26 dezembro 2008
Último do ano
Despedindo-me do blogue neste 2008, recorro novamente à retrospectiva do ano que passou. Muitas mudanças, mas nada que alterasse o preço do meu pãozinho. Consegui me encher o saco de dois empregos, ganhei menos dinheiro do que precisava e fiquei ainda mais descrente com o caminho que toma o jornalismo.
Sofri menos do que achei que fosse sofrer com o Corinthians em 2008, apesar da perda de um título. Mas, oras bolas, disputamos a porra do título! Ao mesmo tempo que sofri menos, acredito que a conjuntura fez com que eu utilizasse muito mais do meu tempo para o alvinegro em pensamentos e ações. Por isso, peço até desculpa ao amor e aos amigos - e sobre isso vem um post em 2009 sobre o livro "Febre de Bola", de Nick Hornby, que estou terminando de ler.
De qualquer maneira, se 2008 não foi lá grandes coisas, também não foi uma grande porcaria. Sobrevivemos, apesar de tudo, e temos que comemorar. Sinto que coisas como realização profissional antes dos 30, pós-graduações na Europa, aprender alemão e francês e saber escolher um bom vinho são cada vez menos importantes do que dividir uma boa cerveja entre os seus num buteco. O conhecimento está nas ruas, no povo e em sua arte. Se meu dinheiro conseguir comprar isso e pagar (algumas) contas, tá ótimo.
Alguns pode chamar isso de acomodação. Outros de vagabundagem. Prefiro acreditar que estou remando contra essa maré nociva que nos leva em direção à modernidade e à competitividade a qualquer custo. Preservo, assim, meu estômago e meu cérebro. Sinto, por fim, que ando envelhecendo rapidamente. Talvez isso é o que alimenta minha falta de paciência com quem não divide tal ânsia coletivista comigo.
23 dezembro 2008
Hora da Patrulha
Em menos de uma hora, várias ruas e avenidas de São Paulo ficaram sob as águas da fortíssima chuva que caiu na cidade. Coisas que ainda somos obrigados a ver, e que podem ser conferidas aqui. A imprensa alarmada - e a Globo ainda mais, porque o alagamento foi em sua porta - fazia jogo de cena com as imagens de pessoas perdendo carros, casas, estabelecimentos comerciais e, por pouco, a vida.
Viu-se água, muita água. Viu-se choro e agonia de quem levou prejuízo. Mas sumiram do mapa o generalzinho Kassab e seu chefe, o governador dos pedágios José Serra. Ah, é recesso. Eles estão descansando...
Sorria, São Paulo. De boca fechada, pra não entrar água.
22 dezembro 2008
Assassinos da CLT
Do Estado Novo de Getúlio Vargas, as principais lembranças são as arbitrariedades desse governo ditatorial. Foi época de perseguições a imigrantes e comunistas, além do nacionalismo ufanista e das fotinhos do gaúcho nas repartições públicas. Porém, Getúlio era esperto - ao contrário das bestas em uniforme que tungaram o poder a partir de 1964 - e sabia aliviar as coisas para o povo, tanto que logo teve seu governo chamado de populista.
Foi esse populismo malandro que permitiu, por exemplo, a Consolidação das Leis do Trabalho, a famosa CLT. É por conta do trabalhismo getulista que hoje podemos cobrar férias, 13º e outros direitos. Ou seja: se o cara metia o sarrafo de um lado, mais precisamente nas forças políticas contrárias as suas, do outro trazia benefícios à população que o mantinha no topo. Grosso modo, também foi assim com o grande Fidel Castro, só que em outro contexto. Jânio, ao renunciar, também queria ter esse tipo de legitimidade popular, inspirado naquilo que havia visto em Cuba - o etílico presidente, no entanto, esqueceu-se só dos benefícios ao povo.
Hoje em dia, no entanto, as empresas contratantes vivem achando um jeitinho de burlar ou, ao menos, enfraquecer a CLT. No jornalismo, então, a coisa é feia. A maioria dos colegas trabalha no regime de prestação de serviços, sendo obrigados a criar uma empresa e fornecer nota aos contratantes. Abrem mão de toda e qualquer salvaguarda das leis do trabalho por conta de uma "necessidade de mercado" e enfraquecem a categoria. Outros, entre os quais me incluo, são contratados via CLT, mas seguindo regulamentações de sindicatos que são mais patronais do que de classe. Essas entidades jogam lá para baixo o piso salarial e ajudam na deteriorização da profissão, apesar de viabilizarem a contratação por garantir menos encargos aos empregadores.
O golpe na CLT, ao que parece, deve ser consolidado com a eleição de José Serra (o dos pedágios) para a presidência da República. Sob a desculpa da crise, entusiastas da candidatura presidencial do governador paulista sugeriram, com o óbvio apoio da mídia, uma flexibilização nas regras de contratação e demissão. A ameaça vem logo a seguir: risco iminente de demissões.
Melhor trataram desse golpe o PHA e o Azenha. Este último, aliás, reproduz o editorial do Brasil de Fato, que faz uma brilhante comparação entre essa proposta e as desculpas para a promulgação do AI-5. Mais do que a tal crise econômica, é preciso começar a se preocupar - e muito - com o que vem por aí a partir de 2010. A coisa promete feder, principalmente porque haverá a tentativa de se revogar a única garantia dos trabalhadores. E aqueles que se submetem a essa flexibilização deveriam ter a noção de que estão colaborando com algo nocivo e irreversível.
19 dezembro 2008
A palhaçada da FPF
A Rede Globo determina o horário de nossas idas aos estádios há anos e, a cada campeonato, inventa uma novidade para contemplar as necessidades da sua grade de programação. Hoje em dia, é raridade jogos de quarta-feira às 20h30 ou domingo às 16h. Se antigamente esses tradicionais agendamentos estavam na ponta da língua até de quem nunca havia pisado numa arquibancada, agora nem mesmo os assíduos sabem dizer a hora em que seu time joga.
Diante dessa palhaçada toda, Federações regionais - que deveriam proibir tal lambança no relógio do futebol - baixam a cabeça e aplaudem toda e qualquer invenção da Vênus Platinada. A contrapartida são o abafamento de escândalos de enriquecimento ilícito e uma boa cota de patrocínio, além do tráfico de influência.
Para 2009, a FPF novamente ficou de quatro para a emissora e tratou de oficializar alguns absurdos no Paulistão. Vejam:
- todos os domingos haverá uma partida às 11h (!!!), com transmissão;
- o campeonato será aberto numa quarta-feira, às 16h30;
- o Corinthians estréia numa quinta, às 19h30;
Vê-se que a Globo, com toda aquela palhaçada de "jogo das famílias" e de usurpação dos cantos das organizadas com letrinhas na tela, caga e anda para o torcedor. Não interessa se o cara trabalha de quarta-feira e não pode sair para ir a um jogo às 16h30. Estão pouco ligando se o jogo que começa depois da novela termina depois que o metrô fecha. Não querem nem saber se os jogadores não sofrerão fadiga desnecessária por conta do calor com as partidas às 11h. O negócio é faturar com publicidade e pay-per-view.
Fora dos gabinetes globais, os colegas jornalistas silenciam. Talvez por sonharem em fazer parte do expediente da emissora. Ou por pura falta de senso crítico, aliada à incompetência. Ajuda também o poder público, pois basta lembrar o veto do generalzinho à lei municipal que proibia a realização de jogos com início depois das 20h30.
E aí, torcedor? Vai ficar parado?
18 dezembro 2008
Hora da Patrulha
Não demorou nem janeiro chegar... Aliás, estava com saudade da Hora da Patrulha. Vamos aos fatos.
Quem não se lembra daquela propaganda bonita do Kassab, com as crianças todas SORRINDO pelas escolas e tendo aulas com professoras felizes com seu salário justo? Pena que isso jamais correspondeu à realidade. Lembro que ele foi até proibido de fazer propaganda gratuita para o Leite Ninho, um dos chamarizes de sua campanha eleitoral.
Era, de fato, uma belíssima cena aquela do molequinho bebendo seu leite e dizendo "saúde, Kassab" para a câmera. O que eu queria agora era ir na casa desse pentelho e ver se o leite está no armário. Isso porque, passadas as eleições, a prefeitura reduziu o número de latas de leite distribuídas pela rede de ensino. Pudera, devem ter gastado tudo de julho a outubro.
Já em novembro, as escolas municipais receberam menos leite do que sua quantidade de alunos. Dessa forma, novembro e dezembro passou em branco pra muita gente, e não é o branco do leite.
Sorria, São Paulo!
17 dezembro 2008
O que faz a falta de pauta
Fim de ano é uma grande porcaria. Talvez por isso eu odeie o Natal e sempre procuro passar o Ano Novo fora de São Paulo. Essa cidade, depois do dia 20 de dezembro, é um túmulo. Pior de tudo é ter que trabalhar até dia 23... Bom, chega de chororô, que eu não sou botafoguense. Alguns pitacos sobre o (pouco) que eu ando lendo por aí.
- Depois da contratação fenomenal, o que tem de jornalista vestindo a camisa anticorinthiana não tá escrito. Nego tá secando tanto que vai acabar ajudando. Conforme vi comentários por aí, a inveja é tão grande que depois do réveillon, o Ronaldinho vai estar mais magro que o Sócrates. Aliás, mais um texto ótimo de Mauro Carrara sobre uma gafe do Jornal da Placar - que há dias deu que era piada a ida do jogador ao Corinthians - saiu no site do Azenha.
- Errei-rá está bravo. Os babacas que gritava seu nome das numeradas e vestem roxo também. Pobrezinho do argentino perna-de-pau... O que esse povo precisa aprender é que correr e dar carrinho não é demonstração de raça, mas sim compensação para a falta de habilidade. Estamos disputando a São Silvestre? Não? Então pra que pagar 7 milhões num cara que é pior que minha vó? E cadê aquelas propostas da Europa pra esse merda? Se não um time do interior da Argentina não o quer, por que o Corinthians iria querer?
- Parabéns ao José Serra, prefeito e governador de São Paulo. Meteu logo um monte de praça de pedágio no Rodoanel e agora a capital paulista vai parar. Até o Mário Covas deve estar se revirando no caixão, já que o projeto original da obra previa a imbecilidade de se cobrar pedágio no anel viário. E o generalzinho está meio quieto, o que indica que vem coisa em janeiro. Por enquanto, ele está se contentando em fechar bares e restaurantes, além de alimentar a indústria de multas.
- O dia em que o povo tiver a noção do que é ter um presidente da República que fala "sifu", as coisas irão melhorar significativamente. Aliás, tenho comigo uma cena antológica, que pode ser conferida no documentário "Entreatos", de João Moreira Salles. O cineasta acompanhou a campanha de 2002 de Lula e, num dos milhares vôos da corrida eleitoral, o ex-operário solta para seu vice, José Alencar: "o problema é que o FH não toma umazinha. Como é que pode alguém não tomar umazinha? E aquele gramadão lá do Palácio? Se eu ganhar, vou encher aquele gramado com meus cabritinhos". É isso.
- Eu sou Aldo Rebelo pra Câmara!
16 dezembro 2008
Museu do Futebol: o engodo II
Em 03 de outubro, falei por aqui sobre o Museu do Futebol inaugurado sob as sagradas arquibancadas do Pacaembu. Tratei a obra com muito desdém, já que ela tinha idealizadores para lá de suspeitos, além de seguir preceitos pouco nobres, como a modernização do esporte. O prudente amigo Fernando Cesarotti, responsável jornalista que é, alertou nos comentários: "Porra, japonês, vá lá ver primeiro, também não precisa entrar de sola com todas as pedras na mão". Seguindo o conselho dele, fui lá no último domingo. E achei uma pena que a visita não serviu corroborar as palavras do Cesarotti.
Em linhas gerais, é um museu muito bem equipado, todo cheio de parafernálias tecnológicas e até um bom acervo, principalmente no que diz respeito ao audiovisual. O problema é que a coisa não vai muito além e traz poucas novidades. Mais (ou menos) do que isso, apesar de estar no Templo Sagrado da bola, o Museu do Futebol pouco inspira paixões.
Vou apegar-me à única coisa que me chamou atenção. Logo após o salão do primeiro andar, há uma escadaria e alguns telões que ficam bem embaixo de onde montam guarda os Gaviões da Fiel. Coincidentemente, esses telões prestam homenagem às torcidas organizadas do país, mostrando cantos e as festas nas arquibancadas. Existe inclusive uma espécie de duelo entre os principais rivais que ficou muito interessante. É possível passar um bom tempo apreciando as imagens, apesar do cheiro insuportável de mofo, uma vez que as estruturas foram montadas aproveitando as vigas do estádio e sobre o barranco que cai da Rua Itápolis.
Sendo repetitivo, assim como é esse museu, a visita só vale a pena por conta dessa área das torcidas e dos vídeos e sons disponibilizados. Para quem conhece um pouco mais das histórias do futebol, já antecipo: erros de informação serão encontrados em número relativamente elevado. Também se fala muito pouco sobre o estádio que o abriga, apesar das milhares de histórias maravilhosas que possui a Casa da Fiel. Portanto, fica a dica: vá durante a semana (em férias, obviamente), porque a lotação aos sábados e domingos é elevada e você não aproveita aquilo que o museu tem de melhor.
Não dá para finalizar esse texto sem mencionar o trágico bar que fica ao lado, denominado "O Torcedor". Cheio de bichices totalmente alheias ao futebol, ele só se salva por conta do entorno. Afinal de contas, é fantástico poder sentar à beira da Praça Charles Miller e ao lado do Pacaembu para tomar um chopp (Brahma, apenas correto, a R$4,20). Pedi, inclusive, um hambúrguer para ajudar o figueiredo na digestão, depois de ter constatado o maior erro desse bar: como se chamar "O Torcedor" se você não tem sanduíche de pernil no cardápio?
Roteiro completo percorrido, o veredicto continua o mesmo. O Museu do Futebol e sua estrutura complementar é muito menos do que tentaram mostrar. Além de ter prejudicado toda a fachada do Pacaembu com suas portas de ferro à la 25 de Março, ele pode ser o responsável por alimentar uma geração de alienados que preferem uma camisa do Manchester ao manto do Juventus da Mooca. A quem for e gostar, perdão, mas eu continuo achando aquela merda um engodo.
15 dezembro 2008
Vitória nas barricas
Verdadeiro sucesso foi o Jogo das Barricas realizado no último sábado, dia 13, com a peleja entre corinthianos e parmerenses. O resultado, é óbvio, foi favorável para o lado alvinegro, com o placar mostrando estrondosos 13 a 11. Detalhe: o escrete corinthiano jogou com dois moleques de não mais de 8 anos, além de um goleiro vesgo (isso graças aos furões que não apareceram para completar nosso plantel).
Mais do que a partida em si, no entanto, a vitória aconteceu na simples realização do evento. Reafirmou-se a maior rivalidade do mundo, bebeu-se Brahmas geladas e se falou de causos sobre esse apaixonante esporte que é o futebol. Ou seja, foi uma festa do povo.
Devo ressaltar que a primeira edição do Jogo das Barricas é a faísca que deverá permanecer acesa daqui para frente. Há, inclusive, muitos interessados em participar e que não o fizeram por conta de compromissos de final de ano e incompatibilidade de agenda. A todos, lembramos que, a partir de janeiro, é hora de nos mobilizarmos novamente a fim de promover ao menos uma edição anual.
Impressionante é ver como um Corinthians e parmera atrai todos os holofotes, mesmo sendo a disputa feita num campo society e com um bando de perna-de-pau (com exceção ao corinthianíssimo Mandioca, que carregou nosso time nas costas). Para se ter uma idéia, fui interpelado de minuto em minuto pelos gaiatos que ficaram de olho nos arredores, todos em busca do placar final. É, de fato, o maior clássico do mundo.
Finalmente, presenteio os leitores com frases antológicas proferidas pelos membros da família Pacífico, que jamais fazem questão de colocar em prática o que diz o próprio sobrenome. Lá vão:
- "Eu não consigo me entristecer com Santa Catarina. Veneza é igual, só que nego acha lindo."
- "O sul não é contra a migração? Então foda-se, eles que se virem pra arranjar comida."
- "Aliás, eu também sou contra a migração."
- "Que você tem contra o Maluf? É óbvio que eu votei no Maluf, inclusive no segundo turno. Olha aqui o meu vídeo anulando o voto."
- "Ué, japonês. Cadê os preto corinthiano? Tem dois alemão e um oriental e não tem preto?"
- "Li (sic), passa a bola, caralho!"
- "Ju (sic), passa a bola, caralho!"
Até a próxima edição!
12 dezembro 2008
Genialidades
O que se segue aqui são obviedades. Justifico-me lembrando de um professor na faculdade que dizia que uma boa pauta é aquela que enxerga justamente a obviedade, porque a maioria das pessoas tendem a fugir do óbvio por conta das manipulações, correndo o risco de passar batido pelo que realmente interessa. Tratarei, a partir de agora, de duas genialidades com as quais me deparei essa semana.
O primeiro gênio atende pelo nome de Kiko Dinucci. Quem anda pela noite ou já o viu nas quartas do Ó do Borogodó sabe do que eu estou falando, mas não deve saber de tudo. O cara, antes um roqueiro, virou seus olhos para o samba (e principalmente o samba paulista) depois de se cansar da simplicidade musical do gênero norte-americano. Além de excelente músico, atua com maestria em outras frentes nas artes, seja fazendo gravuras ou dirigindo filmes (realizou um documentário sobre o Exu no Brasil). Provocador, ele afirma que o samba de hoje é tudo mesmice. Kiko tem autoridade para falar, já que mistura ritmos e influências com muita propriedade e sem perder sua veia verdamarela. Confira abaixo dois vídeos que comprovam o que estou querendo dizer:
Voltemos agora lá para a primeira metade do século XX, mais precisamente na década de 30. Foi nesse período que o estupendo Ary Barroso, ao lado do não menos brilhante Lamartine Babo, escreveu "No Rancho Fundo". Ela também segue abaixo em vídeo, com a letra, interpretada pela dupla Chitãozinho e Xororó. Sobre Xororó, aliás, só um comentário: como pode um cara com uma puta voz dessa parir Sandy e Jr., ambos de garganta fraquíssima e comportamentos indignos?
Bom, esqueçam isso, pois o post é sobre gênios. Eis a outra pérola:
"No rancho fundo
Bem prá lá do fim do mundo
Onde a dor e a saudade
Contam coisas da cidade...
No rancho fundo
De olhar triste e profundo
Um moreno canta as máguas
Tendo os olhos rasos d'água...
Pobre moreno
Que de noite no sereno
Espera a lua no terreiro
Tendo um cigarro
Por companheiro...
Sem um aceno
Ele pega na viola
E a lua por esmola
Vem pro quintal
Desse moreno...
No rancho fundo
Bem prá lá do fim do mundo
Nunca mais houve alegria
Nem de noite, nem de dia...
Os arvoredos
Já não contam
Mais segredos
E a última palmeira
Ja morreu na cordilheira...
Os passarinhos
Internaram-se nos ninhos
De tão triste esta tristeza
Enche de trevas a natureza...
Tudo por que
Só por causa do moreno
Que era grande, hoje é pequeno
Pra uma casa de sapê...
Se Deus soubesse
Da tristeza lá serra
Mandaria lá prá cima
Todo o amor que há na terra...
Porque o moreno
Vive louco de saudade
Só por causa do veneno
Das mulheres da cidade...
Ele que era
O cantor da primavera
E que fez do rancho fundo
O céu melhor
Que tem no mundo...
Se uma flor desabrocha
E o sol queima
A montanha vai gelando
Lembra o cheiro
Da morena..."
11 dezembro 2008
Pintura sem arte
"Mas se é pra chorar, choro cantando
Pra ninguém me ver sofrendo
E dizer que estou pagando"
Houve o tempo de contemporizar. Houve o tempo de relevar. Houve o tempo de deixar de lado certas incertezas por conta de uma certeza.
Problema é quando essa certeza se vê em xeque por sutis e pontiagudas palavras. Palavras que entram na alma e na carne como prego enferrujado e ecoam até mesmo no sono mais profundo.
Fazer mal na tentativa de remediar é, talvez, a maior das frustrações. Porque isso inverte a ordem natural que dá alento para nossas ânsias.
10 dezembro 2008
Corinthians e R9
Não dava para deixar passar O assunto do fim de ano. Esqueça Madonna, fim do RBD, crise econômica e o "sifu" do pizidente. Correu o mundo e à boca larga a contratação do Ronaldinho - Ronaldinho, porque Ronaldo só tem um e defendeu as traves corinthianas por 10 anos - pelo Corinthians. Uma grandiosa jogada de marketing e a maior negociação do futebol brasileiro dos últimos tempos.
Antes, porém, preciso lembrar o que sempre disse do tal fenômeno. Venho brigando com Deus e o mundo desde quando ele explodiu no Barcelona, pois via mais um craque da imagem que um craque da bola. Sei que ele fez muito em campo, principalmente na Copa de 2002, quando calou a boca de muita gente, inclusive a minha. Mesmo assim, nunca deixei de ficar com o pé atrás.
Recentemente, soube de umas histórias de bastidores da Copa de 2006. Consta que Ronaldinho, além de visivelmente fora de forma, tinha sua cabeça em qualquer outra coisa, menos no futebol. Ações na bolsa, bajulação de celebridades via msn, negociatas com multinacionais. Para mim, o ímpeto marqueteiro estava comprovado e havia chegado ao ápice, e o jogador passava a ser um empresário, ainda que sem abandonar o campo.
Esses dois fatores me fazem desconfiar demais do novo "reforço" corinthiano. Claro, ele sem joelho é melhor que Errei-rá, Otacílio Neto e Bebeto juntos. O que eu enxergo, no entanto, são duas coisas: a primeira, que se trata de mais uma jogada do departamento do Rosemberg, talvez a única estratégia certeira em toda a gestão Sanchez (FORA!) porque vai trazer receita ao Corinthians; a segunda é estritamente política, e o presidente tampão acaba de garantir sua reeleição. Como projeção, afirmo que sinto aí o mesmo cheiro que senti em 2004 com o MSI e Tevez.
Diante dessas reflexões, espero que no ano do Centenário não estejamos vendo o nome do Corinthians figurando novamente nas páginas policiais por conta da mesma corja estúpida e aproveitadora que ainda manda no Parque São Jorge. E também espero que o Gorducho cale minha boca mais uma vez, priorizando o jogador de futebol que ainda é em detrimento ao empresário que busca se tornar.
09 dezembro 2008
Enfim, o Jogo das Barricas
É de conhecimento geral e irrestrito que houve, em 1938, o famoso Jogo das Barricas entre Corinthians e Palestra Itália. Tal evento foi uma demonstração de solidariedade dos então tradicionalíssimos clubes em favor de um recente e já falido SPFC, que arrecadou fundos aproveitando-se da popularidade do maior clássico do mundo.
Hoje, claro, a iniciativa pode ser avaliada como um grande equívoco de ambos os lados, uma vez que a história leonor passou a ser marcada por inúmeros golpes, bancados inclusive pelo poder público.
Nesses 70 anos do Jogo das Barricas, surgiu a idéia de reverter, pelo menos em nossos corações, o erro de 38. Para isso, venho convocar todos os corinthianos e palmeirenses para uma reedição da peleja, que acontece no próximo dia 13 de dezembro, sábado, a partir das 12:00. Mesmo que, a princípio, a iniciativa pareça modesta e até mesmo quixotesca, a intenção principal é mostrar que há unidade e mobilização dessa rede de blogueiros contrários à submissão manipuladora dos barões da mídia - cujo favorecimento sabemos a quem é dado.
Lembro, finalmente, que não se trata de "união" com os rivais. É, na verdade, parte da história de ambos os clubes, que pode ser conferia neste brilhante texto.
Convocação feita, aguardamos as adesões! Confirme sua presença aqui ou pelo e-mail cramone99@gmail.com . Irei repassar, posteriormente, todas as informações do local do jogo.
08 dezembro 2008
Curto e grosso
Segunda-feira pouco inspirada, apesar do intestino funcionando em operação descida. Só algumas poucas palavras por aqui.
- Havia mencionado que minha postura diante das coisas mudaram um pouco depois do rebaixamento do Corinthians. Uma delas foi demonstrar um pouco mais o respeito que eu tenho pela Evinha e seu amor pelo spfc. Por isso, tenho a obrigação de dizer que ela é uma das poucas pessoas que têm todo o direito de comemorar a façanha de seu clube - mesmo ele sendo o que é - porque acreditou e torceu pelo título desde o começo. A bichinha sofria ontem como-um-quê, e eu achei que ela teria até um treco. A obrigação, porém, não me permite a omissão. O caso do suposto suborno de juiz e o gol impedido que definiu o título desse brasileiro atestam: ninguém pode dizer mais palavra sobre 2005. Como eu costumo dizer, diretorias de futebol são todas a mesma merda. Só que os leonores são perfumados pela imprensa. Parabéns, Evinha. Ano que vem o Coringão tá de volta e aí o barato é outro hehehehehe!
- Imperdível o texto de Luiz Antônio Simas sobre as "aparições surpresa" de Erasmo Carlos nos especiais do Rei. Confiram!
- Urgente para a Hora da Patrulha: "Kassab cria número recorde de secretarias para abrigar aliados". Ué, os demos não acusavam o PT disso e diziam que iriam combater tal postura? Sorria, São Paulo...
05 dezembro 2008
Carta de um abutre em depressão
"Caro Sport Club Corinthians Paulista,
Veio por meio desta demonstrar minha imensa insatisfação com você e toda sua torcida. Pô, já faz tempo que nós, da imprensa abutre, estamos tentando empurrar uma crise pros lados do Parque São Jorge e nada emplaca. Assim você não facilita pra gente.
Veja bem. Achei que a perda da Copa do Brasil seria o momento em que iríamos deitar e rolar. Mas nem aqueles protestos contra o Felipe e Lulinha - e o posterior afastamento do goleiro - tiveram muita repercussão. Estou cansado de falar, falar, falar e falar e essa sua torcida não me escutar. Pô, Corinthians, a torcida não compra mais minhas mentiras como antes.
Naquela época, fiquei muito triste e comecei a pegar pesado. Primeiro, passei a inventar uns tabus imbecis, já que não dava pra falar mal da campanha impecável na série B. E não é que você quebrou todos eles, só de birra? Aí não teve jeito, tive que apelar. Coloquei o microfone na boca da netinha e até a coloquei na capa da Playboy, mesmo ela sendo tão feia quanto o avô. Nem assim, Corinthians. O livro da moça encalhou nas prateleiras e só o Juquinha (meu ídolo, que agora anda mamando em bezerrão) e o Paulinho (outro ídolo) compraram essa porcaria.
Nem preciso dizer que fiquei extremamente irritado com a volta à série A antecipada em um mês e meio de antecedência, além do título quatro jogos antes do fim do campeonato, né? Você acabou com meu ano em outubro, Corinthians. E agora, o que eu vou fazer? O que vou inventar para o meu editor, que veneninho vou jorrar ali na Fazendinha? Não posso nem entrevistar jogador pra ver se aquelas bestas dão com a língua nos dentes porque eles estão de férias... Isso não se faz!
Ó, minha última tentativa foi essa entrevista com o Paulo Garcia, mas isso é só um aquecimento para as eleições. É bom você se preparar, que aí eu vou me esbaldar. Porém, não estou tão animado assim (meus colegas também não), porque está difícil exercer esse trabalho de plantador de crise com você.
Espero, enfim, que tenha mais consideração com quem você tanto ajudou um dia.
Palavras sinceras e abraços cordiais,
Jornalista abutre."
04 dezembro 2008
Não largo da memória
*título indevidamente inspirado no nome do bloco carioca "Largo do Machado mas não largo do copo"
O post de ontem da Evinha me trouxe novamente algumas lembranças sobre infância. Ao falar dos lixeiros pedindo caixinha de natal, ela foi criança e disse "boa noite, lixeiro", refugando a idéia de xingá-los por causa da gritaria promovida pela rua. Lá em casa, o prêmio de fim de ano nunca foi muito volumoso, mas minha mãe deixava uma moeda até para o cara que ia entregar leite. O que eu gostava mesmo era do caminhão de gás. O alvoroço gigantesco - havia buzinaço, gritos e campainhas sendo massacradas - era acompanhado por minha irmã e eu, ambos sentados na janela da copa que dá para um corredor cujo eco é fenomenal. O vizinho devia adorar...
Mas não é da minha infância que eu quero falar. O papo é sobre os primeiros dias dessa tão combalida cidade de São Paulo (estão acompanhando a série Hora da Patrulha?). Pesquisava algumas imagens pelo google e me deparei com diversas fotos antigas da capital paulista. Impressionei-me, por exemplo, com a esquina da Avenida São Luiz com a Ipiranga. A rua, toda arborizada e com um casarão onde hoje é o Edifício Itália, parecia ser de uma cidade interiorana. Passeando um pouco mais pelas fotos e com o google maps a tiracolo, tive a certeza: São Paulo já foi belíssima!
Se hoje os estilos das construções se misturam caoticamente, se os prédios antigos estão todos deteriorados pela falta de manutenção e se os próprios paulistanos viram suas costas para o Centro, antigamente a região era um burburinho. Ridiculamente pequena se comparada ao país no qual se transformou a vila do Anchieta, a certo momento - mais precisamente no começo do século XX - São Paulo tinha o potencial necessário para abrigar os principais projetos arquitetônicos europeus trazidos pela elite que se firmava. E não era só a gente da grana que mandava bem nos respectivos barracos. Os trabalhadores também tinham bom gosto na hora de erguer seu teto, haja vista as casinhas no estilo colonial dos bairros àquela época periféricos, como o Cambuci, Bom Retiro e Barra Funda, entre outros.
No meio de tudo o que vi, no entanto, o meu lugar preferido não tem nenhuma grande obra da arquitetura ou da engenharia. É o Largo da Memória, que dá de fundos para a 7 de Abril (antiga Rua da Palha) e encontra do outro lado com a João Adolfo, em frente à Praça da Bandeira. A João Adolfo, aliás, tem um grande buteco, o Ben-Hur, e, logo ali do lado, no fim da Álvaro de Carvalho, há outro com semelhante grandeza, o Verdinho. Nos arredores, existem muitas quitinetes habitadas por migrantes nordestinos, o metrô Anhangabaú e uma meia dúzia de mercadinhos dominados pelos coreanos e chineses.
Vê-se que o Largo, desde que o mundo é mundo, sempre foi ponto de encontro para os mais diversos agrupamentos sociais, e seus habitantes atuais comprovam a vocação. Em volta de seu obelisco, havia uma biquinha onde os viajantes recarregavam seus cantis - vale lembrar que ali era uma das extremidades da cidade no século XIX, e de lá saía a Estrada dos Piques, uma das principais vias de acesso ao interior. Nesse mesmo período, consta que no espaço onde fica a estação de metrô era realizada a comercialização de escravos negros. Antes disso, no século XVI, quem vivia sob as correntes brancas e era posto como produto eram os índios.
De modo que a beleza do Largo da Memória não está exatamente na sua plasticidade, mas em como sua história preserva todas as marcas dos povos construtores de São Paulo. Índios, negros, elites, nordestinos e imigrantes, todos estiveram ou estão ali. Largo da Memória... Não há melhor denominação para um lugar que insiste em lembrar os paulistanos daquilo que mais lhes anda faltando ultimamente.
03 dezembro 2008
Que carajo?
Antes de mais nada: sempre odiei o Los Hermanos e, principalmente, Marcelo Camelo, seu vocalista. Bandinha imbecil de maconheiro sujo e barbudo que fez sucesso por causa de um hit à la roquezinho anos 50 bancado pela Globo, que depois foi menosprezado e substituído por uma música intelectualóide para pós-adolescentes brasileiros, cujo sonho era estar se preparando para o "prom" que marca a saída da "high school". Típico playboy da zona sul carioca que quer pagar de revoltadinho.
Vale dizer também: assim que botei os olhos numa tal de Mallu Magalhães, vi que ela mereceria tanto ódio quanto os Hermanos. Elevada ao posto de musa indie (indie são aqueles esquisitos que se vestem com roupas saídas diretamente de um guarda-roupas em Londres e adoram falar que conhecem tudo que ninguém conhece) "di menor", a moça é uma retardada que não sabe cantar, tocar violão e compor. Porém, trata-se do novo fenômeno da música pop nacional.
Dias desses, Marcelo Camelo e Mallu Magalhães assumiram para todos os fuxicos, babados, caras e bundas que estavam de namorico. E aí eu quase caí da cadeira, não pelo basfond, mas porque me vi pensando em algumas cenas da vida privada desse casal.
(fade in)
Cenário: Casinha no Brás, mas num dia nublado e frio em São Paulo, que faz lembrar o verão londrino.
Cena 1 - O primeiro beijo: Mallu é estranha e, portanto, nenhum de seus coleguinhas (ela tem 16 anos, salvo engano) no colégio deve ter movido uma palha por ela. Nem mesmo depois do "sucesso", já que Mallu - como já disse - não tem o menor talento e também não faz a música sem qualidade que a molecada gosta, que é o funk. Camelo também não é lá uma beldade. Parece um terrorista muçulmano, ou então com o Quico de barba. Não, por favor! Se você não conhece a fuça de um deles, agüente um pouco e não recorra ao google. Prenda-se aos fatores "estranha" e "Quico de barba" e imagine um beijo ainda envergonhado entre essas duas criaturas.
Cena 2 - Depois do beijo, a trepada: Mallu é estranha, Camelo é o Quico de barba. Os dois, esbaforidos, se entrelaçam em uma cama de solteiro (orra, a menina deve ser cabaço, já que é estranha) e o afobado Camelo quer logo partir para os finalmente. Mallu, a estranha, leu na Capricho que não pode perder o cabaço dessa maneira. Tem que ter um xavequinho, um romancinho, um... "Aiiii" - grita ela. Camelo meteu no barbante e já era. 47 segundos depois, eles se olham com cumplicidade, fazem juras de amor e dormem ao som de alguma banda sueca.
Cena 3 - O que vem por aí: Se a Mallu é estranha e o Camelo é o Quico de barba, imaginem o que vai sair dali se o Camelo não usou camisinha?
(Imagens do apocalipse, pessoas gritando desesperadamente ao fundo, o Serra sendo eleito presidente da República)
(fade out) FIM
E agora, as fotos:
Mallu e Camelo.
Boa quarta-feira...
Hora da Patrulha
Na campanha eleitoral, o demoníaco Kassab vivia gritando que Marta era a rainha das taxas. Usou o "Martaxa" a torto e a direito na propaganda, disseminando ainda mais a incorreta alcunha (lembremos que Marta instituiu a isenção do IPTU aos mais pobres e também sua progressividade). Só que...
"IPTU de 2009 deve ter reajuste de 6% em São Paulo"
Também foi martelado na campanha a promessa de investimento recorde na cidade, com prioridade no transporte, educação e saúde - grande parte disso bancado por repasses do governo federal, vale lembrar. E aí, isso:
"Crise faz Gilberto Kassab (DEM) cortar R$2 bi do Orçamento"
Em breve, um post sobre a volta do instinto selvagem de proibição que marca a gestão Serra-Kassab.
Sorria, São Paulo.
02 dezembro 2008
O que mudou?
Um ano após a maior tragédia dos 98 anos do Sport Club Corinthians Paulista, o que mudou? Antes da reflexão, sugiro a leitura do post feito aqui neste blogue no dia seguinte ao rebaixamento. Texto carregado de tristeza, mas ciente do que deveria ter sido feito nesse sombrio 2008.
Alguns podem dizer que estou sendo muito pessimista ou negativo, esquecendo-me do quase-título da Copa do Brasil ou da arrasadora campanha na Série B. Acho que não. Porque ontem eu fiquei assistindo às conquistas passadas do Coringão. Façanhas como a Invasão de 76, o fim do tabu contra o santos, o 4x3 memorável contra os porco em 71, o bicampeonato paulista sobre os bambis e o Brasileirão de 90. Por isso eu pergunto, depois de tanta glória: há o que se comemorar?
A reflexão que faço agora, exato um ano após o fatídico jogo em POA, deveria ser a mesma de todo corinthiano. As incompetências e os esquemas continuam sendo marca nas salas ar-condicionadas do Parque São Jorge, a briga política continua dando arma para os abutres e destruindo nossos alicerces e o Corinthianismo, depois desse tempo todo, parece não ter crescido ou renascido como deveria.
Sim, tivemos uma média de mais de 20 mil torcedores por jogo. Demos dinheiro como nunca aos adversários, pois foram raros os momentos em que não éramos maioria, em qualquer lugar do Brasil. Porém, esse povo todo vestia roxo, gritava "Felipe" e, se pudessem, continuariam pedindo autógrafos a dirigentes. Na arquibancada, o racha na família Gaviões da Fiel está beirando o ridículo. A quadra, além de ter recebido toda a corja que hoje brinca com a história alvinegra, serviu de palco para um programinha sanguessuga, com o próprio presidente da entidade levando lá para dentro nosso maior rival.
Na parte administrativa, mudou-se o estatuto, mas foram preservados os aviltadores. Ainda não há, de fato, democracia no Corinthians. E muitos dos corinthianos não se mostram nem um pouco preocupados, mesmo sabendo que aquilo lá é nosso. Não é nosso no sentido de sermos sócios, trata-se do patrimônio Corinthians.
Respondendo ao título, digo que eu mudei. Posturas na arquibancada, posturas diante dos rivais, posturas diante dos anticorinthianos. Os inimigos, para mim, são óbvios. E estão mais entre nós do que do outro lado do campo. Espero que o centenário marque nossa revolução, que deve ser construída a partir do povo corinthiano. Inclusive, repetindo as lutas dos anos primeiros.
Hora da Patrulha
Tá achando que vai recarregar seu Bilhete Único? A Prefeitura não está deixando, principalmente estudantes e professores.
Deu no G1: "Sistema de recarga do bilhete único trava em São Paulo".
Segundo os caras-de-pau, o problema foi causado por problemas técnicos. Assim, do nada? E aí, não seria incompetência?
Sorria, São Paulo!
01 dezembro 2008
O futuro do jornalismo
Sem citar o moço da credibilidade, sem falar nos milhares de fãs que o Juquinha tem, sem mencionar o fato de que a molecada entra na profissão querendo ser assessor de imprensa ou bajular artista de TV, músico e jogador de futebol, é preocupante o nível de conhecimento e a baixa capacidade de reflexão dos futuros jornalistas. Quando ainda trabalhava com estagiários, inclusive, já diagnosticava essa falência das próximas gerações.
Hoje, a onda é criar portais jovens, seja lá o que for isso. São sites que falam de tudo e não tratam de absolutamente nada. Ajudam na alienação desse povo, que só se preocupa em modinhas que vêm e vão na velocidade da luz. A fórmula é simples: muita imagem, fofocas sobre gente fútil e textos sem preocupação com a correção gramatical, tudo isso bancado por uma linha editorial que valoriza o politicamente correto.
Mea culpa, não consegui fazer muito para mudar esse cenário enquanto estive num desses portais. Talvez por incompetência, talvez por impotência diante das regras mercadológicas. Mas a principal interferência no processo era a inércia dos próprios moleques que, além de tudo, se achavam para caralho. Para se ter uma idéia, certa vez discutíamos em uma reunião sobre blocos de carnaval e uma menina, que dizia saber tudo sobre samba, ignorava solenemente a existência do Cordão do Bola Preta. Outro, um micareteiro, jamais tinha lido linha sobre Dodô e Osmar.
Se tudo isso já é motivo para vomitar de desgosto, o que dizer de uma chamada como a que encontrei no Vírgula? Em referência ao desastre que acomete Santa Catarina, o pessoalzinho muderno me vem com essa: "Blog Te Dou Um Dado? e Virgula (sic) lançam campanha para ajudar animais em SC".
Entendem o que eu quero dizer?
Hora da Patrulha
Em tempos de malas-brancas e malas jornalistas, apareceu na prestação de contas da campanha demoníaca a mala partidária. Vejam só que jeito belíssimo de se arrebanhar partidos e deixá-los totalmente dependentes e submissos:
"Campanha de Kassab cobre gastos de partidos aliados", diz a Falha Online.
Consta na reportagem que o DEMo destinou R$4,4 milhões para PR, PMDB, PSC, PRP e PV. Fiquei meio desapontado pela ausência do PPS, mas este deve constar no registro do caixa 2. O que esqueceu de questionar a jornalista Catia Seabra em seu texto, no entanto, foi exatamente a criação dessa subserviência. Porque na política nada é à toa ou gratuito.
E já que estamos falando em contas a pagar, os bastiões da austeridade fiscal - foi assim que eles se mostravam na corrida eleitoral - precisam explicar a notícia de que São Paulo é uma das 3 capitais brasileiras que estão acima da meta estipulada pela Lei de Responsabilidade Fiscal. A matéria, publicada no Estadão, obviamente dá um jeito de cornetar a Marta, citando que o percentual de dívida usado para tal meta era maior na gestão petista. A diferença é que ela nunca bradou pela imprensa essa postura de "integridade e responsabilidade" com as contas públicas, sabedora ela do papel do Estado em se endividar para fazer as coisas funcionarem.
Estamos só em dezembro de 2008. Sorria, São Paulo!
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Atualizando, às 11:20
Do blogue do Barneschi:
"Teve jogo aqui em SP ontem, é isso? Ok, deste assunto tratarei nos próximos dias, com a devida atenção e de maneira analítica, que é só o que se pode fazer agora. Por enquanto, deixo aqui uma singela notinha do Painel FC de hoje. Coisa fina, de elite mesmo. Vejam, pois, que é este o homem que alguns de vocês ajudaram a eleger:
Pegadinha. Instalado na tribuna da presidência do São Paulo, o prefeito Gilberto Kassab divertia-se no começo do jogo passando trote pelo celular em Valter Feldman, seu secretário de Esporte.
Não venham dizer que eu não avisei lá atrás..."
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