29 maio 2012

Sete!


Você sabe mais do que eu que o 7 tem milhares de significados e associações, bem daquelas que são cheias de coincidências que nós gostamos tanto. O que você não deve saber muito claramente é o quanto esses nossos 7 anos me fizeram e ainda me fazem um bem. Acho que eram sete horas quando a gente se olhou naquele caminhão e você me chamou para entrar na boléia. Cada cheiro daquele momento vem rapidinho quando me recordo...

Para cada vez que esqueci de dizer, um AMO VOCÊ gigantesco. Para cada cagada que fiz ou ainda vou fazer, uma desculpa dolorida porque te fiz sofrer. Para todas as vezes que você achar - erroneamente - que eu ando meio desligado de você, lembre que eu estou pensando num jeito de te deixar feliz.

E para aquela música que eu sempre quis compor para você, mas nunca tive o menor talento para tanto, acho que essa aí embaixo diz um bocado do que eu gostaria. Pode ser porque aquele filme que eu gosto tanto tenha ajudado a associar, pois também gosto um monte de ti.

AMO-TE MINHA ÍDALA EVINHA!


"Você é meu caminho 
Meu vinho Meu vício 
Desde o inicio Estava você... 

Meu bálsamo benigno 
Meu signo Meu guru 
Porto seguro Onde eu voltei. 

Meu mar 
E minha mãe 
Meu medo 
E meu champagne... 

Visão Do espaço sideral 
Onde o que eu sou 
Se afoga! 

Meu fumo e minha ioga 
Você é minha droga 
Paixão e carnaval..."

22 maio 2012

Corinthians, modéstia à parte - Criança, não verás...


Eis a quarta parte da série "Corinthians, modéstia à parte", obra belíssima do pernambucano Nailson Gondim. Para pensarmos no Corinthians que queremos para as futuras gerações.

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Criança, não verás...

É em pequeno, já que a gente começa a entender por que o Super-homem é corinthiano. O Batman também. Carlitos, então!... Tarzan, os Flinstones, Mickey, Popeye, Homem Aranha, Pinóquio, Pateta, a turma do Sítio do Pica-Pau Amarelo (menos a Cuca, que se veste de verde. Xô!). Quase todo mundo, enfim, é corinthiano. E a gente revela esse segredo sem mistério na coleção e figurinhas preferidas, nas paredes do quarto, nos adesivos colados onde podem (e às vezes onde não devem). Tudo passa a ser Corinthians. Esse inexplicável Corinthians de fortes gritos e tanta gente miúda - pequenos mosqueteiros, fiéis ao lema "eternamente dentro dos nossos corações". Repare quem quiser: não é um só coração, são vários. O Corinthians já vem no coração (não vem no sangue, o sangue é o suor). Por isso, pouco adianta que pais insensatos tentem mudar o caminho escolhido e definido - Corinthians ontem, hoje, amanhã e depois de amanhã - pelo filho esperto que diz "tá bom, paiê... tudo bem, maê...", mas na primeira esquina mantém sua direção. O destino, não tem jeito, é um só: Parque São Jorge, ponto de partida para o que der e vier. O corinthiano mirim é até capaz de sair de casa não-corinthiano (de mentirinha, né?), mas volta corinthiano quando vem da escola, da natação, do passeio... do carregamento na feira ou da mendicância nos cruzamentos da cidade (por que não?). É assim que age o corinthianinho atento aos dribles que ele vê apenas o Corinthians dar nos tontos adversários - o que o diverte, porque driblar o adversário é também um truque infantil. É o mesmo que pular o muro de casa ou sair pela porta dos fundos para jogar bola na rua; comer o lanche antes do recreio; ligar para a escola e dizer "aqui é meu pai", justificando uma ausência preguiçosa. Derrota? Ele entende: o adversário não era corinthiano (redundância, e daí?). Porque se fosse ele, o corinthianinho de voz firme e decidida, não derrotaria o Corinthians - seu Corinthians de poster aberto por todos os cantos, que veste seu time de botões, que dá vida à sua camisa sempre à espera de autógrafo. As 17 regras do jogo ele conhece muito bem. E sabe bastante sobre pênalti a favor, roubo do juiz, impedimento do adversário e falta de sorte. Idéia própria de quem, a respeito do Corinthians, somente se explica com o coração. Está certo. A cabeça é para aproveitar cruzamentos na área e pimba! no canto ou no ângulo do gol. O corinthiano pirralho concorda com ele mesmo, assina e dá fé, porque é de fé. E, por seu tamanho e idade, vive sonhando poder um dia engrossar também - e quanta vontade! - a corrente de paixão que nos estádios é uma só voz; e, quem sabe, entrar em campo com um número às costas e fazer o que seu ídolo não pôde; ou, então, brigar com todos os adversários, tirando satisfação com um corajoso "tão pensando o quê?". Mas o juiz pode expulsar, é verdade. Não importa, porém, porque em seu interior há uma força conhecida e reconhecida. Ninguém vai ligar para juiz, autoridade que todos xingam mas gostariam de ser um deles para fazer o Corinthians mais campeão. Esses desalmados juízes não fazem isso. ("Juiz ladrãooooo!") O Corinthians dos pequenos é fascinante, é fabuloso, é um mundo encantado. E o Corinthians dos grandes... bem, o Corinthians dos grandes não é diferente, porque só existe um Corinthians. Por isso, a gente cresce assim, preparado e esperando um dia chegar para dizer aos menores: "Criança, não verás nada como o Corinthians!..."

15 maio 2012

Corinthians, modéstia à parte - Aqueles anos


Segue o terceiro capítulo da série de transcrições do livro "Corinthians, modéstia à parte", de Nailson Gondim. Aliás, bastante oportuno nesse momento de decisão.

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Aqueles anos

A sorte mal-assombrada já fez o time tremer. Se, de um lado, havia o "Timão", de outro aparecia (sempre!) o bicho-papão, mito maléfico que existiu de várias formas e por muito tempo assustando a legião corinthiana. Eram os anos de insucessos - nebulosos, tenebrosos e escabrosos. Ossos! Foram muitos os que se queixaram dessa assombração: "Esta camisa pesa" - diziam eles. Apegavam-se a isso, as pernas não corriam, os pés não chutavam. Brigar? Brigavam o quê! (Lembremo-nos das pernas bambas e pés impotentes de 1974.) Perdiam títulos e atiravam a responsabilidade aos gritos de desespero que saíam das arquibancadas e embocavam túnel adentro. Nada entendiam de amor à camisa, tradição, rivalidade, e, por isso, jamais a maioria pôs o coração no bico das chuteiras - o coração no bico das chuteiras, o coração... - e partiu para a luta. Suavam como qualquer um, em vez de mancharem a camisa com sangue. Derrota com sangue é vitória corinthiana. E não havia motivos para a maioria tremer porque milhões de mãos esfoladas empurravam o adversário para trás, como se derrubassem barreiras, barricadas e muralhas. Nada. Sobrava, como réstia das agruras, o detestável "o ano que vem é nosso". Os rivais até sabiam como fazer para aumentar o sofrimento corinthiano: "Toca a bola, deixa o tempo passar, que eles se desesperam com os gritos da Fiel". A luta contra o relógio foi martirizante. Nunca se olhou tanto para o placar como naqueles anos abomináveis. Coisa chata, impertinente e cabulosa. A saudade de grandes ídolos era constante. Os superticiosos viviam repetindo: "Enterraram um sapo no Parque São Jorge". Outros argumentavam: "Foi praga não-sei-de-quem". E os anos passando. Festa? Só alheia. E todo o povo corinthiano, castigado e ferido, espiando à distância a farra estranha, sem participar daquelas comemorações, descredenciado igual aos que não têm ingresso para o baile. Nem passe de mágica - e isto resolveria o grande problema - foi dado. A fantasia era patente disneyana e pronto. Droga!... Ninguém, porém, desistiu no méio da trégua, perdeu o sono no pesadelo ou debilitou-se no jejum fatídico. O desânimo não tinha lugar nas arquibancadas sempre espremidas e forradas com bandeiras e esperanças. Um dia - e todos acreditavam, e todos sabiam, e... - o drama teve fim. Fez-se a luz. Heureca!, ou melhor, Corinthians! Soaram palavrões de desabafo, destruíram a Avenida Paulista - segundo queixosos suspeitos - e esculhambaram o trânsito. Tudo pela vitória. Acabaram-se os desgostos, as frustrações e os desafios. A propósito: onde andam aqueles anos?... Vade retro, Sátana!

08 maio 2012

Corinthians, modéstia à parte - Nas cores, na raça e na vida


Dando continuidade à série, eis o segundo capítulo. Perguntaram no último post onde encontrar o livro, mas eu acredito que seja quase impossível porque nem mesmo a editora existe mais. Vale garimpar em sebos.

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Nas cores, na raça e na vida

Ninguém sabe como ele nasce. Sabe-se apenas que ele vem, como tantos, a gastar a sola dos sapatos (que nem todos têm) na caminhada que se costuma fazer num quase-e-sempre sem fim em direção à luta. Ele não deixa - e é questão predominante - de defender com sua força sobrenatural. É um estado de graça, oxém! bá! pô! uai!... Encontra argumentos com facilidade para derrubar o rival invejoso. Ele se esquece até da timidez, se for tímido, pois se nada fala na escola, em casa, na esquina e no trabalho, no estádio ele grita. Berra mesmo! Brado forte que pode ser sonoro ou silencioso (há vozes que se perdem no peito). Ele aparece em todos os momentos, jamais se esconde. Sente orgulho da fé que arrasta até nas mais longas adversidades. Faz de seu peito estofado uma arma. Ele, sozinho, vale por dois. É visto em qualquer lugar e, por isso, causa admirações. Já se multiplicou em milhares e foi êxtase - em meio a uma agonia - no maior estádio do mundo, o Maracanã. Simboliza interrogações e exclamações. Bastam poucos exemplos para mostrar quem ele é, como é, que faz... É mosqueteiro. É fiel. É gavião. Também é craque: defende, ataca, arma jogadas, toca a bola, "cava" pênaltis... E sem sair de seu lugar na chuva ou no sol!. Pensa e cria todo o tipo de esquema de jogo, articulando tudo em campo, como experiente estrategista. É ele quem comanda as jogadas, sim, senhores. Nunca ouviram falar em força do pensamento, não? Então...! Ele erra, às vezes, pois é paixão, é emoção. Mas está sempre procurando acertar. Briga por um título o ano inteiro. Chega à conquista desejada, atinge a meta que pretendia, realiza seu sonho... depois chateia. Ele diz assim: "Esse negócio de ser campeão todo ano já está perdendo a graça". Os outros do lado de lá (amém) ficam loucos da vida. Ele é chamado de "roxo", "fanático" e "doente", mas não é nada disso. Ele é apenas branco e preto: nas cores, na raça e na vida.

03 maio 2012

Corinthians, modéstia à parte - Exemplo de nação



Já havia falado sobre o livro Corinthians, modéstia à parte, do jornalista Nailson Gondim. Trata-se de obra rara não só pelo conteúdo, mas por ser quase impossível de achar, pois nem mesmo a editora existe mais. O pernambucano Gondim também cantou para subir e nos vigia, ao lado de São Jorge e de nossos ancestrais

Sendo assim e em homenagem a todos eles, irei transcrever, sempre que possível, essa histórica publicação que faz jus à grandeza do Todo Poderoso. Adianto que há um texto imperdível do doutor Sócrates, que ocupa a orelha da capa. Acompanhem.

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Exemplo de nação

O povo não desanimou com o golpe mais sentido de sua história. Foi um golpe duro, violento e traiçoeiro, capaz de desmantelar a maior das facções. Mas, apesar disso, o povo resistiu e reagiu. Nasceram até novas facções. E a nação, mesmo massacrada, sufocada e oprimida, ganhou força. Ninguém desistiu da luta em nenhum momento - haja raça, garra e coragem! E havia motivos para desânimo: São Jorge, um guerreiro, foi cassado; Elisa, um símbolo de luta, foi humilhada; e o cego Didi, uma imagem da fé, perdeu seu direito ao título. Estava tudo em outras mãos. A peregrinação do povo em busca de seu respeito relegado de nada adiantava. A minoria sempre dominava. Mas o povo era um povo que, embora derrotado, jamais se entregava. Foi muitas vezes debochado; agente de espoliadores; vítima de mentiras demagógicas... E manteve-se de pé, firme, com fôlego para ir em frente. Ainda que com os pés desgastados, as mãos calejadas e o rosto pingando suor. Peito erguido, porém; bolsos vazios, é verdade. Mas foi, acreditando em sua esperança. Perseguindo sua verdade, sua história, sua vida. Amando uma bandeira, defendendo-a e cantando seu hino. Todos de mãos dadas. Gigante pela própria natureza - assumiu o lema emprestado do compositor. Avançou nos dias de tropeço... E os adversários, cruéis, contando em voz alta os anos de dissabor para irritar o povo sofrido. Irritavam medrosamente. Sabiam que entre eles um entregava o poder para o outro, outro para um, numa sucessão miserável. Às vezes, o povo se aproximava do poder. Apenas um sonho. Sonho de muitos anos de pesadelo. E eles - em casta, bando ou horda - olhavam de esguelha a mão estendida do povo e chutavam para longe o que - pensavam - era só deles. Ou podia ser só deles. Do povo eles queriam somente a fonte de renda. E exploravam-no, fabricando-lhe entusiasmo, provocando crença na vitória que não vinha para, no fim, fazê-lo sofrer com a ilusão sempre adiada para o próximo ano. Promessas, promessas e promessas. Criaram até rei nesse período. E o rei - deles - depois de reinar, ditou: "O povo não sabe votar". E o povo engolindo (tudo) seco. Gastando o pouco da saliva que lhe restava. Mas sem perder seu grito forte. Grito de guerra, não de súplica. E a minoria insistindo em castigar o povo. Com argumentos tolos é que se explicava. "Tudo mentira, ouviram?!..." O povo foi perdendo a paciência. Sua voz se espalhou em coro por toda a nação. E veio - suada, rouquenha e festejada - a conquista do espaço que enterrou definitivamente os mais de 20 anos de repressão, sacrifício e injustiça. Esta é a Nação Corinthiana. Onde todos lutam, onde todos são campeões, onde todos defendem um grito em comum: Corinthiannnsss!!!