26 novembro 2007

Bolachas...


A mensagem abaixo foi enviada a alguns jornalistas esportivos, mas expressa a canalhice que é a troca de ingressos por bolachas da Nestlé. Durante todo o campeonato, os torcedores foram prejudicados com essa ação, que me cheira a lavagem de dinheiro das brabas. Na quase certeza de que ninguém vai falar uma vírgula sobre o caso, publico aqui também pra não passar batido. O motivo? Simples: a Nestlé banca publicidade em todos os veículos que trata de futebol. E ainda querem vir pagar de defensores da moral? Às favas, imprensa suja!

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Amigos.

Desculpe tomar-lhes o tempo precioso, mas não consegui conter os dedos no teclado diante do absurdo que se deu no último fim de semana com relação à troca de bolachas da marca Nestlé por ingressos do jogo Corinthians x Vasco. A divulgação para pessoas da imprensa esportiva é para que isso não fique restrito ao meu blog, cuja ridícula marca de 30 pageviews por semana se garante pela visita de amigos tão ou mais indignados com o assassinato que se comete ao futebol brasileiro dia-a-dia.

O caso é que me veio duas perguntas à mente. Como é possível que 30 mil ingressos se esgotem em menos de duas horas, já que cada torcedor pode retirar no máximo quatro? E mais: o que vou fazer com os pacotes de bolacha que comprei? Serei reembolsado pela Nestlé?

A entrada dessa empresa no futebol deveria, em princípio, ter levantado suspeitas. Porque é indício de prejuízo certo. O valor pago aos clubes com mando de jogo dificilmente foi atingido nas primeiras rodadas somente com a venda dos tais pacotes de bolacha. Me cheira muito a lavagem de dinheiro (e me lembra MSI).

Em não se levantando suspeitas com relação a isso, como explicar o fato de que cambistas já tinham ingressos das bolachas antes mesmo dos postos de troca terem iniciado as atividades - coisa que se repete desde o começo do Brasileirão e dá origem a coisas absurdas como o público presente ser muito menor que o público pagante.

Aí, temos confusões como a do último fim de semana ou como no último jogo do Flamengo. O velho esquema de distribuição privilegiada de ingressos toma conta até mesmo daquilo que é vendido pela própria imprensa como exemplo de "organização e da volta das famílias ao estádio". Ficamos obrigados a pagar extorsivos R$30 de cambistas - cuja atuação é descarada frente à polícia - e ainda temos que escutar que não devemos comprar para não alimentar essa indústria. Pois bem: eu jamais deixaria de ver um jogo do meu time por causa disso. O combate aos cambistas deve ser feito na origem, mas a opinião pública joga a culpa no torcedor.

Estranhamente, o caso é tratado pela imprensa até com certo desprezo. Ninguém menciona uma palavra sobre esse problema, talvez por restrições comerciais. Afinal de contas, os caras são anunciantes em potencial e trata-se de uma veiculação bem atraente. Mas seria isso o jornalismo responsável e a serviço do público?

Deixo, por fim, o desafio. Ao invés de irem aos estádios (aos que vão, obviamente, porque muitos comentam futebol e não pisam em um estádio há décadas) usando credenciais, experimentem as vias normais. Talvez assim a imprensa esportiva passe a ter uma visão menos distorcida do esporte e se indigne com esses e outros casos, como foi o fim das gerais no Maracanã.

Abraços.

Claudio Yida Jr.


22 novembro 2007

Copa das Elites (ou 2014 - parte II)


Pode parecer repetitivo, mas ao ler a cobertura sobre o último jogo da seleção no Morumbi não segurei a ânsia (só a de vômito). Reproduzo aqui o que postei sobre o caso no !ObaOba, com as devidas alterações estilísticas.

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Nessa última quarta-feira, a seleção brasileira parou a cidade de São Paulo. Antecipou, para muitos, o que vai acontecer daqui a sete anos, quando o país receber a Copa de 2014. A Rede Globo até fez uma festa (fajuta, diga-se) com o anúncio. O argumento principal são os benefícios que o evento irá trazer para o país, como estádios com boa estrutura, além de melhorias nos transportes coletivos e a geração de empregos.

Pois eu acho isso uma verdadeira balela. Não só não vai mudar nada como o poder público terá que colocar dinheiro, assim como foi no Pan deste 2007. Mas o fator principal - e que poucos estão enxergando - é a elitização do esporte, fato que desde já se faz presente.

Para não ficar só no achismo, tomemos como base o mesmo jogo supracitado. Em matéria da Falha de S.Paulo, algumas peculiaridades, vistas também no jogo do Maracanã em rodada anterior. Seguem alguns trechos da notícia de Luís Ferrari, sob o título "Ensaio de 2014 prevê Copa elitizada":

- "Outro reflexo disso eram os preços praticados nos estacionamentos: R$100, em parte decorrente da prefeitura paulistana para combater o comércio informal nos arredores do Morumbi (...) apenas três estacionamentos estavam abertos. E um deles havia firmado convênio para atender com exclusividade os freqüentadores de um dos camarotes"

- "No bolsão em que costumam funcionar barraquinhas de lanches, havia só duas tendas da prefeitura. O problema é que, dentro do estádio, não houve reforço na alimentação oferecida ao torcedor 'comum' (...) Para quem foi aos camarotes, porém, a fome não foi problema",

- "Bebidas alcóolicas também foram consumidas pelo público. Mais uma vez, quem esteve nos setores mais exclusivos teve maior tranqüilidade (...) Já o torcedor comum continuou sem autorização para beber cerveja dentro do estádio - e teve mais problemas que o de costume para fazê-lo fora."

Pois então, senhores. Vejam o que aconteceu. Isso sem citar o fato de que a maioria dos ingressos foi destinado à promoções. Os que foram vendidos, chegaram às bilheterias com o extorsivo preço de R$60 (arquibancada mais barata). Na mesma Folha, há fotos de um dos camarotes, que contava até com DJs e música eletrônica. A pergunta é: FUTEBOL E MÚSICA ELETRÔNICA???

Para concluir - e não me estenderei com relação aos problemas estruturais que essa Copa irá trazer para clubes e atletas -, deixo aqui indagações. A primeira: por que a lei só vale para os torcedores que pagam ingresso? A segunda: por que os mais ricos vão de camarote (gratuito) e o povo tem que pagar um absurdo por um ingresso? A terceira: os preços dos campeonatos regionais, nacionais e latino-americanos irão acompanhar o ágio da Copa?

Eis a elitização, caros. Querem acabar com mais uma alegria popular, é mais um desafogo do povo que vai parar na mão dos poucos endinheirados. No Maracanã, por exemplo, sumiram com as lendárias gerais e, no lugar, colocaram cadeiras e uma placa onde se lê que deve-se assistir ao jogo sentado. Daqui a pouco, e não demora muito, teremos que nos conter como no tênis ao gritar gol. E morre o futebol brasileiro. Pensem bem antes de comemorar a Copa por aqui...

19 novembro 2007

30


Você, que aos 30 me inspira viver mais uns 80 só pra estar ao teu lado.

Hoje o dia é só teu. Que ele tivesse 30 horas, só pra ser o dia mais longo do ano e fazer jus a quem o embeleza.

30 são os dias dos meses que os têm e os quais eu passo a pensar em você (os que têm 31 e o que tem 28 ou 29 também são dedicados a você).

Que 30 milésimos de segundo seja o tempo que passamos separados.

Amo-te infinitamente.

PARABÉNS!


09 novembro 2007

2014


Já faz um tempinho que saiu o anúncio da Copa do Mundo aqui no Brasil e, antes mesmo dele, sempre fui contra a idéia. Desde que confirmada a triste notícia, afirmei e reafirmei - ao lado do Barneschi - que isso representa a morte do futebol brasileiro. Muitos não entenderam e outros acharam exagero. Alguns, se quiserem cornetar, podem até achar algum comentário meu favorável ao Pan 2007. Então, vamos lá.

Sobre o Pan, realmente foi uma babaquice. Se fosse para defender candidatura eu também seria contra. Mas Inês já era morta nesse caso. O grande bafafá todo se deu na participação financeira excessiva do governo. Porém, eu exergo de uma maneira diferente. O Pan trata de diversas modalidades. E algumas delas realmente foram beneficiadas, já que funcionam à base do puro amadorismo - pra não dizer mendicância. Mas o essencial é: são mera recreação.

Esporte mesmo é o futebol. Movimenta massas e milhões. Desperta amores (ninguém aqui ficou sem dormir porque a Jade Barbosa errou aqueles pulos). É nessa essência passional que a Copa no Brasil irá mexer.

Vejam: os estádios, ao se adaptarem aos "padrões FIFA", terão cadeiras numeradas. Tendo cadeiras, teremos que assistir aos jogos sentados. Durante a Copa, foda-se. Mas eu NUNCA assisto ao jogo sentado. Isso é inconcebível! Outro grande problema vai ser a elitização do esporte. Os ingressos, que hoje já são caros, irão atingir um patamar estratosférico após o evento. Nunca mais o povo terá seu ópio. Provas? Acabaram com a geral do Maracanã e no Pq Antártica entrará em vigor um tal setor VIP, que está fazendo a porcada gritar até com a nonna.

Fora esses problemas de essência, muitos outros virão:

- consolidação dos pontos corridos
- europeização do futebol latino-americano
- definhamento dos clubes por conta da supervalorização de atletas
- atrelamento ao calendário europeu, dando fim aos charmosos campeonatos regionais
- fim das organizadas

É claro. A massa ignóbil não enxerga os males da realização da Copa porque está mais preocupada com o feriado de um mês que irá se instalar por aqui. Sem querer ser do contra demais, isso só dá motivo para eu achar que não há nenhuma possibilidade de aceitar reclamações de qualquer natureza (sobre política, políticos, violência) desse tipo de gente. Eu não entro aqui nem no mérito do financiamento público - não previsto mas que irá ocorrer sem sombra de dúvida. Se o problema do país fosse esse, estaríamos em melhor situação (assim como o problema do país também não é CPMF, amantes de senadores, leites e crise aérea).

Porém, num lugar onde o atual campeão nacional empenha uma campanha conhecida como "Dia da Conversão", em que estipula o amor ao time via contrato - leia mais aqui (só para assinantes Folha ou UOL) - é certo que dias cada vez mais sombrios estarão rondando a paixão do povo brasileiro. Repito: depois não venham os ignóbeis reclamar!