27 fevereiro 2009

Os abutres respiram


Tava demorando e a tarefa estava cada vez mais difícil. Os abutres não conseguiam plantar nenhuma crise institucional no Coringão. Pô, esse time não perde! Nem na bagunça da eleição conseguiram causar um auêzinho. Mais ainda, o boca de latrina da "credibilidade" tem cada vez menos gente o levando a sério.

Por considerar que o Sanchez realmente não gosta do clube que preside e, além de fazer um monte de merda por debaixo do pano, sempre busca dar uma aparecida na mídia, acho que esse troço de Ronaldinho ter chegado atrasado é pura encenação. Aliás, se encenam desde a contratação do Fenômeno, por que raios não aprontar mais uma, preparando o terreno para a tão famigerada estréia?

Só que a gente sabe como funcionam os abutres. A "noitada" - essa palavra me traz uma imagem de bacanal incrível, com milhares de pessoas se esfregando umas nas outras - foi transformada no grande escândalo de Presidente Prudente e a carniça fedeu. Mais ainda, o cheiro da carniça chegou até a capital, e o Capitão Gay, que dentre os dirigentes que curtem se mostrar é o campeão, diz o que Ronaldinho deve ou não fazer. Vá à merda, bambi, e continue falando sozinho, menino mimado.

Aguardem, corinthianos, por que a partida de estréia na Copa do Brasil (obrigação, porra!) é sobre onde os abutres estarão de olho grande. Não precisamos nem empatar ou perder, basta não evitar o jogo de volta que o negócio vai ser brabo. Só não caiam nessa, por favor. Lembrem-se: aos trancos e barrancos é que a gente sempre chegou lá.

Por fim, deixo uma pergunta que anda esquecida da Fiel: E A PORRA DO PATROCÍNIO, CARALHO?

26 fevereiro 2009

Falha e seu viral


Mensagem enviada por e-mail a Sérgio Malbergier, editor da Falha, que faz eco à "ditabranda" nesse texto:

"Seu texto é uma vergonha. Primeiro porque, nitidamente, tenta justificar o viral promovido pela tua Folha com a historinha da ditabranda. Medo de bancas de jornal às moscas no Carnaval, vai ver... Depois, porque parte de pressupostos superados pelos fatos. Qual o dado que comprova tua opinião? Veja o quanto ela é rasa.

Vocês ignorarem o Fórum Social Mundial não quer dizer que ele não teve ou tenha importância. Lá, por exemplo, reuniram-se as principais lideranças políticas da América Latina e, queira você ou não (e a Folha diz que preza tanto pela democracia), foram eleitos ou contam com o apoio da ampla maioria de seus povos. Discordar é uma coisa, fazer beicinho e ficar de birra é outra.

O grande trunfo das idéias marxistas é que elas são abrangentes e difíceis de serem contrargumentadas, uma vez que mete o dedo na ferida do contraditório capitalismo e suas regras excludentes. Não admitir que tais análises façam tanto sentido hoje é ser cego, e declarar que não há movimentação esquerdista no mundo é oportunismo barato de quem quer se promover às custas da recessão. Coisa de rato, sabe?

Por fim, se a esquerda morreu com a crise, o que dizer de jornalistas cheios de moralismos que trabalham em prol da desconstrução do país e torcem para que o Brasil afunde? E de uma oposição que sempre foi governo e que, por isso, não sabe fazer oposição? Os políticos, ao menos, se voltam para seus bolsos e vivem a construir castelos. Já vocês, jornalistas da Folha (ou seria Falha?), são apenas cachorros pulguentos que se prestam a qualquer papelzinho em troca dos restos da fartura do patrão."

25 fevereiro 2009

Tamo vivo...


Enfim, o retorno, depois de um tempinho ausente do espaço outrora atualizado freneticamente. O trabalho continua dando trabalho, mas a partir de agora os posts sairão de noite, com o máximo de freqüência possível. Prossigamos, falando em tópicos porque as pautas acumularam.

- Corinthians: e não é que não tem jeito? Nego bate, tenta derrubar, inventa historinha e o Coringão continua firme e forte, jogando naquele ritmo de empata foda peculiar. Só não somos líderes, aliás, porque a mentira azul do ABC não tem o mínimo de dignidade (e escrevo isso no fim do primeiro tempo). Ficam as coisas para ser resolvidas no dia 8, que ainda é uma incógnita por conta dessa longa viagem a Presidente Prudente. Quem vai ae?

- Carnaval: maratona fudida desde a última sexta, comparecendo ao Anhembi para ver a Peruche (ô síndrome de couro de pica!) e a Vila Maria da Evinha, com a Rosas no meio (eu simplesmente ignorei esse desfile). Fato que me surpreendeu foi o nível de desorganização do evento. Para se ter uma idéia, fichas para sanduíches eram vendidas aos montes, mas às 3h da manhã, quando eu já batia em retirada do Anhembi, ainda não tinham nem montado a estrutura para a confecção de tais iguarias da culinária lixo.

Depois dos desfiles - e a impressão de que, pelo menos, a Peruche não cairia como caiu -, tocamos o carro para Pirapora do Bom Jesus. Novamente, desembarcamos no Hotel Casarão, dessa vez fechado com exclusividade. Haja churrasco, haja cerveja, haja fígado. Apesar da diversão garantida com os trios nas ruas, os bailes no clube e o grande ápice com o desfile do Vovô da Serra do Japi, ficou uma ponta de tristeza com a politização burra da festa. Tucanos deram lugar a petistas e os órfãos políticos resolveram boicotar o troço todo. Tanto que nas comunidades do orkut, há trolls e mais trolls tentando desmoralizar o Carnaval deste ano, mesmo não havendo diferença alguma dos anos anteriores.

Digo mais. Se em 2007 eu senti a ausência de qualquer membro da administração municipal, neste ano era marcante a presença dos funcionários responsáveis pela programação. O que os piraporanos precisam entender e absorver é a sua importância na cultura popular brasileira. Não adianta ficar só reclamando, motivado por implicâncias meramente políticas, e esquecer de suas raízes.

Ainda na análise geral, é triste ver minha Peruche cair de novo, ao lado da tradicionalíssima Nenê de Vila Matilde. Aliás, conseguiram derrubar a Nenê na homenagem ao velho, o que demonstra, no mínimo, uma falta de respeito. Assim como é falta de respeito derrubarem o Império Serrano de novo. Por tudo isso, cada vez mais me convenço que o Carnaval está mesmo nas ruas...


- Cadê o prefeito: disse que estive no sambódromo sexta passada. Senti-me, ao lado da Evinha, um louco pregando no deserto. Antes das escolas, pisaram na avenida o generalzinho e o corvo manda-chuva. Xinguei-os como se estivesse xingando o pior dos inimigos. Tudo o que vi foram olhares que ficavam entre a reprovação e/ou a culpa. Culpa pelas merendas, pelos milhares de buracos na cidade, pelo aumento do metrô, pela formação de quadrilha - até o marido da Ana Maria Braga arranjou emprego na Prefeitura - e até pelas tristes cenas no Parque da Aclimação. O silêncio da mídia cooptada continua, já que eles preferem dizer que houve entre 1964 e 1985 uma "ditabranda" aqui no Brasil. Ainda sobre essa corja maldita, muito será dito assim que eu souber as novidades na educação...

19 fevereiro 2009

Ainda sobre o blogue


O troço tá osso, meus camaradas, e a coisa não está sendo possível como eu planejava. Acredito que depois do Carnaval os posts voltam a ter a periodicidade necessária para manter os ideais desse espaço. Aliás, pensando nisso, vejo outras demandas.

Primeiro que o tema Corinthians, destacado no marcador, provavelmente irá ter espaço próprio, destinado tão somente ao time de Parque São Jorge, paixão da maioria dos brasileiros e motivo de ódio da outra metade. Sinto essa necessidade porque identifico uma onda de blogues surgindo aqui e ali que precisam ser unificados, contemplando uma rede paralela à essa mídia vil que tenta, por exemplo, jogar em nós a culpa da baderna provocada pela PM no último domingo lá no panetone.

Esse Chuta que é macumba seguirá com outros temas. Falará das coisas do povo, da beleza dos pequenos detalhes, dos meus anseios e nóias, de música e de política. Minha Evinha, por exemplo, me fez refletir ao sentenciar que o troço aqui anda muito carrancudo. Não que ele já tenha sido leve um dia, mas acho que os tempos andam tão difíceis que é preciso dar voz ao lirismo cotidiano.

Prometo que este endereço voltará em breve com sua atualização decente; é só uma questão de readaptação. Encontrei o trabalho que queria e ele me aceitou também, vejam só! Preciso dedicar-me um pouco a isso, talvez como nunca fizera antes, porque há finalmente um norte profissional. Enquanto isso, relembrem as bobagens que eu digo por aqui desde 2006 fuçando na barra lateral esquerda. Elas parecem de anteontem.

17 fevereiro 2009

Tudo a seu tempo


Os posts deste blogue ficarão meio escassos até hoje de noite porque eu finalmente mudei de emprego e estou com o acesso meio restrito à rede. A partir de agora, os textos devem entrar somente à noite, e não serão mais naquela enxurrada a que estávamos acostumados. O tom ácido permanece, no entanto.

Em breve, cenas do próximo capítulo!

15 fevereiro 2009

Relato de uma guerra anunciada


Infelizmente, o relato do clássico desse domingo passará rapidamente pelo futebol. A partida foi uma porcaria e os dois times jogaram para o gasto, mais com receio de perder do que querendo ganhar. Mano Menezes, em particular, adotou uma postura que já havia nos custado o título da Copa do Brasil ano passado e abdicou do ataque. Ainda nos destaques negativos, cito Douglas. O cara é um chinelo desgraçado e nitidamente entra sem vontade porque está com grana a receber. Ele que tome cuidado, porque senão vai ser reserva de Boquita, que anda resolvendo. André Santos finalmente jogou bem e o resto do time manteve a média abaixo da média.

Pronto, isso foi o clássico dentro de campo. Fora dele, a guerra aguardada e anunciada tardou, mas não falhou. A chegada ao panetone ocorreu sem maiores problemas, com a Fiel vindo pela Giovanni Gronchi com o sangue nos olhos. Lá dentro, durante os 90 minutos, faltou algum gás à torcida, que não pareceu ter passado o apuro que passou e gastado o dinheiro que gastou pra entrar naquela bosta. Enfim, coisas do Carnaval...

Durante a peleja, a soberba castigou os alienados. Com um jogador a mais durante quase toda a partida, o adversário se contentou em fazer 1 a 0 e a bicharada já gritava insanidades como nos chamar de fregueses (105 a 87, queridas). Só que como gosta de falar o próprio técnico delas, a bola pune e foi morrer no gol do eterno reserva depois de bela jogada do futuro camisa 10 corinthiano. A partir daí, foi festa na favela e a reiteração do tabu de mais de 2 anos sem derrota para elas. E para calar nossa festa, veio a treta...

O coronel responsável pelo policiamento diz que houve confronto a partir da nossa torcida. Mentira. O mesmo coronel fala que nossa torcida jogou bombas contra a PM. Mentira. Logo depois, o coronel se contradiz, ao afirmar que as bombas partiram dos estacionamentos dos camarotes. Mentira. Para questão de esclarecimentos, deixo aqui o meu relato, já que estava lá no meio e quase fui pisoteado. Ignore o que a imprensa divulga porque se trata de uma falsa versão oficialesca, "legitimada" pelas palavras do promotorzinho que gosta de aparecer.

Saíamos, depois de 40 minutos de espera, por um corredor que, se antes era pequeno e motivava confusão, agora está menor ainda por conta de um muro de separação entre os setores Visa da torcida tricolouca e os visitantes. Vale lembrar que tal muro foi feito às pressas, e logo depois da visita dos inspetores da Fifa, que jamais aprovariam tal gambiarra.

Um primeiro foco de tumulto,
causado provavelmente pela truculência da PM, foi controlado pelos próprios corinthianos. Cerca de cinco minutos depois - e reforço que nesse intervalo de tempo não houve nenhum sinal de briga -, a correria generalizada tomou conta do pequeno corredor de saída. Pessoas fugiam dos cassetetes dos policiais e das bombas (foram 3) jogadas na multidão, que não tinha para onde escapar. O pisoteamento e o esmagamento de alguns foi inevitável e a tranqüilidade foi para o saco.

Em meio a senhores de idade, mulheres e até crianças, a PM desceu a mão indiscriminadamente. Um desses senhores procurava o tal coronel responsável pela baderna fardada e não obtinha a resposta necessária. Agora, imaginem vocês: a saída foi transformada numa guerra de nervos e todas aquelas provocações jogadas feito merda no ventilador pela imprensa esportiva vieram à tona em forma de revolta e incontinência de mãos e pernas. Ainda assim, foram apenas algumas grades de direcionamento de filas sendo atiradas ao nada, mais um motivo para a PM descer o cacete na Fiel.

Repito: só houve confronto porque a PM assim o quis. Talvez a fim de descontar a raiva de seu baixo salário, ou então dar vazão a seu baixo intelecto e seu instinto imbecil. Apesar de merecer um quebra-quebra, o clássico só teve algumas cadeiras voando após a discutível expulsão de Túlio e um vidro solto (não quebraram o vidro, até porque dizem ser ele à prova de balas; o troço apenas se soltou da moldura) depois do apito final. Nada mais que o normal, e até abaixo do esperado. O corinthiano desarmou seu espírito - até demais - durante a permanência no panetone, mas a polícia fez sua parte mais uma vez e promoveu uma confusão que vai entrar, novamente, na conta das torcidas organizadas.


13 fevereiro 2009

É dia 15!


Ingresso na mão, extorsivos R$90 pagos por ele, e daqui até domingo nem mais uma palavra sobre o que vai acontecer. Aproveito essas últimas linhas para lembrar à Fiel que ela deve comparecer (obviamente quem puder, por conta desse preço e por outras questões que agora não valem a pena ser levantadas) e se manter unida. Mais do que nunca.

Domingo é guerra, domingo é dia de mostrar praquelas bichas o que é o Corinthians e sua Nação. Sangue fervendo, amigos. Quiseram provocar e agora vão ter que aturar as conseqüências, que é como menino mimado aprende na vida.

AQUI É CORINTHIANS!

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Só um adendo. Dia 14 tem eleições. Provavelmente o tampão ganha. Em meio a tanto lixo disputando o poder, fica difícil saber quem é pior, e ainda assim a vitória do tampão é dos males o menor. Sei, na verdade, que há entre nós tanta gente que deveria e poderia disputar esse pleito e elevar sua qualidade, mas eles não se manifestam. Estranho isso. Ficam escondidos em chapas obscuras que reúnem o que de pior já passou pelo Corinthians. Fora isso, mesmo com um estatuto democrático, a barreira está no preço do título (mais de R$700). Eu não posso pagar, e mesmo que quisesse também não poderia votar. Para tornar-me conselheiro e candidatar-me a presidente, então, demoraria mais de década. Ou seja, é tempo daqueles que cumprem os requisitos de acordarem. Como é que é, Wlad? Como é que é, Doutor? O Corinthians precisa de vocês!


12 fevereiro 2009

Referenciando e reverenciando


Duas ótimas dicas na nossa rede blogueira que deixo como indicação. A primeira é o mais novo endereço do genial Danilo Mandioca, que já tem o seu kadj oman. Trata-se de Vai, lateral!, um blogue destinado às histórias fantásticas dos torcedores.

Recomendo também o ótimo Retranca Crônica, apresentado aqui neste espaço hoje mesmo por Tiago Marconi, um dos autores da página. O post mais recente, inclusive, está impagável.

Ambas as referências vão ali para o menu lateral, que foi reformulado e ainda vai mudar um pouco. Visitem!

Sem espaço para sensatez e paz


Informações de agorinha do Globo Esporte: ingressos para o jogo de domingo só começam a ser vendidos amanhã no Parque São Jorge. Porém, apenas 2 mil dos 6,8 mil disponíveis irão para as bilheterias. O restante vai para as organizadas. Preço? R$90. EXTORSIVOS R$90!

E aí nego vem pedir calma, nego vem pedir que não haja briga, nego vem querer falar que deve haver sensatez. À merda todos vocês! À merda, bicharada filha da puta!

Domingo eu vou até aquela bosta só pra quebrar o que vir pela frente.

AQUI É CORINTHIANS!

11 fevereiro 2009

Estado febril permanente


Há tempos devia esse texto sobre o livro "Febre de Bola", brilhante obra do não menos brilhante escritor britânico Nick Hornby. Autor de outro grande sucesso, "Alta Fidelidade", Hornby dedica 245 páginas para falar de suas experiências no estádio de Highbury e pela Europa afora, acompanhando os jogos de seu Arsenal entre os anos de 1968 a 1992. Apesar de baseado em relatos pessoais - muitas vezes permeados com detalhes íntimos -, o livro tem como principal qualidade conseguir representar um universo complexo a partir do indivíduo. Quem vai a estádios e é fanático por seu time se vê na pele de Hornby em muitas ocasiões, principalmente naquelas que nos renderiam uma execração pública pela opinião média e comum. Contrariando o óbvio, o autor mostra que a gente pode até ser ridículo, mas tudo isso faz sentido na nossa cabeça.

Já que falamos de relatos pessoais, faço um parêntese. Tenho a mania de marcar trechos que considero importantes nos livros que leio. Faço uma pequena dobra na orelha da página, tendo como critério o seguinte: se a passagem está na primeira metade da folha, a marca fica na parte superior. Se está na segunda metade, a marca fica no pé. Fato é que, fosse eu fazer esse tipo de coisa com "Febre de Bola", ele estaria todo deformado e praticamente impossível de manusear. Voltemos...

Ao longo desses mais de 20 anos de relatos e análises do que acontecia com o futebol inglês e seu time, Hornby ri de sua própria desgraça, sofre com as derrotas, imprime um teor épico imprescindível nas vitórias, conta como se comporta um torcedor assíduo durante seu envelhecimento e indigna-se com algumas atitudes imbecis, como as brigas e a incompetência de dirigentes e polícia no trato com o esporte. Dentro desse contexto, o autor descreve minuciosamente como a modernidade e a mercatilização invadiram o futebol na Inglaterra. É brilhante, porque tudo que está escrito corresponde ao processo em andamento aqui no Brasil. Parece até que há uma cartilha.

"Febre de Bola" também rende boas gargalhadas. Hornby estabelece, assim como todos nós, regras para seu convívio em sociedade. Não marquem casamentos, aniversários e até velórios em dia de jogo, porque ele não vai. A justificativa é que, se você foi insensível ao ponto de ignorar o calendário esportivo ao marcar tal evento, é porque não deseja a presença de quem marca seus compromissos respeitando as datas de jogos. Fantástico!

Deixo aqui, além da recomendação de leitura imediata, algumas das dobrinhas que fiz em "Febre de Bola", transcritas com muito prazer e sem nenhuma pressa.

"Os grandes clubes parecem ter se cansado das suas torcidas, e sob certo aspecto quem pode culpá-los? Jovens trabalhadores e homens de classe média baixa trazem consigo problemas complicados e ocasionalmente perturbadores; os diretores e presidentes podem argumentar que eles tiveram sua chance e a disperdiçaram, e que as famílias de classe média - o novo público-alvo - não só irão se comportar bem, como pagar muito mais para fazê-lo. Este argumento ignora questões básicas que envolvem responsabilidade, justiça e o papel que os clubes têm ou não a representar em suas comunidades. Mas mesmo sem essas questões, parece-me haver uma falha fatal nesse raciocínio. (...) e a atmosfera é um dos ingredientes cruciais da experiência futebolística. Essas torcidas imensas são tão vitais para os clubes quanto os jogadores, não só porque seus membros são eloqüentes no seu apoio, não só porque fornecem aos clubes grandes somas de dinheiro (embora esses fatores não deixem de ser importantes),
mas porque sem as torcidas ninguém se daria ao trabalho de ir ao jogo."

"De modo que onde está a relação entre torcedor e o espetáculo, se o torcedor tem uma relação tão problemática com os maiores momentos do jogo? Essa relação existe, mas está longe de ser simples e direta. O Tottenham, em geral considerado um time de futebol superior, não tem tantos torcedores quanto o Arsenal, por exemplo; e os times que têm reputação de futebol-espetáculo não atraem filas que dão a volta no quarteirão. O jeito com que nossos times jogam é irrelevante para a maioria de nós, da mesma forma que ganhar taças e campeonatos é irrelevante. Poucos de nós escolheram nossos clubes, eles foram simplesmente apresentados a nós;"

"Os clubes acabaram percebendo que havia muito dinheiro a ser ganho ali, e que as companhias de televisão teriam prazer em dá-lo a eles; a partir daí, o comportamento da Liga de Futebol se assemelhou ao da mítica moça de convento. A Liga deixa qualquer um fazer qualquer coisa que quiser - mudar a hora marcada do pontapé inicial, o dia do jogo, os times, as camisas, não importa; nada é problemático demais. Enquanto isso, os torcedores, os fregueses que pagam, são tratados como idiotas crédulos e cordatos. A data anunciada no ingresso é destituída de significado: se a ITV ou a BBC quiser transferir o compromisso para um horário mais conveniente, irá fazê-lo."

Esses são alguns aperitivos de "Febre de Bola", livro que já virou dois longa-metragens (um deles cometeu a heresia de transpor a história para um casal que gosta de beisebol) e que se propõe a, senão explicar, pelo menos mostrar o porquê dessa nossa obssessão pelo futebol e, principalmente, por nossos clubes de coração.

10 fevereiro 2009

Hora da Patrulha


Fevereiro deve estar voando para o generalzinho. Já estamos no dia 10 e ele ainda não cumpriu diversas promessas de campanha na área da Educação. Vejam na matéria do Portal Vermelho a lista de pendências.

Ainda assim, há tempo de fazer maracutaias. Essa das merendas continua sendo difícil de achar pela mídia, mas novas evidências absurdas aparecem diariamente. Destaco algumas informações do blogue do Rodrigo Vianna:

- "Em 2007, a própria Prefeitura de São Paulo contratou a FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), para que fizesse uma avaliação técnica do programa de merenda. Uma das questões estudadas: a Prefeitura deveria, ou não, terceirizar todo o serviço de merenda?
A resposta da FIPE, em abril de 2007, foi: não! Se toda merenda de São Paulo fosse terceirizada, o programa custaria 71% a mais!"

- "Há gravações. Nojentas. Os empresários, reunidos num hotel em frente à Prefeitura, combinam o preço. Dão risada, brincam com a comida das crianças."

- "o atual governador teria deixado alguma ordem, indicando que a terceirização deveria ocorrer de qualquer jeito? Era um acerto prévio? Por que a Prefeitura gastou quase um milhão para ouvir a opinião da FIPE, e depois desconsiderou o relatório?"

- "Kassab e seu parceiro Serra não terão sossego nesse caso. A “Merenda de Serra/Kassab” pode se transformar no equivalente da “Máfia dos Fiscais” de Pitta/Maluf. A diferença é que, dessa vez, os prejudicados diretos seriam milhares de crianças. É de virar o estômago."

E a pérola, para fechar com chave de ouro: "Em tempo: Kassab diz que não sabia de nada". Ah se fosse a Marta...

Sorria, São Paulo

09 fevereiro 2009

Tudo às claras


A lamentável postura adotada pela diretoria leonor com relação aos ingressos para o clássico do próximo domingo deu origem a vários problemas. Pariu também o ódio da nação alvinegra. Com o ponto final na trégua de fachada, os orlandos fazem disso a grande investida para tentar consolidar outro golpe histórico. Falseiam uma briga com a Federação para enfraquecê-la e impor a criação de sua (cinta)Liga, e vêem no "seu" estádio o instrumento para tanto (alô 2014!).

O movimento é bancado pela mídia, que já começou a disseminar sua agenda de destruição ao "antecipar" confrontos entre torcidas. Culpa de quem? Claro que será dos "vândalos", como denominou a juju recheada de uísque. Em nenhum momento questionou-se, como fez brilhantemente o Barneschi, por que Corinthians x porco será no interior e o jogo do dia 15 será no panetone. O mando não é da FPF? É essa a briguinha dos barões? Ao contrário do que querem provar, a culpa de qualquer morte, incêndio ou depredação será única e exclusivamente de quem tomou essa trágica decisão.

Há, no entanto, coisas positivas a se tirar disso tudo. Primeiro, fica clara a postura a se tomar diante das situações. Agora é guerra! Que a diretoria corinthiana coloque mais um artigo no estatuto: o Sport Club Corinthians Paulista nunca mais mandará jogos no morumbi. Porque se esquecem os leonores que aquela bosta só enche com o Timão. Se esquecem que o recorde de público daquela "maravilhosa obra do poder público" (apud juju) é nosso. E quando forem ao Templo Sagrado, não é tobogã. Elas vão ficar lá no chiqueirinho, que é o lugar da torcida visitante.

Os corinthianos, por sua vez, não podem cair na conversa fiada e retomar o interminável, abominável e entediante papo de estádio próprio. A nossa casa é o Pacaembu e ponto. E vamos ficar com ele assim que a Prefeitura resolver nos repassar o troço sem custo algum. Acorda, Fiel, e detecte seu verdadeiro inimigo.

O outro fator favorável tem base na história. Todos os golpes são seguidos de falência. Esse último começou lá atrás, na década de 50, e vêm se arrastando. Fazem agora o movimento final, mas vão cair do cavalo. Respondam-me: quem vai encher aquele elefante branco? Vão manter tudo aquilo com apenas 5 ou 6 jogos por ano dando público realmente rentável? Ou é por isso mesmo que tentam construir um shopping lá dentro (e um shopping sem estacionamento), que provavelmente será outro fracasso, como todas as ações de marketing lançadas até hoje pelos leonores?

Devemos estar atentos para não repetir os erros de nossos antepassados. A se repetir 1938, que estejamos prontos para pisar na cabeça do moribundo.

P.S.: Esse texto está repleto de ódio e indignação, mas tal sentimento não se aplica obviamente às pessoas que amo e que torcem para o referido time. Respeito a escolha, entendo o gosto, mas não posso me calar diante de um tapa na cara como esse que foi dado em todo corinthiano.


Fama, glória, luxo, glamour


A turma do Juquinha anda passando por aqui para fazer vigília? Do blogueiro que mama no Bezerrão:

"E o de Fábio Costa permite interpretar que, mesmo sem tocar em Keirrison, ele usou força desproporcional e foi imprudente, capaz de quebrar o atacante se este deixa o pé.

Mas, compará-lo ao famoso pênalti que ele cometeu em Tinga quando jogava pelo Corinthians já beira à desonestidade intelectual."

Este blogue já foi muito melhor freqüentado...


Bambas da paulicéia 2


"Quem quiser comprar eu vendo
Obi orobó, quem vai comprar
É pregão que vem do peito
Saudade da vovó
Que faz chorar

É querer
Corre terra sobe montes
Nas caatingas do horizonte
Em busca do direito de viver
De viver

É ciranda, cirandinha nada deu
Sonho doce, boi lambeu
Mulher assume o direito que é seu

Oh! Mariana, oh! Mariana
Pra fazer da terra lama
A água que banha, a água que banha

A cacimba foi furar
Água cristalina encontrar
Lindo palácio, vida em regaço
Um amor de fato
Que um dia fez chorar

Ô ô, a menina bonita
No chão da Bahia dançou mariana
Ô ô ô ô, tem o nome gravado
No cajá dourado
Está sua fama."


Continuando nossa série em clima de Carnaval, hoje destaco aqui um dos mais - senão o mais - belos sambas-enredo da minha querida Unidos do Peruche, escola que aprendi a amar há não muito tempo. Para ser mais preciso, em 2003, levado pelo meu compadre FH, quando a agremiação saiu com uma música sobre o leste paulista e as coisas do interior.

Mas os versos acima compõem o samba "Água Cristalina" e foram feitos pelo grande Ideval, nome de ouro da paulicéia, ao lado de Mestre Lagrila. O Peruche cantou essa obra no ano de 1985, na voz de Eliana de Lima, ano que marcou um processo de retomada de fôlego da escola, anterior à nova deterioração melancólica de hoje em dia. Deteriorações, aliás, são constantes na trajetória do Peruche, muito por conta da mercantilização vil que atinge o Carnaval paulista praticamente desde sua "oficialização" - a gloriosa Camisa Verde e Branco passa pelo mesmo processo.

Esses percalços, porém, não tiram a glória daquela que "brilha o samba nas cores da bandeira brasileira". Tendo origem lá na década de 50 e capitaneada pelo imortal Carlão, o Peruche não chegou a ser campeão em nenhum ano após criação da liga. O que não leva à automática conclusão de que seja uma escola menor, já que prestou muitos serviços ao samba paulista. Lá no bairro do Limão, a Bateria Rolo Compressor faz a terra tremer e é reconhecidamente uma das melhores do Brasil, e o comprometimento de sua comunidade é exemplar. Não fosse isso e o engajamento de Carlão, ao lado de outros bambas, talvez hoje não teríamos nem Anhembi.

O grande problema é que o Peruche parece ter um sapo enterrado sob sua quadra. Todo ano em que há um bom samba (como nesse 1985), alguma coisa acontece de errado, quase sempre uma semana antes de sair na avenida. É uma tortura sem fim e, para quem duvida, basta ver algumas histórias no Wikipedia.

Fiquem então com "Água Cristalina", uma obra-prima da Zona Norte paulistana.





P.S.: a palavra desfile, empregada com equívoco aqui neste texto, foi sumariamente limada depois dessas palavras de Nei Lopes.

Curtas sobre o brejo e a rodada


Pequenas frases que resumem o fim de semana esportivo:

- Até o juiz já havia tomado banho depois de cancelar o jogo diluvial no sábado. Quais interesses em se recomeçar a partida? O prejuízo para o Corinthians foi gritante, e quero ver quem é que paga a conta no final do Paulistão.

- Souza cuzão, fora do Timão!

- O Pacaembu apresentou uma péssima drenagem no gramado, além de goteiras por toda a parte superior das arquibancadas - isso sem contar a ainda inacabada escada lateral. E ainda querem nos cobrar R$300 mil por mês? Tem que dar de graça e ainda agradecer que a gente vai tomar conta...

- Jean, a próxima é rua!

- O Mano Menezes acerta uma e logo na seqüência caga de novo. Colocar o Boquita no começo do jogo (tá queimando o moleque?) e tirar o Morais (e não o Souza) é brincadeira. Daí nego vem com a história do empresário dele e o cara acha ruim.

- Mesmo tendo anunciado o fim do jogo e muita gente ter ido embora, o recomeço da partida contava com mais público que muita média de time considerado grande por aí...

- Gritar Herrera é o mesmo que pedir autógrafo pro Kia ou ter comprado a camisa da Argentina.

- Analisando friamente, é bom estarmos passsando pelos jogos aos trancos e barrancos. Tivéssemos nós disparado (vale lembrar que o time ainda está pela metade) e a soberba nos prejudicaria.

- Dilema na imprensa: se considerarmos erro do juiz o pênalti marcado contra o Santos no último domingo, então em 2005 também não foi infração, porque o lance é idêntico. Nada como um dia após o outro...


06 fevereiro 2009

Azedou


Estamos no dia 06 de fevereiro. Os CEUs prometidos para o início das aulas não estão totalmente prontos e, para tentar cumprir seu devaneio eleitoreiro, o generalzinho prorrogou a volta dos alunos. Só que se o problema nas escolas fosse só isso...

Azedou completamente esse início de gestão as denúncias de irregularidades na distribuição de merendas feitas pelo Ministério Público Estadual. Além dos indícios de formação de cartel, que também é investigado pelo Ministério da Justiça, há problemas na quantidade e na qualidade dos alimentos fornecidos para a rede municipal de ensino. Pior de tudo, o ex-secretário de gestão, após a licitação, pediu sua exoneração e foi trabalhar como diretor em uma das empresas vencedoras da concorrência pública.

Não surpreendente é a postura da mídia. Falam pelo canto da boca, quase que com vergonha ou medo, pois sabem que um negócio desse não pode virar crise, ainda mais nesse início de governo. Não apontam seus dedos inquisidores como fariam caso a prefeitura fosse, por exemplo, petista. Ao contrário, banham-se de toda a prudência e dizem "aguardar as apurações" da "suposta" fraude.

Em todas as reportagens produzidas por Falha e Estadão, há duas míseras menções ao nome de Kassab, que jamais foi procurado para dar explicações - tampouco entrevistaram o secretário da Educação Alexandre Schneider. Finalmente, nenhum veículo foi atrás das vítimas, as crianças, para ver se há algum caso de complicação mais grave.

É claro, não importa. Assim como não importa que o IPTU tenha vertiginoso reajuste para as classes mais populares, enquanto um shopping grã-fino nem conste no sistema de cobranças da Prefeitura.

No Estado, tudo em paz - O mentor de todas essas atrocidades, porém, atende pelo nome de José Serra. Ora, foi ele quem colocou essa turma aí (e também na Fundação da OSESP, lembram?) . Serra é outro que não está ligando muito para a hora do Brasil, pois prorrogou igualmente a volta às aulas - talvez não tenha dado tempo de produzir todo o péssimo material escolar que ele pretende fornecer. O governador está em campanha presidencial, usando a Sabesp como desculpa para rodar país afora. Por viajar tanto, não deve ter visto que uma mulher foi assassinada na rua de sua casa, nem os abusos da sua PM em Paraisópolis.


Os barões brigam e a gente paga


Desgastada há um bom tempo, a relação entre o clube leonor e a FPF foi fortemente abalada no fim de 2008, quando o presidente da entidade, Marco Polo Del Nero, jogou na imprensa a denúncia de suborno ao árbitro que apitaria a partida decisiva entre spfc e goiás. Isso teve, aliás, grande simbologia por conta da moeda de troca - ingressos do show da Madonna - o que fez com que o arranjado campeonato fosse batizado de Madonnão 2008. E o que isso tem a ver com Corinthians?

Bom, tem a ver com Corinthians e também com palmeiras. Del Nero, ciente de que o maior dos clássicos que acontece em 8 de março vai ter casa lotada, resolveu aproveitar que o mando do jogo é da Federação e transferiu sua realização para a distante cidade de Presidente Prudente, mais de 6 horas de viagem a partir da capital. Natural seria que a partida fosse realizada no panetone, mas por conta da briguinha de cumadres a FPF decidiu não encher os cofres leonores. Tacou o derby para o interior e fodeu com a vida de corinthianos e porcada.

Como é de praxe, a baronada briga e se descabela e a plebe, que não tem nada a ver com o assunto, paga o pato. Por que, meu Deus, esse jogo não é marcado para o Pacaembu? Qual a lógica desse filho da puta do Del Nero para colocar um Corinthians x parmera a 600 km de sua sede natural? A única explicação, a meu ver, só pode ser beneficiar a imagem pessoal do cartola.

E antes que alguém queira defender,
que se dane o torcedor do interior. Por que esses barnabés não reclamam que um Corinthians x Oeste de Itápolis é realizado em São Paulo? Querem pegar só o filé mignon, os espertos? Aí se eu sugerir que se quebre toda a porra dessa cidade de merda vão me chamar de radical, intolerante e podem até me processar criminalmente. Porra, espero esse jogo há um ano e corro o risco de não assisti-lo. Não há racionalidade e sensatez que barrem qualquer ação desequilibrada.

Mais uma vez, a canalha não se entende e tanto nós quanto os rivais nos damos mal. Se é que tem um lado positivo, o caso serve para deixar explícito os papéis de cada um nesse mundo do futebol. Quando eu falo do inimigo por aqui, não estou apenas me baseando em teorias conspiratórias. Fica outra lição que a gente deveria aprender, lamentando sempre o que fizemos 70 anos atrás.

À merda com a FPF e o prefeito de Presidente Prudente!

05 fevereiro 2009

Festa na favela


Antes das observações positivas com relação ao jogo do Corinthians contra o Paulista, as cornetadas básicas. O que anda fazendo a zaga nos treinamentos? Onde está com a cabeça o André Santos (que ontem, segundo as estatísticas, não acertou um cruzamento de bola parada!)? Por que o Felipe não conseguiu chegar naquela bola do segundo gol? Como o Túlio era titular absoluto no Botafogo (ou isso explica o porquê de ter coisas que só acontecem com o Botafogo)? Lulinha e Souza?

Desabafo feito, vamos a algumas análises. Somos líderes invictos. Apesar de tudo. Apesar de muita torcida contra, de arbitragens para lá de ruins (não digo nem que esteja havendo má-intenção, os caras são ruins tecnicamente) e os abutres doidinhos para roer uma carniça que nunca existirá. Se a defesa, que em 2008 era a parte mais destacável no Corinthians, hoje está ainda perdida e sem tempo de bola, ao menos ela compensa as cagadas fazendo gols. Já que os responsáveis por isso não conseguem (e tome outra cornetada)...

Ao contrário do que muitos estão dizendo, a partida de Jundiaí foi a melhor apresentação do Coringão no ano. Jogo pegado, as duas equipes correndo barbaridade e atacando alternadamente. Até o intervalo, diga-se, o Paulista jogava muito mais. Porém, do outro lado há o Corinthians. E se Mano Menezes caga homericamente nas substituições
na maioria das vezes, ontem ele fez uma leitura tática perfeita e anulou os avanços do adversário, ao reforçar o meio com Diogo e Boquita (bela estréia do moleque, viu Lulinha?) e obrigando uma recuada do adversário.

Pela Band, aquele destemperado que comenta a arbitragem afirmou categoricamente: não foi pênalti e a falta do terceiro gol não aconteceu. Digo que esse senhor foi o mesmo que anulou aquele longíquo gol do Paulo Sérgio contra os leonores, isso na década de 90, ao bandeirar uma saída de bola inexistente na cobrança de escanteio. E reafirmo que as infrações aconteceram. Só carniceiro que não viu.

Pelo visto, as coisas vão começar a melhorar. Voltam Morais e Douglas, que darão qualidade na armação das jogadas. Volta também Jorge Henrique, que fará os gols que Souza perde. Sobre este ser, o lamento derradeiro: pensava que tinha me livrado do Errei-rá. Conseguiram arranjar um pior...

Curtinhas


- Demétrio Magnoli é um dos principais contrapositores à regulamentação de cotas para negros nas universidades. Usa os mais absurdos argumentos para tentar justificar o mais absurdo ideal. A última tentativa, ao falar do Projeto de Lei das cotas que deve ser aprovado, diz: "Diferentes pesquisas evidenciam que ampla maioria dos brasileiros, de todas as cores, rejeita a introdução da raça na lei". No dia da eleição paulistana, Magnoli, a pesquisa de boca de urna dizia que Marta Suplicy ganharia o primeiro turno. Distorcendo a avaliação, posso dizer que a maioria preferia Marta, mas quem levou?

- "A bola (gol do Bragantino) passou na faixa da luz (do refletor) e escapou da minha mão". Se o próprio ídolo diz que o estádio não serve nem para jogar bola, o que dirão os inspetores da Fifa?

- O Pedro Alexandre Sanches colocou um post interessante no seu sempre obrigatório blogue. Está lá que a principal fonte de renda dos cinemas multiplex não são os ingressos, mas sim as pipocas, refrigerantes e outras guloseimas. Pois bem, por que então foi feita aquela grande pressão para restringir o direito à meia-entrada? E que bela preocupação a desses caras, que estão cagando e andando para a cultura.

- Plantão da Hora da Patrulha: "Governo Serra propõe pedágio em ruas e vias entre cidades". Deixo meu comentário nas palavras do PHA...

- A burrice disseminada e a intolerância febril de alguns seres que habitam o ambiente internético fizeram Mino Carta desencanar de seu blogue e até mesmo parar de escrever na Carta Capital. Lógico, alguns outros equívocos do governo Lula também motivaram a descrença do velho e referencial jornalista - ele deve estar pensando em 2010. Compartilho desse sentimento, mas daqui não saio, daqui ninguém me tira.

- Daqui a pouco, falo do jogo do Corinthians...

03 fevereiro 2009

A quem interessa?


Desde que voltou de seus 30 dias de férias, o Juquinha iniciou campanha ferrenha contra a realização dos campeonatos regionais. Defensor de toda e qualquer medida em prol da modernidade (com exceção da Copa 2014, porque o Lula não o nomeou Ministro dos Esportes), Juquinha usa seu espaço e os de seus subordinados para metralhar o que ele considera "baixa qualidade" nos jogos estaduais.

Primeiro que há um preconceito tremendo, rapidamente derrubado pelos horríveis jogos da Série A do Brasileirão em 2008. Se a qualidade técnica não agrada os olhos do seo Juquinha, ele que vá ao circo ou ao teatro. Aliás, a bem da verdade, não entendo o motivo da reclamação, pois é sabido que o pseudo-jornalista não pisa num estádio há décadas, apesar de insistir na carreira de cronista esportivo.

Queria saber qual a solução que o Juquinha dá para garantir a sobrevivência dos times do interior no período de ostracismo. Se por um lado ele prega a profissionalização total, inclusive com a adaptação do nosso calendário ao europeu, por outro não traz soluções para a inclusão e o fortalecimento do futebol no interior do país. E aí a gente chega no ponto crucial.

Juquinha não tem essa preocupação, pois está cumprindo ordens de nós sabemos quem. Tal campanha contra o Paulistão e demais estaduais é só para atender aos pedidos de borrifamento contra a Federação Paulista de Futebol. E qual foi o clube que, recentemente, fez beicinho para Del Nero e propôs a criação de uma (cinta) Liga paralela? É o mesmo e único clube que não possui cheerleaders nos gramados, apesar de sua loja fashion na Oscar Freire...

Para quem pensa que essa mensagem não encontra receptores, basta lembrar daquele teu amigo que enche o peito para falar que "não quer ganhar paulistinha, só Brasileiro, Libertadores e Mundial". É esse tipo de gente que também não enxerga a magia de um confronto como, por exemplo, um Juventus x Ferroviária na Javari. Ou de um Guarani x XV de Piracicaba no Brinco de Ouro.

Caso essa Liga paralela ganhe corpo, sugiro o retorno de todos os clubes paulistas à várzea. Dali viemos e ali é onde está a essência do jogo. O resto que realize seu sonho dourado e vá disputar jogos na UEFA.

O problema é o "torcedor"


Longe de mim querer defender os preços absurdos praticados pela diretoria do Corinthians nesse 2009. Com a desculpa da contratação de Ronaldinho - e talvez pressionados pela ausência de patrocínio -, os dirigentes inflacionaram os ingressos e muita gente anda chiando. Há motivos reais, pois a arquibancada especial passou de R$40 para R$70, a numerada descoberta de R$50 para R$100 e a coberta virou Area Vip, a R$150. A arquibancada também foi reajustada de R$15 para R$20. Ideologicamente, no entanto, preciso fazer algumas ressalvas.

A diretoria força, a todo custo, a adesão ao Fiel Torcedor, que ano passado estava cambaleante e hoje continua da mesma maneira. Para aumentar o número de cadastrados no programa, concede-se um desconto de 40% no ingresso. Lógico, existe uma anuidade, que é perfeitamente diluída no conforto de se poder pagar o ingresso via internet e de não pegar filas tanto na aquisição quanto na entrada ao estádio. No mais, é uma participação efetiva do corinthiano para ajudar as finanças do clube.

O ponto central é que há torcedores e "torcedores". Tenho a liberdade para fazer tal distinção, da mesma forma que chamam os membros e/ou simpatizantes das organizadas de bandidos, marginais, vândalos e outros termos similarmente degradantes. Para quem não abre mão da gloriosa arquibancada e está no Fiel Torcedor, paga-se os mesmos R$12 por ingresso desde o ano passado. Já os "torcedores" - esse grupo composto por gente que adora modernidades, assiste ao jogo com a bunda na cadeira, arrota as maravilhas que a Copa 2014 vai trazer e que geralmente some nos momentos mais difíceis - estão pagando por um produto (rá!) que pediram, mesmo que ele ainda não esteja disponível para uso (rá!).

Entendam, portanto, que o aumento descarado de preços está vinculado totalmente às demandas criadas por esse tipo de "torcedor", que enxerga o futebol como show, espetáculo, evento, e esquecem da essência, que é o amor incondicional. Não fosse isso, a eliminação da arquibancada na parte central do Pacaembu jamais teria sido consentida. Resolveram separar os marginais do "público comum e de bem" e agora estão pagando pela empáfia.

Nada disso tira da corja imunda sua responsabilidade. Que ela seja clara e transparente, como prega o slogan da administração, e diga na cara do "torcedor" de numerada que ele está pagando o pato por sua efemeridade. Não queiram maquiar o troço, usando o Ronaldinho e a suposta capacitação do elenco como desculpa para tudo (olha lá a estratégia de marketing de novo).

Particularmente, não sinto falta nenhuma do zé-povinho que habita ou habitava as numeradas e arquibancadas especiais. Prefiro os 10 mil de sempre, cujo apoio durante os 90 minutos é incondicional, aos aproveitadores de plantão que no primeiro erro em campo já começam a reclamar. Que seja estabelecida francamente a relação mercadológica: tomem chocolate, paguem o que devem e encham os cofres do Coringão. É a distribuição de renda, caros...

02 fevereiro 2009

Bambas da paulicéia


A três semanas do Carnaval, este espaço irá dedicar alguns textos sobre a festa, e mais especificamente falará do samba paulista. Do baixo do meu parco conhecimento sobre o tema, irei tratar de algumas belas canções que os bambas da paulicéia deixaram de herança. Um legado tão belo quanto o que deixa Odelise Camargo, mais conhecida na Unidos do Peruche como Denise, embaixadora do samba até o dia 31 de janeiro último, data em que nos deixou.

Nessa série de breves textos, serão constantes as citações a Geraldo Filme, Osvaldinho da Cuíca, a Velha Guarda do Camisa Verde e Branco e algumas coisas da minha já mencionada Peruche. Nomes que geralmente ficam restritos aos núcleos em que o samba é cultivado, mas que deveriam ser tão ovacionados quanto o saudoso Adoniran Barbosa. Não é demérito ao João Rubinato, mas sim uma valorização aos ilustres da batucada paulista, cada vez mais esquecidos nessa terra que se empenha em esquecer o próprio Carnaval.

Lembro que o tema também é de profundo interesse pessoal, grande parte dele inaugurado ou retirado das entranhas após a visita a Pirapora do Bom Jesus na Folia de 2007 - repito a viagem neste ano. Ali foi de onde proliferou o chamado samba paulista, de bumbo, campineiro ou caipira, chegando inclusive ao famoso Largo da Banana, primeiro reduto na capital. Por fim, a série será conduzida por algumas músicas que escolhi tendo como única referência meu gosto pessoal, e essas canções ficarão disponibilizadas para download assim que eu conseguir encontrar um servidor para isso. Quem tiver correções, mais informações e sugestões, elas serão muito bem-vindas. O intuito é ampliar o conhecimento sobre esse tão pouco estudado assunto

Começando a coletânea, Geraldo Filme e "Batuque de Pirapora"

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"Eu era menino
mamãe disse vam'embora
Você vai ser batizado
No samba de pirapora

Mamãe fez uma promessa
Para me vestir de anjo
Me vestiu de azul celeste
Na cabeça um arranjo
Ouviu-se a voz do festeiro
No meio da multidão
'menino preto não sai
Aqui nessa procissão'
Mamãe, mulher decidida
Ao santo pediu perdão
Jogou minha asa fora
Me levou pro barracão

Lá no barraco
Tudo era alegria
Nêgo batia na zabumba e
o boi gemia

Iniciado o neguinho
No batuque do terreiro
Samba de piracicaba
Tietê e campineiro
Os bambas da paulicéia
Não consigo esquecer
Fredericão na zabumba
Fazia a terra tremer
Cresci na roda de bamba
No meio da alegria
Eunice puxava o ponto
D.olímpia respondia
Sinhá caía na roda
Gastando a sua sandália
E a poeira levantava
No vento das sete saias"




Ao chegar em Pirapora do Bom Jesus, os versos de Geraldo Filme automaticamente vêm à cabeça. Não é o cheiro do rio Tietê (muito ruim, por sinal) nem a arquitetura da cidade, hoje totalmente desfigurada. Talvez seja a alma e o resquício de energia que deixaram ali os velhos escravos. Antigo pólo religioso - ainda o é, mas perdeu muito em importância no decorrer dos tempos -, Pirapora também foi núcleo de uma intensa produção sambística a partir do começo do século XX.

Havia uma latente separação na cidade. De um lado, os brancos católicos, que iam até a estátua de Bom Jesus pagar promessas e agradecer as graças alcançadas. De outro, os barracões, que foram feitos exatamente para não deixar os negros participarem daquilo tudo. Só que a brancaiada não se contentava em rezar e era seduzida pela melodia dos batuques e dos versos lançados no improviso. Se os negros ficavam com acesso restrito à igreja, os brancos freqüentavam as rodas de samba - dificilmente participavam dos cantos, no entanto, por motivos óbvios - e isso causou um pequeno "problema" para as autoridades eclesiásticas.

Mesmo com a repressão, o samba tomou lugar da reza, e a igreja, que havia construído o barracão para isolar os negros, agora o derrubava. Obra da insanidade e da imbecilidade do homem, este ser tão nocivo à preservação de sua própria história. A partir daquele foco, o samba ainda tentou permanecer vivo e se espalhou para outros lugares, inclusive na capital. Porém, quando se espalha o troço, é provável e fatal o enfraquecimento. Dessa forma, podemos considerar a derrubada do barracão um marco ilustrativo de como a elite paulista iria tratar o samba e todas as manifestações populares dali em diante.

Restou a
Pirapora somente o título que a glorifica como o Berço do Samba Paulista. Deixaram também uma construção que hoje abriga o Espaço Samba Paulista Vivo, que faz homenagem a Honorato Missé, mentor de um dos primeiros grupos de samba de bumbo. Nessa casa, é onde o samba agoniza mas não morre. Grupos como o Vovô da Serra do Japi, sob a tutela de Márcio Risonho, e o Grupo de Samba de Bumbo, liderado pela dona Maria Esther, tentam manter o pouco que restou. Pena que toda essa história, tal qual a música de Geraldo Filme, não faça sentido algum na cabeça da maioria dos moradores da cidade.

Hora da Patrulha


Beleza de segunda-feira com o trânsito ainda mais zuado pela volta às aulas das escolas particulares - a mídia não faz reportagem e coloca, erroneamente, que as públicas também voltam hoje. Aí você pensa: pega o metrô para escapar do trânsito. Fato, mas é bom aproveitar. A partir do dia 09, a tarifa vai subir para R$2,55. A medida foi divulgada no fim da tarde de sexta, sorrateiramente.

Falando em escola, vale conferir a (falta de) qualidade da mochila distribuída pelo governo estadual para os alunos da rede. Além disso, parece que Serra vai dar material. Daquele jeito que todos sabemos: em número reduzido, o que obriga os professores a tirarem do próprio bolso para conseguirem dar aulas minimamente decentes.

Também vai subir o IPTU, em astuta manobra do generalzinho. Em mais um reajuste do imposto que poderia ser cobrado sobre automóveis (uma vez que eles passam mais tempo parados que andando), Kassab tira da isenção 55 mil proprietários. Inteligentemente, enxuga o poder de compra desse povo e contribui para a manutenção da "crise".

Outra providência para a melhoria do trânsito é a notícia de que as operações tapa-buracos não vão mais atrapalhar a fluidez, já que serão suspensas por conta dos cortes orçamentários promovidos pela prefeitura.

Sorria, São Paulo.