15 outubro 2012

Quem é de luta


Sou meio metido ao engajamento em lutas alheias mais do que em minhas próprias, talvez por ser intrometido ou por ter comigo que valorizar os outros é uma forma de valorizar a mim. Independentemente de explicação, sempre lembro dos professores com algum carinho - uns mais, outros menos - e também com amor depois que a melhor prô desse mundo, a Evinha, entrou na minha vida. 

Indigna-me em doses cavalares ficar sabendo de cada ingerência do poder público sobre a vida dela. São de matar o despreparo e o desprezo que governos estadual e municipal dedicam aos professores, que acabam sendo forçados a fingir adequação ao burocratismo e mercantilismo que tomou conta de toda a Educação básica. Assim sendo, impossível eu não tomar partido numa briga tão essencial.

Imaginem os senhores fazendo uma jornada diária de 12 horas e, na maioria das vezes, lidando com problemas que não são seus - há quem acredite que levar o filho na escola é o único dever da paternidade - para depois receber um contracheque vergonhoso, ver seu direito de greve podado pela PM, sindicatos e até mesmo pela opinião pública. E, ainda assim, não esmorecer e cumprir com seu dever de maneira digna e responsável? Coisa para poucos, meus caros...

Um viva a todos os profissionais da Educação desse país que passam por esses perrengues e não perdem a esperança. Isso é que são guerreiros! PARABÉNS, PROFESSORES!



09 outubro 2012

Corinthians, modéstia à parte - Nunca mais


Eis que chega ao fim a série "Corinthians, modéstia à parte", obra magnífica do jornalista pernambucano Nailson Gondim. Corinthiano de quatro costados, Gondim escreveu uma bíblia de bolso do corinthianismo, cujas palavras me catequizaram desde muito pequeno. Era uma época ainda boa, em que o futebol era visto com a seriedade devida e sem as frescuras que a modernização do esporte rapidamente implantou ao final da década de 1990. 

Era o tempo das bandeiras, dos rojões, da cerveja e do povo confraternizando nas arquibancadas e nas gerais do Brasil. Nessa época, a molecada ia ao Pacaembu e ficava encantada com todo o furdunço que a Fiel Torcida fazia, seja gritando gol, cobrando jogador e diretoria ou carregando o time nas costas quando o time não ajudava. Faço parte da última geração que vivenciou o mundo da bola sem a chatice, a babaquice e a frescura predominante hoje em dia.

A transcrição dessa obra, portanto, visa disponibilizar um pouco de tudo isso que eu pude ver. É uma contribuição pequena às futuras gerações de corinthianos que dificilmente terão acesso ao livro, já que ele está tão fora de catálogo como certas premissas e muito do comprometimento da nossa Fiel com o Corinthians. Se esses textos caírem na mão de uma criança e fizerem desse corinthianinho uma cabeça pensante, contestadora e com senso crítico sempre ligado, acredito que a missão de Nailson Gondim estará cumprida.

VIVA O CORINTHIANS! 

-----------

Nunca mais

Corinthians, você não vai ouvir mais nosso grito. De agora em diante, vamos ficar alegres somente com a vitória dos adversários. E sairemos por aí, em festa, cada um vestindo uma camisa diferente da sua. Não encontraremos nenhuma bandeira corinthiana pela frente. Quando você entrar em campo, haverá apenas indiferença. Silêncio amplo, geral e irrestrito. Pouco adiantará sua luta nos estádios, porque cada gol que você marcar vaiaremos. Nossos rojões serão apenas para os outros times. Se o juiz errar a favor dos adversários, acharemos bom. Deixaremos o estádio cantando outros hinos, abraçados com anticorinthianos. E em cada jogo vamos pedir olé contra você. Sabe aqueles chutes que passam por fora, bem longe do gol? Quando você der um desses, chatearemos assim, ó: "Uuuuuumm!..." Nas nossas faixas, você não encontrará mais a indicação "Fiel". Até o nosso suor vamos negar: suaremos frio, como as outras torcidas. Sangue? Nem saberemos se é vermelho, amarelo ou lilás. E toda vez que você tomar um gol pediremos "mais um!..." Apontaremos irregularidades nas suas vitórias, pressionaremos os juízes e bandeirinhas para que roubem para os adversários, e quando a bola cair nas arquibancadas a gente vai segurá-la para fazer cera se você estiver perdendo. Vamos organizar caravanas e encher estádios só para incentivar os adversários. Ou nem fazer isso, que é para deixar você sozinho. Sim, queimaremos nossas bandeiras; e tudo que for branco e preto não usaremos mais. Em seus jogos não irão mais o pipoqueiro, o sorveteiro e o vendedor de bandeiras. E o motorista da CMTC vai errar o caminho do estádio só para não levar público para você. Vamos apoiar os oportunistas e golpistas que de vez em quando aparecem na disputa pelo poder corinthiano, provocar crises internas no Parque São Jorge e pedir a volta dos técnicos incompetentes. Faremos tudo para você não ser mais campeão de nada. Será o fim do legendário Sport Club Corinthians Paulista.

É verdade, Corinthians, isso não passa de uma brincadeira. Brincadeira sem graça e de mau gosto, tem razão. Perdoe-nos. Nunca mais brincaremos assim com você. Nunca mais...

CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! CORINTHIANS! 

04 outubro 2012

Abrindo o jogo


Amigos e amigas, venho aqui abrir o jogo e apontar a vocês que visitam este espaço as minhas escolhas para o pleito do próximo domingo. Há quatro anos, ou melhor, há oito anos, São Paulo mergulhou numa obscura política proibitiva encabeçada pela gestão Serra/Kassab. A cidade, ao contrário do país, parou. Tudo está sucateado, inclusive as idéias do paulistano. Desde a posse dessa lamentável administração, vamos apenas sobrevivendo a partir de determinações absurdas que não permitem a distribuição de livros e comida para moradores de rua.

São Paulo, portanto, carece de uma mudança de rumos para correr atrás de tudo aquilo que poderia ter feito, principalmente no que diz respeito às oportunidades de inclusão que as realidades política e econômica brasileiras proporcionaram nos últimos tempos. Não dá para ficarmos nesse marasmo, nesse incentivo ao individualismo. São Paulo precisa de gente na rua, de gente nos bares e na noite, precisa de barracas de pernil na porta dos estádios com a população falando sobre o dia a dia, convivendo com o diverso e se sentindo integrado à cidade.

É fato que essa guinada só é possível com a eleição de Fernando Haddad (13) para a prefeitura. Mais do que representar o "novo" que sua campanha prega, Haddad é o candidato do projeto aclamado pelo resto do país com a eleição do ex-presidente Lula. É fazer a coisa andar e não governar voltando o nariz para ideologias conservadoras e reacionárias. Mas se você não se convence com o Brasil em ascensão de Lula e é pragmático, note que a candidatura de Haddad é a única que apresentou um plano de governo consistente, com estudo da realidade e a proposição de intervenções que valorizam a convivência coletiva, como o Arco do Futuro e o Bilhete Único Mensal. 

Já com relação à vereança, vou de Jamil Murad (65123). É a terceira vez que Jamil merece meu voto, não só por ser um camarada de partido, mas por encampar algumas importantes ações parlamentares na área dos Direitos Humanos e da Saúde. Para saber o que fez Jamil em seu último mandato, vale visitar a página do candidato. Pessoalmente, relatos que ouvi daqueles que se beneficiaram com seu trabalho no Legislativo me fazem classificá-lo como um grande humanitário, responsável por incontáveis pequenos atos que mudaram a vida de muita gente e que justificam cada voto que recebe.

Eis aí minha declaração de voto para tentar ajudar quem ainda estiver indeciso ou não muito decidido com os candidatos que aí estão. É preciso reverter o cenário cada vez mais excludente e babaca da capital paulista. Como diria o grande estadista gaúcho, "vamos dizer um NÃO rotundo que tu tens abafado no teu peito" a essa sanha retrógrada simbolizada tanto por Serra/Kassab quanto por Russomanno. Esse pessoal é o atraso, é o colonialismo, é a falta de compromisso e a dissimulação. E se você concorda comigo, peça seu voto à família e aos amigos. Assim faremos, todos juntos, as transformações necessárias.

Até domingo e HADDAD NELES! JAMIL NELES!

02 outubro 2012

Corinthians, modéstia à parte - Desfilando na avenida


Confesso que esse capítulo eu reproduzo meio contrariado. Fala dos Gaviões da Fiel como escola de samba, à época do livro ainda como bloco. Nailson Gondim conta em seu "Corinthians, modéstia à parte" como eram os dias da organizada no Carnaval da alegria. E é só isso que eu tenho a dizer sobre o assunto.

-----------

Desfilando na avenida

Quando chega o Carnaval, o Corinthians entra na avenida com os pés dos "gaviões". E o sempre campeão Grêmio Gaviões da Fiel Torcida levanta as arquibancadas, faz o povo cantar e é sensação na passarela. Apresenta um desfile de garra, tipicamente corinthiano. O suor que escorre é sangue, o cansaço não intimida e a rouquidão é problema só para o dia seguinte. Pouco importam os milhares de metros da pista. O asfalto é um desafio que não assusta. As alas se unem, todos parecem desfilar de mãos dadas e a emoção empurra os componentes do bloco até a chegada, como se o grupo tivesse como meta o gol adversário. E tem. Por isso, o esforço coletivo é mostrado com disciplina aos jurados. E, como num jogo, os minutos são contados. Ninguém facilita. A marcação é rígida e todo passe é medido. A cobertura é perfeita e não falta entusiasmo. Os diretores de cada ala gritam sem parar, como se fosse capitães do time ou técnicos. É o grito que nunca deve faltar dentro de campo ou no banco de reservas. Nada de toques de lado, dribles desnecessários e displicência. Luta!!! E o chão sente o peso corinthiano. A avenida - seja qual for - brilha com o branco e preto, as arquibancadas se alvoroçam e os "gaviões" passa, arrastando a vitória indiscutível. A fantasia já não está fora da medida; o calo só vai incomodar depois (calo corinthiano é assim); e o fôlego castigado não impede um passo a mais. É o Corinthians lutando sem esmorecer, o coração batendo forte e todo o povo junto, na mesma caminhada. O ritmo é igual do começo ao fim; o esquema é a raça. Nenhum segredo. O que faz a diferença para os adversários é que, quando soa o sinal para a partida, o bloco acompanha o grito-de-guerra da multidão: "Corinthians!" "Corinthians!" ... Isto arrepia.