19 fevereiro 2008

Aos amigos


Antes do post, primeiramente algumas considerações. A rede Globo é um lixo, uma emissora nefasta que corrompe opiniões por todo o país e sempre serviu ao que há de mais sujo na política brasileira. Seus jornais têm como finalidade emburrecer o povo, assim como a maioria das suas (boas) novelas. Quem não possui o mínimo de discernimento acredita que o Brasil é aquilo que está na tela da vênus platinada. Porém, quando eles querem, eles fazem coisas boas. Sempre no lado ficcional, obviamente.

Dito isso, vamos ao post.

Estreou na última segunda a minissérie "Queridos Amigos". A história se passa em 1989 e mostra um sujeito que descobre ter pouco tempo de vida. Ele decide reunir um grupo de amigos que, por acasos da vida, se separaram. Assim como ficaram separados os conflitos entre eles. A festa promovida pelo protagonista é uma grande oportunidade para que grandes merdas aconteçam, com atritos de outrora vindo à tona como avalanche.

Escrevo essa opinião assistindo ao segundo capítulo. Despi-me de ideologias - logo no primeiro capítulo, tive que me deparar com um daqueles comunistas da Globo, caricatos e tão conservadores quanto quem eles combatem, elogiar Victor Civita - e me identifiquei de imediato com a premissa. A premissa, aliás, é muito parecida ao filme "Invasões Bárbaras", filme canadense com o qual tive sensação semelhante à sentida com a minissérie global.

Na verdade, tudo que remete aos amigos me deixa um tanto quanto emotivo. O papo de bicha é sério. E, assim como o protagonista de "Queridos Amigos", sempre tive essa responsabilidade inata de ser aquele que reúne pessoas (a semelhança pára aí, não estou morrendo). O impulso é tamanho que cheguei a fazer um belo churrasco para 5 pessoas, comigo incluso. Chego até a ficar mal-visto quando tento misturar turmas e a coisa não engrena. Fazer o que, sou assim...

Vendo o programa, me inseri naquela história e fiquei imaginando a cena: velho caquético, consegui juntar 3 meses de aposentadoria. Comprei uma quantidade indecente de cerveja. A carne é de primeira e o fogo já em brasa. Samba de primeira puxado por uns velhos caquéticos como eu. E as lembranças já meio embaralhadas de vidas que, de uma forma ou outra, tornam-se uma coisa só cada vez que se encontram.

Mas isso é só o futuro. Há ainda muito a ser feito para que existam memórias. À sensação boa que me dá a cada casa cheia com aqueles que prezo, um geladíssimo copo de cerveja e uma idéia para o capítulo final do meu livro de memórias.

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* Apêndice:

Retira-se Fidel, mas a revolução ainda vive! A mídia imbecil, que o trata como o diabo encarnado, irá tentar desconstruir a imagem do comandante. Aliás, tratam seu afastamento como uma morte, estendendo isso ao regime cubano. De minha parte, prefiro acreditar num ditador que garante condições básicas ao seu povo a um democrata que mata de fome milhões de pessoas que ele sequer representa.


4 comentários:

Filipe disse...

Estive em Cuba, tive esse prazer. Fui a um congresso de pedagogia, pois minha irmã é mestra nesta arte. Tive o prazer de vivenciar um discurso do Barba em pleno Teatro Karl Marx. Fui com uma pulga atrás da orelha, pois nunca simpatizei com o regime em particular, apesar (e talvez por isso mesmo) de ter sido educado (pela família, evidente, em especial meu Vô, que, não obstante, foi o maior Corinthiano que eu conheci) em base libertária.
O que posso dizer dessa experiência é que El Barba é, realmente, um gênio. Pelo discurso, especialmente. Talvez um dos carismas maiores que nossa humanidade já produziu - daí o medo das corjas pelo mundo afora.
Um cara que compara traduções do Capital em alemão/inglês/francês e consegue identificar tendenciosismos em mínimos detalhes não pode nunca ser desprezado; é um intelecto fora do comum.
Implantou em Cuba um sistema de Educação (com "E" maiúsculo) e de Saúde inexequíveis em qualquer outro regime, impossível em um sistema de corjas detentoras de capital (arrombaram nossos espíritos para poderem chamar de capitalismo...).
As pessoas que por lá vivem guardam para si um senso de dignidade que nenhum executivo de Wall Street ou daqui da Paulista sequer sonharam um dia.
Uma dignidade que atravessará os tempos. (é nesses moldes que repito que a "revolução" viverá: o povo cubano não é burro como o nosso, muito pelo contrário).
Que é coisa que não se arruma com lucro ou com assistencialismo, e que estamos muito, mas muito longe de ver no nosso povo ignário, mas que ozeua também estão.
Sofrem com pobreza? Sim, mas lá o vizinho ajuda. Senso de dignidade.
Experimente ser desempregado aqui ou nozeua, ou mesmo em Barcelona, para ver como teu vizinho te trata.
Esse senso de dignidade só foi possível existir pelo sistema de educação, que não foi simplesmente instituído pelo Estado, mas criado pelas comunas professorais de cada recanto cubano. Cada professor fez sua parte, imbuídos pelo sentimento de Revolución (que, no fim, é mais sentimento que fato). Não rezou, simplesmente, a cartilha do ditador.
Por isso minha admiração pára por aí.
Perseguir ideologias ou simples idéias oposicionistas é coisa de política fraca, e El Barba fez isso. Deixou de ser gênio por aí. Virou ditadorzinho latino-americano como qualquer outro.
É por isso que pendurados em seu saco estão o caciquinho, o homônimo do personagem de Bolaños e o pardinho (que vai ganhar tanto dinheiro agora que Cuba se "liberalizará"...), um estrume em forma de gente que paira como sombra asquerosa sobre o çapo, que é um indigente moral. Aliás, todos esses são.
Mas eu concordo com você. Se fosse para escolher, preferia La Havana. Miami, jamais.

E hoje é dia de jogo lá no antiestádio. Vai de laranja?

Craudio disse...

Hoje em dia, penso seriamente nessa liberdade toda da democracia. O que temos, na verdade, é o democratismo. Uma enrolação que traveste uma ditadura econômica de uma suposta liberdade de expressão. Aliás, que liberdade é essa, já que a expressão se dá por Vejas, Folhas e Estadões?

Hoje vou tentar comprar laranja, mas já tô vendo que vou me fuder. E agora lançaram bichinho de pelúcia também. É pra foder mesmo...

Filipe disse...

E daí vem esses caras das vejas, trolhas e estragões arrotar que a democracia "é o pior sistema, tirando todos os outros".
Eles confundem "democracia" com "demagogia" e não sabem.
E o pior disso tudo é que bastava ler a "Política" do Aristóteles para saber disso.
Mas não.
Eles preferem ler o delfim neto...

Aliás, não vi a minissérie, mas o Dan é camarada. Está trabalhando bem?

Esse bixinho de pelúçia ainda não vi... Sei que fazem o escarcéu por causa de um estádio aí bem na hora de aprovar as contas...

Unknown disse...

Chego até a ficar mal-visto quando tento misturar turmas e a coisa não engrena. Fazer o que, sou assim...

Somos dois...