23 dezembro 2010
Esse feijão tá cheiroso
"Mãe eu lembro tanto a nossa casa
As coisas que falou quando eu saí"
Coisa de um ano atrás, foram embora de maneira brusca e num curto intervalo duas das pessoas mais importantes, minha tia e meu avô, ambos fontes abundantes e perenes daqueles ensinamentos que a gente guarda no compartimento do caráter.
Meu avô, Teruo, veio ao Brasil no começo do século, deixando sua terra por conta de uma política governamental japonesa que não assistia famílias com certo número de filhos. Salvando seus irmãos da miséria, o velho tomou um navio e despencou por essas bandas para trabalhar na lavoura. Chegando com uma mão na frente e outra atrás, fincou seus alicerces de mansinho e à base de muito suor. Recebeu dos brasileiros um nome que resume bem sua trajetória, e nas feiras onde batia ponto todo santo dia era chamado de Jorge.
Teruo - ou Jorge - teve minha mãe, meu tio e a Terezinha, assim, no diminutivo. Dizia o velho tratar-se de homenagem a uma professora que ajudou muito a família. Minha tia, apesar do inha no nome, era uma gigante. Dos três irmãos, foi a que mais se deu bem na vida, em todos os aspectos. Não casou, não teve filhos e, ainda que tenha se dedicado a cuidar dos pais desde que sobrou na casa dos velhos, não partiu passando vontade e conseguiu tempo para ser a segunda figura materna de todos os cinco sobrinhos.
Outro dia, numa dessas lembranças que a morte impõe, me dei conta de um dos meus elos com os dois: o feijão inimaginável que só eles sabiam fazer. O troço tinha um caldo espesso, quase caramelizado, e a sustância era corroborada pelos nacos de bacon e calabresa que boiavam junto da turma de grãos tipo carioquinha, sempre macios. Nunca (e não é exagero) comi algo que chegasse aos pés daquele feijão.
Pode parecer injusto para caralho que a receita desse divino rango esteja enterrada naquela cova pouco merecedora dos três. Mas percebi que, mesmo a sete palmos do chão, o cheiro do feijão segue adiante, porque o importante é manter a boa essência daquilo que ficou para trás dentro do nosso peito. Eis um bom balanço para o ano que acaba.
Até 2011.
16 dezembro 2010
Quanto riso, ó, quanta alegria!
No dia 16 de dezembro de 1990, a Nação Alvinegra fazia uma das maiores festas de sua centenária história. Levantávamos, pela primeira vez, a taça de Campeão Brasileiro, dando uma noção mais concreta àquilo que queria dizer Toquinho em "ser corinthiano é ser também um pouco mais brasileiro".
A campanha toda, e principalmente a fase eliminatória, foi um Deus-nos-acuda jamais visto. Passamos pelos adversários na marra, contando com a raça de um elenco de trabalhadores e um gênio, além da força da Fiel Torcida. Força tão memorável, aliás, que no jogo contra o atlético/mg - diz a lenda - havia tanta gente na Praça Charles Miller quanto dentro do Pacaembu. E naquela época, 60 mil no Templo Sagrado cabia fácil.
Obrigado a todos os guerreiros que deram essa alegria ao Time do Povo! Obrigado especial aos meus ídolos Neto, Ronaldo, Tupãnzinho, Wilson Mano e Márcio. Vocês não têm a mínima noção do que significam para cada corinthiano espalhado por esse mundo. Obrigado, São Jorge!
VIVA O CORINTHIANS!
14 dezembro 2010
Alguma coisa só pode estar errada...
** Atualização: o problema descrito abaixo foi solucionado hoje, 15 de dezembro. Perguntas que ficam: por que mexeram nisso? E se eu ou mais gente que percebeu não gritasse?
Post em forma de desabafo, pois algumas coisas que acontecem simplesmente não podem passar em branco. Apareceu no Twitter uma mensagem do Fiel Torcedor, esquema de aquisição de ingressos do Corinthians pela internet, dizendo que seria anunciada para breve a venda referente à Libertadores 2011. A fim de conferir se estava tudo certo com meu cadastro, resolvi entrar no meu perfil, associado que sou desde 2008. Um ano em que, vale sempre lembrar, a Fiel Torcida viveu seu pior martírio e que todos estávamos lá cumprindo nossa obrigação e pagando pela filhadaputice de um certo senhor.
Pois bem. Desde então, somava no meu histórico de compras 72 ingressos. A importância disso? Enorme! Primeiro que isso me dá uma legitimidade absurda para fazer todas as críticas que faço neste blogue contra os sujos que habitam as salas ar-condicionadas do Parque São Jorge. Segundo que, provavelmente, esse rankeamento me permitiria uma merecida situação privilegiada na aquisição de ingressos para o já citado e concorrido torneio sul-americano (isso, ao menos, foi o procedimento na edição 2010).
Qual não foi minha surpresa ao entrar no site do FT e ver que boa dúzia daquelas 72 partidas havia sumido. Perguntei a amigos, também associados, e o problema era padrão. O raciocínio, ao menos para mim, foi óbvio: deram uma manipulada marota na contagem de quem tinha muitos jogos para beneficiar os aproveitadores, os batedores de palmas hipócritas que abandonam o Timão e não cumprem seu papel de cidadão corinthiano. O problema foi que eu vi e aí #xingueimuitonotwitter, aqui e aqui.
O melhor, no entanto, vem agora. O perfil do FT me responde prontamente – perdoem os erros grosseiros de português:
@craudio99 Obrigado Pela Preferência. / O Twitter é um meio de comunicação e não duvidas. Tiramos as dúvidas com Prazer e ainda temos que ver cada coisa.
Eu, que trabalho com esse negócio de vendas online há um tempo considerável para saber o que são boas práticas de relacionamento, não tive outra reação senão ficar chocado e indignado. Bate-boca daqui e dali, eis que o tal perfil me sugere enviar um e-mail para “solução do problema”. Caso você não tenha ficado pasmo até agora, o diálogo por e-mail que segue é um tranco no peito (de novo, ignore o assassinato da língua):
Eu - Referente às críticas no twitter. Verificar histórico. matricula xxxxxx. Há outros amigos meus com o mesmo problema.
FT - Caro amigo, o Twitter apenas para comunicados. Estamos ajudando a todos por apoiar todos os torcedor. Irei verificar para você ok? Abraços
Eu - Perfeito, e eu comuniquei aos meus amigos do problema que estava acontecendo. Só acho que algo como isso - http://twitter.com/fieltorcedor_10/status/14679464017395712 - não é maneira de se tratar nenhum caso. Agradeço o atendimento e peço que estendam a todos os associados, porque o problema não é só comigo.
FT - Caro amigo, o twitter é apenas para comunicados para deixar todos informados. Você também causou uma crise de problemas e socios falando critica direta. Não foi Correto também... Estamos vendo o seu problema Grato
Eu - Como é que é? Quer dizer que eu não posso criticar? É censura??? Vocês só podem estar de brincadeira...
FT - Não amigo. Claro que pode,moramos em um Pais Democratico. Mais criticas CONSTRUTIVAS. LEMBRANDO QUE O FIELTORCEDOR É DEPENDENTE DO CORINTHIANS. GRATO
É nas mãos dessa gente que está o glorioso, o Centenário, o Gigantesco Sport Club Corinthians Paulista. É essa a “marca valiosa”. São esses os profissionais gabaritados escolhidos por aquele diretor de marketing que só sabe fazer camisetinhas babacas. E isso tudo é qualquer coisa, menos Corinthians.
ACORDA, FIEL!
13 dezembro 2010
Curtas
Só para desafogar algumas inquietações:
- há esse bafafá sobre Adriano no Corinthians. Primeiro, que é um artifício da diretoria para abafar a mediocridade dos vagabundos nas últimas rodadas do Brasileiro. Segundo, que tem nego achando ruim e ignorando aquele fardo muito mais pesado (literalmente) que nos emperra desde agosto de 2009. Entre dois gordos sem caráter, prefiro o Adriano por ser mais decisivo, principalmente contra os argentinos que podemos enfrentar na Libertadores - argentino treme de medo só de vê-lo no gramado. Terceiro que, declarada aberta a temporada de fofocas sobre Adriano no Timão, ele de repente ficou mais bandido. E vale sempre lembrar: eu defendia o ataque da seleção na última Copa com Adriano de centroavante.
- aí aparece uma pesquisa safada dizendo que a marca Corinthians é a mais valiosa. Marca? MARCA? O Corinthians é uma entidade! Pau no cu de marca! Eu quero ver esses babacas que estão batendo palminhas hipócritas para mais uma nuvem de fumaça do marketing reclamarem dos preços dos ingressos no ano que vem...
- o Blogue do Timão levanta um debate pertinente sobre os cargos diretivos do Corinthians.
- estou trabalhando como um mouro. Isso nunca é bom.
- terei um amigo secreto familiar no Natal. Isso também nunca é bom.
- falando em Natal e esse chatíssimo mês de dezembro, eis Luiz Antônio Simas e seu texto definitivo sobre as comemorações de fim de ano.
- falando em dezembro, cada dia a menos de governo Lula traz uma sensação esquisita de imaginar a presidência sem o Barba.
- falando em troca de cadeiras, vai batendo a certeza de que vou chorar muito às 14h do dia 01 de janeiro, quando Dilma subir a rampa.
07 dezembro 2010
Hora da Patrulha
É certo que muito da superlotação do trânsito em São Paulo se dá por conta da cabacice dos motoristas, a grande maioria deles um bando de despreparados para dirigir. As barbaridades pelas ruas a gente vê de minuto em minuto, basta lembrar dos posts "A bunda-molice" e "Guerra Santa no trânsito". No entanto, o outro pilar de sustentação dessa praga que são os congestionamentos atende pelo nome de Companhia de Engenharia de Tráfego.
Órgão mais odiado da administração municipal, a CET, por coordenar o bando de cabaços, sempre foi um antro de jumentos. Possivelmente, a especialização engenharia de tráfego nas faculdades da área seja a menos concorrida, pois não há outra explicação para haver tantos prejudicados cerebrais num único lugar. O problema é que essa característica tão marcante se intensificou a partir do alinhamento dos marronzinhos à brilhante dupla Serra/Kassab, que há seis anos vem devastando a capital paulista.
Antes canalha apenas tecnicamente, a CET passou a servir aos demo-tucanos como instrumento de retaliações políticas. Três meses atrás, instituiu-se que os caminhões ficariam proibidos de circular na Marginal Pinheiros. Festa na Chucri Zaidan, comemorações no prédio da Abril, o pessoal do Alto de Pinheiros (onde mora Serra), Jardins (onde mora o Kassab), Vila Olímpia, Brooklin, Berrini e Interlagos acharam um luxo. Só que além de não ter resolvido a questão da intrafegável e fedorenta beira-rio - porque você abre espaço para os carros e mais deles se deslocam para lá -, simplesmente abarrotaram as bordas da cidade de caminhões, justamente os locais em que essa escumalha vive tomando sonoras tundas eleitorais...
Descreverei meu caso para exemplificar melhor o que muita gente está passando todo dia. Meu caminho até o trabalho consiste em pegar a Av. Francisco Morato, depois Estrada do Campo Limpo e, finalmente, atravessar a Carlos Caldeira e Estrada de Itapecerica. Na volta, Carlos Caldeira, Giovanni Gronchi, Guilherme Dummont Villares, Francisco Morato e Eliseu de Almeida. Ou seja, é exatamente o desvio que muitos veículos pesados adotaram para fugir das multas e do agora congestionado e pedagiado Rodoanel.
Para quem conhece tais vias, fica muito claro como é absurdo elas receberem caminhões durante todo o dia (em especial a Estrada do Campo Limpo, cujo trecho entre o Terminal Campo Limpo e o cruzamento com a Carlos Caldeira é de pista única). Para mim, o resultado foi de dez a vinte minutos a mais no trajeto casa-trabalho-casa. Para grande parte da população dessas áreas que dependem de transporte público, o prejuízo é imensurável.
Mas é preciso fazer justiça. Nosso generalzinho mandou que a CET revisse o impacto da citada restrição no paupérrimo e miserável bairro do Morumbi, já que as madames da quebrada reclamaram muito. Por outro lado, Capão Redondo, Parque Arariba, Capelinha, Campo Limpo, Jardim Umarizal, Jardim Maria Sampaio, Jardim Ferreira, divisa de Taboão da Serra e adjacências, durmam com um barulho desses!
Notadamente, a gestão Serra/Kassab vai entrar para a história como aquela que tudo proibiu e nada deu de contrapartida ou solução. Trabalham para poucos, prejudicam a maioria e invertem a ordem de atuação do Estado na sociedade. No entanto, mídia e classe média - esta última também se fode, mas finge que não vê - acredita morar num vilarejo auto-sustentável da Finlândia.
Sorria, São Paulo.
06 dezembro 2010
Balanço da arquibancada
Apesar da participação do Corinthians no modorrento campeonato de pontos corridos ter se encerrado de maneira condizente com essa ridícula fórmula de disputa, 2010 foi quando faturamos o grande título do dia 1º de setembro, com o povo celebrando 100 anos da obra cujos alicerces foram erguidos pelos cinco operários do Bom Retiro. Nessa renovação astral, tivemos também algumas lições necessárias para o começo da nova era. São Jorge escreveu suas advertências por linhas tortas, pois o Santo Guerreiro jamais ajuda vagabundos, como costuma alertar o Filipe.
A Fiel Torcida, entre erros e acertos, lotou as arquibancadas dentro e fora de casa, fazendo sua parte e vestindo sempre uma única camisa. Elevamos, porque é de nosso feitio e nossa obrigação, a instituição Corinthians. Celebramos o Centenário de uma utopia popular. Jamais botamos em xeque o imenso e valoroso amor que temos pelo clube. Vimos que o ódio do resto do mundo contra nós atinge níveis que vão além da atmosfera, o que só enaltece o gigante Coringão. No saldo, permanecemos o norte alheio.
Restringindo a análise ao time, o caça às bruxas que não foi feito (não sei por que) em maio deve acontecer agora. Vagabundos que há algum tempo vêm sendo encostos no Parque São Jorge precisam ser sumariamente eliminados, em todas as seções. Esses merdas são como erva daninha a contaminar aqueles que têm um pouco de decência no devastado mundo do futebol. Além disso, a pífia apresentação dos jogadores na última rodada eu dedico aos hipócritas das palminhas que adoram celebrar a incompetência e a falta de sangue nas veias. Vale o recado: desapareçam em 2011. Se depender de mim, qualquer oportunidade de agressão não será desperdiçada.
Noves fora, ao término da partida de ontem fiz minha parte ao calar rojões, gritinhos histéricos e chafurdos esquizofrênicos da vizinhança - saímos na rua eu, Janeiro e mais uns três moleques. O grito de "Corinthians!" prevaleceu porque é aquele que tem alma e certeza de que o amor pelo alvinegro independe de resultados na tabela. A raiva do corinthiano preserva nossos símbolo, cores e bandeira, ao mesmo tempo em que é canalizada a quem merece: canalhas da diretoria, jogadores sem-vergonha e técnicos cuzões. Ainda assim, entre os grandes do Estado, o Corinthians obteve o melhor desempenho e saiu invicto dos clássicos.
Para quem acredita que a artilharia pesada contra o corinthianismo irá diminuir na próxima temporada, tire o cavalo da chuva. Diante de mais uma tentativa frustrada de nos diminuir, nosso espírito deve estar sempre armado. A luta contra "a torcida que tem um time", energia vital dos carniceiros, não cessa jamais. Lealdade, humildade, procedimento. Corinthians acima de tudo. Aproveitemos o recesso para renovar as energias porque em janeiro começam os campeonatos de verdade.
PELO CORINTHIANS, COM MUITO AMOR, ATÉ O FIM!
Atualização: eu vivo postando esse vídeo com o líder Roberto Daga, discursando à Fiel num momento histórico - pra mim a última mobilização política dessa torcida. Corinthianismo puro.
29 novembro 2010
Só termina quando acaba
Após a penúltima rodada do modorrento campeonato de pontos corridos, a Fiel Torcida saía do Pacaembu com um misto de ansiedade e apreensão. Há uma inexplicável aura que, vez ou outra, paira sobre o Templo Sagrado e nos dá a certeza das coisas favoráveis na jornada. Tem vezes que o indício é a Lua de São Jorge, por outras a vibração comovente da massa alvinegra. Já no último domingo, aliou-se à ausência desse conjunto de sensações a obviedade dos resultados que figuram na tabela. Assim, enquanto me dirigia ao lote habitual na arquibancada, pensava apenas na luta árdua que iríamos ter contra o vasco.
Por outro lado, e mesmo com a tarefa do próximo final de semana sendo dificílima, um dos pilares de sustentação do Corinthians foi erguido a partir do imponderável. De maneira que seremos 30 milhões no Planalto Central, corpo presente ou no espírito, trabalhando junto do Santo Guerreiro para que a supracitada aura positiva tome conta do universo e tudo conspire a nosso favor.
Minha fé maior mora no fato de 2010 ser o ano do povo. Tivemos vitórias em âmbitos diversos da sociedade, todas elas depois de muitos percalços, campanhas difamatórias e distorções da realidade. No mundo da bola, no entanto, nenhuma glória - ao mesmo tempo, a destruição de estádios lendários pelo país foram derrotas amargas. Portanto, nada me tira da cabeça que está mais do que na hora do povo celebrar em campo. E o Time do Povo somos o Corinthians.
PELO CORINTHIANS, COM MUITO AMOR, ATÉ O FIM!
27 novembro 2010
Corinthians! Corinthians!
Amanhã é dia! Raça e sangue no olho. São Jorge está conosco e o Corinthians tem que ser Corinthians.
Um salve aos ancestrais. Um salve a cada corinthiano que já se foi. Estaremos todos no Templo Sagrado levando a voz de cada um de vocês para empurrar o time à vitória.
VAI CORINTHIANS!
26 novembro 2010
Só uma pergunta
Eu não resisto. E também não me perdôo por ter esquecido desse detalhe - aliás, não vi isso em nenhum dos blogues corinthianos que leio. Fato é que na semana seguinte ao jogo contra as marias, a artilharia mirou o Corinthians e não cessou desde então. Usaram palavras como "dignidade", "moralidade", "limpeza" e que tais como contraposição ao Time do Povo. Falaram que o "futebol estava deixando de ser coisa pra homem"...
Deixo, então, apenas uma pergunta: no viril esporte bradado, isso seria falta?
De resto, domingo é dia de levar sal grosso no Templo Sagrado para dar uma descarregada (como bem lembrou o Filipe) e gritar pelo Timão. O resto, deixemos por conta de São Jorge, que ele sempre olha por nós.
VAI CORINTHIANS!
25 novembro 2010
Menestréis da memória
Tente encontrar um brasileiro que não tenha na memória pelo menos cinco músicas de Michael Sullivan e Paulo Massadas, essa que é uma das mais geniais dobradas de compositores do país. A aparente ousadia da afirmação se baseia tão somente na incrível lavagem cerebral que esses caras fizeram e ainda fazem há décadas, educando e formando culturalmente gerações e gerações.
Bate-pronto, os chatos de plantão dirão que "eles contaram com o jabá das grandes gravadoras". Bons tempos em que jabá era tão bem aplicado e bancava artistas de real talento, e não essas bostas adolescentes coloridas atuais. Para comprovar que há profunda diferença qualitativa no caixa 2 fonográfico de antigamente - ao menos, no seu propósito -, tasco um desafio. Recentemente, uma das bandas de maior evidência no quesito paga-que-eu-te-toco-até-enjoar era o tal Charlie Brown Jr. Abertura de Malhação, música em novela, cinco clipes diferentes rodando a MTV, freqüentadores assíduos das falseadas paradas de sucesso das FMs. Voltemos à assertiva do começo do texto e tente recordar cinco porcarias da trupe liderada pelo quarentão que não quer deixar de ser teen. Então...
Seguindo essa linha, vou deixar agora uma listagem que aparece na coletânea "Amor Eterno", que compilou alguns sucessos da dupla. Ei-la: 1) Deslizes - Fagner ; 2) Um Dia de Domingo - Gal Costa e Tim Maia; 3) Nem Um Toque - Rosana; 4) Retratos e Canções - Sandra de Sá; 5) Amanhã Talvez - Joanna; 6) Dê Uma Chance ao Coração - Joanna / Fafá de Belém / Sandra de Sá / Fagner / Alcione / José Augusto / Michael Sullivan Paulo Massadas / Rosana / Patrícia / Roupa Nova; 7) Pra Recomeçar - Paulo Massadas / Michael Sullivan / Sandra de Sá; 8) Leva - Tim Maia; 9) Te Cuida Meu - Patrícia (a Marx); - 10) Nem Morta - Alcione; 11) Manequim - Ney Matogrosso; 12) Coisas Mais Loucas - Fafá de Belém. Independentemente de gosto musical, só pelo nome já dá para reconhecer 80% das faixas. Colocando o disco na agulha, o índice tende a subir, sendo que na maior parte dos casos é 100% de "ah, essa eu sei cantar pelo menos o refrão".
Ainda constam no catálogo Sullivan/Massadas das canções que moram no sub, no super, no médio e em qualquer tipo de consciente "Amor Cigano" (Fafá de Belém), "Amor Perfeito" (Roberto Carlos), "Whisky a go-go" e "Show de Rock 'n Roll" (Roupa Nova), "Estranha Loucura" (Alcione), "Me dê Motivo" (Tim Maia), "Festa do Amor" (Patrícia Marx), milhares da Xuxa, inclusive "Chocolate" e "Parabéns da Xuxa", milhares do Trem da Alegria, "Joga Fora" (Sandra de Sá), "Fui Eu" e "Amar Você" (José Augusto), "Talismã" (Leandro e Leonardo) e "Transas e Caretas" (Trio Los Angeles), entre outras.
Apesar de eu ter crescido sob o bombardeio das músicas infantis, aquela que mais marcou e que me faz sentir o cheiro da tenra idade é "Um Dia de Domingo". É nítida a imagem daquela manhã nublada em que fomos meu pai, minha mãe, minha irmã e eu até um restaurante na praia do Perequê, no Guarujá. Comemos nababescamente e ficamos, já com a trégua da chuva, sentados num banco assistindo à ressaca devorar a orla. "Um dia..." tocou três vezes durante a viagem que, se não teve nada teve de especial, vem sempre à tona quando os nomes Sullivan e Massadas saem da boca de seu povo - hoje, infelizmente, de maneira quase acidental.
22 novembro 2010
Pitacos e um comunicado
- Fim de semana na beira do mar com a preta para recarregar as energias sempre é bom.
- Simplesmente lamentável a existência de técnicos gaúchos. Lembram em abril, quando o Corinthians saiu da Libertadores? Precisávamos fazer um gol e o cuzão que estava no banco de reservas colocou um volante em campo. No último domingo, um outro cuzão vindo da mesma escola de técnicos cuzões fez a MESMA cagada. O resultado, como todos viram, foi trágico...
- Aliás, tinha gente que já decretava o Corinthians campeão e que o Brasileirão, por conta disso, estava comprado. O silêncio impera nessa segunda-feira.
- Fora Gordo migué! Fora Tite cuzão! Fora Sanchez!
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Desopilado o fígado, aproveito para fazer um comunicado. Todos sabem que eu, ao lado de alguns amigos corinthianos e palmeirenses, organizamos o famigerado Jogo das Barricas. Apesar de toda correria, o trabalho acabava compensando porque, no fim das contas, era um momento em que reuníamos uma rivalidade a meu ver respeitosa para tomar cerveja, comer um churrasco e falar merda. Porém, desde quando a dor de cotovelo ficou forte pelos lados das Perdizes, certas coisas começaram a aparecer aqui e ali e eu avisei que minha postura iria mudar um pouco.
Se as punhaladas citadas anteriormente já não eram bastante, li algo na última semana que, juro, tiveram digestão demorada. Foram elas também as responsáveis por me fazer desistir da organização do Jogo das Barricas daqui para frente, pois não vejo mais razão disso continuar. Já até tratei com o Seo Cruz, um dos entusiastas do troço, que se ele quiser manter o evento darei meu apoio, mas não movo uma palha. Muito daquela relação respeitosa que eu acreditava existir se tratava de mera comodidade social.
A causa da minha indisposição estomacal está no blogue do Barneschi e foi feito pelo Luigi no dia 16 de novembro. Acompanhem:
"Concordo com o Parmera! bambi é sem noção, não entende nada e torce por torcer... gambá, não! gambá é filho da puta mesmo! Não presta, sempre disse e continuo repetindo! E o jogo das barricas demonstra isso: os caras tomaram um couro no ano passado e esse ano apelaram chamando caras que ninguém nunca viu e que jogam sempre juntos na varzea! Os caras que organizaram ficaram do lado de fora bebendo e falando merda sobre a raça imunda deles...
Pô, se é pra organizar e ficar olhando os outros jogarem, eu já tenho o PALMEIRAS que ganha sempre desses lixos, não preciso inventar nada..."
Diante dessas palavras, só tenho a propor o seguinte: aqueles que, como o Luigi, acreditam na minha falta de caráter e que se sentiram prejudicados no Jogo das Barricas deste 2010, favor entrar em contato comigo via e-mail (cramone99@gmail.com), passando o número da conta para que eu deposite os R$20 cobrados para custear o aluguel do campo, as carnes e a cerveja.
Repito que não vou ficar servindo de escada para aspirações pessoais de ninguém. E assim a gente segue filtrando a alma...
19 novembro 2010
Preta, pretinha
Minha preta é minha ídala, porque você sabe que vai idolatrar alguém quando toma um tapa no peito logo quando vê. Minha preta é minha mestra, minha prô preferida que eu nunca tive, porque ela me ensina ainda que eu, teimoso ou burro, insista em não aprender quase nada. Ela é mestra minha e de meio mundo, uma alma valiosa, uma missionária, uma guerreira que poucos têm a sorte de estar ao lado. Minha preta é minha calma nos momentos em que preciso estancar essa afobação neural meio confusa que vira e mexe toma conta de mim. Minha preta é meu catalisador nos momentos em que tenho de acordar para a vida e tomar um rumo. Minha preta esteve comigo nos melhores e nos piores dias, como o feijão é do arroz. Minha preta entende como eu das loiras que vêm em grades e são postas à mesa. Minha preta faz o troço pegar fogo. Minha preta dá cor ao meu cinza. Minha preta é quem eu amo e quem manda no lote cardíaco desse amontoado que me forma. Por isso, minha preta merece tudo que eu posso e que não posso dar (mas gostaria) nesse dia que é só da minha preta.
Parabéns, pretinha! Amo-te!
18 novembro 2010
Filtro na alma
Eu disse que a coisa seria braba... Desde o último sábado, enxurraram minha timeline no Twitter alguns papinhos bestas, todos eles utilizando os abutres como porta-vozes e com a finalidade de nos desconcentrar. Tratei, inclusive, de fazer a comparação mais que aplicável com o clima bélico que se instalou na eleição presidencial recente, cujo lado positivo foi o de desmascarar certas posturas e nos servir como filtros para a alma.
Não previa, porém, o algo mais que estaria por vir. Percebi uma absurda inquisição de caráter, saindo de onde eu menos esperava. Doeu no peito ver alguns que considero meus irmãos deixarem que diferenças clubísticas habitassem áreas até pouco tempo atrás totalmente desertas.
Por isso, e tentando sempre manter minha coerência textual, faço esse desabafo como forma de alerta à Fiel, além de comunicar que as coisas a partir de agora vão mudar um pouco por aqui. Destaco que sim, o futebol é coisa séria. No entanto, mais sérias são as relações que eu achava ter construído ao longo de anos, umas mais longevas, outras mais recentes, mas todas verdadeiras. Pena que nem todos tenham me entendido dessa maneira.
A quem hoje tenta me colocar contra a parede por motivação absurda, não conte mais comigo para certos engajamentos que antes, mesmo extrapolando algumas regras particulares de conduta, eu topava sem pestanejar por pura e dedicada fraternidade - para mim, é assim que funciona. Aos demais, corinthianos de causa e fé, o modus operandi até o fim do ano será esse e não podemos deixar que nos usem de escada para estancar frustrações alheias. Pessoalmente, cutucaram uma ferida que vai ser duro de fechar...
PELO CORINTHIANS, COM MUITO AMOR, ATÉ O FIM!
16 novembro 2010
Concentração e foco
São Jorge se fez presente mais uma vez e a grande vitória do sábado durou até o domingo, quando tivemos resultados bastante favoráveis ao Corinthians. Agora, só dependemos de nossas forças para conseguir a consagração. Lembro, porém, que ela ainda não veio. Aliás, só virá às 19h e poucos minutos do dia 05 de dezembro. Até lá, Fiel Torcida, concentração e foco. Deixemos o bafafá, o bate-boca e as teorias de conspiração para os outros, porque ainda não ganhamos nada.
Não caiam nas provocações baratas de quem passa a vida a desmerecer nossas conquistas e nossa bela e gloriosa história centenária, algo de causar inveja. Enquanto cotovelos ardem aqui e ali, o corinthiano de fé e devoção precisa guardar suas energias para as três batalhas que estão no caminho. O chilique, acreditem, terá efeito. Faltas não serão marcadas a nosso favor, impedimentos inexistentes de nossos atacantes serão apontados em quantidades indecentes e esqueçam qualquer penalidade máxima para o Timão. Teremos que jogar contra os adversários, o apito e a zica, mais do que nunca.
Ou você não estava careca de saber que, pra essa escumalha, a gente sempre é o ladrão? Igual o Lula, o Fidel, o Che, a Dilma, o samba, o povo...
PELO CORINTHIANS, COM MUITO AMOR, ATÉ O FIM!
11 novembro 2010
Chuva de imbecilidades
Quando decretamos a data de óbito do futebol brasileiro para 2014, não foi por acaso. Quem vive a rotina das arquibancadas detectou, fácil e quase que instintivamente, a chuva de imbecilidades que viria depois da confirmação da Copa do Mundo no país. E toda imbecilidade tem seu imbecil perfeito para comprová-la: de torcedores ocasionais a promotores públicos oportunistas, de políticos sem conhecimento de causa a gente sem alma. As coisas, assim, tomaram o rumo das trevas.
Hoje mesmo estava eu lendo um belo texto de Felipe Carrilho publicado no blogue Escrevinhador, do competente repórter e corinthianíssimo Rodrigo Vianna. Carrilho trata sobre a ANT, uma associação cuja fundação foi motivada pela triste desfiguração que abateu o Maracanã por conta do já citado torneio entre seleções. Tanto a entidade quanto Carrilho discorrem sobre os males do dito futebol moderno, cada vez mais vil e devastador. Mas apesar de todo o brilhantismo desse combate fundamental à babaquice, o que motivou este post foi um comentário que tentava contemporizar a favor dos cretinos. Diz, lá pelas tantas, um tal de Luís Eduardo: "Mas acho que o fim da geral foi um avanço. É preciso pensar no conforto de todos os torcedores, mesmo que alguns deles queiram abrir mão disso. Não é pelo fato de ficar sentado que ele vai participar menos do espetáculo". Atentem às passagens "fim da geral foi um avanço", "pensar no conforto" e "ficar sentado" e, caso você tenha passado por elas sem indigestão, FORA DO MEU IGLU!
A mesma inversão de valores aparece no portal Terra, com a notícia de um bafafá no jogo de quarta-feira da porcada. Segundo consta, "Muitos torcedores que foram ao Pacaembu não puderam desfrutar com tranquilidade (...) um jogo de grande porte foi alvo de uma inexplicável falta de organização, que envolveu, desta vez, cerca de 2 mil consumidores. O problema foi registrado com os palmeirenses que compraram ingressos pela internet e tinham direito a cadeiras de alto padrão". Desfrutar com tranqüilidade??? Envolveu consumidores??? Cadeiras de alto padrão??? Do que estamos falando, futebol ou ópera no Municipal?
O que dizer, então, das discussões sem cabimento e cheias de falsos moralismos sobre quem entrega ou não entrega jogo para prejudicar rivais nesse fim de Brasileirão. Culpem tão somente o modelo de disputa, o modorrento campeonato de pontos corridos, que valoriza equipes desinteressadas e é vendido aos incautos como uma fórmula "justa" e "organizada". Aliás, tivemos nos últimos dias a divulgação da punição do Corinthians com a perda de um mando de jogo, motivada pela tentativa de agressão dos verdes a jornalistas esportivos. Haja vista um tribunal sendo mais importante que um meia habilidoso ou um centroavante nesse momento crucial do torneio, eu entendi o que querem dizer com justiça...
Estamos, portanto, à mercê do decreto e atualização nociva do Estatuto do Torcedor, esse código de mercantilização do esporte que premia aproveitadores e pulveriza direitos do torcedor de verdade. Corrijo-me: torcedor não. Lembrem-se de tudo o que foi colocado entre aspas até aqui. Nesses dias tenebrosos, somos todos clientes e nossa paixão é mera oferta do dia no supermercado. Modernização para mim é poder beber cerveja durante os jogos do Coringão, ter um alambrado para poder me encostar e xingar o bandeirinha, pagar um preço justo no ingresso e poder deixar o carro na garagem porque o transporte público funciona e as partidas não começam em horários esdrúxulos e inviáveis. Futebol para mim é estar no meio do povo, e não ao lado de descompromissados que vão fazer uma baladinha nos templos sagrados da bola. Futebol é coisa séria!
Mais: O Esporte que vendeu a sua alma
01 novembro 2010
Meu dia na vitória do povo
São Paulo, 01 novembro de 2010.
Eram passadas 11 horas no relógio e eu ainda morgava na cama. Levantei por causa do aroma da feijoada que minha mãe preparava na cozinha. A desgraçada só vota em tucano; portanto, nada mais justo compensar essa lamentável postura fazendo um rango bacana. Desci para a cozinha e mandei dois belos pratos ao lado da Evinha, ambos ainda ressacados do dia anterior.
Por volta das 13h, saí de casa. Camiseta com o símbolo do glorioso PCdoB estampado no peito, dirigi-me até o local de votação. Os olhares de cumplicidade de muitos denunciavam que o povo havia embarcado definitivamente na #ondavermelha. Quase chorei pela primeira vez depois que apertei o 13 e confirmei meu voto. Contida a emoção, saí de lá e fomos para Guarulhos, onde a Eva ia votar. Ela, aliás, estava muito mais nervosa que eu. Há mais de década ela sofre na mão dos tucanos e, em especial, de Serra.
No caminho, o primeiro sinal positivo. Passou por mim um carro da Globo em altíssima velocidade na Marginal Tietê. Lá pelas tantas, o veículo global perde velocidade e fica janela a janela comigo. Para dar uma provocadinha, começo a bater no peito e mostrar o símbolo do glorioso para os golpistas, que me respondem com o dedo do meio. Qual o quê? Peguei uma câmera e pedi para o babaca repetir a infantilidade, não sem antes chamá-lo, aos berros, de golpista e ameaçar jogar naquela joça uma bolinha de papel. Os cuzões, obviamente, vazaram dali e eu desentupia um pouco minhas artérias...
Chegando em Guarulhos, a Eva, a Lila e o Lelê, todos de vermelho, vão lá confirmar o 13. À porta, vejo alguns panfletos mentirosos da campanha tucana espalhados no chão. Sinal de desespero, provavelmente. Voltamos à casa da Eva e por volta das 16h, me liga do Rio de Janeiro Edu Goldenberg. Já encharcado de Brahma e maracujá do Rio-Brasília, Edu me pergunta:
- Japonês, o que você tem a dizer sobre as eleições na tua terra, que deu vitória esmagadora ao Serra?
- Edu, como eu sempre digo, o que você esperava dessa raça de filho da puta? Hiroshima e Nagasaki foi pouco!
Lá pelas 18h, saímos em direção da Avenida Paulista. Sentamos no único bar aberto, em frente ao metrô Brigadeiro, e iniciamos os trabalhos. Eva e eu ansiosíssimos assistíamos à cobertura na TVzinha portátil. O ambiente era meio hostil, pois estávamos em ninho peessedebista, mas cada militante vermelho que passava por ali amenizava um pouco o nervosismo. Chega o Leco antes das 19h, quando saiu a primeira boca-de-urna e a parcial inicial de apuração. A certeza já era grande, mas precisávamos esperar o juiz apitar o fim do jogo.
Leco volta com Sarubbi às 20h, logo depois da confirmação das goleadas em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Estava consumada a vitória! Choro no colo da Evinha, enquanto patricinhas e playboys nas mesas ao lado mordiam os cotovelos. Ligo para o FH, ligo para o Seo Cruz e ligo para o Edu (o bêbado aqui esqueceu, mas falei também com o Leo Boechat), que exortava "mude para o Rio!". Todos eles grandes guerreiros nessa campanha, como fomos os mais de 55 milhões de brasileiros que escolhemos continuar engrandecendo a nação.
Quando os primeiros carros com bandeiras começam a atravessar a Paulista, a euforia é geral. Saúdo alguns deles e uma patricinha se manifesta. Em atitude típica de gente preconceituosa, fútil e golpista, ela solta um "filhodaputa", seguido do comentário "eu odeio essa vaca". Não me contive e comecei a berrar "viva o aborto!", "viva a terrorista!", "abaixo os golpistas de merda!". Um tucaninho tenta pagar de macho para jogar um charme à vagabunda e balbucia alguma bobagem contra meu partido. Chamei para a porrada e ele arregou. Foi meu segundo arroubo de necessária irracionalidade do dia.
O Sarubbi anuncia, depois de ler no Twitter: "festa de comemoração com Alceu Valença, Leci Brandão e que tais!". Por conta do ambiente pouco saudável e compatível com a ocasião, resolvemos sair de lá e ir para a frente do prédio da Gazeta, tal qual 2002. A conta, senhores: 45 reais! No caminho, encontro um catarinense que me viu com a camisa do glorioso e resolveu se agrupar, ainda meio cabreiro com a dúvida de existir ou não a festa. Cabreiros também estavam os ambulantes, que apareceram bem mais tarde para abastecer a alegria do povo. Sendo assim, fomos até os bares da Joaquim Eugênio de Lima, mas ali não havia um estabelecimento decente que vendesse latinhas a preço justo. A procura mal-sucedida, porém, rendeu. Encontrei Vandinho, dirigente do glorioso, ao lado da fantástica Leci Brandão e Thobias da Vai-Vai. Obviamente, caí em prantos de novo ao ver minha deputada, que horas depois iria cantar na comemoração.
De volta à Paulista, posicionei-me no canteiro central, saudando os carros de eleitores da Dilma e gritando "viva a democracia!" aos tucanos que, num misto de vergonha e empáfia, passavam com seus carros insulfilmados. Aliás, vale registrar a diferença fundamental: fossem eles os vencedores, apenas soltariam um risinho cínico de canto de boca. Nós, bêbados, sujos e que vivemos da Bolsa-Esmola do Lula, vamos às ruas para abraçar desconhecidos. Na derrota, são piores ainda. Torcem contra o Brasil, não reconhecem a democracia e extravasam seus piores sentimentos.
Muita gente me ligou, mas a porcaria do celular que normalmente não funciona resolveu morrer de vez. Muita gente chorou, mas o pranto era de alegria e satisfação. Muita gente bebeu até cair, porque merecem. Muita gente fez história, ao eleger a primeira mulher presidente. Foi uma jornada histórica e o ponto de partida para uma luta maior ainda que a enfrentada nos oito anos de Lula. Eles não se conformam, eles virão para cima com unhas e dentes. E nós resistiremos, até o fim.
VIVA O BRASIL! VIVA O POVO! DILMA NELES!
30 outubro 2010
29 outubro 2010
Sonhos nunca morrem
É meu dever vir a público hoje, quando todos os brasileiros mandaram seu texto-despedida na campanha eleitoral, para deixar algumas palavras sobre o pleito. Antes, porém, preciso dizer que estou esgotado. Se não fisicamente - e ainda que o batente esteja pesado o suficiente para me afastar do blogue -, ao menos mentalmente a bateria está quase arriando. Minha Evinha, aliás, deve ser quem mais anda sofrendo com algumas mudanças graves no meu comportamento nos últimos dias. A ela peço desculpas, mas é que eu não consigo evitar pensar no jogo político de maneira saudável, fato que se agrava em ano de eleição.
Destaco ainda que não tenho a pretensão de convencer ninguém a essa altura do campeonato, até porque a maioria da minoria que aqui passa já definiu o voto. Quero, de fato, explicar o motivo de minha opção por Dilma Rousseff, reafirmando algumas verdades que conduzem minha lida, que raramente me beneficiam diretamente e que foram herdadas nem sei de quem. Nasci numa família reacionária até o último editorial do Paulo Francis e me lembro de tomar uns safanões dos meus pais em 1989, quando avistávamos algum comício petista e eu saía gritando "olê-olê-olá-Lula-Lula". Ademais, nunca me faltou nada, sobrou até, e felizmente moro num lugar que, até uns dez anos atrás, era vizinho de gente muito pobre.
Foi esse choque de realidade, aliado às lições que tive dos meus padrinhos, que provável e imperceptivelmente minha indignação constante com injustiças e desigualdades foi fomentada, algo que mais tarde vim teorizar e aprofundar por meio da minha parca instrução marxista. De modo que, repito, não venho aqui cagar regras, como habitualmente se faz numa campanha. Convido a todos para compartilharmos sonhos em comum, cuja pedra fundamental foi plantada no ano de 2002.
Para ilustrar melhor, volto à noite do dia 27 de outubro daquele ano. Levávamos, pela primeira vez, um dos nossos à presidência da República. Em mim, marcou uma cena deveras impactante: um senhor de 50 e poucos anos, sentado na calçada de uma Avenida Paulista tomada por milhões de pessoas, chorava. Quando ele olhava para sua bandeira surrada do Partido dos Trabalhadores, chorava mais ainda. Quando a visão focava a enorme foto de um sujeito barbudo esticada em frente ao prédio da Gazeta, o troço ficava indecente. E emocionante. Por não ter testemunhado a repressão e por não ter sofrido as decepções nas Diretas Já, 89, 94 e 98 mais profundamente, entendi o significado daquele pranto só alguns anos depois. De toda maneira, aquelas lágrimas de desabafo me deram a imediata certeza de que Luiz Inácio Lula da Silva não só faria um bom governo, como também iria mudar os rumos desse país.
Desde então, passei a viver mais intensamente o processo político. Quantos não foram meus princípios de úlcera a cada tentativa de golpe que essa imprensa suja tentou contra nosso presidente? Não aceitavam, e ainda não aceitam, a valorização do povo pelo Estado. Particularmente, fui vítima de uma pequena campanha de difamação da Falha de S.Paulo. Criei, logo depois de entrar no Orkut, a comunidade Viva Lula, cuja descrição diz:
"Como só existem comunidades que nasceram para falar mal do governo Lula, esta aqui se propõe a mostrar o quanto o país melhorou desde a saída do nosso tirano e entreguista FHC.
Desde já, o iniciador desta comunidade acredita que existe uma verdadeira conspiração por parte da imprensa - em especial a Folha de S.Paulo - contra o presidente, assim como já ocorre com Fidel e com Chávez."
No dia 1º de agosto de 2004, a versão online do referido jornal publicou uma matéria sobre sátiras preconceituosas contra Lula na rede social e, num tremendo pluralismo sacana, elegeu a Viva Lula como exemplo de contraponto. Deixaram no ar a suposição de uma postura intolerante com a imprensa (que eu ainda não tinha), ao afirmar que me contataram e eu não retornei, fato que nunca ocorreu. Busquei reparação via ombudsman e, não obtendo resposta, fui um dos pioneiros na arte de cancelar a assinatura daquela merda por motivos políticos.
Tudo isso, enfim, para chegar neste 2010 tão carregado de significados, como 2002 foi para aquele senhor que chorava copiosamente após a primeira vitória do povo. Acredito que todo desaforo que venho mantendo sob controle desde o episódio com a Falha esteja entrando em ebulição agora. Naquela oportunidade, muitos me disseram: "ah, tua assinatura não fará cócegas nos cofres da Barão de Limeira, 425". Deixei guardado cá no peito o sonho de, um dia, ver toda esse castelo de areia desmoronar, como está de fato acontecendo. A eleição de Dilma no domingo irá fazer não só esse grito sair da garganta, mas também vai renovar a carga de utopias. Oras, não é para isso que estamos aqui?
Dilma neles!
P.S.: se você acha que seu combustível está na reserva e não agüenta até domingo, passe nos blogues do Simas e do Edu Goldenberg. Funcionou comigo.
25 outubro 2010
Brevíssimas de uma semana decisiva
- Ontem, no maior clássico do mundo, o Corinthians meteu logo um ferro na porcada. Precisávamos disso, independentemente da luta pelo título. Os vagabundos do elenco nos deviam.
- No intervalo, uma indecência. Faixa comemorativa para o pelé, o preto mais branco do planeta? Justo para ele, um amargurado que, rejeitado pelo Terrão - não é para qualquer um -, resolveu se vingar jogando por um time do interior? Bola fora da diretoria (e esperar o que dessa diretoria?)...
- Na saída, subindo a Itápolis, o mano Filipe e eu conseguimos uma boa dúzia de votos para Dilma, cantando ao povo quem é a candidata do povo e, principalmente, lembrando que #serrarojas é um porco fascista. Igual ao Ragognetti.
- Semana decisiva no pleito, blogueiros e leitores sujos! Temos de ganhar votos e eleger Dilma presidenta! Enfrente a mentira e os golpistas com um sorriso na cara e com o mais incontestável dos argumentos: Dilma é Lula, Lula é Dilma e o Brasil de Lula e Dilma é um país bem melhor. Vale lembrar ainda que dia 27/10, aniversário de Lula, é o Dia Nacional da Mobilização. Vermelho é traje obrigatório.
- Aliás, se Chico Buarque, Aldir Blanc, Beth Carvalho, Leci Brandão, Alcione, Oscar Niemeyer, Hugo Carvana, Zé de Abreu, Marieta Severo, Emir Sader, Leonardo Boff, Osmar Prado e tantos outros ilustres e grandes brasileiros estão com Dilma, por que eu não estaria?
- Vai Corinthians e Dilma neles! Domingo passado, a primeira vitória do povo. No dia 31, que o povo ganhe outra vez.
*Atualização: Canta, Tantinho da Mangueira!
23 outubro 2010
É domingo!
Para embalar o importante jogo, para lembrar qual é o maior clássico do mundo e para dizer que só tem um resultado a ser aceito:
VAI CORINTHIANS!
18 outubro 2010
A intolerância e a campanha do ódio
Em primeiríssimo lugar, quero deixar bem clara uma opinião que ficou muito evidenciada nessas eleições. Politização e convencimento baseados em ideologias não funcionam no ano do pleito. Isso é para ser feito durante o mandato, seja situação ou oposição. Nisso, tucanos e demais reacionários que ainda remanescem da ditadura têm vantagem, pois contam com a velha mídia. Daí, chego à conclusão que politizado em ano de eleição é igual a torcedor de Copa do Mundo, e ambos primam por uma marca registrada: o oportunismo.
Dito isso, adiante. Comove-me o nível de argumentação desses que se dizem “do bem” e que enxergam no governo Lula – e conseqüentemente na sua continuidade com Dilma – um perigo à humanidade. Lógico, para alguns é inadmissível um metalúrgico ter se tornado um dos homens mais importantes do mundo, assim como é intolerável uma mulher querer sucedê-lo. Pobre e mulher têm mesmo é que saber o seu lugar e ficar por lá, deve pensar essa gente.
Para espalhar bobagens olímpicas e fazer eco a esse pensamento, um dos principais recursos dessa campanha indecente de José Serra está no envio de e-mails pela dita militância, aquela que nunca vi saindo às ruas e que considera protestos algo démodé. A canalhice é agressiva: mandam mensagens não solicitadas por repetidas vezes, e sempre com alguma mentira contra Dilma.
A mais famosa traz a ficha falsa criada pela Falha de S.Paulo e me chegou novamente nessa manhã de segunda-feira. Enviada por uma Maria Julia Coreixas Alves de Souza (pomposo, não?), ilustre desconhecida que tem, não sei por que cargas d’água, meu e-mail. Ajustando minha estratégia a uma sugestão do jornalista Renato Rovai, respondi copiando um texto preparado pela campanha de Dilma e que aparece justamente numa seção criada para desmentir falsas acusações feitas pela tucanada reaça. Eis o diálogo, que seria triste se não fosse previsível:
Eu: “Como acham que minha caixa de e-mails é penico, respondo com a verdade. Brasil urgente! Dilma presidente!” [mais o link supracitado]
Resposta da digníssima (atentem para a linguagem rica e rebuscada): “Tu jura!!!! Pinico ta a sua urna eletronica com tanta ilusao e retrocidade... nada mais retrogrado doq ser ptista !!!”
Minha tréplica: “Oras, vc me manda um e-mail não solicitado e ainda responde com mais grosseria? E pq não responde a todos? Além de grosseria, usa covardia? Que coisa, depois eu que sou retrógrado. Retrógrado é censura à opinião alheia.”
Vieram mais depois:
- às 12:39, indícios de homofobia: “Nossa,que pessoa sensivel... Me poupe...”
- às 13:16: “Nao faço ideia quem seja vc e como vc veio parar na minha lista de contato,mas pode deixar q nao te amndarei mais emails.”
- às 13:20, enviando para a lista inicial de destinatários, mas não encaminhando todo o diálogo: “Urgente,Dilma presidente??? hahahaha essa foi tao engraçada qto a propaganda apelativa dela q a compara com lady di,anita garibaldi,madre teresa de calcuta... rkkk... só rindo pra nao chorar Onde estão as provas q ela lutou??? me poupe...”
Minha resposta final: “Você não falou que não ia mais mandar e-mails? Aliás, aproveite e mande para a lista toda o diálogo de antes dessa sua resposta, o qual continha, inclusive, agressões pessoais e um discurso levemente homofóbico. Forte abraço.”
Sensacional, não? Deslegitimam toda e qualquer opinião contrária, usam mentiras para arregimentar asseclas e ainda prezam a cultura do ódio, tão característica de um conhecido regime alemão que apareceu na primeira metade do século XX. A cada dia e a cada e-mail desses, fico cada vez mais convicto do que o Brasil precisa fazer no dia 31 de outubro. E você, vai colaborar para levar esses absurdos ao poder?
Em tempo: sugestão do amigo Fernando Ro"mano" Menezes para post do blogue Tudo em Cima - Boato na rede é crime!
15 outubro 2010
Dois relatos, uma eleição
Os mais freqüentes neste espaço sabem de cor e salteado que minha mulher, minha ídala, minha Evinha, é professora e, desde que ela entrou na minha vida, faço nada mais que a obrigação em todo 15 de outubro. Saúdo ela e outros tantos guerreiras e guerreiros que, recebendo um salário de fome na Prefeitura e Estado de São Paulo, enfrentam a tudo e a todos para formar cidadãos. Na verdade, minha intenção era que a Eva escrevesse um relato das amarguras do desgovernos demo-tucanos, que mensalmente a fazem pensar em mudar de rumo. O problema, meus caros, é que nem isso ela pode, pois existe uma Lei da Mordaça que proíbe os servidores de exercerem seu papel crítico, a fim de melhorar um pouco nossa burocracia. Mais ainda: acho que tanta incompetência de 16 anos de tucanagem acumulada não caberia aqui.
Assim, aproveito esse Dia dos Professores para ressaltar que a data é deveras estratégica se levarmos em conta o desenho da atual disputa eleitoral para a presidência. De um lado, temos Dilma, a representante legítima de um projeto responsável por iniciar mudanças essenciais ao Brasil e que faz uso de premissas populares, participativas e inclusivas. Temos, com Dilma e Lula, um país ascendente, que não deve mais ao FMI, que promoveu a inclusão dos mais pobres e que deu oportunidades inéditas às classes menos favorecidas, como o acesso à universidade e a compra – eu disse compra, e sobre isso trataremos mais abaixo – da casa própria. Lula trouxe ao povo dignidade, e Dilma é garantia de que isso não vai cessar.
Do outro lado da trincheira, há um candidato bancado pela calúnia, pela espetacularização e pela religiosidade barata e moralista num campo que se preza laico. Mente, omite, caça jornalistas que não cumprem o papel de uma mídia que está a seu serviço. Inventa realizações em seu currículo, presta serviços aos remanescentes do período mais imundo de nossa história (a ditadura militar) e abandona cargos para os quais foi eleito desde seu mandato de presidente da UNE. No tratamento específico aos professores, manteve em seus governos municipal e estadual um arrocho salarial indizível, submeteu o corpo docente a condições precárias de trabalho e recebeu reivindicações da classe com a PM e suas bombas.
Portanto, é isso – e muito mais – que o professor de todo o Brasil precisa levar em conta nesse dia de comemoração. Informar-se sobre o que estão passando seus colegas de profissão aqui em SP e, diante dessa realidade, definir sua escolha para o dia 31 de outubro é essencial para a conquista de melhorias não só trabalhistas, mas de melhorias para toda a nação. Na propaganda, tudo fica bonito, até mesmo a cerveja Schin. Lembro, finalmente, que temos aí o pré-sal, cujo fundo social irá destinar 50% das verbas para a Educação. Isso num governo Dilma, pois a sanha privatista de Serra provavelmente irá entregar mais esse patrimônio brasileiro a multinacionais, caso o vampiro seja dirigido ao Planalto (bate na madeira!).
Viva os professores! Vocês são essenciais!
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Ainda ontem, o amigo Medina, velho parceiro de bebedeiras, papeava comigo sobre o andar da carruagem no pleito. Discutíamos sobre o que estava em jogo nessa disputa de projetos bastante distintos e ele mencionou a compra de sua casa. Pedi, então, que ele fizesse o testemunho por escrito, pois é um caso pessoal imensamente simbólico por retratar fielmente o país que está mudando para melhor com o modelo administrativo Lula/Dilma. Com vocês, Medina!
“Alô amigos e leitores do Craudião.
Cá estou a honrar um compromisso a convite do menino cabeludo pra representar um pedacinho da classe média “suja” da nossa querida SP, que não nos trata bem, mas a gente ama assim mesmo.
Nunca exerci a cidadania em meu benefício único, próprio e egoísta; meu voto sempre foi pensado ao viés ideológico ATIVO. Digo ATIVO porque não falo de conversa pra boi dormir, falo de papo baseado em ATIVIDADE!
Porém, este ano as coisas mudaram um pouco. O viés ideológico continua em primeiro plano, a atividade idem, mas agora tem um plus sendo erguido na Vila Prudente. Meu primeiro apartamento financiado e subsidiado pelo programa federal ‘Minha casa, Minha vida’ estará pronto no meio do ano que vem.
O plano, além de financiar a minha casinha em vários anos, com parcelas decrescentes e os juros mais baixos do mercado, ainda me deu um belo subsídio. Isso mesmo, ganhei um subsídio de quase 10% do valor bruto que eu financiei.
As prestações são fixas, mas ao contrário do que eu pensava, podem ser renegociadas na base do: ‘ceita um reajuste de X? Se sim, ok! Se não: hasta la vista’. Isto se acaso houver algum problema, que pode ser uma crise externa, uma crise interna…
Enfim, uma crise internacional como a última mundial. Embora os profetas do apocalipse esperneassem que o Brasil ia morrer, mal fez cosquinhas na nossa economia e a minha casinha ainda tá lá, com o meu subsídio e as minhas taxas baixas.
Agora, eu vou colocá-la em risco por um governo que jamais se cansou de provar a sua incompetência aqui no meu estado?
Nem a pau, Juvenal! O Brasil tá querendo Dilma, e eu tô precisando!
Medina – é amigo do Craudio há uns… 4 anos, Craudião?”
P.S.: acho que vai pra uns 6 anos, Medinão!
11 outubro 2010
Corinthians, urgente
Enquanto os amigos se deliciam com as bobagens que a imprensa abutre diz por aí, aproveitando a demissão do técnico para, finalmente, vender jornal e banner em site com nossa "crise", cá neste abandonado espaço a gente faz a análise a partir da arquibancada. Do que aconteceu em campo não há muito o que dizer, a não ser destacar a presença do William Morais como centroavante e a necessidade de retorno do Bruno Bertucci à lateral esquerda. Ainda no que diz respeito ao elenco, Thiago Heleno deveria ser demitido juntamente com seu padrinho e o Moacir deveriam mandar para a seleção do Mano Menezes.
O que mais dói na alma é a canalhice daquela gordura - termo muito bem criado e aplicado pelo mano Filipe - que fica em volta dos 5 mil de sempre. Depois de encarnar a imbecilidade jucakfouriana e aplaudir um time apático na eliminação da Libertadores, os filhos da puta repetiram o ato diante de uma humilhante derrota para um time de merda. Sim, houve aplausos. E aí, cabe também a crítica a quem deveria liderar os 5 mil de sempre: foi boa a tour pelo novo CT?
A pergunta fica aqui aos Gaviões da Fiel porque a torcida, a meu ver, tem seu poder de mobilização cada vez mais indo para o vinagre. A maioria aqui sabe das minhas restrições à valorização excessiva que a instituição dá ao desfile de carnaval, quando na verdade o que criou e fez crescer essa entidade foi sua atuação firme e intempestiva em defesa do Corinthians. Mais grave ainda: dos pouco mais de 100 que lá estivemos em frente ao portão 23 na gélida noite de domingo, é incrível a falta de politização e consciência ideológica dessa molecada. Para se ter uma idéia, a polícia soltou dois morteiros e o pessoal da bateria já estava com os instrumentos na mão subindo a rua Itápolis. Porra, é só gritar mais alto que nego já corre?
A passividade em relação a nossa própria destruição também toma conta das outras organizadas. Não se viu um pano de Camisa 12, Pavilhão 9, Estopim, Chopp e demais agremiações pressionando a saída do vestiário. Finda a partida, todos foram para casa assistir ao Faustão. E o que toma conta do Pacaembu - repito para que isso se torne uma campanha - são as palminhas hipócritas.
E batem palmas para o quê? Talvez para as bobagens marketeiras do senhor Roxemberg, haja vista a enormidade de camisas roxas que ainda imperam pelos estádios onde o Corinthians joga. Ou então para as ignomínias proferidas pelo Gobbi Cadeirada, que é o diretor de futebol mais ausente da história do clube. Para quem não percebeu, senhores, gritar contra Andres Sanchez agora é pura cegueira estratégica. Temos na diretoria esses dois supracitados como pilares de sustentação do presidente, atualmente tão aclamados e pouco combatidos pelo dito torcedor comum - fato que se repete nos organizados.
Os Gaviões precisam retomar sua formação de lideranças e intensificar as reuniões educativas. Membro de torcida que consegue ir até o vestiário para nos representar precisa ter inteligência o suficiente para explicar ao jogador o motivo da porrada que ele vai levar dali a instantes. Caso contrário, irão predominar cada vez mais aqueles que consideram radicais, intolerantes e inconseqüentes nossos protestos contra um bando de merdas que desonram nossa camisa.
A Revolução Corinthiana urge e precisa eclodir antes de 2013, quando o estádio em Itaquera ficar pronto. Chamem de volta à ativa Chico Malfitani, Roberto Daga e demais ideólogos do cimento. Honrem a memória de Flávio La Selva e Joca. Estudem nossa história e se lembrem do teor popular e altamente participativo que sempre rondou as decisões corinthianas. Se há alguma coisa boa que podemos extrair da fase horrenda no modorrento campeonato de pontos corridos é o retorno da ebulição constante no Parque São Jorge.
Chega de bom mocismo. PELO CORINTHIANS, COM MUITO AMOR, ATÉ O FIM!
01 outubro 2010
Voto aberto para o domingo
Amigos e amigas, temos no próximo domingo as eleições que definirão se o Brasil vai continuar na toada das mudanças ou se vai entrar novamente em barcas furadas das quais estamos cansados. Dessa maneira, deixo cá minhas indicações de voto para quem quiser seguir. Abraços e boa escolha!
Presidente - Dilma Rousseff 13
Desde 2003, temos um país que promove o crescimento econômico a partir do viés social. O governo federal, do qual Dilma sempre foi parte importante, tirou milhões da miséria com o Bolsa-Família, gerou milhares de empregos e barrou a entrada de crises mundiais na nossa economia a partir do incentivo de consumo à base da pirâmide social. Hoje, o pobre vai para a faculdade com o Prouni, consegue comprar sua casa e seu carro e até passeia de avião. Mais importante de tudo, o brasileiro enche o peito para falar do seu país porque agora se sente incluído na realidade que o cerca. Isso é fruto de um direcionamento estratégico inédito nesses mais de 100 anos de República, só possível com uma administração iniciada por um operário e que precisa ser continuada. Dilma é a única via para que haja o aprofundamento dessa proposta, tocando à frente não um plano de mandato, mas de nação.
Governador - Mercadante 13
Eu não suporto ver um Estado de gigantesco potencial de desenvolvimento andar na contramão do país por causa de meia dúzia de calhordas que, desde a abertura política da década de 80, vem nos governando. Montoro, Quércia, Fleury, Covas, Alckmin, Serra... É uma sucessão de administrações caracterizadas pela total paralisia. Do patrimônio paulista, o que não foi entregue de bandeja a multinacionais está sucateado; as estradas tem pedágios com valores absurdos; os professores, médicos e policiais - o tripé do funcionalismo público essencial - recebem salários de fome, são tratados como lixo e ainda tomam porrada quando pedem aumento. Precisamos nos livrar dessa política higienista e ditatorial, interessante somente a uma casta minoritária e conservadora. Mercadante representa a oportunidade de termos em São Paulo o mesmo modelo progressista que fez o Brasil funcionar nesses 8 anos de governo Lula.
Senadores - Marta 133 e Netinho 650
Sobre Marta, trata-se da segunda melhor prefeita que a cidade de São Paulo já teve - a melhor foi, sem dúvidas, Luiza Erundina. Fez uma revolução nos transportes públicos com a construção de corredores de ônibus e a criação do Bilhete Único, implementou os CEUs (hoje tratados com desdém e relaxo pelos demo-tucanos) e investiu na formação dos professores da rede, e promoveu um inédito programa de inclusão digital nos Telecentros.
Já Netinho é um caso à parte. Muitos julgam sua candidatura como um insulto, pois ele estaria usando seu status de cantor e apresentador. Outros torcem o nariz para o caso de agressão à ex-mulher, do qual ele próprio se arrepende e reconhece como um erro grave. Digo que essa aversão é essencialmente motivada pela questão sócio-racial. Eleito um dos mais votados vereadores em São Paulo, Netinho tem um trabalho de inclusão social nas áreas pobres muito forte. Está no PCdoB há cerca de 3 anos e, desde então, vem estudando e participando de cursos de formação, preparando-se para o Senado. Juntando um mais um: eis um legítimo representante da periferia que tem a chance de levar reivindicações e condutas mais populares a uma casa legisladora que ainda é habitada por muitos remanescentes do coronelismo e da ditadura militar.
Deputado Federal - Gustavo Petta 6510
Conheço o Gustavo de bares, de encontros na barraca da Maria antes dos jogos em que meu Corinthians destroçava o Palmeiras dele, e das rodas de samba no saudoso Espaço CUCA da UNE. Falando na entidade, Gustavo foi um de seus grandes presidentes. Durante duas gestões, combateu o mercantilismo na Educação vigente nas administrações tucanas, participou ativamente da elaboração do ProUni e Reuni junto ao governo Lula e ajudou a fortalecer a representatividade juvenil na elaboração de políticas públicas. Ainda no movimento estudantil, conseguiu retomar a sede nacional da UNE que fora tungada pelos militares no Rio de Janeiro. Mais tarde, convidado pelo prefeito de Campinas para dirigir a Secretaria de Esportes da cidade, turbinou o setor, dando ênfase na consolidação do programa Segundo Tempo, além de ter feito a 1ª Virada Esportiva. Além dessa capacidade de realização latente, Gustavo tem como valor primordial uma premissa muito cara a mim: fazer as coisas por quem não pode. Que seja assim na Câmara dos Deputados.
Deputada Estadual - Leci Brandão 65035
Pouco há para se falar de Leci Brandão que já não seja de conhecimento geral e irrestrito. Exilada pelo mercado fonográfico por tratar de racismo e da parca condição de vida dos mais pobres, Leci ganhou força e credibilidade por manter a combatividade. Sempre engajada na carreira artística, esse ícone da música popular brasileira pretende agora ampliar o alcance de suas canções participando de decisões políticas. Votar em Leci é quebrar com a sonolência da Assembléia Legislativa paulista, hoje tão subserviente ao Palácio dos Bandeirantes.
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Vale lembrar que todos esses candidatos apontados seguem uma linha bem clara e definida, que vai ao encontro de muito do que penso. Essencial, para mim, é eleger quem defenda a soberania do Brasil, que valorize o povo, que não privatize até a própria mãe e que não use o voto alheio para trabalhar por uma elite ultrapassada e cada dia mais agonizante.
Eu voto pelo Brasil!
16 setembro 2010
Pelo fim da liberdade da velha imprensa
Escrevo como forma de amenizar a indignação que me tomou neste 16 de setembro, após o pedido de demissão pela ministra da Casa Civil Erenice Guerra, uma ilustre desconhecida dos brasileiros e alçada ao posto de "ladra petista" da vez pela mídia. Dizem a Veja e a Falha que a prole de Erenice é responsável por cobrança de comissão a fim de facilitar contratações junto ao governo federal e empréstimos do BNDES. Uma das fontes é um sujeito condenado pela Justiça paulista por receptação e falsificação de moeda, a outra simplesmente desmentiu as denúncias (todas sem provas, como sempre).
Resumindo, é outro golpe da imprensa falida e abutre que não gosta do povo, que não quer o Brasil contemplando o bem-estar social e que está sempre mancomunada com a direita reacionária, essa herdeira ideológica do lacerdismo e do regime militar. Tentaram escandalizar o eleitorado com a tal quebra de sigilo fiscal de tucanos por parte de petistas - depois, ficou-se sabendo que quem violou dados pessoais foi uma tucana, a filha de Serra -, com o único objetivo de atacar a candidatura de Dilma Rousseff. E agora aparece o caso do tal lobby.
Minha indignação, porém, não é tanto com o famigerado modus operandi de tralhas, falhas, vejas e globos. Fico impressionado mesmo é com a excessiva tolerância do governo federal a esses veículos de desinformação, ao menos no que tange à quantidade de verba pública destinada para a manutenção dessa corja via publicidade oficial. Eu bato nessa tecla há anos, desde quando assumiu Lula e as viradas de mesa contra ele eram - e ainda são - forjadas diariamente.
O governo, agora, colhe os frutos de sua omissão. Recuaram na proposta da criação de um Conselho do Jornalismo, recuaram no PNDH e recuaram agora, forçando uma ministra a se demitir por conta do trabalho imundo da Barão de Limeira, que a cada edição perde um pouquinho de sua parca credibilidade, atualmente concentrada na cabeça dos abastados da ultrapassada elite brasileira.
Preocupação eleitoral de minha parte não há. Se Dilma não ganhar no primeiro turno, leva no segundo. A questão é: e depois? Ficaremos mais 4 anos debaixo de um bombardeio midiático cuja veracidade é zero e ainda bancaremos indiretamente os golpistas? Faz-se necessário rever a relação governo-publicidade-veículos a partir de premissas radicais, acabando com a teta grande que alimenta essas hienas, todas sorridentes no dia de hoje por causa da cara de tacho que o povo ostenta diante de mais uma concessão governamental a quem mais quer tirar do governo o seu poder.
A bem da verdade: liberdade da velha imprensa não é garantida pelo que pode ou não ser publicado. Ontem mesmo, José Serra retomou a prática da censura prévia dos milicos ao pedir a fita de um programa que ousou questioná-lo mais duramente sobre questões da campanha, e a mídia de massa silenciou. O sinal verde para as irresponsabilidades, na realidade, é dado pela impunidade ao mal exercício do jornalismo, que acaba premiado com uma graninha vinda dos próprios sparrings de luxo. Aí não é liberdade, é masoquismo mesmo.
P.S.: o Rodrigo Vianna, do Escrevinhador, aponta ainda uma outra faceta do golpe, com origem nas igrejas.
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