04 dezembro 2012

Que saudades, Doutor!


Naquela mesa ele sentava sempre
E me dizia sempre o que é viver melhor
Naquela mesa ele contava histórias
Que hoje na memória eu guardo e sei de cor
Naquela mesa ele juntava gente
E contava contente o que fez de manhã
E nos seus olhos era tanto brilho
Que mais que seu filho Eu fiquei seu fã

Eu não sabia que doía tanto
Uma mesa num canto, uma casa e um jardim
Se eu soubesse o quanto dói a vida
Essa dor tão doída, não doía assim
Agora resta uma mesa na sala
E hoje ninguém mais fala do seu bandolim

Naquela mesa ta faltando ele
E a saudade dele ta doendo em mim

E aí, Doutor? Já faz um ano que você partiu, naquela tarde bonita de domingo, em que o Corinthians ganhou seu quinto Campeonato Brasileiro. Um dia de sentimentos contraditórios, com a dor ardida da sua perda e a alegria incontrolável que todo título do Timão proporciona. E, depois desse um ano, te digo: como você faz falta.

Teus comentários ácidos, nem sempre muito bem compreendidos. Tua luta constante em manter vivos o senso crítico e o ímpeto mobilizador da Fiel que tanto te amou e que tanto fez você compreender o significado do que é ser Corinthians. Justo você, que era o último contestador de amplo alcance no combate à alienação cada vez mais nociva que ronda o Parque São Jorge, teve de ir?

Ah, às favas com a tristeza. Eu quero mesmo é falar das boas lembranças. Não me canso de ver teus jogos maravilhosos, o talento incomparável com a redonda nos pés e, principalmente, teu jeito de encarar a vida. Lições para sempre, Doutor. Ainda que você não lembre, pude dividir a mesa contigo em duas oportunidades naquele bar do Serginho Leite (o bardo deve estar aí do teu lado agora, na carraspana), onde ele servia o chopp Antarctica de Ribeirão. Era teu refúgio aqui na capital. Jamais esquecerei da noite em que você e o Wladimir contaram histórias incríveis, sempre com o humor e a insensatez habituais e necessários.

Pode não parecer, mas há muitos aqui levando adiante o teu legado. Ainda que lá no Coringão inventem conversas fiadas para desvirtuar a Democracia tão bonita que você ajudou a construir, que tenham transformado o Bar da Torre numa escrotice que serve lanche natural e que a elitização seja regra e justificativa para tudo que se relaciona ao futebol, habemus resistência! Culpa tua, ressalte-se.

Você deve ter visto daí a festa da Fiel no aeroporto antes do Corinthians embarcar para mais uma guerra. Um furdunço daqueles que você ia gostar, não? O corinthianismo, Doutor, não morre nunca! Portanto, neste 04 de dezembro em que bate uma saudade danada na gente, bebamos a sua obra. Dê aí um abraço em cada um dos nossos ancestrais, agora que você faz parte dessa congregação sagrada. Sob a benção de São Jorge, ilumine nossas mentes e nossos corações.

Para você, Sócrates Brasileiro e Corinthiano, o eterno e sincero amor que só um corinthiano pode oferecer.

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