29 maio 2025

20!



"Se eu morasse aqui pertinho, nêga
Todo dia eu vinha te ver
E trazia um par de cheiro, nêga
Pra derramar em você

Bota o teu vestido logo, nêga
Venha antes de chover
Bota teu vestido novo, nêga
Se tirar, me dá prazer

E quando chego no riacho
Vou metendo a mão por baixo
E arrancando o girassol

Canto sempre um belo xote
Dou um cheiro no cangote
Por baixo do lençol

Já se foi a lua cheia
Ja é meia-noite e meia
Até logo, até mais ver!

Se eu morasse aqui pertinho, nêga
Todo dia eu vinha te ver"


Busquei na memória para tentar lembrar quem eu era quando tinha 20 anos e encontrei um completo idiota que se achava um sabichão. Aquele babaca não fazia sequer noção de que a melhor coisa da vida dele ainda iria acontecer um pouco mais para frente. Essas duas décadas formaram um sujeitinho bem lamentável que fazia escolhas invariavelmente duvidosas e que sempre se lascava por causa disso.

Já há 20 anos atrás, me deparei com a única certeza em meio a um turbilhão de inseguranças, frustrações e algum pessimismo. Há 20 anos encontrei uma parceira perfeita. Mas não aquela coisa de filme mela-cueca, de romancezinho da sessão da tarde. Era a parceira da sacanagem, a parceira da marotice, dos aprendizados, do compartilhamento de frustrações, sonhos e inquietações. De cama, mesa e banho, daquela bossa da bateria que casa com o samba-enredo na medida, do chute no ângulo e da receita que dá certo. 

Uma das nossas fotos que mais gosto é aquela com a gente andando na praia, depois de tomar uma cana brabíssima, brincando de companheirinho e provavelmente maledicendo alguém ou alguma coisa. Ou melhor ainda: tirando sarro um do outro. É o resumo perfeito disso que eu estou falando. Se a gente tocasse numa banda, não precisava de ensaio. Se jogássemos futebol, era tabelinha e dibrinho sem treinar. A cerveja da nossa geladeira sempre sai trincando.

Esse tipo de coisa não se constrói da noite para o dia e também não acontece sem esforço, dedicação e um amor que, em meio a tantos obstáculos que tentam se impor, irrompe as dificuldades e prevalece. É um orgulho para mim encher a boca e dizer que a gente construiu um troço tão bom e bonito de viver em duas décadas.

Que em cada dia das próximas décadas eu possa continuar fazendo com que você queira estar no dois para lá, dois para cá comigo. 

AMO-TE, MINHA NEGA! VIVA NÓIS!