por 4 a 1 e desclassificado do torneio. O grito-de-guerra corinthiano, apesar de sua tradição, ficou patenteado ali. Místico, inflamante e revolucionário. Foi solicitado no jogo seguinte, contra o Fluminense, também no Morumbi, mas, dessa vez, o time perdeu de 2 a 0. Problema técnico, tático, extracampo, de incompetência alheia e divergências políticas internas que mudam resultado mas não calam esse grito nunca! Mais um jogo, agora no Rio, contra o mesmo adversário, o Fluminense. Quando a equipe entrou em campo, cerca de dez mil corinthianos estavam lá, extraindo sua fé da realidade - difícil realidade - de vencer por diferença de três gols. E o time pediu: "Empurra a gente" - braços erguidos, mãos chamando a força indispensável. Foi atentido. Mas houve empate de 0 a 0 e o Corinthians acabou desclassificado. Problema de regulamento discutível, que possibilita - explicitamente - a outro time, que não o do Corinthians, ser campeão. Não há queixas, dissabores e lamentações, porém, porque tanto nas vitórias quanto nas derrotas, esse grito carrega e arrasta como sinônimo de força. É o grito de um povo: "Corinthians!" "Corinthians!" "Corinthians!"...

13 junho 2012

Corinthians, modéstia à parte - Diário de um corinthiano


Este sexto capítulo da obra "Corinthians, modéstia à parte", de Nailson Gondim, já havia sido publicado por aqui. Mais exatamente, no dia 27 de março de 2010. Repito-o hoje, como um mantra para essa nossa batalha, pois é o que todo irmão da família alvinegra irá fazer nesta quarta-feira.

À luta! Jogai por nós, Coringão! Saravá, São Jorge!

------------

Diário de um corinthiano


Hoje vou ao estádio. Vou com a promessa de gritar mais alto. Da última vez meus gritos não foram ouvidos. Levarei a bandeira. Mas, antes, tenho que tirar aquela mancha de sorvete que respingou nela. Já remendei o buraco que aquela faísca de rojão fez na bandeira. Ficou bom, não dá para ver a costura. A camisa está lavada e passada novamente. Vou comprar outra. Esta já está desbotando e com a gola rasgada. Foi o puxão que tomei naquela briga do ano passado. Mas valeu: acertei uns 30... uns dois ou três, é verdade, e ainda fomos campeões. O ingresso comprarei no clube. Dá mais sorte. A não ser que lá na sede o pessoal tenha algum sobrando. Eu devia ter comprado quando estava lá, picando papel. Ando com a cabeça... Tem problema não, tod (eu ia dizer todavia só para parecer difícil. Melhor o feijão-com-arroz). Sim, não vou sair de casa com fome. O cachorro-quente que comi no último jogo me fez mal. Ou foi aquela lingüiça calabreza? Epa! Calabreza não. Lingüiça de porco, porque calabreza lembra... Dá no mesmo. Deixa pra lá. Preciso chegar cedo, preciso chegar cedo, preciso chegar cedo... Não posso esquecer-me disso. Esta repetição até parece o castigo que a dona Amélia me passava quando eu fugia da aula só para ver o time treinar: "Escreva cem vezes: não devo sair da aula para ver futebol". É isto que eu tenho vontade de fazer quando a gente perde um gol: "Escreva cem vezes: não devo perder gol". Ha, ha, ha... Estou rindo de minha bobagem. É que estou feliz, otimista e com o espírito em festa. Dia de jogo é assim. Ah, devo registrar meu sonho dessa madrugada: o time perdia de 10 a 1 e acabou virando para 11 a 10. Suei. Não era pra menos. E quero suar de novo, de verdade, se for para ser assim. Virar o resultado é bom demais! Aliás, nem é necessário virar. O negócio é ganhar e pronto. Por falar nisso, vou dar uma lida no jornal. Preciso saber o que estão dizendo e como vai jogar o time. Já sei tudo, é claro, mas quero apenas confirmar. O almoço está na mesa. Tem frango, polenta e ainda um pouco da dobradinha de ontem. Não vai chover. Está batendo sol aqui no meu quarto. E com a grama seca o toque de bola vai ser legal à beça. Estou até vendo um ataque arrasador, logo de cara. O primeiro gol vai sair depois de rebote. O segundo vai ser de cabeça, após cobrança de escanteio. O pênalti - vai ter pênalti - sei quem vai bater: goleiro para um lado, bola para outro.

Paradinha para um ritual: "Timão! plá-plá-plá...Timão! plá-plá-plá...Timão! plá-plá-plá..."

Acabei de almoçar, vou-me embora. Continuo na volta.

(Dia seguinte, o diário não teve registro. Também, pular um dia não faz mal. Que importa uma página branca a mais? Mas da próxima vez haverá algumas linhas. Ah, isto sim! Com gols. É. Muitos gols, muitos gols, muitos gols...)

05 junho 2012

Corinthians, modéstia à parte - Modéstia à parte


Nesta semana que antecede duas batalhas importantíssimas para toda a família corinthiana, além da obrigação de recuperar a vagabundagem demonstrada nas duas primeiras rodadas do Brasileirão, nada como o capítulo homônimo à obra de Nailson Gondim que vamos destrinchando por aqui. Fala muito daqueles que odeiam nosso amor ao Corinthians. E, ao fim do texto, vejam a beleza das palavras premonitórias de nosso caro pernambucano alvinegro.

-----------------

Modéstia à parte

Não é por nada não, mas vivam os não-corinthianos, esses dissociados que preferem proclamar-se anticorinthianos e gastam tempo procurando sombra no povo corinthiano para fugir à sua inutilidade. São invejosos em bando, porque insatisfeitos com o orgulho alheio. E, afastados disso, se definem (eles têm definição) anticorinthianos. Tomam emprestado o adjetivo comum que um povo consagrou em adjetivo pátrio e se rotulam com um prefixo negativo para se tornarem indiretamente legíveis e legítimos. São pessoas sem sorte, que dependem do jogo - mais precisamente do seu resultado - para sobreviver espiritualmente. Não vamos dizer "bem feito". Essa expressão - por questão de respeito ao próximo - picamos junto aos papéis que voam no céu de rojões a cada entrada do Corinthians em campo - o que aumenta a ira dos anti. Aí, só o prefixo, já que é fato incontestável: não é permitido - por questão de direito - que qualquer um seja citado com ajuda do maior adjetivo de um povo, principalmente porque o anticorinthianismo parece sentimento de violência pessoal, insatisfação interior e emoção retardada, ainda que cada um tenha direito a isso e responda pela ironia de seu destino. Isso explica como os anticorinthianos são perturbados com a confusão criada por eles próprios, que até se valem de um conforto: não conhecem dificuldades, por isso acham melhor - contrariando o provérbio chinês - pedir o peixe a aprender a pescar. Há deles que, de quando em quando, se traem e cantam ou assobiam o hino corinthiano que sabem tão bem, e ao se darem conta do que estão fazendo disfarçam-se rápido, o que conseguem com facilidade porque são, caracteristicamente, disfarçados. E o disfarce incomoda. Problema deles, o povo corinthiano entende por questão óbvia. Há também os que vivem acompanhando cada detalhe dos números do Corinthians nos campeonatos. Só eles podem esclarecer o motivo dessa preocupação sistemática e automática com os números negativos do Corinthians. Pois é preciso que saibam: número negativo é o que estimula o Corinthians a buscar sempre o positivo, meta que eles jamais vão assimilar. Ah, queixam-se - com a insegurança dos insensatos, a voz dos levianos e o pigarro dos mentirosos - de que o Corinthians ganhou determinado título com auxílio do juiz. Auxílio do juiz! (Então, os quase 23 anos sem título foram "auxiliados" por quem? Bem, não vamos discutir tolices deles. Basta-nos sabê-las.) Atrevem-se a falar de futebol, embora raramente sejam vistos nos estádios: "Somente em decisão" - arrotam como se dissessem coisa boa. Esquecem-se de contar os números de títulos estaduais porque ganharam menos. Alguns lembram de seus títulos nacionais; outros recorrem ao passado para arrogar-se campeão mundial. E, em coro, com intenção de humilhar ou debochar, eles perguntam: "O Corinthians já foi campeão nacional alguma vez? Campeão mundial também?" (Perguntas que deixarão de fazer para coçar a cabeça, a partir do ano da graça de 1985.) A resposta, por enquanto, só pode ser tipicamente corinthiana, para desgosto deles: "Não, modéstia à parte".