06 novembro 2008
Pelas barbas do profeta
Vi hoje no UOL a notícia de que Silvio Luiz foi demitido da Band, no último pacote de reformulação da emissora dos Saad. Apesar do desvio clubístico de Silvio, ele era o último dos comunicadores que podemos considerar folclórico. Agora, está definitivamente decretada a imbecilidade como fio condutor da imprensa esportiva.
Silvio já estava meio de escanteio há algum tempo, tendo destaque apenas no Band Sports e raramente escalado para narrar jogos. Triste para quem, como eu, começou a assistir ao futebol no fim dos anos 80 e começo dos anos 90, e considera Silvio Luiz como um dos maiores locutores da TV.
Seus bordões eram impagáveis, assim como seu sarcasmo ao cobrir jogos desesperadores de ruins. Falava das coxinhas servidas na cabine, tirava sarro de comentaristas e repórteres, exagerava nas aberrações que aconteciam em campo. Mas, acima de tudo, fazia daquilo um espetáculo.
A Band, que já foi o canal do esporte, é perita em enterrar seus tesouros. Quem não lembra da época em que Silvio narrava o Paulistão e Januário de Oliveira (crueeeeeel) fazia jogos interessantíssimos como Entrerriense e Madureira pelo Campeonato Carioca? Ou de Alexandre Santos, com seu "apontou, guardou"? Tempos de ouro, quando o futebol ainda não estava tomado por bichices e frescuras...
A demissão de Silvio Luiz pode servir como o marco definitivo da tal modernização no esporte. Não há, nessa nova concepção de futebol, espaço para gente como ele. É preciso valorizar os sem alma que reproduzem fielmente o discursinho programado. Por isso mesmo que a Globo tomou a frente nas transmissões. Já repararam que, se algo dá errado, a emissora carioca não consegue trabalhar ao vivo? É tudo ensaiadinho.
Insisto na idéia: cabe a nós, blogueiros sem muito espaço e com muita vontade, construírmos uma nova mídia. Restaurar essa cobertura idealista e sem hipocrisia. Cafagestagem por cafagestagem, que façamos uma que seja honesta e apaixonada. E não essa que está aí, a serviço dos barões e dos aproveitadores.
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4 comentários:
Excelente post, amigo! Engraçado é que Luciano do Valle, cego, não consegue narrar mais um jogo sequer. Mas nesse ninguém mexe...
Pelo amor dos meus filhinhos...
Não tem salvação mesmo.
Luto!
Lamentável, triste mesmo, a saída do grande Sílvio. E uma das minhas maiores lembranças eram as transmissões do campeonato carioca. Caso esteja certo, eram às segundas ou terças-feiras, à noite. O grande Januário narrando os jogos do Botafogo naquele pântano escuro de Caio Martins ou então os gols do Suuuuper Ézio e do Animal é algo inesquecível.
Abs!
Rodrigo Lara
Ô, Cráudio
O Sílvio realmente foi grande. Há muito não era mais o mesmo, parecia desestimulado e até meio gagá. Mas fica a lembrança dele nos anos 80, quando narrava os jogos do Paulista no sábado à noite e comandava, ao lado de um embriagado Flávio Prado, às terças, meia-noite, o mais hilário e insólito programa da história da tv brasileira: o Clube dos Esportistas. Qualquer dia falo dele com mais calma. Sílvio é arquibancada, é geral. É papo na barraquinha do pernil, latinha na mão. Não tem mais espaço na era do futebol de grife, consumido nos xópincenters da vida e discutido nos botecos chiques com tv de plasma e cerveja ráiniquem a seis contos a garrafinha. Esse é o futebol do galvão (assim mesmo, com letra minúscula), o xodó do Borgonovi.
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