31 julho 2008

O time mais rico do Brasil


Falem o que quiser, mas estamos limpando a bunda com nota de 50. Afinal de contas, a gestão transparente e competente do Corinthians - que nada mais é do que uma versão mais branda de roubalheira do modus operandi do velho gagá - acaba de fazer a maior contratação do futebol brasileiro envolvendo um jogador tupiniquim.

Se em 2004, a "parceira" trouxe o argentino por quase R$50 milhões, neste ano contratamos um centroavante pela módica quantia de R$27 milhões. É o Nilmar, que não joga no Coringão desde 2007. O valor inclui a tentativa de golpe em cima do Lyon e dívidas trabalhistas e com o Inter. Sim, ele joga no Inter e a gente ainda pagou pra ele ir pra lá.

Querem mais? Um tal Suarez veio ao Timão e custou, nos seis meses que passou no Parque São Jorge, quase R$1 milhão. Não chegou, no acumulado, a jogar 90 minutos. E no pouco tempo que esteve em campo, entregou um gol. Há também cerca de 30 processos trabalhistas contra o Corinthians. E inúmeras suspeitas de desvio de dinheiro.

Tanta abundância só nos faz pensar que temos, de fato, o time mais rico do Brasil. Porque só quem é rico tem uma dívida de R$100 milhões. Eu, por exemplo, quando fico devendo para o banco, a coisa não passa da casa da centena.

Vale dizer que, ao contrário dos abutres da imprensa suja, esse aviso não é para tentar plantar crise. É para tentar acabar com o clima de festinha que o sanchez (FORA!!) implantou. Para mostrar que só quando dermos um golpe político e tirar toda a corja é que conseguiremos pôr ordem na casa. Profissionalismo, clube-empresa? O cacete. É a torcida, do seu jeito mais passional possível, que deve devolver o Corinthians aos corinthianos. Sem camisa desvirtuada. Sem desrespeitar as tradições. Sendo, como sempre deveria ter sido, o time do povo. É essa a verdadeira riqueza.

30 julho 2008

Que coisa...


Notícia para ler duas vezes e, ainda assim, permanecer incrédulo:

"Banho japonês vira lugar para organizar tática

Os japoneses armaram um esquema bem íntimo de conversar sobre a tática nas provas de velocidade do atletismo. Aos 36 anos, Nobuharu Asahara resolveu conversar com seu parceiro de equipe enquanto ensaboa seu corpo durante o banho coletivo.

"Os atletas ficam bem próximos ali e tenho sido bombardeado por perguntas”, revelou Shingo Suetsugu, companheiro do experiente Asahara. “Realmente ajuda falar durante o banho coletivo. Ele [Asahara] está sempre disposto a ajudar e sempre se mostra calmo”, completou. Asahara, o “tiozinho” da turma, mostra que está gostando da história. “A diferença de idade não me incomoda. Tento ser amigo de todo mundo”, relatou."


Eu, hein?

28 julho 2008

Ai meu cuil


Reitero que sou uma pessoa com aversão às assessorias de imprensa. Apesar de saber que a grande maioria de meus colegas estão em empresas dessas e que são elas que pagam os melhores salários na comunicação, isso não dá o crédito necessário para que eu considere sua existência como positiva.

Vejam, aliás, que contra-senso: jornalistas trabalham para clientes que querem enganar... jornalistas! Quem já passou por redações ou já recebeu algum release sabe que esses textos nada mais são do que a pior parte da divulgação de qualquer produto. E quem escreve os releases também sabe que está escrevendo mentiras (o Barneschi, outro dia, deve ter tido uma grande vontade de cortar os pulsos - ele que fale aqui o porquê). Como diria a máxima, a pauta se vende por si só. Se ela é boa, há interesse. Se não, fica ali na caixa de e-mail.

Hoje, vejo dois portais dando destaque a um novo site de buscas na internet, o cuil. Ele se diz revolucionário e pretende, segundo seus criadores, desbancar o Google e as premissas da web. Prometem mundos e fundos. E aí a gente vai lá no tal site que, dizem de novo os criadores, não está em fase beta (de testes). Trata-se, portanto, da versão definitiva.

Depois de carregá-lo (fundo preto, para economizar energia... é ecologicamente correto, veja você), faça o teste básico: coloque o nome do próprio buscador na janela de busca. Para nenhuma surpresa, o cuil não se acha na rede! Totalmente revolucionário.

O que me faz concluir que, em primeiro lugar, os jornalistas de merda que escreveram essas matérias só copiaram o release e não se deram ao mínimo trabalho de testar a ferramenta. Depois, é triste ver que basta você utilizar palavras-chave em seu texto (no caso, revolucionário, inovador, nova tendência etc.) para que ele chame atenção. Independentemente do valor da informação.

25 julho 2008

O cara se acha


Eu não consigo ficar quieto...

O jornalista com credibilidade publicou hoje em seu blog que "alertou a diretoria do Corinthians" sobre os 80 anos da Fazendinha. O post do alerta foi publicado no dia 24 de julho. Só que o cara é tão, mas tão prepotente, que não cabe em suas próprias calças.

Bastava uma pesquisa rápida: o Filipe colocou a mesma lembrança em seu AnarCorinthians, um dia antes.

Além de credibilidade, jornalista também deve pesquisar antes de escrever baboseira...

24 julho 2008

Meus butecos


Todo buteco admirável tem sua particularidade. Vejam vocês, por exemplo, que os grandes estabelecimentos, modernos e portentosos, não possuem público cativo. Geralmente vivem abarrotados porque saiu no Guia da Falha, na Globo ou em outros meios de divulgação de massa, mas é aquele negócio impessoal e geralmente não duram mais que dois anos. O buteco, por outro lado, vive por gerações.

Há duas premissas essenciais para que se qualifique um buteco como merecedor da sua presença constante e – por que não – da sua paixão. O lugar deve ter um (ou mais que um) garçom-referência ou alguma preciosidade em seu cardápio. Se juntar essas duas características, então tenha certeza de que boa parte do seu ordenado ficará na conta corrente do proprietário da espelunca.

Faço aqui minha lista (de abrangência nacional, vejam que chique), com os devidos porquês:

- Puppy: paixão antiga, acompanhou todo o período acadêmico. Não se destaca por qualquer pérola no cardápio (embora o sanduíche Big Puppy seja muito bom), mas sim pelos figuraças Araújo e Toninho, craques da arte de servir as mesas. Além disso, fica na beira da praia paulistana, a Avenida Paulista.

- Ugue’s: esse, de fato, é o melhor bar de São Paulo. Apesar de sua localização querer indicar uma desmoralização (fica em Higienópolis), o Gugão tem a coxinha da Dona Periquita – vem com um naco de frango, ao invés de desfiado, no recheio – e uma das grandes feijoadas da cidade. A postos, estão sempre o Chicão e o Toninho (todo bar que se preze tem um Toninho). O Chico é lendário pela sua memória mais curta que pau de japonês.

- Damião: o fecha-nunca apresentado pelo cumpadre FH fica quase na esquina da 13 de Maio com a Brigadeiro. Além da cerveja geladíssima, é obrigatório provar o Baião de Dois. Destaque, ainda, para a disqueteira recheada de clássicos: os reis Roberto Carlos e Luiz Gonzaga tocam sem parar.

- Esquina: a história é a seguinte. Havia um bar na esquina da Rua dos Pinheiros com a Cônego Eugênio Leite que se chamava Esquina Paulista. Ia lá todo dia. Só que ele foi vendido, mudou de nome e ficou uma bosta. Na esquina oposta, abriu uma tranqueirinha simpaticíssima. Num belo dia, migramos para o outro lado da rua e de lá não saímos mais. O atendimento não existe, porque parece que se está em casa. Fora isso, há uma infinidade de cachaças e a comida vem praticamente das mesmas mãos que cozinham para o Consulado Mineiro, só que pela metade do preço. Ah, o nome desse lugar eu não faço nem idéia.

- Rei das Batidas: apesar de meio pop, principalmente por causa da USP, é uma boa opção para quem mora nas cercanias do Butantã e anda com medo de perder a carteira por dirigir com algumas na cachola. Fora isso, tem o lendário Osmar e uma ótima feijoada. Vale a pena ir numa terça-feira, por exemplo. Quinta em diante é uma merda, porque enche de uspiano babaca (entenda: o povo da FEA, POLI, ECA, Veterinária e Odonto).

- Rio-Brasília: apresentado pelo Edu Goldenberg e localizado na Tijuca, visitei-o exatamente no fim de semana em que o mestre havia reatado as relações com o Joaquim, o dono da bagaça. Figuraça, aliás, o Joaquim. Bebíamos copiosamente até altas horas de domingo, enquanto ele já havia baixado as portas para se recolher. Não provei nada que viesse da cozinha, mas o Edu sempre cita uma tal carne com batatas coradas. O que é bom também – e olha que eu não sou muito de destilados – é o maracujá.

- ???: as interrogações estão aí porque não há nome nem um batizado alternativo. Fato é que eu achei esse troço quando Evinha e eu fomos a Salvador e rodávamos pelo Pelourinho em busca de um lugar que não nos tratasse como gringos. Desce ladeira, vira pra lá, volta pra cá, nos deparamos com um pequeno armazém de secos e molhados. E tinha até banheiro. Perguntei a um cabra que nos fitava da porta se havia alguma mesa. “Ôxi, pegue a mesa aí. Não tem garçom aqui não, e eu também nem trabalho aqui”, respondeu o bom baiano. Havia somente um mudo detrás do balcão. Puxei uma mesa, peguei uma gelada e sentamos. Ao mesmo tempo, uns outros caboclos jogavam a dinheiro na mesa ao lado, observados por um PM. Fantástico moquifo.

- Sopa Carioca: descoberto na ida à BH. Trata-se de um botequim de esquina, e a sopa que dá nome ao lugar é um grosso caldo saborosíssimo. Assim como o Ugue’s, é cravado num bairro chique da capital mineira, a Savassi. Mas a frescura passa longe. Além da especialidade da casa, o serviço é de primeira. E quando tem jogo na TV, aparecem milhares de aparelhos por todos os cantos do bar.


22 julho 2008

Um dos maiores


Se na semana passada o craque das letras Arthur Favela me fez emocionado com a história do Avary, nesta semana foi a vez de uma reportagem do Esporte Espetacular, da Vênus Platinada. Ela traça o perfil do incomparável Sócrates. O Doutor da Fiel. O Magrão.

Sempre menciono que pode ser impossível, mas tenho na memória alguns flashes do Doutor jogando pelo Corinthians. Impossível porque nasci em 81, e Sócrates deixou o Parque São Jorge em 1984. Eu teria, no máximo, 3 anos. Eu teimo: juro que lembro. Em especial do lugar onde via os jogos, debaixo da mesa da sala de jantar, olhando para aquela Telefunken de botões prateados. A mesma que, em 1988, mostrava o garoto Viola nos dando o título paulista.

Sócrates recebeu, na reportagem abaixo, mais uma das sempre necessárias homenagens merecidas. Há, no entanto, um fato curioso e, ao mesmo tempo, triste. Ele prepara um documentário autobiográfico, mas ninguém se interessa em bancar. Como a própria matéria diz, trata-se da história de um dos maiores jogadores de futebol que o mundo já viu. E coisa boa, nesse país, parece não merecer atenção.

Não vou me alongar mais nem falar das mesmices que todos já sabem sobre o Magrão. Só reitero que ele é ídolo de uma nação. Fonte de inpiração para uma massa sofrida. E, acima de tudo, soube das suas responsabilidades e não se deixou levar pelo comodismo e pelo sistema vil que sempre tomou conta do futebol. Sócrates. Brasileiro. Sampaio. de Souza. Vieira. de Oliveira. Um dos símbolos daquilo que foi, é e sempre será o Corinthians que amo tanto.


21 julho 2008

Chupa, Mainardi (e as cagadas da mídia no caso Daniel Dantas)


Não posso deixar - ainda - de falar do caso Daniel Dantas. Quinta passada, o imbecil Diogo Mainardi publicou em seu blog que não aparecia no relatório feito pela Polícia Federal. Esperneou e gritou ao vento, dizendo que iria usar essa ausência para processar aqueles que quiseram "associá-lo a Dantas".

Falou cedo demais. Paulo Henrique Amorim, em seu Conversa Afiada, reproduz trechos do mesmo relatório que tratam do papel da mídia no acobertamento de Dantas e na desestabilização do governo. Cito aqui, com grifos meus:

"(...) artigo publicado dia 02/04/2008, na própria revista Veja, elaborado por um dos jornalistas colaboradores dessa organização criminosa, Diogo Mainardi, sob o título 'Entendeu, Thabata?... eles retomaram algumas das práticas mais antigas e imundas do jornalismo, como a chantagem, a mentira, a propaganda do poder e a matéria paga' (...) Ao lembrar essa assertiva, ele talvez tenha revelado e audaciosamente expressado a vertente resumida de como funciona a mídia para o grupo Opportunity, comandado por Daniel Valente Dantas, o que reforça e confirma todo material coletado em interceptações de dados telefônicos e telemáticos."

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Outro que trouxe uma denúncia irresistível foi Tutty Vasquez, em seu blogue no Estadão. E não precisa dizer nada, a não ser ACESSEM ISSO DAQUI! Esse iraniano não larga mesmo do meu pé...

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Falando em jornalista de merda, o moço da credibilidade agora deu pra copiar os outros. O já citado PHA, ao mencionar o presidente Lula, insere o aposto "aquele que tem medo". E não é que o boca de latrina do Citadini passou a chamar o Sanchez (fora!) da mesma maneira? É muita falta de semancol. Afora as comparações entre as ações dos presidentes citados, colocar-se no mesmo patamar de PHA é, no mínimo, falta de respeito.

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Para entender mais sobre a relação da mídia golpista e Daniel Dantas, vale ler todas as reportagens de Bob Fernandes no Terra Magazine, em especial a da última sexta-feira.

20 julho 2008

Redações em festa


Como não tinham o que falar há algum tempo, o Corinthians deu pauta pras redações no último sábado. Perdeu para o Bahia de maneira ridícula, graças ao frango do gordo. O gordo morreu pela boca, falando o que não devia e não bancando o que falou ao entrar em campo. Aliás, tivesse esse mau-caráter o mínimo de dignidade, ele pediria para sair.

De resto, os coleguinhas nas redações devem estar dando pulos. "Viva, o Corinthians nos deu assunto!", gritam. Porque não dá para plantar crise quando um time não perde. E aí a gente perdeu um dos poucos jogos nessa merda de Série B que não podíamos perder. Até o mais fanático anticorinthiano que assistisse ao jogo viria a público assumir que só o Coringão jogou. E mesmo assim não conseguiu fazer um mísero gol.

Destaques, em derrotas, são todos negativos. O pé-murcho, por exemplo, já não dá mais para aturar. O dalsin é outra aberração (e a contratação mais badalada e cara da temporada). E o Errei-rá voltou a ser o que era, antes de seu surto artilheiro que não durou dois meses: um verdadeiro merda. Acende-se, então, o alerta. Porque se dependemos de Douglas e Dentinho, é bom fazer com que esse último fique até pelo menos o fim do ano. Ou senão, é bom correr atrás de algum atacante decente.

Mas lamentável mesmo foi a passividade de nossa arquibancada. Está cada vez pior. Por alguns minutos, a torcida adversária apareceu no Pacaembu. NA NOSSA CASA!!! Isso, para mim, é inadmissível. Ou o espírito de 69 volta ou então a coisa descamba e vamos conseguir acabar com a mística da Fiel. E aí, rapaziada, é o fim do próprio Corinthians...

Sempre tento tirar conseqüências positivas de derrotas, principalmente essas inaceitáveis. Do último sábado, podemos comemorar que acaba o clima de festa. Espero que fiquemos nos nossos bons 15 mil por jogo, sem muito zica, sem muita camisa roxa, sem muito aproveitador.

Termino falando sobre as novas camisas. Corinthians é: uniforme 1 - camisa toda branca e shorts preto; uniforme 2 - camisa preta com LISTRAS brancas e shorts branco. Isso é uma coisa tombada, não deveria e não poderia ser alterada. Se querem fazer modernidades, inovações, jogadas de marketing, façam OUTRA CAMISA. Não mexam no que é sagrado!

AQUI É CORINTHIANS!


18 julho 2008

Whathafuck?


"Negro falava de umbanda
Branco ficava cabreiro
Fica longe desse negro
Esse negro é feiticeiro
Hoje o preto vai à missa
E chega sempre primeiro
O branco vai pra macumba
Já é Babá de terreiro
Vá cuidar da sua vida
Diz o dito popular
Quem cuida da vida alheia
Da sua não pode cuidar" (Geraldo Filme)

O mestre Geraldo Filme, há quase 30 anos, registrou essa música que, já naquela época, denunciava o rumo perigoso que o mundo estava tomando. Não muito mais tarde, apareceu a tresloucagem de nego achar um termo em inglês para definir algo que poderia muito bem ser dito em português - ou brasileiro ("eu não falo gringo, eu só falo brasileiro").

Tratávamos Barneschi e eu, via msn, sobre uma pós que ele faz e é relacionada a marketing (por que não técnicas de venda?). Lá pelas tantas, alguém mencionou a sigla CEO. E a revolta se instalou nas janelas do software (programa, gente!) da Microsoft (aqui, ok). Pois o negócio é uma abreviação de Chief Executive Oficcer. Entendeu? É, nem eu. Mas é o cara que manda, o chefe. E se você acha que isso é tudo, saiba clicando aqui que há dezenas de designações aos altos funcionários das grandes empresas. Aquela patota mais conhecida como diretoria.

O melhor de tudo é o tal do chairman. E fica até cômico, porque só pela palavra a gente imagina um sujeito que não faz nada, fica no seu troninho - e troninho só é lugar de fazer merda - e tenta achar alguma maneira de surrupiar dinheiro alheio. O dono da porra toda. Ou simplesmente, patrão.

Não acaba aí. Outro dia, recebo um anúncio de emprego que pedia alguém para fazer comunicação below the line. Below the line? Que cazzo é isso??? Ao pé da letra, é abaixo da linha. E eu prometi, quando me formei, que jamais trabalharia na Falha ou na Veja. Porém, a linha em questão é um limite imaginário (novamente inventado pelo povo do marketing), que separa ações feitas para a mídia das ações de contato direto entre emissor e receptor - como eventos e outras palhaçadas. Necessário isso?

Fato é que as pessoas malemá sabem o português. Tem erro pra tudo quanto é lado - e principalmente nos emails (mensagem eletrônica?) dos marqueteiros (vendedores!). Isso deve explicar, além da subserviência aos costumes do Tio Sam, o porquê da adoção de termos da gringa americana. A quantas será que anda aquele projeto do Aldo Rebelo, hein?

Gimme a break!

17 julho 2008

Jornalismo de umbigo


Falei certa vez sobre um tal Digestivo Cultural, um site cheio de bobagens. Hoje, fazendo uma busca no Google, me deparei com ele de novo ao encontrar uma "entrevista" do mentor da coisa com o bolha do Diogo Mainardi.

Não percam o tempo lendo, porque não tem nada de útil. Basta olhar por cima. Entrem aqui para tentar desvendar um enigma bastante pertinente: quem é o entrevistado e o entrevistador nesse caso? Reparem no tamanho das perguntas e respostas.

Das duas uma (ou seria as duas?): o entrevistador tem sídrome de Jô Soares ou o entrevistado é uma verdadeira besta.

15 julho 2008

Proibidão


Alegria de pobre, se antes durava pouco, agora nem vai durar mais. A sociedade brasileira, mesmo depois da suposta abertura democrática com o fim da ditadura militar, se afunila em um modelo cada vez mais sectário, reacionário e proibitivo. A cada nova tentativa "subversiva", vemos poderes Legislativo, Judiciário e Executivo unidos contra aqueles que deveriam defender. E o definhamento da sociedade nada mais é que o reflexo de um Estado fraco.

Não precisa puxar muito pela memória para listarmos aqui as consecutivas restrições impostas aos cidadãos. Em sua maioria, as regras generalizam fatos isolados e transformam o país em um cenário de caos - caos este plantado pelo descaso do próprio Estado e pelo vil capitalismo -, o que, em tese, justificaria um endurecimento nas leis. Citemos alguns:

- na década de 90, decidiu-se que torcedor associado às organizadas era bandido. Proibiu-se a entrada das entidades nos estádios, sem bateria, bandeiras e faixas. Ao mesmo tempo, jogaram a culpa na cerveja, também banida. Acabaram com a beleza das arquibancadas, nivelaram o termo torcedor por baixo (dando espaço para corneteiros e aproveitadores) e enfraqueceram o poder de mobilização que as organizadas tinham. Assim, diminuíram consideravelmente a força fiscalizadora sobre os dirigentes e o resultado está aí. Dualibs, mustafás, euricos e teixeiras pintam e bordam. Há dois anos, acabaram com as gerais do Maracanã, sepultando a multidão dos geraldinos, que eram o retrato mais-que-perfeito da inclusão social que só o futebol proporciona. Agora, em 2008, a cerveja sumiu também dos estádios de todo o país. Enquanto isso, a polícia mata a rodo por aí...

- atrelada à problemática do alcool, surgiu a tal lei seca. Que não se deve dirigir bêbado, isso todos sabem. Mas a questão não é essa. O endurecimento foi contra um direito garantido na Constituição moral do Brasil: a cerveja do fim do expediente. Uma ampolinha ou duas calderetas não deixam ninguém alterado. O combate deveria ser direcionado ao não-cumprimento da lei anterior, que já era severa. Agora, o Estado equipara um boêmio a um Daniel Dantas (ou não, já que ele não fica preso nem sob decreto) e nos obriga a forjar provas contra nós mesmos. Alguém lembra das confissões assinadas nos porões do DOI-CODI?

- estouro na década de 90, a internet estabeleceu um outro paradigma para a indústria cultural. Se antes as grandes gravadoras detinham o poder de decidir quem lançava disco ou não, o mp3 acabou com esse oligopólio. Ampliou-se, ainda, os meios de divulgação do artista e, fosse seguida essa tendência, a qualidade iria garantir quem era relevante ou não para o mercado - gosto musical, aqui, não será discutido. Semana passada, porém, um substitutivo do senador tucano Eduardo Azeredo - e bancado por gente do outro lado, como o petista Mercadante - que criminaliza troca de arquivos na rede foi aprovado. Ou seja, se o presidente sancionar essa insanidade, não poderemos mais baixar nada para nosso computador. Nem música, nem textos para consultas, nada. Seu iPod será como um treisoitão. Reestabelece-se, dessa maneira, a regra número 1 do capitalismo, que enfatiza o poder dos detentores dos meios de produção e isola a grande massa.

Essa onda de endurecimento cria um estado de guerra. As pessoas passam a ter um sentimento de inseguridade que amedronta e desarma qualquer tipo de organização social e política para o confronto. Os poucos que se arriscam são chamados de lunáticos, que vivem às custas de teorias conspiratórias.

Pior de tudo é ver gente acreditando que liberdade de expressão e democracia já estão consolidadas por aqui. Eu, por outro lado, acredito que isso seja mais um instrumento de manipulação, além de boas desculpas para garantir a viabilidade de proibições como as supracitadas - isso sem falar no tal direito de propriedade. E nego ainda vem me falar que o comunismo é que é utópico...

14 julho 2008

Arthur Favela, mão cheia


Segunda-feira sempre é uma merda, principalmente nesses dias frios. O que dizer então de uma segunda pós-churrasco de domingo, muita cerveja e uma leve ressaca? Pois hoje, ao chegar no serviço, fui presenteado com um belo texto do mano véio Arthur Favela, em seu Anhangüera. O blogue do malandro é recheado de grandes histórias do seu reduto (Barra Funda) e também de causos do clube homônimo ao site, a tradicional agremiação da várzea paulistana Associação Atlética Anhangüera. Uma verdadeira aula de História, a partir de uma verdadeira instituição de São Paulo.

Antes, porém, vou contar como conheci o personalidade. Estávamos o cumpadre FH e eu no Puppy, a lenda urbana da Avenida Paulista, 1001, quando se aproxima um sujeito com uma cara de maloquero. Cigarro em uma mão, a outra no bolso, um andar arrastado e já meio calibrado por algumas cervejas depois do dia de trabalho. E o FH apresenta: "Japonês, esse aí é o Favela, lembra dele do samba do CUCA?"

Claro que não lembrava, até porque nos sambas do CUCA eu já chegava, invariavelmente, torto. E saía de lá rastejando de bêbado. Voltando ao Favela, perguntei logo de cara o porquê do nome - e essa pergunta ele deve escutar tão injuriado quanto o Cartola escutava semelhante indagação. Esclarecidas as pendências, passamos a fazer o que mais se admira em uma mesa de bar: falar merda. E foi merda pra caralho. Minutos depois, caímos na besteira de mencionar o futebol, o que tornou o papo monotemático por causa do Corinthians.

A admiração estende-se, ainda, a sua família - Mimi, Denize e o Brunão -, pois há muito da minha própria criação ali na família Tirone. E não posso deixar de lembrar o dia em que o Favela, no fim de uma tarde de muita cerveja no Ó do Borogodó, me puxou de canto e mostrou um papelzinho no qual ele anotava idéias de pauta para seu Anhangüera. O conteúdo era segredo de estado, mas a essência ele levou ao conhecimento de quem quisesse ouvir: histórias fantásticas do povo!

O post de hoje do Favela provavelmente estava naquele papelzinho, e relembra alguns valores contrapostos à "modernidade" vigente. Coisa bonita mesmo, falando de futebol, amizades, dificuldades da vida. Me jogou de volta aos tempos da infância em que éramos felizes e sabíamos. Essa é a tônica não só do Anhangüera, mas também desse cronista de mão cheia que é o Arthur Favela.

11 julho 2008

Antes tarde

Há muito leio o carioquíssimo blogue Terreiro Grande, indicado pelo Filipe.

E fazia tempo que estava para colocá-lo na lista de links ao lado. Aproveito que a rapaziada mandou muito bem no post de hoje - um texto fudido sobre a Pequena África do Rio de Janeiro - e deixo aqui a recomendação.

Hoje, como perceberam, abuso dos superlativos...

Vai parar o Brasil


Mera questão de atualização do post abaixo, que ficou velhíssimo cerca de 15 minutos depois de sua publicação - assim é a internet. Dantas voltou à prisão, ainda que Pitta e Nahas tenham saído, e Gilmar Mendes está, aparentemente, desmoralizado.

Sugiro, então, o texto primoroso do grande mestre Mino Carta sobre a sua luta contra esse banqueiro na Carta Capital. Mino é categórico: com abertura do disco rígido do Opportunity, o Brasil pára. Bom, já está parado mesmo, por conta das eleições municipais. Aproveitemos essa pausa para colocar alguns pingos nos is. Higienópolis treme! A Bahia também!

No mais, volto na segunda falando sobre a barbaridade que é o substitutivo do senador Eduardo Azeredo (adivinha se não é tucano, dessa vez contando com a ajudinha do Mercadante), cuja determinação impõe penas criminais a práticas comuns da web.

10 julho 2008

Dantas, Gilmar Mendes, outras figurinhas e (sim!) Corinthians


A prisão do banqueiro Daniel Dantas durou pouco, mas já expôs ao público quem são os verdadeiros inimigos do povo. Se é que o povo vai ter discernimento suficiente. Para não perder tempo em explicar do que se trata por não ter competência e dados, deixo aqui dois links que explicam bem o caso. O primeiro, do Blog do Nassif, mostra o que é Daniel Dantas. O segundo, do Terra Magazine, conta todo o esquema da prisão.

Em ambos, destacam-se alguns nomes. Atentem a eles: Gilmar Mendes, Luiz Fernando Corrêa e José Dirceu. O primeiro, presidente do STF, bancava o governo FHC e continua bancando o monarca, evitando prisões de quem possa sujar a ficha do tucano. O segundo assumiu há pouco o comando da Polícia Federal e fez de tudo para acabar com as investigações sobre Dantas. E é amigo do terceiro, que entre tantas outras presepadas, intermediava a entrada da máfia russa no Brasil - e a esse tema voltaremos mais abaixo.

A decisão de Gilmar Mendes em liberar Dantas e mais uma corja foi um tapa na cara de todos nós. Principalmente depois de saber que o mesmo ministro governa o país na base do habeas corpus. Aqui, seria imprescindível uma ação do Executivo para destituir esse crápula do Judiciário. Espero uma ação imediata do presidente Lula - que está cada dia mais difícil de defender...

Isso sim é uma verdadeira crise. Política, de valores, o escambau. A mídia, no entanto, está tratando a coisa com uma amenidade ímpar. O maior sonegador e chantegeador do país foi preso e solto em menos de uma semana e ninguém coloca em xeque o presidente do Supremo e a sua ligação com os tucanos? Fantástico...

E aí a gente volta a falar de José Dirceu para relacioná-lo ao Corinthians. E vejam vocês que o Corinthians consegue se envolver até nisso. Porque a prisão de Dantas também respinga no suposto mensalão - que, todos sabem, teve origem tucana - e isso inclui a movimentação política para liberar a entrada da grana de Boris Berezovzky via msi, a famigerada "parceira" do Timão.

O que me obriga a esclarecer: que mané Corinthians! Isso é mais uma das cagadas do velho gagá, que também deveria ser procurado para se explicar. Ao contrário, a imprensa vai atrás dele para mostrar a imagem de um senhor fragilizado e que não está tendo a oportunidade de se inoncentar. Pobre diabo, não? À merda, Dualib! E leva tua neta junto! E o Sanchez também.

Eis os elementos comprobatórios daquilo que nossa patota blogueira chama de agenda de destruição. Dessa feita, foram em cima do que temos de mais valoroso: a esperança. Porque tudo que foi citado acima desmotiva barbaridade. De minha parte, ainda mantenho o espírito, mesmo que nesses dias esteja um pouco abatido. Por fim, deixo para vocês os nomes a serem sempre lembrados: Gilmar Mendes, Daniel Dantas, Luiz Fernando Corrêa, José Dirceu... Os verdadeiros inimigos do povo.

08 julho 2008

A bobagem do 9 de Julho


O feriado de amanhã comemora a "Revolução Constitucionalista de 32". Trata-se de uma das maiores asneiras que fizeram os paulistas em toda sua história. Parte de uma oligarquia que, desde o início da República, se alternava no Executivo, o Estado de São Paulo reforçava seu viés conservador, elitista e separatista no combate à Revolução de 30.

Liderado por Vargas, o governo pós-30 também representava outra elite. Porém, o velho gaúcho era sagaz e, para estancar o crescimento da esquerda no Brasil, deu início ao seu trabalhismo. Se você tem carteira assinada e os direitos da CLT, isso apareceu no governo Vargas.

Elite por elite, Vargas, ao menos, se dignou a dar mínimas condições aos trabalhadores. Até porque o estancieiro sabia que isso era mais do que necessário para garantir o apoio a sua ditadura. Já a paulistanada só queria saber mesmo era do seu café e do seu "progresso" e "modernização". Talvez a única coisa positiva que se pode tirar de 32 foi uma rara oportunidade de mobilização maciça dessa raça ignóbil que vive por aqui. Mesmo que por um ideal tão pouco nobre.

Resuminho porco do que foram os tensos anos 30 - quem quiser saber mais, estude - para dizer que São Paulo é a única cidade que não tem o endereço Avenida Presidente Vargas ou Avenida Getúlio Vargas. O que é nada mais coerente, já que temos aqui pontes e hospitais Octávio Frias e Júlio de Mesquita.

Portanto, amanhã é dia de sair gritando em plena Avenida 9 de Julho um "Viva o Trabalhismo de Vargas e Brizola!" Só pra tumultuar...

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Aos que estranham as parcas palavras sobre o Corinthians recentemente, é por pura falta de assunto. Estamos invictos, acabamos com mais uma bobagem da mídia e instauramos a Mentira Azul como termo incontestável nos anais do futebol e nem mesmo os recentes assaltos da "nova" diretoria merecem espaço, uma vez que eu já tinha avisado que isso aconteceria em dezembro de 2007. Se alguém se surpreende com a falta de transparência, é porque estava querendo acreditar em papai-noel.

07 julho 2008

Finalizando


Passei esse último fim de semana meio neurótico com a possibilidade de ser preso e perder a carteira de motorista. Porém, a cada dia vejo mais argumentos contra essa fiscalização excessiva, em cumprimento da lei seca.

Vejam que o problema, realmente, não é a lei em si, mas o furdunço que estão fazendo por causa dela. As blitze, como disse o mestre Edson Flosi nas longínquas aulas de Legislação na Cásperilo, são todas ilegais. Já começa por aí.

Para os interessados, finalizo a discussão com mais uma sugestão de leitura. Trata-se de um artigo de Rizzatto Nunes, desembargador do TJ-SP, que traz mais esclarecimentos sobre o abuso das investidas policiais no "cumprimento da lei".

04 julho 2008

Curtas da semana


- Ainda sobre a lei seca, duas constatações. A primeira me fez perceber que, a partir de agora, provavelmente não deverei mais atravessar a ponte para tomar minha gelada. Fiquei no Google Maps elaborando rotas de fuga no meu bairro. Aliás, deixo a sugestão aos com recursos: abram bares nos bairros e esqueçam de Vila Madalena e que tais. Há também um outro prejuízo. Está aberta a temporada de “serviços vips” nos bares. E tome pataquadas patrocinadas por empresas de bebidas, nos mesmos moldes que aparecem nos camarotes de estádios e outras merdas.

- Nessa quinta, fiquei fora do mundo. Com a pane nos serviços do Speedy, passei 8 horas fazendo absolutamente nada no trabalho. Aí eu pensei naqueles que defendem com unhas e dentes as privatizações, que “modernizam e tornam mais eficientes” os serviços que deveriam estar nas mãos do governo. Eis, meus caros imbecis, a eficiência da telefonia paulista. Como pode uma empresa não ter um sistema de apoio para evitar isso? Até porque eles não cobram barato pelo pior serviço de internet do mundo. Adoro quando a justiça tarda, mas não falha...

- E a tal Ingrid foi “libertada”, depois de anos de seqüestro pelas FARC. Dizem, no entanto, que o governo Uribe pagou uma boa grana aos guerrilheiros. Nada menos surpreendente. Assim como não é surpreendente a declaração da recém-liberta, que pede a reeleição do fascista presidente colombiano. Sobre essa jogatina político-econômica da Colômbia, vale ler o livro “Notícia de um Seqüestro”, do Garcia Márquez.

- Parabéns aos Gaviões da Fiel pelos 39 anos de dedicação ao Corinthians!


01 julho 2008

Sobre a lei seca


Vejo amigos desesperados. Pessoas que moram no Centro da cidade já se oferecem para dar abrigo aos beberrões. Outros marcam de tomar uma gelada próximo a uma estação de metrô. O fato é que a tal lei seca no trânsito virou o grande problema no momento.

Raramente - para não dizer nunca - concordo com alguém da Falha. Principalmente com seu "crítico gastronômico". Porém, tudo o que eu acho sobre essa nova regulamentação está no blog do Josimar Melo, neste post.

Só uma ressalva: onde se lê vinho, substitua por cerveja.