19 maio 2008

O novo führer


Há quase quatro anos, os paulistanos elegeram um candidato que, mesmo após ter assinado e registrado que não iria largar o cargo, deixou a administração paulistana e largou por lá um tal kassab. Desde que assumiu, o então desconhecido político decretou um toque de recolher na cidade, proibindo bares de manter as portas abertas depois da 1 da manhã, tentou proibir os feirantes de gritar, acabou com outdoors e eliminou charmosas fachadas em nome da "cidade limpa" e chamou até um cidadão de vagabundo.
Há 70 anos, um político alemão ficou marcado pela sua tentativa obsessiva de limpeza étnica e higienização da Europa. Qualquer semelhança...

Eis que a última do führer paulistano diz respeito à cerveja nossa de cada dia. Na semana passada, ele vetou a comercialização e consumo de bebidas alcoólicas nos arredores dos estádios, no período de duas horas antes e uma hora depois dos jogos. Outra medida disfarçada pela contenção da violência, mas que todos nós sabemos a quem interessa. Trata-se, meus caros, de mais um largo passo a caminho de 2014, quando teremos o ápice da europeização e elitização do popular e brasileiro futebol. Mais exemplos? Os corinthianos pagaram R$20 por uma arquibancada na segunda divisão. Já a porcada teve que desembolsar R$40 no último jogo. Fora isso tem camarotes, proliferação de cadeiras numeradas, ostensivo combate às organizadas, fim das barracas de pernil e uma diversidade de ações.

Candidatos ao posto de genocída também se manifestam. O promotorzinho de merda promove nesta terça uma audiência pública para o seu PL que "disciplina a entrada e saída das torcidas organizadas nos estádios de futebol. (...) As torcidas organizadas ficarão nas arquibancadas localizadas atrás dos gols, ou seja, em áreas opostas; a entrada e a saída dessas torcidas não poderá coincidir com as do público em geral e com a torcida do time adversário; o espaço reservado às torcidas organizadas não poderá ser superior a 20% da capacidade total do estádio. (...) o que se busca com o projeto é resgatar o espírito familiar que existia no passado, quando pais e filhos iam juntos aos estádios como forma de lazer nas tardes de domingos".

Hitler, apesar de imbecil e louco, era ao menos inteligente. Aqui na terra da garoa, nossos führers pegaram somente a parte do imbecil e louco.


2 comentários:

Filipe disse...

Tá foda, Japonês.
Não sei como mas as pessoas se convencem. Será que a presidente da associação dos moradores do Pacaembu estará na Assembléia amanhã, apoiando o 'deputado'?

Vai pro Rio?

Rodrigo Barneschi disse...

Japonês,
Quanto à proibição da venda de bebidas alcóolicas nas imediações dos estádios, tenho a dizer que a situação estava sim um pouco diferente neste último domingo no Palestra. Não queriam mais vender cerveja em garrafa, apenas em lata. Diziam os donos dos bares que era uma determinação da Prefeitura. Teria sido isso? Pelo sim, pelo não, o lado bom é que a cerveja não deixou de ser vendida. Resta saber até quando...