22 agosto 2006

Qual a sua graça?

Nomes, sorte de quem os têm belos. Nasci Claudio. Feio. Não só feio, esquisito. E mais feio e esquisito ainda se seguido de um Elisio logo na seqüência. E estava feita a tragédia. E olha que podia ter escapado dessa sina terrível. Mas por culpa de uma mãe que foi criada sob os moldes patriarcais, ficou a cargo de meu pai me registrar. E o desgraçado, publicitário como é, colocou somente o criativo Junior no fim.

Por muito tempo me incomodou esse nome, quase um cacófato. Tristeza mesmo foi quando, na adolescência, descobri que significava “coxo ou manco”. Para um jovem, isso é o fim, e o começo de muita chacota. Por isso, me dava por satisfeito ser chamado de “Japonês”.

A luta se tornou vã e, com o tempo, simplesmente desapeguei. Há mais de ano, porém, surgiu em minha vida Eva. Assim como no Paraíso, a minha me atordoou. E, graças ao Criador (se ele existe ou não é outra coisa, por favor não acabem com essa boa figura de linguagem), fui levado às delícias da perdição.

Gostaria de ter um nome como o de minha Eva. É um nome forte, poderoso. Desde sempre acompanhou grandes exemplos da espécie. Além da primogênita cristã, tivemos Evita Perón, primeira-ministra idolatrada ainda hoje na Argentina. Eva Braun, mulher de Hitler, um dos donos do mundo e, por isso, mais dona do mundo que ele. Nas artes, a cantora Evinha foi uma das primeiras expoentes da Jovem Guarda. A atriz Eva Vilma é reverenciada e até teatro tem. E até no mundo pop esse nome já foi exaltado, com a “Pequena Eva” do Rádio Táxi.

Pois bem, a origem deste Claudio que vos escreve também é, de certa maneira, nobre. Segundo a mãe de meu pai, mais conhecida como avó, ele ganhou a alcunha por causa do grande centroavante corinthiano homônimo, um dos maiores artilheiros da história do time de Parque São Jorge. Mesmo assim, outro dia pesquisei um pouco no google alguns ilustres com esse mesmo nome. Encontrei logo de cara o imperador romano Claudio, um verdadeiro boca-aberta que, além de tudo, era marido de Valéria Messalina. Para quem não sabe, a mulher vivia a chifrar seu marido – daí o apelido messalina para as mulheres que dão vazão às pulsões sexuais de forma acintosa. E o coxo do significado de Claudio também vem daí, já que o monarca de Roma era manquitola.

Conclusão? Cada um carrega a sina que merece. E a minha graça é bastante engraçada. Para os outros...