01 novembro 2010
Meu dia na vitória do povo
São Paulo, 01 novembro de 2010.
Eram passadas 11 horas no relógio e eu ainda morgava na cama. Levantei por causa do aroma da feijoada que minha mãe preparava na cozinha. A desgraçada só vota em tucano; portanto, nada mais justo compensar essa lamentável postura fazendo um rango bacana. Desci para a cozinha e mandei dois belos pratos ao lado da Evinha, ambos ainda ressacados do dia anterior.
Por volta das 13h, saí de casa. Camiseta com o símbolo do glorioso PCdoB estampado no peito, dirigi-me até o local de votação. Os olhares de cumplicidade de muitos denunciavam que o povo havia embarcado definitivamente na #ondavermelha. Quase chorei pela primeira vez depois que apertei o 13 e confirmei meu voto. Contida a emoção, saí de lá e fomos para Guarulhos, onde a Eva ia votar. Ela, aliás, estava muito mais nervosa que eu. Há mais de década ela sofre na mão dos tucanos e, em especial, de Serra.
No caminho, o primeiro sinal positivo. Passou por mim um carro da Globo em altíssima velocidade na Marginal Tietê. Lá pelas tantas, o veículo global perde velocidade e fica janela a janela comigo. Para dar uma provocadinha, começo a bater no peito e mostrar o símbolo do glorioso para os golpistas, que me respondem com o dedo do meio. Qual o quê? Peguei uma câmera e pedi para o babaca repetir a infantilidade, não sem antes chamá-lo, aos berros, de golpista e ameaçar jogar naquela joça uma bolinha de papel. Os cuzões, obviamente, vazaram dali e eu desentupia um pouco minhas artérias...
Chegando em Guarulhos, a Eva, a Lila e o Lelê, todos de vermelho, vão lá confirmar o 13. À porta, vejo alguns panfletos mentirosos da campanha tucana espalhados no chão. Sinal de desespero, provavelmente. Voltamos à casa da Eva e por volta das 16h, me liga do Rio de Janeiro Edu Goldenberg. Já encharcado de Brahma e maracujá do Rio-Brasília, Edu me pergunta:
- Japonês, o que você tem a dizer sobre as eleições na tua terra, que deu vitória esmagadora ao Serra?
- Edu, como eu sempre digo, o que você esperava dessa raça de filho da puta? Hiroshima e Nagasaki foi pouco!
Lá pelas 18h, saímos em direção da Avenida Paulista. Sentamos no único bar aberto, em frente ao metrô Brigadeiro, e iniciamos os trabalhos. Eva e eu ansiosíssimos assistíamos à cobertura na TVzinha portátil. O ambiente era meio hostil, pois estávamos em ninho peessedebista, mas cada militante vermelho que passava por ali amenizava um pouco o nervosismo. Chega o Leco antes das 19h, quando saiu a primeira boca-de-urna e a parcial inicial de apuração. A certeza já era grande, mas precisávamos esperar o juiz apitar o fim do jogo.
Leco volta com Sarubbi às 20h, logo depois da confirmação das goleadas em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Estava consumada a vitória! Choro no colo da Evinha, enquanto patricinhas e playboys nas mesas ao lado mordiam os cotovelos. Ligo para o FH, ligo para o Seo Cruz e ligo para o Edu (o bêbado aqui esqueceu, mas falei também com o Leo Boechat), que exortava "mude para o Rio!". Todos eles grandes guerreiros nessa campanha, como fomos os mais de 55 milhões de brasileiros que escolhemos continuar engrandecendo a nação.
Quando os primeiros carros com bandeiras começam a atravessar a Paulista, a euforia é geral. Saúdo alguns deles e uma patricinha se manifesta. Em atitude típica de gente preconceituosa, fútil e golpista, ela solta um "filhodaputa", seguido do comentário "eu odeio essa vaca". Não me contive e comecei a berrar "viva o aborto!", "viva a terrorista!", "abaixo os golpistas de merda!". Um tucaninho tenta pagar de macho para jogar um charme à vagabunda e balbucia alguma bobagem contra meu partido. Chamei para a porrada e ele arregou. Foi meu segundo arroubo de necessária irracionalidade do dia.
O Sarubbi anuncia, depois de ler no Twitter: "festa de comemoração com Alceu Valença, Leci Brandão e que tais!". Por conta do ambiente pouco saudável e compatível com a ocasião, resolvemos sair de lá e ir para a frente do prédio da Gazeta, tal qual 2002. A conta, senhores: 45 reais! No caminho, encontro um catarinense que me viu com a camisa do glorioso e resolveu se agrupar, ainda meio cabreiro com a dúvida de existir ou não a festa. Cabreiros também estavam os ambulantes, que apareceram bem mais tarde para abastecer a alegria do povo. Sendo assim, fomos até os bares da Joaquim Eugênio de Lima, mas ali não havia um estabelecimento decente que vendesse latinhas a preço justo. A procura mal-sucedida, porém, rendeu. Encontrei Vandinho, dirigente do glorioso, ao lado da fantástica Leci Brandão e Thobias da Vai-Vai. Obviamente, caí em prantos de novo ao ver minha deputada, que horas depois iria cantar na comemoração.
De volta à Paulista, posicionei-me no canteiro central, saudando os carros de eleitores da Dilma e gritando "viva a democracia!" aos tucanos que, num misto de vergonha e empáfia, passavam com seus carros insulfilmados. Aliás, vale registrar a diferença fundamental: fossem eles os vencedores, apenas soltariam um risinho cínico de canto de boca. Nós, bêbados, sujos e que vivemos da Bolsa-Esmola do Lula, vamos às ruas para abraçar desconhecidos. Na derrota, são piores ainda. Torcem contra o Brasil, não reconhecem a democracia e extravasam seus piores sentimentos.
Muita gente me ligou, mas a porcaria do celular que normalmente não funciona resolveu morrer de vez. Muita gente chorou, mas o pranto era de alegria e satisfação. Muita gente bebeu até cair, porque merecem. Muita gente fez história, ao eleger a primeira mulher presidente. Foi uma jornada histórica e o ponto de partida para uma luta maior ainda que a enfrentada nos oito anos de Lula. Eles não se conformam, eles virão para cima com unhas e dentes. E nós resistiremos, até o fim.
VIVA O BRASIL! VIVA O POVO! DILMA NELES!
Assinar:
Postar comentários (Atom)
5 comentários:
hoje o corpo sofre em decorrência da tensão e da bebederia de ontem... mas nada paga esse sentimento de alma lavada.
viva a guerrilheira!
lugar de mulher é NA PRESIDÊNCIA!
Parabéns a Dilma, a minha familia ao japonês mais brasileiro, enfim aos BRASILEIROS de verdade que se cansaram do sofrimento. E um muito obrigado ao "cara", o LULA para sempre será o presidente desse país, que nossa candidata não canse de bater a porta desse tremendo estadista. Ontem com muito orgulho ostentei a estampa amarela da foice cruzada com o martelo no peito, atraindo olhares de desespero, calma quem come criancinhas não sou eu não viu!! E findo as apurações uma tremenda queima de fogos literalmente na porta da igreja atrapalhou o pesadelo do pedófilo!
Viva o Brasil, terceiro mundo é coisa do passado!
Parabéns a todos nós Japonês. Vitória do povo, legítima, suada e, no final, de goleada.
Abraços.
Claudio,é a primeira vez qe chuto essa macumba,um chute a la Basilio77.Esperança,alegria e manutenção do povo no topo.Viva Dilma!Viva o povo!esse blog é da hora!Parabens. tamo junto.Abraço.Obs:mano, cade o Bruno Ferraz do preto e branco,o cara sumiu?
Evinha, você mais do que todos sabe o significado de enterrar Serra politicamente. E que domingo passamos! Amo-te!
Clayton e João, o brasileiro de verdade não é bobo. Vencemos nessa mistura de luta e suor com uma lavada desmoralizadora pra cima dos reaças. Viva o Brasil!
Mano Du, seja bem chegado! Viva o povo brasileiro! E você citou uma coisa intrigante: o Brunão sumiu mesmo. Apareça, Bruno!
Postar um comentário