31 outubro 2008

A Globo é canalha! E o Huck também...


O blogue do Azenha tá muito bom ultimamente. Essa saiu no fim de semana passado e eu não tinha visto. Segundo consta, a Globo está metida num processo cabeludo, que envolve adulteração de carro e falsidade ideológica.

Clique aqui para ler o absurdo.

O modus operandi é esse, e se espalha por toda grade. Basta vermos o horário absurdo de quarta-feira às 22h imposto no futebol brasileiro.

Pingado


- Para aqueles que viam na Soninha uma grande alternativa independente para a prefeitura de São Paulo, destaco aqui o que achei no site do Estadão. "Kassab chama Soninha de secretária e depois se corrige" . Daí eu vou no blogue da moça, e ela tenta se explicar, soltando a pérola: "Pode ser que o Kassab me faça um convite. É possível que eu aceite? Sim. Se eu realmente tiver poder para mandar executar algumas coisas – diretamente ou acionando Secretarias, Subprefeituras, empresas públicas. Se eu não for enfeite. Se tiver recursos. Se tiver respaldo".

Qualquer pessoa que se pintasse como alternativa de contraponto iria rejeitar participação em um governo do Kassab. Mas ela não. A explicação, além de sua militância no PPS de Roberto Freire, está no texto de Mauro Carrara que linkei aqui há alguns dias, onde é dito brilhantemente que Soninha é "a moça seduzida por José Serra num camarote do Parque Antarctica".

- Finalizado o pleito no Brasil, as atenções políticas se voltam para os EUA. Li uma análise interessante feita pelo Azenha, em que é mostrado o quanto a mídia alternativa foi imprescindível para o sucesso da campanha de Barack Obama. Tal avaliação diz respeito, inclusive, à cruzada ainda quixotesca de alguns poucos inconformados nessa nossa blogosfera. Há até uma motivação para todos nós, uma vez que, segundo Azenha, a imprensa norte-americana se encontra num movimento de inversão, com os veículos tradicionais disputando espaço e importância com outros meios mais democráticos. Já que copiamos o modelo excludente no passado, por que não copiar de novo?

Também há no texto uma lição de como se comporta a articulação política de Obama, agindo contra as mentiras republicanas com a rapidez e eficiência necessária, ao contrário do corpo mole visível das campanhas esquerdistas no Brasil. Conforme já disse antes, está na hora de começar a desmoralizar os barões da imprensa. Eu nunca vi o Brizola perder voto por falar mal da Globo, muito pelo contrário.

- Deve ter gente estranhando meu comportamento com relação aos últimos jogos do Corinthians. Esclareço que, de minha parte, o que tinha de ser feito já foi feito. O resto é cumprimento de tabela. Não vou aos próximos jogos - talvez vá contra o Vila Nova, talvez - porque é mera pré-temporada. Deixo os zicas aproveitarem, já que gostam tanto de festa. Minha dose de paciência com esse campeonato de merda já foi pro espaço. O que deve ser feito é o planejamento para 2009 e, principalmente, para nosso centenário. Além de fiscalizar a corja e lutar por mais democracia no Parque São Jorge. O resto é papo-furado.

30 outubro 2008

Os moralistas estão de férias


Causou pouquíssimo furor o caso claro de homofobia a alunos da USP em uma festa de sua Faculdade de Veterinária. Ao contrário do ímpeto feroz que motivou um factóide de intensa repercussão por parte de Falha, Estadão, Veja e Globo, dessa vez houve o desdém típico dos aproveitadores.

Lembremos o escarcéu da campanha eleitoral municipal. Os jornais foram entrevistar entidades LGBT, deram voz às lideranças como nunca e só faltou colocarem o arco-íris no cabeçalho de suas publicações. Eu contestei tudo isso, questionando a ausência desses mesmos veículos na Parada e na defesa dos direitos homossexuais. Cheguei até ser considerado homofóbico por conta das minhas declarações.

Vale perguntar de novo: cadê o microfone na boca da comunidade? Onde está a indignação dos jornalistas, estes também sempre receosos de assumir publicamente sua sexualidade? Parece que ficaram cansados do trabalho ostensivo durante as eleições – em favorecimento do nosso amado generalzinho – e cerraram ouvidos e olhos para os fatos.

Veja como tratou do caso o site da Falha. “Segundo a versão deles, entre demais beijos de casais mistos, o DJ da festa interrompeu a música, acendeu as luzes e apontou para Lima e Góes. Mesmo constrangidos, os dois continuaram a se beijar até que foram empurrados para o chão por outro aluno. Na troca de insultos, os dois foram expulsos. Em dois tempos, a festa acabou. (...) Procurados pela reportagem, os alunos do centro acadêmico não responderam aos pedidos de entrevista. Em nota, negam a agressão e afirmam que há gays entre os membros da gestão. ‘Os estudantes Jarbas e Eduardo não estavam apenas se beijando. Era uma troca de carícias muito mais explícita, o que acabou provocando certo desconforto em alguns dos poucos presentes, não por conta de ser um casal homossexual, mas sim porque a demonstração exacerbada estava ocorrendo no local mais visível do evento’”.

Ressalto duas coisas: 1) era um baile funk, o que já denota baixaria generalizada. Não seria um agarra-agarra de homens que iria se destacar no meio de tanta imbecilidade; 2) notaram a ênfase para valorizar as palavras do centro acadêmico?

Fosse séria, a imprensa não perderia nem tempo com essas explicações. Agiria com a mesma impulsividade que agiu quando da “polêmica” do “é casado”. Espaço aberto para Cantanhêde, Clóvis Rossi, Dimenstein, Calligaris e tantos outros raivosos contra a intolerância, que parecem ter tirado férias...

29 outubro 2008

Pau neles!


Imprescindível e complentar ao post abaixo o texto de Mauro Carrara publicado pelo Azenha. Deveria ser uma bíblia, inclusive...

A ingenuidade da censura


No começo do mês, postei aqui um caso de censura na internet que vitimou nosso amigo (é amigo, mas incorremos no erro histórico de não ter ainda nos conhecido pessoalmente, de preferência num buteco) Raphael Falavigna. Ele teve seu Cruz de Savóia retirado arbitrariamente do ar, só porque se manifestava contra a imparcialidade da imprensa em favorecimento ao SPFC de forma contundente.

Semana passada, antes do 2º turno, publiquei em meu fotolog (para quem não conhece, é uma espécie de blogue, só que o post é uma foto) uma montagem em que equiparava Adolf Hitler ao Kassab. Era a MINHA opinião no MEU fotolog. Logo em seguida, o primeiro comentário raivoso da direita. Respondi com o sarcasmo que a coisa merecia e fui viajar. Eis que, na volta, a Evinha me liga: "Você viu que apagaram teu fotolog?"

Ela mesma já tinha passado por situação semelhante. Havia um gaiato colocando uns comentários imbecis nos 3.967 fotologs que ela tinha (alguns em parceria comigo) e, em um deles, havia uma ilustração expondo meia teta de uma mulher. Foi o suficiente para uma denúncia ao administrador e a suspensão de todas as páginas registradas sob o mesmo endereço de e-mail. Ou seja, não dão nem a chance de defesa e simplesmente deletam tudo, a partir de uma denúncia que pode nem ser verdadeira.

A minha sensação não foi de tristeza por ter perdido registros da minha história. Não foi de ódio por ter sofrido uma censura. Foi de escárnio e motivação. Escárnio por poder usar a história para comprovar mais uma vez que é uma grande bobagem nossa liberdade de expressão e nossa democracia. Motivação por me dar mais forças para enfrentar esse governo fascista que se instaurou na Cidade e no Estado de São Paulo. Se queriam me calar, só conseguiram me fazer gritar mais. Vale lembrar, ainda, que a repressão só leva a uma radicalização maior.

Deixo, por fim, a reprodução do texto de repúdio que enviamos (Filipe, Raphael, Rodrigo e eu) a alguns jornalistas que poderiam repercutir e discutir a questão do controle autoritário da informação na internet. Obviamente, e porque jornalista é uma raça desunida para cacete, ninguém falou vírgula sobre o caso Cruz de Savóia. No entanto, é bom repetir a dose por aqui, para deixar bem claro - mesmo que para os 30 visitantes que tenho por dia - que as coisas estão caminhando para o buraco, tudo em prol da modernidade.



"Futebol, política e a mesma agenda midiática

Caros amigos jornalistas.

Essa mensagem cai em vossas caixas para denunciar um fato grave: a censura ganha força na internet. Da mesma forma arbitrária que o blogue do jornalista Paulo Henrique Amorim foi retirado do ar quando era hospedado pelo portal iG, o Cruz de Savóia (
www.cruzdesavoia.blogspot.com), de autoria de Raphael Falavigna, saiu de cena na última semana sob o pretexto não confirmado e tampouco previamente apurado de ser um “blog spam”.

Primeiramente, deve ser explicado o que é o Cruz de Savóia, que hoje pode ser acessado pelo endereço www.cruzdesavoia.wordpress.com. E, para isso, é preciso ir além, lembrando que há na rede mundial uma congregação ainda não unificada de blogueiros brasileiros, com o objetivo de demonstrar o papel nocivo dos barões da imprensa esportiva em favor de alguns clubes. No caso específico, o favorecido é o São Paulo Futebol Clube, cuja “modernidade administrativa” é alardeada tal qual um dogma pela mídia, mas todos sabemos que as coisas não funcionam bem assim.

Pois bem, o Cruz de Savóia é talvez o mais combativo deles. Em sua série “Souvenirs de Madame”, expõe todas as formas de beneficiamento dos veículos de comunicação ao SPFC. Clube, aliás, que é historicamente um usurpador do dinheiro e das coisas do povo. Tomou patrimônio alheio baseado no pretexto da Segunda Guerra e do ódio a italianos e alemães, construiu um estádio às custas do governo do Estado e agora quer usar os cofres públicos para reformar o mesmo elefante branco, com a desculpa da Copa do Mundo.

Contestar tudo isso, portanto, foi a justificativa para calarem o Cruz de Savóia, isso à beira do clássico Palmeiras x SPFC. Resultado: indignação maciça pela internet, já que tal censura foi repudiada não só entre os blogueiros verdes, mas também em sites rivais corinthianos, o que legitima ainda mais o protesto..Ressalta-se que esta mensagem não se presta à defesa de nenhuma agremiação em específico, uma vez que une rivais. É, na verdade, um protesto contra esse modus operandi padrão das redações, disseminado também no futebol, na política e nas relações interpessoais. Desmoralizam o oponente, exaltam o protegido e se esquecem da razão de ser do jornalismo, que é prestar serviço em benefício ao coletivo.


Os autores deste manifesto assinam abaixo e irão comemorar toda e qualquer divulgação que a denúncia obtiver, assim como comemoraram as inúmeras manifestações nos blogues da Mídia Palestrina, linkadas no próprio Cruz de Savóia. Mais grave que a indecência do mau jornalismo é a censura imposta a quem busca falar o que não interessa aos manda-chuvas. E isso é inadmissível."

27 outubro 2008

A alegria triste - ou o fim da tristeza eterna


Conforme foi dito aqui, o dia 02 de dezembro de 2007 foi o mais triste da minha vida. Naquela tarde - sempre é bom lembrar que por causa de uma corja hoje ainda ativa, embora com um pouquinho menos de cara-de-pau -, o corinthiano iniciava seu martírio. Caía o Sport Club Corinthians Paulista. Ficava o futebol um pouco menos brasileiro.

A batalha foi dura, sofrida e, num certo momento, ficou difícil controlar a ansiedade para saber quando iria acabar aquilo tudo. O povo, a nação alvinegra sofria por contar com o inevitável, mas não sabia quando esse inevitável iria virar realidade. Semana que vem vai ser? - perguntava há algumas semanas o corinthiano.

Foi, enfim, no último sábado. Casa cheia. Nossa casa. Time jogando tal qual o Corinthians precisa e merece. Vitória incontestável. Paralelamente, faltava apenas um gol - vejam, igual 2007 -, e ele deveria vir de uma cidade aqui do lado. O placar pisca. O Paraná marca seu segundo tento e garante matematicamente nosso retorno ao lugar de onde nos tiraram - argumentando, inclusive, que eram dos nossos.

Junto ao anúncio do placar e aos gritos ensurdecedores da Fiel, caí em prantos tal qual ano passado. Passaram pelos olhos, como nos últimos segundos da vida de uma pessoa, todas aquelas imagens que denunciavam o ápice de um golpe que nos foi aplicado sem dó nem piedade - não dá para deixar de mencionar a passividade da torcida em não contestar o ululante golpe, aliás. Era a alegria de tirar, finalmente, aquela dor que me acompanhava desde o apito final em Porto Alegre.

Hoje, vejo alguns abutres dizendo que nossa festa é demasiada. Primeiro, não é festa. É a manifestação de um grande alívio daqueles que tiveram que ficar calados por quase um ano. E calar a Fiel é só com tristezas desse naipe. Segundo, nós sabemos que foi obrigação. Obrigação para com a torcida corinthiana, não para vocês. Vocês fiquem aí, doídos de inveja por não fazerem parte dessa massa. Tentem diminuir nossa volta por cima, porque é só para isso que vossas opiniões servem. Aliás, é bom repetir: esqueçam-nos!

Parabéns, Corinthians! Parabéns, Fiel Torcida! Espero que tenhamos todos aprendido a lição...

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Próximo post: a confirmação da falácia e mais um ato de censura na internet.

24 outubro 2008

O quarto poder ou de quatro pelo poder


Acabo de ler no Terra que a rejeição do eleitorado paulistano à Marta é de 50%. Além da notícia ser obviamente manipulada por não trazer o índice de rejeição do Kassab, ela reforça a idéia que defendi aqui desde o começo do pleito: a mídia esteve a serviço do candidato que seu chefe mandou. E o chefe é, explicitamente, o José Serra.

Essa rejeição é resultado de uma campanha intensa, iniciada quando Marta ainda era ministra e que ficou mais forte à medida em que se aproximava a eleição. Mais que uma disputa política, os jornais, revistas e emissoras têm como aliado o grande ímpeto conservador e o preconceito nojento que impera em São Paulo. O paulistano e o paulista médio não suporta que o pobre chegue mais rápido de ônibus do que ele em seu carro (parcelado em 80 vezes). Não tolera que um governo destine suas ações a quem tem menos. Fica indignado ao ter como presidente da república um cara que veio do proletariado.

Com essa base de apoio, fica fácil articular golpes para enfraquecer uma força política que possua viés popular. É fato: o Partido dos Trabalhadores possui inúmeros problemas e muita gente lá de dentro não vale um tostão. Mas isso, ao contrário do que prega a imprensa, não é exclusividade petista.

Também é preciso ressaltar o nível de argumentação daqueles que são "defendidos" por essa mídia escrota. Ao mesmo tempo em que o meu lado faz uso de um discurso fundamentado na análise dos fatos, a grande maioria dos anti-esquerdismo, antipetismo ou anticomunismo parte para a ignorância. Assim, é comum bradarem que petista é tudo bandido, que comunista é tudo safado, que somos cínicos e que queremos implantar uma ditadura do nosso grupelho. São as mesmas pessoas que vociferam, sem nenhum pudor, que preto é ladrão, judeu é filho da puta, mulher nasceu para ser dona de casa, viado tem que morrer, nordestino é sujo e japonês tem o pau pequeno (se bem que isso tem um fundo de verdade).

De qualquer forma, reconheço ser desnecessária a validação do discurso desse pessoal, já que a imprensa coloca tudo isso sob uma roupagem mais elaborada. O principal, porém, é que os jornalistas sabem exatamente a quem servem, e mesmo assim se prestam ao papel mesquinho de atuar em favor do patrão. E o patrão, por sua vez, abre seu veículo de comunicação (e as pernas) para tucanos, demos e toda a casta desprezível desse país consolidarem seus núcleos de poder. E aí eu pergunto: não é politicagem de grupinho?

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Leituras que complementam a idéia do texto acima:

- Blogueiros com Marta: o pessoal do Futepoca reuniu a mídia martista numa bela iniciativa, fazendo o contraponto à covarde atuação da imprensa nessas eleições. O post de ontem está por lá.

- O Azenha fala sobre a responsabilidade de certos "jornalistas" na morte de 8 pessoas, vítimas do falso cenário de calamidade no surto de febre amarela.

- O PHA mostra que a crise econômica está faznedo o PIG gargalhar.

- O Terreiro Grande comprova que o preconceito não se resume às eleições.

23 outubro 2008

Avisa os caras


Avisa lá na Barão de Limeira que o promotor do Ministério Público de São Paulo Eduardo Rheingantz deu parecer favorável à cassação da candidatura de Kassab no caso do checão do metrô. Avisa que, segundo o promotor, "os representados ─ especialmente o presidente do Metrô e o candidato Kassab, que são agentes públicos ─ usaram bens públicos móveis e imóveis para fins eleitorais. (...) De fato, fosse uma mera cerimônia administrativa de repasse de recursos ─ como sustentam os representados─, não precisava ser um espetáculo".

Avisa pros caras que isso não merece uma mera notinha de canto. A coisa é pra manchete de primeira página, com letras garrafais. Também deveria ter esse chamariz o lance do CEU Formosa, que o Kassab chamou o povo todo e não apareceu. Kassab é o Arnesto que o João Rubinato cantou, e a Marta e o povo foram e não encontraram ninguém...

Tem que dizer pra Falha e pro Estadão que hoje acontece nova manifestação da polícia civil, e quando o governador for falar é pra cobrar uma postura digna de governador, e não de um omisso que joga a culpa de suas cagadas nas costas dos outros. Passa lá no Limão e avisa pros Mesquita que seria bom aproveitar e perguntar sobre cratera no metrô, contratos suspeitos com a Alstom e as tentativas fracassadas de privatização da Cesp. Fala pros Frias se queixarem da nossa espera sebastiana pelo Rodoanel.

Aproveita e passa lá na Chucri Zaidan, pede pra falar com o Tramontina e com o Chico Pinheiro. Fala pros dois que não é pra ficar torcendo pro generalzinho quando estiverem no ar, nem ficar suspirando pela careca do Serra nas exclusivas que o governador dá só para eles.

E já que tá no pique, passa na Lapa e fala pro pessoal da Cultura que não precisa transformar a emissora pública em emissora do governador só porque é o Serra quem assina o contracheque.

Avisa, porque tá difícil...

22 outubro 2008

A omissão criminosa


A cada eleição e a cada fato político relevante, a história mostra que a imprensa costuma omitir informações e enrustir suas opiniões dentro da notícia. Citando apenas acontecimentos relativamente recentes, foi assim com a Campanha da Legalidade pela posse de João Goulart, foi assim na movimentação em prol do Golpe Militar em 64, foi assim na imposição do AI-5 em 1968, foi assim durante todo o período em que a ditadura esteve no auge, foi assim com as Diretas Já e foi assim nas eleições para presidente em 1989.

Em todos esses casos, havia barões da mídia bancando quem lhes interessava, seja por questões econômicas ou por pura manutenção do elitismo. Há quatro anos, São Paulo passou por um duríssimo pleito, elegendo um aproveitador que só usou a cadeira de prefeito para chegar ao governo do Estado. O estelionatário eleitoral não cumpriu um décimo do que prometeu e reforçou o moralismo barato e os preconceitos da classe média paulistana, além de nos deixar como herança um generalzinho oriundo da pior casta política que essa cidade já teve - casta que engloba nomes como Adhemar de Barros e Paulo Maluf.

O antipetismo e a birra com Marta se repete nesse 2008, só que de forma ainda mais preocupante. A Falha e o Estadão embarcaram em uma viagem sem volta, correndo o risco de figurar no mesmo balaio da galhofa que a semanal Veja. Por quê? Porque adotaram a mentira como pauta e ideologia. E o revanchismo e a destruição moral dos adversários como objetivo, a fim de consolidar sua posição controladora e patriarcal sobre uma população que avança cada vez mais em seu tacanho pensamento neo-burguês.

Nessa última semana de disputa eleitoral, as coisas chegaram ao nível do absurdo. Lutam contra a realidade de forma vergonhosa e escancarada. A notícia da vez foi o choro de Marta ao ser barrada no CEU Formosa, mas o que deveria ter sido mostrado era a vergonha das obras atrasadas. O problema é que isso comprovaria toda a tese da campanha petista. Para não contrariar o chefe, a imprensa ignora que não só esse como a maioria dos CEUs da gestão Serra/Kassab – como pode ser visto aqui – estão menos estruturados, mais caros e com o cronograma comprometido.

O que dizer, então, da manchete que agora pisca no site da Falha? “Lula repassou mais verbas a Kassab do que a Marta em SP” diz o texto, como se quisessem mostrar que até o presidente – e petista – Lula prefere a gestão do demo ao da sua companheira de partido. Sujeira braba. Quem analisou essa maléfica intenção dos Frias foi Luís Nassif:

“Uma das razões a reportagem aponta: melhoria do ritmo da economia nos últimos anos. A outra não: o fato do PAC ter começado a deslanchar. Especialmente em um aspecto pouco ressaltado: o avanço que proporcionou nas relações União-estados-municípios. Foi um avanço não apenas no plano do planejamento de investimentos mas da articulação federativa”.

Essas constatações só reforçam a tese de omissão proposital da mídia e servem como base para outros questionamentos. Primeiro, a bobagem da objetividade e imparcialidade não teria sido uma belíssima jogada de marketing, que hoje em dia não é mais eficaz por conta do descaramento? Segundo, têm consciência do que fazem esses jornalistas a serviço de um patrão vil, esquecendo o que juraram quando se formaram? Ou será que não se formaram, e por isso tem tanta empresa defendendo e fazendo lobby no STF para que caia de vez a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão?

É preciso, portanto, encontrar um meio de expandir a “contra-mídia”, a mídia dos excluídos. Já temos alguma coisa nesse sentido, como a Carta Capital, a Caros Amigos e, principalmente, o Brasil de Fato. O problema é a restrição na distribuição de publicações por conta do oligopólio formado pelos próprios barões que defendem a mentira.


Relegamo-nos, assim, aos blogues e à internet, sabidamente menos influentes no papel de formação de opinião em larga escala. Ao mesmo tempo, a mobilização pela popularização da web talvez seja o ponto crucial para a criação eleitores mais conscientes e leitores mais críticos daqui para frente.

21 outubro 2008

SP x Brasil


Lembrando sempre o plágio estilístico autorizado pelo Raphael, notícias quentinhas da Falha a favor do seu generalzinho e bombardeando a campanha de Marta - detalhe para a artilharia pesada nessa última semana, com os Frias tentando inverter inclusive a relação umbilical de Kassab com Pitta:

- Kassab faz campanha com Beto Richa e nega planos de concorrer ao governo estadual
- Em resposta a Marta, Kassab apresenta planilha de obras dos CEUs em SP
- Blog Campanha no Ar: Kassab amplia cabos eleitorais para 1.800
-
Erramos: Site de Kassab omite apoio a Maluf e a Pitta (esse vale o link!)
- Petista só lidera nos extremos da cidade de SP
- Suplicy diz que recebeu de Nicéa oferta de documento contra Kassab, mas recusou
- Kassab diz que manda em sua campanha e que eleitor só se define no dia da eleição
- Blog Campanha no Ar: Tucano provoca "ministro da tapioca" em Guarulhos
- Em novo panfleto, Marta acusa Kassab de atacar Lula
- Kassab diz que Serra fez registro "correto e oportuno" do confronto entre polícias
- Praticada por Alckmin, acupuntura também ajuda a prevenir doenças (qual a relevância???)
- Justiça mantém propaganda "bate na madeira" de Kassab
- Kassab diz que se afastou de Pitta, mas que Marta continua com mensaleiros

X

- Aldo afirma que Marta sofre preconceito e diz não considerar hipótese de derrota em SP
- Blog Campanha no Ar: Marta lança "morada do idoso" na reta final
- Site de Kassab omite apoio a Maluf e a Pitta
- Marta diz que Kassab não prioriza transporte e critica "checão do metrô"
- Campanha de Marta define estratégia para reta final de campanha
- Marta relança panfleto polêmico e diz acreditar em virada


Na relação entre notícias positivas para um e para outro, Kassab tem 2:1. Viva a imparcialidade!

Valeu, mestre


Num dia do ano 2000, o cumpadre FH me chama para um show, dando ênfase ao cantor: "cara, é o Luiz Carlos da Vila". A apresentação, de caráter intimista, seria feita no Villagio Café, na época que o bar no Bixiga ainda abrigava grandes noites de samba. Se hoje sou só um leigo na arte do batuque, imagine à época. Conhecia o cantor e compositor apenas pela sua obra-prima, "Kizomba, a Festa da Raça", e por causa do sucesso "O Show Tem que Continuar", gravado por um sem-fim de intérpretes.

Chegamos ao lugar por volta da meia-noite, e o Luiz Carlos só foi dar as caras lá pela 1h30. Além do ambiente em si, valorizava-se o show porque o maestral sambista estava meio cambaleante e havia gente não lhe dando mais do que alguns meses de vida. O mestre mandou bem não só naquela noite como em todas as outras que se seguiram durante esses oito anos até o dia 20 de outubro, quando ele foi para o lado de lá. Nesses mesmos oito anos, tinha Luiz Carlos da Vila como um dos maiores na música brasileira.

Grande músico e letrista, isso tudo era reflexo da sua própria personalidade. Não, nunca troquei mais que três palavras com ele (e essas não passaram de um tudo bem, Luiz Carlos? em um encontro casual). Mas ele era tão transparente - principalmente no palco - que era impossível haver jogo de cena.

Dizem que quando essas tragédias acontecem, outras coisas ruins a anunciam, talvez numa forma de nos preparar para o baque. De fato, tratou-se de um fim de semana cinzento, em que precisei inclusive das palavras que deixo mais abaixo (pra você!). De fato, perdemos todos um ídolo. Salve, Luiz Carlos da Vila!

"Por te amar eu pintei
Um azul do céu se admirar
Até o mar adocei
E das pedras leite eu fiz brotar

De um vulgar fiz um rei
E do nada um império pra te dar
A cantar eu direi o que eu acho então o que é amar

É uma ponte lá para o longe dos horizontes
Jardim sem espinhos
Vinho que vai bem em qualquer canção
Roupa de vestir qualquer estação

É uma dança, paz de criança
Que só se alcança se houver carinho
É estar além da simples razão
Basta não mentir pro seu coração"

20 outubro 2008

Só para registrar


Quando se é incompetente demais, esse defeito aparece nas situações mais ridículas possíveis. Erros acontecem com todos, mas para aqueles cuja empáfia é gigantesca, tal possibilidade nem existe. Eles insistem no equívoco e, fatalmente, mergulham no próprio umbigo a fim de provarem que estão certos.

O "da credibilidade" escorregou novamente ao querer tratar de um assunto que não domina. Aliás, não domina nem o futebol, área em que pretende ser especialista.

Vejam aqui e percebam o nível de conhecimento e de sagacidade do rapaz. Triste é saber que os futuros jornalistas são iguais ou piores que ele, o que nos leva a uma luta ainda mais intensa.

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Outro registro, trazendo números interessantes de uma pesquisa eleitoral realizada na USP. Destaco aqui trechos do post "Kassab lidera enquete feita na USP", do blog das eleições na Falha:

- "Assim, é possível constatar que a candidata do PT fica na frente das intenções de voto entre os professores e entre os alunos da área de humanas. No primeiro caso, Marta tem 46,1% contra 26,9% de Kassab. No segundo, a ex-prefeita atinge 41,9% contra 28,9% do democrata."

- "O prefeito vê sua intenção de voto subir entre os que estudam ciências exatas. Nesse segmento, ele, que é formado em engenharia na Poli, alcança 67,7% (Marta tem apenas 17,2%)."

Bastante esclarecedor, não?

Sucessão de imbecilidades


Apesar do atraso, não dá para deixar passar batida mais uma pataquada da Polícia Militar paulista, que teve, ainda, outros elementos trágicos e nefastos de tempero.

A primeira imbecilidade no caso do seqüestro em Santo André foi o retorno de uma ex-refém ao local do crime. Em lugar nenhum do mundo cogita-se essa possibilidade de negociação. A nossa PM, porém, decidiu inovar e colocou novamente em risco uma vida que já estava salva.

Na quinta-feira, outra palhaçada sem tamanho. Tentando capitalizar sobre a tragédia, dirigentes leonores tentaram mandar um representante (no caso, o anão de jardim que assumirá em breve a secretaria de esportes) para “intermediar as negociações”. O herói dos fracos e oprimidos foi devida e obviamente barrado pela polícia...

Depois, no início da noite de sexta-feira, a tragédia se consumou: estoura-se o cativeiro, ouve-se tiros e as reféns saem de maca para o Pronto-Socorro. O suposto responsável pelos disparos, um corno psicopata, leva na saída umas porradas dos PMs. É o único revés ao animal que manteve por quase uma semana duas pessoas sob ameaças e agressões.

Seguida do ápice está a sucessão de trapalhadas, em que se explicita, inclusive, o negativo papel representado mais uma vez pela imprensa nativa. Minutos após o arrombamento, o governador José Serra (que um dia antes havia inflamado o lamentável embate entre as polícias Civil e Militar) “mata” a moça que fora pivô da crise. Deu a notícia com exclusividade para a Globo – mais sobre isso no PHA – e os outros repórteres, levando a sério a máxima “só aconteceu se saiu na Globo”, disseminam o erro de informação, esquecendo do básico: a apuração. Mais tarde, no Jornal Nacional, o mesmo Serra aparece com uma cara de bunda, pede desculpa pela vergonha a qual ele fez seus assessores, err..., jornalistas passarem e ressucita a vítima.

Alguns questionamentos: por que cargas d’água a PM levou tanto tempo para invadir o cativeiro, prolongando a operação por cinco dias? É muita paciência e muito cartaz para um mané que queria aparecer. Prova disso é sua elevação a “príncipe do gueto”, auto-promulgada nos primeiros momentos do seqüestro. Falando em príncipe, reproduzo aqui a dúvida do Raphael: por onde anda o Capitão Gay? Será que ele foi visitar a outra vítima no hospital? E a família da morta, será assistida pelos leonores? Finalmente, de quem é a autoria dos tiros que matou uma das adolescentes e atingiu a outra.

Não nos esqueçamos, finalmente, de condenar outro caso de superexposição da mídia, que usou e invadiu a privacidade de uma adolescente, valorizando um factóide com o objetivo de aumentar audiência e as vendas. Opa! É a mesma mídia que, dias antes, detonava a campanha de Marta porque ela havia perguntado sobre o estado civil do generalzinho demoníaco. Haja hipocrisia.

Tivemos na última semana uma das maiores crises na segurança pública de São Paulo, com o confronto de polícias causado pela intransigência de um governador e o despreparo da PM em lidar com um caso aparentemente simples. E eu só queria saber onde encontro essa manchete.


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Sobre o Corinthians, eu só me manifesto após o jogo do próximo sábado. E aí agüenta...

17 outubro 2008

STJD = bando de FDP


O zagueiro Chicão deu uma raspadinha no filho da puta da mentira azul (e o próprio adversário reconheceu que o lance foi casual) e tomou um gancho abusivo de 120 dias pelo STJD.

Dias depois, o Grêmio e o Botafogo perderam jogadores sob as mesmas circunstâncias. Só que eles choraram, espernearam, e o Tribunal concedeu efeito suspensivo, idêntico ao que havia sido pedido e negado anteriormente ao Corinthians.

Por que a diferença de tratamento? Por que o benefício a Grêmio (Fábio Koff é presidente do C13) e a Botafogo (o Montenegro é presidente do Ibope)? E por que, enfim, a diretoria corinthiana não toma providências e aproveita essa jurisprudência?

Depois falam que eu sou paranóico...

Desmascarando mentiras


Sobre a greve da Polícia Civil e seu confronto com a PM, ocorrido ontem em frente ao Palácio dos Bandeirantes, é preciso dizer algumas coisas:

- o governador José Serra jogou (mais uma vez) a culpa da greve no PT. Mas é o PSDB que administra o Estado há quase 16 anos. Como pode alguém que não administra ser o culpado pelo arrocho salarial? Fora isso, ele não reconhece o direito à greve, garantido constitucionalmente. Totalmente contrário ao que deveria ser o pensamento de alguém que já presidiu a UNE...

- o papel da mídia, mais uma vez, se mostrou tucaníssimo. Aliás, uma sugestão a Globo, Falha e Estadão: troquem o logo e coloquem um tucano. Em nenhuma reportagem eu vi o espaço necessário e justo aos grevistas. Desde a manhã, inclusive, na rádio Bandeirantes, escutei somente o lado do governo do Estado. Cadê o pluralismo que vocês tanto pregam?

- claro, como cobrar da mídia uma consciência de categoria, já que seus próprios componentes agem contrariamente? Enquanto os figurões (e baba-ovos de tucano) ganham salários astrônomicos, a grande maioria se submete a subempregos sem nenhum registro em carteira. Realmente, é querer demais.

- o Serra disse que a manifestação foi com interesses eleitorais. E o seu discursinho anti-PT, é o quê? Kassab ontem ganhou mais meia hora de propaganda com o Serra na tv. Espero, no entanto, que isso tenha realmente efeito eleitoral e as pessoas vejam que Kassab na prefeitura é o braço do nefasto governador comandando a capital. No mais, o PHA fez uma excelente cobertura sobre a manifestação, e eu destaco aqui os trechos mais brilhantes:

"uma brava repórter da CBN corre o sério risco de perder o emprego. Na entrevista coletiva, enquanto Serra discorria aquele "tro-ló-ló" que a greve era por motivos eleitorais, a repórter perguntou: eleitorais, como, se a eleição é municipal e a Polícia é um problema estadual? Serra se irritou com a pergunta óbvia e já deve ter ligado ao João Roberto Marinho para pedir a cabeça da repórter."

"Eleição, qual, a de 2010?"

"No jornal nacional, Serra é o Ali Kamel, quando quer. (...) Quando houve o escândalo das ambulâncias, em 2006, que o PiG transformou em escândalo dos aloprados, o Ali Kamel, no papel de José Serra, disse 'para nós, essa fita não existe'."

"Aliás, o Serra, tentou remontar agora o golpe dos aloprados: e na entrevista ao jornal nacional disse que o PT é sempre assim: na véspera da eleição entra com uns aloprados. Os aloprados de agora são os policias que ganham o Pior Salário Do Brasil ..."

"A Globo não fala que essa batalha dos policiais civis dura um ano (...) Que os policiais mandaram fazer um comercial em que pedem para o Governador os atender, COMPRARAM ESPAÇO NA GLOBO E A GLOBO NÃO EXIBIU O COMERCIAL !!!"

"Que o Serra quer fazer com o aumento dos policiais o que tentou fazer com o dinheiro das universidades: caixinha para a posse em 2010 na Presidência da República. E só mudou de idéia – será que mudou mesmo ? –, porque os alunos e professores das universidades estaduais entraram em greve."

- No mais, puta falta de companheirismo da PM, que ganha ainda menos que os Civis. Depois vão reclamar com quem o seu baixo salário? Cena linda seria se os PMs aderissem. Mas quem vai aos estádios sabe o tamanho do cérebro de um PM...

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Em tempo: Altamiro Borges, do Portal Vermelho, traz informações valiosas. Primeiro, que a liderança da greve é composta por delegados e investigadores ligados ao PSDB. Segundo, que havia até mesmo parlamentares tucanos apoiando o movimento. Terceiro, que a intransigência do governador atingiu até mesmo Luiz Flávio D'Urso, presidente da OAB-SP que, não muito tempo atrás, liderava o patético Cansei.

16 outubro 2008

Agora é lei!


Deu no Estadão:

"Colarinho faz parte do chope, decide Justiça em Santa Catarina

O colarinho do chope deve ser considerado parte integrante do produto, de acordo com decisão tomada pela 3ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, publicada na última semana no Diário Eletrônico da Justiça Federal da Região Sul. Segundo o TRF, a decisão foi tomada depois que um restaurante de Blumenau, em Santa Catarina, entrou na Justiça para recorrer de uma multa.

A empresa foi multada pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), pois a bebida servida pelo estabelecimento incluía a espuma no volume total do produto. Segundo o fiscal do instituto, apenas o líquido poderia ser cobrado, desconsiderando a quantidade de espuma conhecida como "colarinho branco". A empresa recorreu contra a sentença de 1º grau, que manteve a multa em vigor.

No julgamento no TRF-4, a 3ª Turma decidiu, por unanimidade, dar provimento à apelação do restaurante. Para a desembargadora federal Maria Lúcia Luz Leiria, relatora do processo no tribunal, "há um desvio na interpretação efetuada pelo fiscal do Inmetro". Conforme a magistrada, o chope sem colarinho não é chope. Ela considerou ainda que "o colarinho integra a própria bebida" e é o produto na forma de espuma, em função do processo de pressão a que é submetido. "

Há um fio de esperança no mundo!

E fim


Para finalizar de uma vez por todas o assunto do "é casado" - e eu ainda não entendo o porquê de tanto bafafá e tanta manchete em jornal - deixo aqui dois textos.

O Luís Nassif foi bem correto ao dizer que não compactua com a hipocrisia. Vejam o tratamento certeiro, que podemos resumir na frase "Perto da cobertura da mídia, a insinuação do comercial é absolutamente light".

Já o Pedro Alexandre Sanches, além de trazer à luz outros pontos de abordagem, tem nos comentários de seu post o debate mais decente, inteligente e realista. Vale gastar 20 minutos lendo tudo que está lá dentro.

A questão volta aqui somente porque eu ando percebendo que alguns amigos devem estar me achando extremamente homofóbico. Gente inteligente, aliás, mas que se deixa levar por esse joguinho sujo da mídia, cuja única intenção é eleger mais um de seus queridinhos. Do jeito que andam as coisas, vai ter muito gay por aí achando o cúmulo preencher formulário de cadastro que pergunta se ele é casado ou não. Vai saber...

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Raramente comento sobre a seleção brasileira, mas hoje senti a necessidade. Não sou fã de Dunga como técnico, mas acho uma tremenda injustiça a fritura que fazem com ele - principalmente a Globo. No entanto, fica difícil não criticar alguém que, jogando em casa e precisando fazer gol, tira um zagueiro (O zagueiro, diga-se) para colocar outro zagueiro. Que ele ficasse na memória do brasileiro como o grande guerreiro que foi em campo, além de um dos principais responsáveis pela Copa 94 ao lado do Baixinho.

15 outubro 2008

Salvem as professorinhas!


Talvez mais do que nunca, é preciso louvar o dia 15 de outubro. Ao mesmo tempo em que ética é pouca, moralismo é muito e os valores se distorcem, os professores estão cada vez mais desvalorizados profissional e socialmente. Partindo disso, o que poderemos pensar do futuro se hoje a grande maioria dos docentes da rede municipal de São Paulo vai votar no Kassab, sendo ele um dos mais atuantes na restrição do trabalho dos próprios educadores? Tal postura mostra o quanto a máquina engole quem não tem senso crítico. E quem não tem senso crítico não ensina senso crítico. E quem não ensina senso crítico é o profissional medíocre que a atual situação pretende dar respaldo e valor.

Estamos num país em que Paulo Freire é considerado ultrapassado, assim como as suas ainda revolucionárias teorias. Vivemos numa realidade em que é necessário criar um piso de R$950 – que não é cumprido em boa parte do país, diga-se – porque existem mais de 1,5 milhão de professores que nem sonham com um parco salário desse. Somos testemunhas de que melhorias na educação não motivam votos e não são tão importantes quanto um celular com câmera digital. Isso nas camadas mais pobres, inclusive.

Homenageio hoje os professores mirando minha Evinha, que todo dia acorda e vai para a guerra. Ela luta contra essa infeliz mentalidade popular e contra intervenções imbecis de um governo que também a proíbe por lei de se manifestar contra tais imbecilidades. Imaginem, senhores, o que é encarar diariamente seu trabalho como uma guerra? O que é chegar em uma escola no meio de uma favela e ver que nem a própria comunidade local respeita aquele espaço que deveria ser sagrado?

Puxo na memória minha primeira professora, ainda no pré. A “tia” Raquel - tia é dona de puteiro, mas lá na escola podia chamar de tia. Lembro do meu último dia com ela, na apresentação de final de ano. Chorava copiosamente, a “tia” Raquel, ao ver sua turminha encenando a construção da Arca de Noé. O mesmo choro que minha Evinha deve soltar quando, ao término de mais uma série, detecta - nem que seja em apenas uma criança - seus valores e esperanças absorvidos.

14 outubro 2008

Rápidas e rasteiras


- Ainda não entendi o motivo do bafafá todo criado com a propaganda petista. Quem vê conotação homofóbica por lá é porque está vestido do mesmo preconceito que supostamente quer combater. A moralidade é ridícula neste caso. Deve-se sim perguntar quem é Kassab. E responder que ele é filho da ditadura e afilhado político de Pitta e Maluf.

Sobre esse tema, aliás, coincidentemente deparei-me com o post do jornalista Bruno Ribeiro, a quem não conheço e acompanho há algum tempo ao encontrar seu blogue em páginas de amigos. No texto "Lições do Racismo", ele mostra como jornalistas explicitam o próprio preconceito utilizando o discurso politicamente correto. A análise é certeira, basta ver os jornalões. Tanto lá quanto cá, aproveitam a oportunidade para obter bônus político e social, mas na hora de apoiar qualquer iniciativa contra intolerâncias se colocam neutros.

Dito isso, questiono por que a Falha de S.Paulo não patrocina a Parada? Por que O Globo, Estadão, JB e Correio Braziliense não fazem editoriais defendendo os direitos civis dos gays e lésbicas?

- Ontem, em mais um aniversário da conquista histórica de 77, fui atrás de uma fita que cresci escutando. A Basf laranjinha trazia uma gravação do jogo de 13 de outubro, acrescida do Show de Rádio, o fantástico programa criado por Estevam Sangirardi. Já era de madrugada e, por influência de São Jorge, achei a tal fita. A felicidade acabou quando eu a coloquei no rádio, já que, de tão velha, a bichinha se desmagnetizou de tal forma que hoje não se escuta nada. Era uma grande relíquia, e espero que alguém com mais sorte disponibilize essa jóia na internet algum dia.

- Falando em relíquias, na busca pela fita achei algumas coisas interessantes na bagunça lá de casa. Estavam escondidos no guarda-roupas três tabuleiros de jogos (ludo, gamão e xadrez chinês) e alguns pôsteres da Quatro Rodas, que meu pai deve ter surrupiado quando trabalhava lá. Também achei no armário do banheiro uma necessáire (eu odeio esse nome, mas ele já está consolidado e não lembrei de nenhum sinônimo) do Senhor N, produto famosíssimo fabricado pela Natura na década de 80. Por fim, tive a certeza de que japonês adora guardar uma tralha: havia na passadeira da sala um produto anti-traça, cuja validade era de 83. E você acha que eu joguei fora?

- Finalmente o calor. Ninguém é feliz no frio. Pegue, por exemplo, os países nórdicos. Certa vez, assisti a um filme finlandês. O protagonista havia sofrido um acidente, perdeu a memória e, por uma sucessão de fatos, acabou indo morar com uma mulher. Eles se apaixonam perdidamente e o ápice desse romance é a cena em que o cara se declara à amada. No carro, ele dirige. Imaginem uma pessoa carrancuda. Subitamente, ele se vira para a "sortuda" e exclama um eu-te-amo com a emoção de quem pede o açucareiro. A resposta não poderia ser menos calorosa. A moça devolve um "obrigado" quase que cuspindo pedras de gelo. Salve os trópicos!

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Complementando o primeiro tópico, deixo aqui outras leituras interessantes que comprovam o que foi dito neste e no post anterior.

Leiam essa, essa e essa no Blog do Favre.

13 outubro 2008

Usando as mesmas armas


A campanha petista, enfim, assumiu uma postura mais contundente e, desde ontem, partiu para cima do generalzinho. O mesmo generalzinho que ignora sua origem – disse que não nasceu a tempo de viver a ditadura – ficou acuado e solicitou para sua assessoria de imprensa (entenda-se Falha de S.Paulo) a elaboração de uma defesa.

Prontamente, a assessoria atendeu o cliente, já que o Serra deve estar de olho. Hoje mesmo eram garrafais as letras da manchete: “Marta parte para ataques pessoais”. Opa, peralá! E quando a ex-prefeita se divorciou do Suplicy e casou com o argentino, o que houve na mídia? Trataram-na como vagabunda e imprimiram a ela uma pecha de destruidora de lares. Isso, para a moralidade paulistana, é inaceitável – mesmo com coisa pior sendo feita debaixo dos panos pelos Café Photos da vida...

O que dizer então da sempre machista definição de Marta como “dona”. É o “dona” pejorativo, quase mandando a mulher ao tanque para lavar cueca do marido. Aos olhos da mídia, porém, isso passa. Mulher, ao que parece, tem mesmo que ficar em casa cuidando da família.

Mas, se prezam tanto o conceito da família (alguém se lembra da marcha de 1964, legitimando o golpe militar?), por que criticam a busca da campanha petista ao clã Kassab? Para mim, isso foi nada mais que uma cilada, em que se explorou o próprio preconceito da mídia e do povo. Afinal de contas, fica no ar uma suposta homossexualidade do demoníaco candidato. Ele, otário, se ofendeu (e quem se ofende veste a carapuça e também o preconceito) e garantiu a eficiência da propaganda.

Defendo veementemente a tática do pé-no-peito, já que com esse eleitorado de São Paulo não dá para vacilar. Mandar uma mulher ao tanque é tão ofensivo quanto a homofobia. Marta não se deixa levar pelo machismo e é desbocada, assume seu papel transgressor e fica com a imagem de arrogante. Já o enrustido não se orgulha nem da própria condição e ainda esconde sua sexualidade como se isso fosse uma doença, só para não perder votos – ciente que é do preconceito que rege a capital que se auto-intitula cosmopolita, moderna e civilizada.

Neste clima de guerra, vale tacar até a mãe para ver se ela quica. O que não vale é reprimir o oponente de usar a mesma arma que a sua.


Mais: Portal Vermelho - Kassab usa estratégia malufista em debate

11 outubro 2008

Cartola 100


Hoje é o dia do centenário do imortal Cartola. Como eu não tenho autoridade alguma para falar uma vírgula sobre um dos maiores compositores da música universal, usurpo as palavras de outro notável, o mestre Nei Lopes, para homenagear o seu Angenor.

Cliquem aqui!

Por fim, deixo "Cordas de Aço", uma das minhas preferidas:

"Ah, essas cordas de aço
Este minúsculo braço
Do violão que os dedos meus acariciam
Ah, este bojo perfeito
Que trago junto ao meu peito
Só você violão
Compreende porque perdi toda alegria
E no entanto meu pinho
Pode crer, eu adivinho
Aquela mulher
Até hoje está nos esperando
Solte o teu som da madeira
Eu você e a companheira
Na madrugada iremos pra casa
Cantando..."

10 outubro 2008

Vergonha: censura no Blogger


O nosso colega blogueiro Raphael Falavigna sofreu, na última quinta-feira, uma vergonhosa e abominável censura por parte do Blogger, que retirou seu Cruz de Savóia do ar, tratando a página como “blog spam”. Tal justificativa não é válida e pode ser contestada por todos que acessávamos diariamente o endereço. O conteúdo, tal qual o deste espaço e da maioria dos blogues aqui linkados, era apenas combativo. E combatia, em especial, o tenebroso papel da imprensa esportiva em favor do SPFC.

Independentemente de amores clubísticos, o mais grave neste caso é perceber que tiraram sumariamente do ar uma página que expõe a sujeira que se instala em diretorias de clubes, gabinetes do poder público e redações de jornais. Podia ser um blogue falando mal do Corinthians, do Palmeiras, do Santos ou do São Paulo, como era o caso. Isso não interessa muito, afinal de contas é sempre bom lembrar que blogue é apenas e tão somente um lugar para que um sujeito externe suas idéias e opiniões com liberdade. Liberdade?

Essa arbitrariedade se deu em um espaço relativamente pequeno, se levarmos em conta a audiência. O conteúdo, porém, era rico e embasado, havendo até vídeos comprobatórios do tema debatido. Conclui-se, então, que foi esse conteúdo a causa da censura, provavelmente prejudicial a alguém que deva estar com culpa no cartório e não desejava tal publicidade.

O que nos faz chegar ao ponto crucial: a inexistência da liberdade de expressão. Quando se fala mal do zé-povinho, quando se denuncia a carência de valores, quando se mostra as feridas de uma sociedade cada vez mais individualista e mercenária, primeiro recebemos a pecha de esquizofrênicos. Depois, quando a suposta “patologia” não é sanada, cortam o “mal” pela raiz. É a censura pelo poder econômico, em que só vale a publicação daquilo que interessa aos barões da mídia.

Vejam: essa defesa pública é feita por um corinthiano e em favor de um blogue palmeirense. O que torna as coisas ainda mais legitimadas. Assim como se legitima tudo aquilo que era mostrado no Cruz de Savóia (os souvenirs de madame, a íntima ligação dos leonores com o governo, qualquer que ele seja, e a tentativa de eliminação dos dois times mais tradicionais e, de certo modo, contestadores).

Apagarem o Cruz de Savóia (assim como apagaram o blogue de Paulo Henrique Amorim no iG) só mostra que a teoria da agenda de destruição é corretíssima. É a prova crucial no processo, embora seja totalmente condenável a atitude. O fim jamais justificará os meios quando se trata de cerceamento da liberdade. De todo modo, quem sabe isso não acorde os incautos para a falácia que é nossa “democracia”.

09 outubro 2008

Agora sim as análises


Somente agora surgem análises mais embasadas sobre o primeiro turno dessas eleições. Sugiro aqui quatro textos que servem de base para o direcionamento na luta do segundo turno. O mais brilhante deles, escrito pelo jornalista Mauro Carrara, denuncia a falta de consciência coletiva do paulistano.

Pessoalmente, acredito que a fórmula a ser adotada agora é a do pé no peito. Chega desse discursinho mela-cueca do PT. Isso não faz ganhar nem perder votos. É preciso mostrar que o Kassab é um símio da ditadura, um generalzinho que acha graça na morte de gente que cai em crateras de metrô, xinga a população na Praça da Sé e grita com um desempregado dentro de um hospital.

Por fim, e também como forma de justificar a derrota de Marta, é certo afirmar que a abstenção de mais de um milhão de eleitores influenciou em muito. Não que eles fossem votar na petista, mas a ausência só confirma o descompromisso do povo com o voto, direito pelo qual muitos lutaram durante anos - e alguns até morreram por isso.

Eis os links:

- Como Kassab ultrapassou Marta - Por Mauro Carrara
- Acertos e erros da esquerda nas eleições 2008 - Por Altamiro Borges
- São Paulo e a redenção dos fundões - Por Mino Carta
- Mídia dá tratamento negativo a Alckmin e reduz exposição de Marta - Por Observatório Brasileiro de Mídia

08 outubro 2008

O Corinthians já subiu


Não, não garantimos matematicamente a obrigação. Garantimos o tratamento imbecil de um Tribunal Desportivo, que ameaça o Corinthians com antecedência. Os 120 dias de gancho para o Chicão nada mais é do que a prova cabal de que o Timão já voltou à 1ª Divisão, e como tal deve ser tratado com a hostilidade padrão.

Primeiro, analisemos os fatos. Não houve agressão. Acontece tanta coisa pior dentro de campo e nem falta juiz anda marcando. Por que não julgam os carniceiros que, jogo após jogo, quebram as pernas de Douglas, Dentinho e Morais? O próprio jogador "pisado" considerou o lance acidental. Porém, os nobres julgadores decidem dificultar um pouco as coisas para nós. Afinal de contas, seremos os únicos a subir com uma facilidade inédita até então.

São prejuízos atrás de prejuízos, tudo para uma suposta "correção" de 2005. Que culpa temos os corinthianos se um juiz mau-caráter vende resultados (e não os cumpre)? Jogamos de novo e ganhamos os pontos no campo. Que culpa temos se os abutres berram por causa de um lance duvidoso de pênalti - e ninguém lembra do mal-assinalado impedimento do Nilmar a 5 minutos de jogo.

Notem que há muito não utilizo os prejuízos causados pelo apito para justificar derrotas ou apresentações ruins. Jogo a responsabilidade no time, uma vez que é plena obrigação entrar em campo com raça e somente visando a vitória. Mas agora é inevitável denunciar essa conduta do STJD, pois trata-se de uma decisão motivada pela simples e tacanha vingança. A vingança dos poderosos contra um povo que, novamente, se reergueu, apesar do massacre sofrido pela Fiel Torcida nos últimos dois anos.

Ninguém está nem aí. Desatinados, despejam sua raiva contra esse gigante, punindo em tribunais, prejudicando no apito e criando pseudo-crises em um ambiente vencedor. Tiraram a gente do Paulistão desse ano na Vila Belmiro. Tiraram nosso tri da Copa do Brasil no Recife. E agora tiram nosso melhor zagueiro, numa tentativa de "dar graça" a um campeonato cuja fórmula é uma piada comprovada.

Aviso, porém, que agora é tarde. A mesquinhez dessa gente só comprova nosso tamanho e o quanto a gente incomoda. Assustaram-se com nossa campanha, com nosso time e com a força do corinthianismo por todo o Brasil, mas demoraram para agir.

É fato, corinthiano. Já estamos em 2009.

SP x Brasil


Vamos à série de hoje (seguindo a sugestão de título e sempre tendo a Falha como base).

Chapa 1:

- Blog Campanha no Ar: Serra critica propostas de Marta para o metrô
- Aécio sofre perda de terreno para PT e PMDB em Minas
- Kassab dará R$ 600 mi a empresas de ônibus em SP
- PSDB em SP não tem "dedazo" nem "coronel", afirma Serra
- Alckmin evita comentar eleição e diz que voltará a trabalhar com medicina
- Respeito a decisão do presidente de não participar da campanha, diz petista

Chapa 2:

- Kassab vai manter "turno da fome" em 66 escolas
- Como fez Maluf, Kassab chama rival de "dona Marta"

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E nada mais oportuna essa discussão dos serviçais da mídia para saudar a volta de Mino Carta, este, um serviçal do bom jornalismo, ao mundo internético. Seu blogue já estreou com a ferocidade característica e necessária.

Acessem!

07 outubro 2008

Eleições 2008 - parte II

Primeiramente, antes de constatações, vou copiar o amigo Raphael e comparar as manchetes de política da Falha para dar luz ao debate. Elas estão separadas e é de fácil percepção o critério dessa seleção:

-PSDB elege maior bancada e supera PT na Câmara Municipal de São Paulo
-PSDB sai na frente e elege 201 prefeitos em SP; PT fica com 61
-Luizianne minimiza Lula em sua vitória em Fortaleza
-Marta perde 120 mil votos em relação ao 1º turno de 2004
-Famosa pela "dança da pizza" é eleita vereadora em São José dos Campos

-Marta diz que Kassab não tem imagem própria
-PT elege mais prefeitos em capitais no primeiro turno das eleições


Realmente fácil, não? Vejam que a mídia golpista encaminha desde já as discussões para 2010 e desenha um cenário em que Serra foi o grande vitorioso e Lula não exerce muita influência no arrebanhamento de votos – mesmo com seus 80% de aprovação.

Lembro, no entanto, que o Serra só puxou voto em SP. E, no caso da capital, nem sei se puxou algum, já que sumiu das campanhas demo-tucanas. Aliás, dizem que o Lula viaja, mas o nosso governador parece ser um fantasma no Palácio dos Bandeirantes. Ademais, esquece-se a Falha que o Brasil não se limita a São Paulo, fato corroborado pela hegemonia petista – e, conseqüentemente, lulista – nas demais capitais do país.

O papel da imprensa aqui na garoa é explícito e ostensivo desde 1980, quando resolveram fundar um partido que se denominava dos Trabalhadores: vamos combatê-lo à base de preconceito e factóides. Não sou nem petista para defender a legenda, mas esses 28 anos de martelação criaram um fenômeno comparado ao anti-corinthianismo, o anti-petismo. Tal fenômeno é a principal causa, finalmente, da derrota de Marta no primeiro turno.

Já se vislumbra uma dificuldade imensa para bater o generalzinho repressor no segundo turno. Afinal, estamos tratando do conservadorismo dessa classe média que come mortadela e arrota caviar, que quer parecer com os (ridículos e desprezíveis) moradores dos Jardins, esquecendo o aluguel a pagar e os 20 carnês do mobiliário feito de compensado comprado nas Casas Bahia. São paulistanos que têm vergonha de ser pobre, de ser do povo, de ser o que são.

A raiva, o descontentamento que sinto ao pensar em uma possível reeleição de Kassab nada tem a ver com a vitória ou a derrota, já que eu poderia me acomodar e me dar por satisfeito com a volta do meu partido à Câmara. Essa sensação de desconsolo é causada pela real situação de caos e autoritarismo em que vivemos, e só enxergo na Marta a capacidade de se instalar alguma mudança.

Chamam-na de arrogante, feroz, intempestiva. Que seja, mas foi a que mais atuou em prol do bem coletivo. Melhor do que tucanos e demos que, cordeirinhos frente ao público, agem com uma vilania sem tamanho nos bastidores.

06 outubro 2008

Eleições 2008 - parte I


O eleitorado paulistano acaba de criar um monstro. Ao garantir a apertada vitória do demo Kassab no primeiro turno do pleito, repete-se o fenômeno Pitta. São Paulo gosta disso. Vira e mexe, surpresas aparecem na apuração. Infelizmente, elas foram, em sua maioria, motivo de tragédias. Com exceção de Luiza Erundina, tudo o que apareceu de supetão causou estragos.

Digo, porém, que é óbvio o nome do criador do monstro: José Serra, o führer. Ele tem nas mãos os dois maiores jornais do Estado, a maior emissora de TV do Brasil e uma Assembléia Legislativa acobertando seus desmandos. Ganhou a eleição para prefeito em 2004 e, dois anos depois, rasgou sua própria assinatura e foi eleito governador, deixando-nos o seu monstrinho.

Eis que Kassab não só continuou a política vil do meister como a piorou, tornando-a repressiva. Barraquinhas em jogos de futebol foram rudemente retiradas, bares e restaurantes possuem toque de recolher (não sei se alguém concorda, mas isso aumenta a violência, uma vez que a cidade fica às moscas a partir da 1 da manhã e os inconseqüentes têm território livre para fazer merda), a cultura e a educação são colocadas como questões de segunda importância e a participação popular na administração é cerceada com a ineficácia das subprefeituras.

Repito essas constatações de propósito, porque não é possível que só eu perceba que a cidade está um lixo. O monstro, porém, dirige outro município, haja vista sua florida e colorida propaganda política. Serra que se cuide e se prepare. Se ele não cortar as asinhas, sua cria pode atropelá-lo. O que, no limite, não seria nada ruim. Aliás, em São Paulo, já nem sei mais o que é bom e o que é ruim...

- Vitórias:

O glorioso Partido Comunista do Brasil se empenhou como nunca nessa eleição e fez por merecer suas duas cadeiras na Câmara, voltando ao Legislativo com uma bela votação. Parabéns ao nosso grande Jamil Murad e, particularmente, ao abnegado FH Borgonovi, que hoje deve estar mais bêbado que gambá em alambique. Congratulações, ainda, à campanha do Gustavo Petta, com expressivos 13 mil votos.

- Indignações:

Como pode o Chalita, que enriqueceu às custas do governo do Estado, criou sua escolinha para endinheirados com uma verba um tanto quanto suspeita e ainda deixou nos cofres públicos um rombo de R$ 4 milhões, receber mais de 100 mil votos? Essas distorções de moral e ética dos paulistanos é um enigma indecifrável. E o que explica o Dinei ter 22 mil votos e o Wladimir - o único candidato que eu vi pelo Pacaembu pedindo voto - apenas 5 mil? Talvez a razão seja a mesma que faz a torcida corinthiana elevar ao status de ídolo um argentino marrento e traíra, em detrimento daqueles que deram o sangue ao Corinthians.

- À luta:

Segundo turno, nova eleição, cenário difícil. A campanha de Marta deve ser intensa e a militância deverá ir com os dois pés no peito. Chega de discursos brandos, temos que mostrar que o Kassab é o Pitta piorado, pois tem aspirações maiores e é muito mais truculento, uma vez que é cria do regime militar. No mais, triste é ver a Maconheirinha servindo o namorado e declarando oposição à Marta. Totalmente incoerente com suas próprias bandeiras, assim como foi incoerente sua ida ao PPS, uma legenda com a credibilidade beirando ao -10.


Sugestão de leitura: Paulo Henrique Amorim faz ótima análise para o segundo turno de SP e RJ.

03 outubro 2008

Museu do Futebol: o engodo


A prudência indicaria uma visita antes de qualquer palavra sobre o Museu do Futebol, inaugurado nesta semana no Estádio do Pacaembu – sempre é necessário dizer, a casa do Corinthians. Mas como prudência e futebol são coisas que raramente se misturam, às favas com a visita. Esse museu nada mais é do que um engodo. E digo isso levando em conta aqueles que foram os responsáveis pela sua criação.

Primeiramente, eis aí a Fundação Roberto Marinho. Sim, o braço responsável pelo caixa 2 da Rede Globo colocou seu dinheiro para agradar dirigentes de clubes, CBF e a mídia esportiva em geral.
Com isso, manteve o controle das rédeas sobre as transmissões futebolísticas mais relevantes, deu um cala boca nos concorrentes, lembrou o Ricardo Teixeira de que não há CBF sem a Vênus Platinada e armou o esquema para monopolizar toda a verba publicitária destinada à famigerada Copa 2014.

Logo em seguida aparece o Governo do Estado. E aí não dá para esquecer que é o mesmo governo que age em favor dos abastados e está cagando para o povo e suas tradições. São os responsáveis pela cratera no metrô e os contratos suspeitos com a Alstom, o não-cumprimento do piso salarial determinado pelo governo federal para professores e outras tramóias tucanas que jornalistas costumam não ver.

Finalmente, lá está a Prefeitura do prefeito tampão e repressor. As características usadas para descrever o governo estadual são as mesmas para a administração municipal. Afinal de contas, foi dado um golpe – bancado pela classe “de” média paulista, diga-se – para ficarmos na mão de uma mesma pessoa tanto no Palácio dos Bandeirantes quanto no Edifício Matarazzo.

Há, ainda, empresas nesse rolo, mais interessadas em agregar valor à marca e conseguir uma isençãozinha de imposto do que patrocinar decentemente o esporte mais popular do mundo.

Feito o intróito, vamos aos fatos. A fachada do mais belo estádio do país foi “presenteado” com portas de ferro, no estilo das lojas da 25 de março. Um horror. Ainda há resquícios da obra, como restos do muro que foi levantado ali no ano passado. Aproveitando a deixa, digo que a reforma no Pacaembu foi uma das coisas mais mal-feitas do mundo. A pintura já descasca e a escada lateral ainda não está finalizada – existe um vão na lateral de quase dois metros de altura e não há corrimão acompanhando os degraus.

Lá dentro, a alta tecnologia dá o tom. Vendo as reportagens sobre o museu, todas elas destacam o caráter multimídia da coisa, seja lá o que isso signifique. Esquecem, porém, do essencial no futebol e na vida: as histórias, principalmente as que nos fazem chorar.

Anexo ao museu está um bar. Ou, como está na matéria do site da Globo, “uma choperia, que promete se tornar rapidamente um point dos apreciadores de um bom chope”. Point? O Pacaembu é coisa séria, meus caros. E o futebol é muito mais do que isso. Vale dizer que o tal bar não abrirá em dias de jogos – talvez porque tem muito “povo”, e esses caras não gostam do “povo” – e provavelmente só servirá aos endinheirados do bairro e os playboys da FAAP. Um nojo.

Esse é, portanto, mais um passo dado em direção da modernização. Tudo muito bem calculado, preparando o terreno para a Copa 2014. Que será, insisto, a morte do futebol brasileiro.

02 outubro 2008

Eis o pleito


Já que hoje é o último dia de campanha política, venho reforçar o que já vinha dizendo sobre o pleito, reafirmar posições, sugestões e esclarecer pontos ainda obscuros.

Analisando toda a propaganda e os discursos dos candidatos, é muito fácil perceber que Marta tem a melhor proposta para a cidade. Fez um planejamento interessante para a saúde com as Policlínicas, vai recuperar os avanços no transporte e fazer o Bilhete Único a funcionar como antes e irá direcionar os olhos da administração para a periferia. Porém, o grande trunfo é o projeto de internet grátis, uma coisa totalmente viável e que vai permitir uma inclusão social inédita.

O mais interessante, no entanto, é que os adversários da petista estão tratando a concorrente como se ela fosse a atual prefeita. Esquecem-se que Kassab destruiu a cidade e que ele foi cria psdbista, partido de Alckmin. Pior de tudo, o próprio eleitor cai nessa cilada e parece estar votando em 2004.

Se fizermos o balanço, é até razoável dizer que a cidade parou por 4 anos. O que foi feito na educação? E na saúde? E no transporte público? Respondo. Nas escolas, as professoras são tratadas como lixo e tiveram sua carga horária aumentada, sem que isso significasse reajuste salarial e melhoria nas condições de trabalho. Colocaram a tal “segunda tia”, que não tem formação adequada e ainda atrapalha o professor – e a Lila, minha grande sogra, falou sabiamente que tia é dona de puteiro. Podemos mencionar também o sucateamento dos CEUs. Os hospitais receberam uma demão de tinta e o que a atual gestão somente entregou obras iniciadas no governo Marta. Os ônibus tiveram reajuste de tarifa no primeiro mês de Serra/Kassab, contrariando a promessa de campanha. Além disso, a frota foi diminuída e os corredores pararam. Restringiu-se os caminhões com multas, mas o trânsito só piora.

Falando em multas, essa é a tônica do governo Kassab. Cria-se multas para tudo. Ele multou e fechou bares e restaurantes por falta de alvará (ao mesmo tempo em que burocratizou excessivamente a emissão de autorizações de funcionamento), acabando com a vida cultural e as relações sociais da cidade. E depois a Marta é quem fica com a fama de criar taxas. Eis, amigos, uma administração que restringe e isola os paulistanos, difundindo a cultura do medo e da repressão.

E já que estamos nessa de eleições, peço seu voto ao meu candidato a vereador, o Gustavo Petta. Conheci o cara por volta de 2002, quando ele estava na presidência da UEE. Um ano mais tarde, ele partiu para a direção da UNE, onde foi o primeiro presidente reeleito da entidade. O porquê disso? Foi na gestão do Gustavo que se encaminhou a elaboração e execução do ProUni, conquista histórica dos estudantes. Foi nessa época, ainda, que o Espaço CUCA – um centro de manifestações culturais riquíssimo na Barra Funda que foi desativado pelo Serra - se consolidou. Também foi sob o comando do Gustavo que os estudantes recuperaram a sede nacional da UNE no Rio.

Ressalto aqui algumas propostas da campanha que são muito interessantes: o passe-livre para estudantes, a criação de um ProUni municipal, o reconhecimento dos direitos civis dos homossexuais e a valorização das atividades culturais (teatro, artes plásticas e música) por meio de fomento público e sua integração com a educação. Mais que isso, o Gustavo significa uma renovação na mesmice que toma conta da Câmara há décadas. É gente como a gente brigando por coisas muito mais palpáveis a nós.


Essas são as minhas opiniões e espero que elas sirvam, ao menos, como base de avaliação na hora de escolher nossos representantes. Não se trata de comemorar uma vitória como se fosse no futebol. Minhas preocupações estão voltadas para a cidade e quais serão as conseqüências daquilo que irá acontecer no próximo domingo. Imprescindível é distinguir quem apresenta propostas e quem está fazendo jogo de cena. É isso que caracteriza o voto consciente.