26 novembro 2008
Patrulhamento cívico compulsório
Dois assuntos em pauta, ambos merecedores de extrema atenção. Falemos primeiramente da questão da meia-entrada, em discussão no Congresso Nacional. Foi aprovado no Senado, em primeiro turno, um projeto que cria a cota máxima de 40% no total de ingressos dos eventos culturais ao desconto estudantil.
Essa reserva representa o início da extinção da meia-entrada, uma bandeira histórica do movimento estudantil conquistada com muito suor e saliva. É um retrocesso inadmissível, que só servirá para tornar ainda mais restrito o acesso da juventude à cultura. Alegam os defensores do projeto que houve uma disseminação de carteirinhas, o que tornou as produções inviáveis por conta do baixo faturamento. Pois bem, o problema a se combater é exatamente a emissão desenfreada de identificações estudantis, e não o direito à meia. Dito isso, é bom sempre lembrar que o grande responsável pela baderna foi o ex-ministro Paulo Renato que, na tentativa de desarticular o movimento estudantil, tirou a única fonte de renda das entidades e acabou com o controle e fiscalização na confecção das carteirinhas.
Nesse imbróglio todo, o mais interessante foi ver alguns artistas fazendo coro a essa imbecilidade. Nomes como Beatriz Segall (diz a lenda que a Odete Roitman não sai de casa por menos de R$30 mil; quanto pagaram para ela?), Gabriela Duarte, Ivete Sangalo, Irene Ravache e Fernanda Montenegro nem surpreendem. Porém, me decepcionou muito gente como Wagner Moura e Herbert Vianna estarem no mesmo barco. Segundo a patota, eles afirmam que a cota possibilitará a redução no preço dos ingressos para suas peças e shows - um parêntese: quando o dólar explodiu, apareceu uma bela desculpa para inflacionarem os preços, que não caíram com a valorização do Real.
Por que, ao invés de se prestarem a esse papel, eles não se reúnem para pressionar o governo por subsídios e políticas públicas para a cultura? Talvez porque são bancados pela Globo e pela Lei Rouanet. Garanto, inclusive, que as peças e shows desses figurões não dependem de bilheteria, uma vez que já foram pagos com o patrocínio de empresas em busca de isenção fiscal. E agora eu lanço o primeiro motivo para nosso patrulhamento cívico. Quero ver se vão baixar o preço depois dessa cota!
O segundo assunto remete ao compromisso assumido com o amigo Raphael de realizar uma intensa fiscalização ao nefasto governo Kassab. Depois de descumprir a primeira promessa de campanha ao não priorizar os CEUs, o generalzinho divulgou hoje os patrocinadores de sua reeleição. A informação vem da Falha: "Maiores doadoras de Kassab têm contratos com a prefeitura de SP".
Não irei me prender ao dado, mas sim ao tratamento que ele mereceu no panfleto tucano dos Frias. Fosse a Marta, imaginem o escarcéu. Fosse o Lula, então... O erro maior da matéria está justamente em não ter investigado as últimas obras realizadas por tais empresas para o município, o que poderia até configurar uso da máquina pública em campanha.
É imprescindível que nos mobilizemos para patrulhar dia-a-dia esses afrontes ao povo. Mesmo que com opiniões divergentes, o essencial é mostrar que as coisas não são como os jornalões mostram. Estarei por aqui e conto com a adesão da nossa humilde rede blogueira.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Tá foda né?
Foi na surdina, mesmo anunciado.
A foto foi só pra sair no dia seguinte mesmo.
E de onde veio o cachê da Odete?...
Blogue-Patrulha, meu caro.
Sempre que possível estaremos aqui mordendo o calcanhar do rato.
Bromessa de gambanha!
Postar um comentário