05 maio 2006

Pelo Corinthians, com muito amor, até o fim!




A tragédia acontecida nessa última quinta-feira no estádio do Pacaembú é uma daquelas coisas inexplicáveis. Jogo na mão e o Corinthians não conseguiu garantir sua classificação na Libertadores, frustrando mais uma vez a Fiel torcida que compareceu em massa e fez uma das mais belas festas já vistas.

O que é totalmente explicável, no entanto, é a revolta da torcida. Após aquele terceiro gol, todas as desconfianças sobre um time, que mesmo contando com investimentos milionários e não sendo uma maravilha em campo, se canalizaram num ato irracional e explosivo. Mas a Fiel é isso. É explosão, é irracional quando se mexe com uma coisa chamada amor incondicional. Para um corinthiano, mexer com o Corinthians é pior do que mexer com o próprio corinthiano. E, convenhamos, aqueles safados que estavam em campo ontem parecem não saber o que isso significa.

Aí vemos esses programas esportivos do horário do almoço na TV, com um bando de jornalistas dando opinião sobre uma coisa que não sabem. Chamam os torcedores de bandidos, mas nunca pisaram num estádio, apesar de se julgarem "especializados" em futebol. Vêm com um papo de que "é só um jogo de futebol". Para as negas deles! É bandido alguém que dá um duro pra conseguir ingresso, vai pro jogo e se depara com o fim das barracas de pernil (obrigado, José Serra e Kassab), enfrenta a truculência da PM já na entrada e ainda não vê seu time respeitado por aqueles que recebem salários obscenos para jogar?

A minha primeira vontade quando vi aquela massa indo para cima do alambrado foi a de me juntar a ela. Mas logo pensei nas coisas que tinha a perder e me segurei, torcendo para aqueles guerreiros que foram defender não só a própria paixão, mas a de milhões de corinthianos revoltados com o que viram. Lá do meu lugar, quieto e tentando acalmar as crianças, mulheres e até idosos, via também uma polícia despreparada jogando bombas de gás e efeito moral sem o menor critério, talvez tentando descontar na Fiel o ódio causado pela sua má remuneração. Só que aí, é válida a violência da PM, que já vai aos estádios premeditando descer a borracha ao invés de proteger o cidadão.

Para eles e para a opinião média, somos todos bandidos. Escuto também o papinho das "famílias que não podem mais ir no jogo". Podem sim. Mas que vão de numerada. Arquibancada é lugar para esses guerreiros que estarão domingo em Rio Preto no próximo jogo. Digo por mim: vou ao estádio desde os 12 anos. Nunca me meti em briga (pelo contrário, separei várias) e o maior perigo desde essa época era a truculência da polícia.

Quanto ao time, não adianta começar o caça às bruxas agora. É lógico que gente como Ricardinho, Roger e Gustavo Nery deve sair ainda ontem. Mas temos um Brasileiro pela frente. Tudo isso foi resultado de uma série de erros. A desorganização interna se refletiu em campo. Um iraniano que vem lavar dinheiro no Brasil e é tratado por esses mesmos torcedores-família como ídolo, um presidente omisso que se enriquece ano após ano às custas do Corinthians, um conselho vendido e conivente, tudo isso mais uma vez vem à tona na forma de mais uma derrota inaceitável. A imprensa, no entanto, se põe a culpar a torcida. Só que a torcida é quem estará lá para sempre. É ela que realmente se preocupa com o Corinthians.

Somos todos sofredores, isso sim. Mas nunca deixaremos de apoiar o Sport Club Corinthians Paulista, na vitória ou na derrota. A alcunha de Fiel não é por acaso. E ser corinthiano é tão inexplicável quanto a derrota dessa última quinta-feira.



5 comentários:

Rodrigo Barneschi disse...

É o que eu disse lá no grupo da classe: crime passional. É crime e é errado, mas é compreensível. E só entende quem sente e quem vai ao estádio.

Agora é bom se preparar: o promotor-urubu vai atacar novamente. Com toda a força. Se ele já tinha reclamado da ameaça aos cambistas, imagina o que vai fazer agora?

Craudio disse...

Nem acho q é crime não... Briga pode ser, mas revolta é sentimento...

E tive q reescrever o post pq acho q estava tão nervoso q passou um monte de incongruências... Aliás, ainda deve ter.

Rodrigo disse...

Estava dando uma olhada no blog do Barneschi quando acabei parando aqui. Cara, no meu blog eu escrevi algo próximo com esse assunto. De fato é vergonhoso um time como o nosso sofrer uma derrota tão infantil como a de quinta. Pior ainda é a violência. Da torcida, dos policiais, etc. É explosão...é passional...é justificável, porém triste de se ver.
Aí chega no domingo e o time joga bem, sufoca os bibas, mas em 15 minutos perde o jogo.

De qualquer forma, fica o convite para você visitar meu blog.
Abs

Rodrigo Barneschi disse...

O 'crime passional' foi uma analogia.

evao do caminhao disse...

clarmente não gosto do timinho, mas tenho respeito pela sua torcida...

revolta mesmo ver o mesmo blá blá blá do pai que levou o filho pela 1ª vez ao estádio e nunca mais vai voltar ou o PM chorando pq a pancadaria foi bem sucedida, fruto de não sei qtos anos de trabalho dele e q fez tudo isso para evitar uma tragédia ainda maior

ah, meu cu né?!

saudações tricolores