24 julho 2012

Corinthians, modéstia à parte - Dia de vaia



Na décima parte da série "Corinthians, modéstia à parte", mais um capítulo que pode soar pessimista, tal qual o anterior. Na verdade, o autor Nailson Gondim conseguiu, de forma contundente, passar alguns recados para aparar as arestas daquela meia-verdade de "apoio incondicional" que muita gente utiliza para colocar sujeira debaixo do tapete. Serve como tapa na orelha de desavisado, de jogador vagabundo, de dirigente ladrão e de conselheiro aproveitador. Serve para mostrar à corja que sempre vai ter um corinthiano alerta, pronto para defender seu clube, ainda que isso tenha de ser feito de maneira mais radical. 


O Corinthians é coisa séria. O Corinthians é único. O Corinthians não é marca, é uma revolução permanente e o maior movimento social do mundo.


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Dia de vaia


Vaia para o Corinthians não depende do tempo de jogo. Pode soar tanto aos cinco minutos do primeiro tempo como na fase final. Não é ensaiada, é espontânea. O protesto estoura inconscientemente - solidário e abafado - e sua chama atinge, sem discriminação, todo o time, com ídolo ou sem, craque ou perna-de-pau. A vaia para o Corinthians surge em substituição ao grito corinthiano preparado para o melhor e que, cargas d'água para esfriar, fica entalado na garganta, preso como a aferrada equipe em campo. A repetição de chutes para fora, dribles mal dados e marcações displicentes são motivos para levar o Corinthians à vaia. É triste ver o Corinthians de muitos aplausos vaiado. Mas há vezes que precisa ser castigado, saber desatar os nós da dificuldade e aprender a não esperar pela sorte. Só a vaia para o Corinthians ensina isso: "A mão que afaga é a mesma que apedreja" - lembrou Sócrates, certa vez, citando Augusto dos Anjos. Essa afirmação é discutível, pois não cabe aí em razão de a vaia para o Corinthians existir porque o aplauso corinthiano é redentor, supremo e único. O aplauso corinthiano reforça o grito, faz o peito bater mais forte e alarga o sorriso dos tímidos. E cabe ressaltar que o que para alguns representa 90 minutos, para um povo é eternidade. Também é necessário frisar, deixar claro para os insensíveis, que cada jogo do Corinthians é uma história. Uma história escrita num quadro-negro cujo apagador são as aflitivas falhas do time. Desculpáveis, mas incômodas porque limitam prazeres, desfazem sonhos e mudam rumos de uma história. E sem história, não há Corinthians; sem Corinthians, não há aplausos, só resta a vaia. E como amarga "aplaudir" o adversário; "vaiar" o Corinthians; "pedir" olé para ver o time na roda. Ainda bem que isso é só desabafo em dia de vaia. Plá-plá-plá...

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