05 junho 2012

Corinthians, modéstia à parte - Modéstia à parte


Nesta semana que antecede duas batalhas importantíssimas para toda a família corinthiana, além da obrigação de recuperar a vagabundagem demonstrada nas duas primeiras rodadas do Brasileirão, nada como o capítulo homônimo à obra de Nailson Gondim que vamos destrinchando por aqui. Fala muito daqueles que odeiam nosso amor ao Corinthians. E, ao fim do texto, vejam a beleza das palavras premonitórias de nosso caro pernambucano alvinegro.

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Modéstia à parte

Não é por nada não, mas vivam os não-corinthianos, esses dissociados que preferem proclamar-se anticorinthianos e gastam tempo procurando sombra no povo corinthiano para fugir à sua inutilidade. São invejosos em bando, porque insatisfeitos com o orgulho alheio. E, afastados disso, se definem (eles têm definição) anticorinthianos. Tomam emprestado o adjetivo comum que um povo consagrou em adjetivo pátrio e se rotulam com um prefixo negativo para se tornarem indiretamente legíveis e legítimos. São pessoas sem sorte, que dependem do jogo - mais precisamente do seu resultado - para sobreviver espiritualmente. Não vamos dizer "bem feito". Essa expressão - por questão de respeito ao próximo - picamos junto aos papéis que voam no céu de rojões a cada entrada do Corinthians em campo - o que aumenta a ira dos anti. Aí, só o prefixo, já que é fato incontestável: não é permitido - por questão de direito - que qualquer um seja citado com ajuda do maior adjetivo de um povo, principalmente porque o anticorinthianismo parece sentimento de violência pessoal, insatisfação interior e emoção retardada, ainda que cada um tenha direito a isso e responda pela ironia de seu destino. Isso explica como os anticorinthianos são perturbados com a confusão criada por eles próprios, que até se valem de um conforto: não conhecem dificuldades, por isso acham melhor - contrariando o provérbio chinês - pedir o peixe a aprender a pescar. Há deles que, de quando em quando, se traem e cantam ou assobiam o hino corinthiano que sabem tão bem, e ao se darem conta do que estão fazendo disfarçam-se rápido, o que conseguem com facilidade porque são, caracteristicamente, disfarçados. E o disfarce incomoda. Problema deles, o povo corinthiano entende por questão óbvia. Há também os que vivem acompanhando cada detalhe dos números do Corinthians nos campeonatos. Só eles podem esclarecer o motivo dessa preocupação sistemática e automática com os números negativos do Corinthians. Pois é preciso que saibam: número negativo é o que estimula o Corinthians a buscar sempre o positivo, meta que eles jamais vão assimilar. Ah, queixam-se - com a insegurança dos insensatos, a voz dos levianos e o pigarro dos mentirosos - de que o Corinthians ganhou determinado título com auxílio do juiz. Auxílio do juiz! (Então, os quase 23 anos sem título foram "auxiliados" por quem? Bem, não vamos discutir tolices deles. Basta-nos sabê-las.) Atrevem-se a falar de futebol, embora raramente sejam vistos nos estádios: "Somente em decisão" - arrotam como se dissessem coisa boa. Esquecem-se de contar os números de títulos estaduais porque ganharam menos. Alguns lembram de seus títulos nacionais; outros recorrem ao passado para arrogar-se campeão mundial. E, em coro, com intenção de humilhar ou debochar, eles perguntam: "O Corinthians já foi campeão nacional alguma vez? Campeão mundial também?" (Perguntas que deixarão de fazer para coçar a cabeça, a partir do ano da graça de 1985.) A resposta, por enquanto, só pode ser tipicamente corinthiana, para desgosto deles: "Não, modéstia à parte".

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