14 outubro 2009
Cabo neles!
O belo projeto do governo federal de cabear todo o país com fibra ótica ter sido ignorado pela mídia consolidada era algo esperado. Afinal, numa sapatada só, Lula deverá estabelecer um novo paradigma na comunicação na web ao valorizar a pluralidade e democratizar as fontes de informação, criará uma concorrência real no setor de provedores e irá enfraquecer as famiglias Marinho, Frias, Mesquita, Sirotsky e Civita.
A quantidade de pessoas que serão atendidas pelo plano é de extrema relevância. Segundo o Valor Econômico, o cabeamento "vai interligar 4.245 municípios (76% do território nacional) e beneficiar com o acesso à banda larga 162 milhões de pessoas (87% do total)". Notem que é para esse contingente de brasileiros que a imprensa vendida dá de ombros. Mais números de pouca importância dentro das grandes redações: o investimento inicial será de R$1,1 bilhão e a conexão terá taxa de transferência de 1Mbps, inexistente em 90% dos casos no Brasil.
Dentre as questões que podem surgir, a principal diz respeito à gestão do sistema. O governo terá a imperdível oportunidade de reaver as rédeas de uma área essencial e estratégica, inclusive com o ressurgimento da Telebrás. Também não dá para não falar da riqueza de conteúdo que a rede, sendo ampliada, irá proporcionar. Teremos, por exemplo, fontes espalhadas por todo o território, retratando as peculiaridades regionais, ajudando na diminuição dos bairrismos, eliminando preconceitos inúteis e até mesmo incentivando o turismo interno.
De nossa parte, é essencial apoiar a idéia de controle estatal e cobrar cada vez mais verbas para a inclusão digital. O Conversa Afiada, por exemplo, mostra alguns modelos bem-sucedidos, com destaque para o australiano, cujo orçamento ficou na casa dos R$65 milhões. Fora isso, dinheiro nenhum vai pagar a alegria de nosso troco na Telefónica ou na Net, após nos livrarmos com escárnio do porco serviço que elas oferecem atualmente.
A este governo e ao próximo (não tucano, se Deus quiser), fica evidente a necessidade de peito para enfrentar o lobby das empresas de telecomunicação - um reforço pode vir das corporações de varejo online, a maioria delas já de olho grande nesse público consumidor em potencial. É preciso, ainda, muita atenção e cautela no encaminhamento de qualquer projeto censor semelhante ao do senador Eduardo Azeredo. A integração e inclusão não podem ficar restritas ao mero acesso; deve-se garantir aos usuários o usufruto pleno da plataforma.
Os golpistas tremem desde já. E o povo vai ter, em breve, outro motivo para abandonar de vez o complexo de vira-latas que vem estagnando o país desde 1500.
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