22 fevereiro 2007

No berço do samba

“Lá no barraco
Tudo era alegria
Nego batia na zabumba
E o boi gemia
Iniciado o neguinho
Num batuque de terreiro
Samba de Piracicaba
Tietê e campineiro”

Geraldo Filme em Batuque de Pirapora

As palavras de Geraldo Filme mostram os primórdios de um Carnaval rústico, enraizado e, acima de tudo, brasileiro. Descendente de escravos, o Samba de Pirapora, ou Samba Rural ou de Bumbo, se desenvolveu a partir dos batuques nas senzalas, em contraposição à vocação religiosa da cidade de Pirapora de Bom Jesus, a 54 km de São Paulo.

Nesse cenário de tradicionalismos e em busca de um destino ainda pouco desbravado do Carnaval paulista, partimos para o interior, procurando conhecer mais a respeito da festa que em 2007 veio com o tema “Carnaval da China”. À beira do Rio Tietê, Pirapora dispõe de opções simples, mas confortáveis, de hospedagem. Ficamos no Hotel Casarão, cuja sede foi construída em 1924 e, desde então, recebe romeiros que vão pagar promessas na igreja local.

Mas o clima era de folia e, já no primeiro dia, passado e o presente conviviam harmoniosamente. No Espaço Samba Paulista, Osvaldinho da Cuíca, nome conhecido da escola de samba Vai-Vai, animava a roda de samba com feijoada que abriu o calendário de Carnaval. Na seqüência, o Grupo de Samba de Roda, sob comando de dona Maria Ester, uma das participantes do primeiro grupo do gênero, declamava os versos de improviso sobre o batuque dos bumbos. Pelas ruas, trios elétricos tocavam marchinhas e músicas de micaretas para fazer os mais novos pularem.

Quem já esteve por lá não esquece algumas particularidades. Tem a velha perua, que precisa ser empurrada de cinco em cinco minutos para funcionar e que dá carona a quem tiver coragem de se empoleirar num verdadeiro ferro-velho. Há também o bloco Vovô da Serra do Japi - outra resistência do Samba de Bumbo e na ativa há 3 anos -, que sai pela cidade entoando canções aos donos de bares para pedir combustível para os membros da bateria. E como não falar dos grupos que aparecem no baile do Clube Municipal, com camisetas personalizadas ou fantasias, ou ainda a salvadora canja de galinha servida no fim da madrugada? Fora isso, há concursos de fantasias bastante fanfarrões e até desfile de Escolas de Samba.

Feita essencialmente por moradores da região, a folia de Pirapora é daquelas para se colocar na lista de “melhores carnavais da vida”. Mesmo assim, os piraporanos ainda carecem saber um pouco mais sobre sua própria história e valorizar um reduto tão importante da cultura brasileira.

3 comentários:

Anônimo disse...

Bonito.

Salve a tradição.

E esse sabadão? Vai rolar pernil ou não?

evaodocaminhao disse...

ué, já li este texto fanfarrão em algum lugar

hohohohoho

não vejo a hora de fazer o meu

tá tudo aqui no cabeção já...

assim q vc ajudar (vide emeio)

Craudio disse...

Hohohohohoohohohohohohoho... Mas tem duas pequenas diferenças.

O emaio já foi respondido, mas não sei se tá completo.