01 outubro 2006

Ainda não estamos prontos...



Escrevo este texto próximo do fim do primeiro turno das eleições. Sem levar em consideração a capacidade extrema do Partido dos Trabalhadores em conseguir ser seu maior adversário, aponto aqui algumas curiosidades do pleito.

Que o governo Lula representa o início de um processo que visa o progresso do país, disso não se pode duvidar. Que ele está cercado de corvos como todo governante, também é fato latente. Mas tal característica não é particular do governo petista. A diferença crucial é de quem e como se faz a divulgação disso tudo. Quem conhece o mínimo de História do Brasil deve se lembrar de um tal Carlos Lacerda. Ele mesmo, que conseguiu a proeza de gerar um clima hostil tão grande no país a ponto de provocar o suicídio de Getúlio Vargas, então com sua popularidade altíssima, parece estar assombrando as redações dos principais veículos (em termos de circulação, não em qualidade) da imprensa.

Foi notado pelo jornalista Franklin Martins que há uma espécie de separatismo por parte dessa imprensa, concentrada em SP, RJ e Porto Alegre. Esses veículos "detectaram" que Lula tem grande aprovação no Nordeste por que lá o povo é analfabeto e não tem as mesmas informações que aqui no "avançado" sul do país. Pois bem: fosse o sul do país tão avançado, Pedro Simon já não faria mais valer seu discurso cheio de retórica infundada, a família Amin não seria quadro importante em SC e Álvaro Dias teria de ser banido no Paraná. Em São Paulo, não vou nem citar os cargos do executivo. Me focarei nos deputados federais mais votados: Maluf, Celso Russumano, Clodovil e Eneas. E o que o Rio tem de belo, tem de estranho, no que diz respeito à eleição.

Antes do veredito, cito também algumas distorções. A candidata a deputada federal do PCdoB, Manuela, é a mais votada no RS. A Bahia saiu das mãos de ACM depois de 20 anos. Mas temos Fernando Collor ocupando uma cadeira no senado, com o mesmo peso que tem um Suplicy por São Paulo.

Agora sim a avaliação. Tomando como base essa mistureba de partidos e tendências no poder daqui e de lá, vejo cada vez menos essa oposição entre norte sul. Ainda lembrando a História, é fato que grandes revoluções ocorreram nessa contraposição. Se tivéssemos de fato tal polarização, talvez ela seria a única perspectiva positiva para os sulistas "desenvolvidos".

Um comentário:

Rodrigo Barneschi disse...

Ae japonês,
Sem entrar em detalhes, mais concordo do que discordo.