30 outubro 2008

Os moralistas estão de férias


Causou pouquíssimo furor o caso claro de homofobia a alunos da USP em uma festa de sua Faculdade de Veterinária. Ao contrário do ímpeto feroz que motivou um factóide de intensa repercussão por parte de Falha, Estadão, Veja e Globo, dessa vez houve o desdém típico dos aproveitadores.

Lembremos o escarcéu da campanha eleitoral municipal. Os jornais foram entrevistar entidades LGBT, deram voz às lideranças como nunca e só faltou colocarem o arco-íris no cabeçalho de suas publicações. Eu contestei tudo isso, questionando a ausência desses mesmos veículos na Parada e na defesa dos direitos homossexuais. Cheguei até ser considerado homofóbico por conta das minhas declarações.

Vale perguntar de novo: cadê o microfone na boca da comunidade? Onde está a indignação dos jornalistas, estes também sempre receosos de assumir publicamente sua sexualidade? Parece que ficaram cansados do trabalho ostensivo durante as eleições – em favorecimento do nosso amado generalzinho – e cerraram ouvidos e olhos para os fatos.

Veja como tratou do caso o site da Falha. “Segundo a versão deles, entre demais beijos de casais mistos, o DJ da festa interrompeu a música, acendeu as luzes e apontou para Lima e Góes. Mesmo constrangidos, os dois continuaram a se beijar até que foram empurrados para o chão por outro aluno. Na troca de insultos, os dois foram expulsos. Em dois tempos, a festa acabou. (...) Procurados pela reportagem, os alunos do centro acadêmico não responderam aos pedidos de entrevista. Em nota, negam a agressão e afirmam que há gays entre os membros da gestão. ‘Os estudantes Jarbas e Eduardo não estavam apenas se beijando. Era uma troca de carícias muito mais explícita, o que acabou provocando certo desconforto em alguns dos poucos presentes, não por conta de ser um casal homossexual, mas sim porque a demonstração exacerbada estava ocorrendo no local mais visível do evento’”.

Ressalto duas coisas: 1) era um baile funk, o que já denota baixaria generalizada. Não seria um agarra-agarra de homens que iria se destacar no meio de tanta imbecilidade; 2) notaram a ênfase para valorizar as palavras do centro acadêmico?

Fosse séria, a imprensa não perderia nem tempo com essas explicações. Agiria com a mesma impulsividade que agiu quando da “polêmica” do “é casado”. Espaço aberto para Cantanhêde, Clóvis Rossi, Dimenstein, Calligaris e tantos outros raivosos contra a intolerância, que parecem ter tirado férias...

2 comentários:

Filipe disse...

Caríssimo,
hipocrisia pouca é bobagem!

Viva o carnaval...

E todos os boquetes que aquele que continua na cadeira-de-mandatário-da-cidade pagará, ali mesmo. Com o perdão da - ops... - colocação.

P. disse...

será que vao publicar o beijaço? será que poderemos então parar uma festa qdo um casal estiver se comendo debaixo da escada, ao lado do bar?
"Mesmo constrangidos, os dois continuaram a se beijar" - imagina se eles tivessem parado de se beijar!!

enfim... ualaualauala