Foi-se desse mundo o grande guerreiro Idário. Vítima de complicações há tempos, o Sangue Azul nos deixou nesta sexta-feira, depois de uma longa batalha contra seus problemas respiratórios. Irônica morte para alguém que comia a grama e dava o sangue dentro de campo pelo Corinthians, sua grande paixão.
Jogando ao lado de Carbone, Claudio, Luizinho e Baltazar, figurou na linha de heróis que conquistaram o título do IV Centenário em Templo Sagrado. Nunca quis saber de contratos e jogava por amor ao Corinthians - no dia da citada final, entrou em campo com a perna repleta de feridas. Era o famoso carregador de pianos da defesa alvinegra e por ele pouca gente passava, pelo menos com freqüência ou impunemente.
Para mim, Idário era a representação máxima do Corinthians, ao lado de Neco e Luizinho. Nunca houve e nunca vai haver tamanha devoção por parte de um jogador ao clube que se equipare a esses três nomes, que carregavam o pesado e glorioso fardo do corinthianismo encarnado dentro de campo.
Domingo, Pacaembu lotado, é dia de um grito só durante os 90 minutos. Porque gritar Idário é como gritar Corinthians. Encerro este texto com os olhos marejados, sabendo que mais um ídolo que morreu sem o devido reconhecimento do clube e sem a evocação necessária da torcida. É assim que dirigente de futebol retribui tanto amor, e a Fiel não pode acompanhar tamanha insensatez.
SALVE IDÁRIO! OBRIGADO GUERREIRO!
Em tempo: corre a versão de que Idário, ao contrário do que divulga a diretoria, não recebia nenhum auxílio do clube. Além disso, há a notícia de que sua esposa queria fazer o velório no Parque São Jorge e a diretoria não permitiu. Lamentável tudo isso...
Em tempo 2: Do Loucos por Ti
O Corpo do Seu Idário chegará por volta das 22h30 do 18/09/09 no Cemitério da IV Parada, onde será velado. O enterro está marcado para 19/09/09 às 17 horas no mesmo cemitério.
Rua David Zeiger 450, Quarta Parada - São Paulo
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Atualização: da comunidade dedicada a Idário no Orkut
ENTREVISTA COM IDÁRIO
Em que ano você começou no CORINTHIANS?
Jogava no clube do bairro, a associação atlética da vila Deodoro, no Largo Cambuci.
Aí, recebi um convite para ir treinar no sams, que era a sociedade anônima moinho santista. E daí teve um jogo entre o CORINTHIANS e o sams, no Belém, pelos amadores. E nos amadores do CORINTHIANS jogavam Luizinho, Cabeção, Roberto Belangero. Aí o técnico dos amadores do CORINTHIANS, o Pietrobom, irmão do Anacleto Pietrobom, me convidou, pediu para eu fazer um teste no CORINTHIANS. Eu fui.
Você já era lateral-direito?
Já. Fui lá e marquei Colombo. Isso em 1949. Em 1950, passei a ser titular.
Em 50 você já foi campeão?
Em 50, fui campeão do Rio-São Paulo. Em 51 e 52 fui Campeão Paulista.
Aí chegamos em 54. Como era o presidente Trindade?
Era um grande presidente. Ele falava que tinha que honrar essa camisa, porque tinha muitos coitados que deixavam de pagar hospitais para vir ao jogo. Ele entrava no vestiário e dava uma senhora preleção. O Brandão dava preleção antes do jogo e, depois, era o presidente quem falava.
Por que você era chamado de “Sangue Azul”?
Porque eu tinha muita raça quando jogava. Dava o sangue.
É verdade que na final de 54 você estava com a perna machucada e escondeu o fato para poder jogar?
É. Não estava muito legal. Fiquei quieto, não falei nada para ninguém. Queria ser campeão.
Para esse jogo específico, quais foram as instruções do Brandão?
Ficamos na concentração do Tremembé quase uma semana, sem fumar, sem rádio, sem ouvir falar de jogo de futebol. Na preleção, ele falou que era tudo ou nada. Era para jogar com disposição, marcar em cima. Antigamente a marcação era homem-a-homem. Eu marcava o rodrigues e o Homero ficava na cobertura. O Alan fazia a cobertura do Goiano.
E qual foi o ponta-esquerda que lhe deu mais trabalho?
Cheguei a pegar o zagallo, mas o mais terrível foi o canhoteiro. Era um espetáculo de jogador. Driblava bem. Os dois maiores pontas-esquerdas que vi jogar foram o canhoteiro e o Mário.
Onde você morava nessa época?
Morava na Vila Zelina. Pegava o bonde, descia na Mooca, me encontrava com o Carbone e de lá íamos para o Parque São Jorge.
Como foi aquele jogo contra o palmeiras, muito nervoso?
Foi. Nós entramos em campo com tremedeira. Depois que começou o jogo, aí passou tudo. Do vestiário para o gramado, tinha o túnel e ali era o centro nervoso. O estádio lotado, tinha gente até em cima das marquises do Pacaembu.
E dentro do gramado quem era o grande Líder do CORINTHIANS?
Era o Cláudio. Ele falava com a gente com educação, impunha respeito. Tanto dentro como fora do gramado. Foi uma grande figura humana.
Com o CORINTHIANS campeão, como foi a grande festa?
Foi um carnaval. Fomos para o Anhangabaú com a cobertura da rádio panamericana.
O povo todo comemorou.
O que representa o CORINTHIANS na sua vida?
Foi tudo e ainda é. Nasci CORINTHIANO e morro CORINTHIANO. Desejo felicidades para o CORINTHIANS e que ele seja Campeão....(Idário se emociona e não consegue mais falar)
Jogava no clube do bairro, a associação atlética da vila Deodoro, no Largo Cambuci.
Aí, recebi um convite para ir treinar no sams, que era a sociedade anônima moinho santista. E daí teve um jogo entre o CORINTHIANS e o sams, no Belém, pelos amadores. E nos amadores do CORINTHIANS jogavam Luizinho, Cabeção, Roberto Belangero. Aí o técnico dos amadores do CORINTHIANS, o Pietrobom, irmão do Anacleto Pietrobom, me convidou, pediu para eu fazer um teste no CORINTHIANS. Eu fui.
Você já era lateral-direito?
Já. Fui lá e marquei Colombo. Isso em 1949. Em 1950, passei a ser titular.
Em 50 você já foi campeão?
Em 50, fui campeão do Rio-São Paulo. Em 51 e 52 fui Campeão Paulista.
Aí chegamos em 54. Como era o presidente Trindade?
Era um grande presidente. Ele falava que tinha que honrar essa camisa, porque tinha muitos coitados que deixavam de pagar hospitais para vir ao jogo. Ele entrava no vestiário e dava uma senhora preleção. O Brandão dava preleção antes do jogo e, depois, era o presidente quem falava.
Por que você era chamado de “Sangue Azul”?
Porque eu tinha muita raça quando jogava. Dava o sangue.
É verdade que na final de 54 você estava com a perna machucada e escondeu o fato para poder jogar?
É. Não estava muito legal. Fiquei quieto, não falei nada para ninguém. Queria ser campeão.
Para esse jogo específico, quais foram as instruções do Brandão?
Ficamos na concentração do Tremembé quase uma semana, sem fumar, sem rádio, sem ouvir falar de jogo de futebol. Na preleção, ele falou que era tudo ou nada. Era para jogar com disposição, marcar em cima. Antigamente a marcação era homem-a-homem. Eu marcava o rodrigues e o Homero ficava na cobertura. O Alan fazia a cobertura do Goiano.
E qual foi o ponta-esquerda que lhe deu mais trabalho?
Cheguei a pegar o zagallo, mas o mais terrível foi o canhoteiro. Era um espetáculo de jogador. Driblava bem. Os dois maiores pontas-esquerdas que vi jogar foram o canhoteiro e o Mário.
Onde você morava nessa época?
Morava na Vila Zelina. Pegava o bonde, descia na Mooca, me encontrava com o Carbone e de lá íamos para o Parque São Jorge.
Como foi aquele jogo contra o palmeiras, muito nervoso?
Foi. Nós entramos em campo com tremedeira. Depois que começou o jogo, aí passou tudo. Do vestiário para o gramado, tinha o túnel e ali era o centro nervoso. O estádio lotado, tinha gente até em cima das marquises do Pacaembu.
E dentro do gramado quem era o grande Líder do CORINTHIANS?
Era o Cláudio. Ele falava com a gente com educação, impunha respeito. Tanto dentro como fora do gramado. Foi uma grande figura humana.
Com o CORINTHIANS campeão, como foi a grande festa?
Foi um carnaval. Fomos para o Anhangabaú com a cobertura da rádio panamericana.
O povo todo comemorou.
O que representa o CORINTHIANS na sua vida?
Foi tudo e ainda é. Nasci CORINTHIANO e morro CORINTHIANO. Desejo felicidades para o CORINTHIANS e que ele seja Campeão....(Idário se emociona e não consegue mais falar)
9 comentários:
uma pena, daqui ele vai pra um lugar melhor, mais será sempre eterno, porque merece, domingo que seja a vitória de Idário.
abraço
Bom, no início da semana falamos diretamente com a Dona Natividade e o que ela nos passou foi que o Corinthians contribuiu financeiramente algumas vezes, mas que isso não ajudava permanentemente o Idário. O dinheiro foi usado para quitar algumas das dívidas que eles tinham devido ao alto preço dos remédios que ele precisava tomar.
No entanto, a ajuda permamente não existia de fato. Um plano de saúde ou a contratação de uma enfermeira, por exemplo, ja ajudaria muito mais que o pouco dinheiro que foi dado (se não me engano, houveram 2 ou 3 contribuições nesse sentido). Dona Natividade nos informou que o Idário não levantava mais da cama e também não falava. Por conta disso, estava com duas feridas enormes na região da perna.
Falamos com a Dona Natividade agora pela manhã e a pedido dela, tentamos falar com a diretoria para que o velório fosse no PSJ. A secretária do Sanchez nos retornou dizendo que o velório não poderia ser la.
Ela está correndo com a burocracia para que o corpo seja liberado e possa trazê-lo para Sampa. Assim que tiver mais informações de onde será o velório, bem como o enterro, repasso a você.
Bjs
Valeu Thais! Assim que souber de algo, passa pra gente!
E lamentável essa postura do tampão...
O DEUS DA RAÇA. O Maior Corinthiano vivo até então.
Nego que se diz Corinthiano, deve isso a ele, além de muitos outros.
Aquele encontro com o pessoal do Apenas Corinthians, que eu te chamei, lembra Japonês?, teve uma missa Corinthiana (tá no youtube com esse nome). No meio do vídeo, uma mulher passa atrás do Padre, repare.
Ela se queixou que não sabia daquilo, e quis encher o saco. O Parque está infestado de medíocres que se acham donos.
E dono, mesmo, se houvesse algum, seria Idário, até as 7 da manhã de hoje.
É melhor para o tampão se ligar logo.
VIVA IDÁRIO!!!
Homens como esse, independente da camisa que vestiu, fará sempre muita falta ao futebol, pois são a representação máxima de um futebol amador, no sentido literal da palavra.
Que a memória deles sejam sempre celebradas.
Válido também lembrar, os lendários duelos que Idário travou com o genial Canhoteiro durante a década de 50.
Abraço
Filipe, mano, essa gente que infesta nossa casa, a casa dos nossos imortais, precisa ser urgentemente retirada de lá. Debaixo de porrada, se necessário for. O guerreiro era um dos grandes! Salve Idário!
Diga-se, Michel: foi um dos poucos a parar o Canhoteiro.
Abraço.
Do Loucos por Ti
O Corpo do Seu Idário chegará por volta das 22h30 do 18/09/09 no Cemitério da IV Parada, onde será velado. O enterro está marcado para 19/09/09 às 17 horas no mesmo cemitério.
Rua David Zeiger 450, Quarta Parada - São Paulo
Ele era o último dos grandes ainda vivo, não é?
Meu pai contava muitas histórias dele.
Muito triste e se for verdade o que falam da atitude do tampão... PQP!
Ainda resta Gilmar. Mas corinthiano, era o último com certeza.
Sobre esses papos que andam rolando, é uma fofocaiada impressionante. Triste ver o uso da morte de alguém que tinha o Corinthians no sangue para provar não sei o quê.
Mas, de fato, não autorizaram o velório no Pq. São Jorge.
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