05 julho 2010

Sob as traves alvinegras


Eu, que cresci assistindo a
Ronaldo Soares Giovanelli voando em pontes totalmente desnecessárias, que fiz com ele a benza às metas antes de cada partida e na volta do intervalo, que testemunhei suas defesas incríveis e seus arranca-rabos com adversários e companheiros de time, que berrava "Rrrroooooonaaaaaaaaldo" imitando Silvio Luiz em cada gol evitado na pelada da rua, tenho cá um grau de exigência bastante elevado com quem veste a camisa 1 do Corinthians. O goleiro é peça-chave em qualquer grande equipe, é a última barreira, o último fio de esperança da torcida antes de uma tragédia. Ronaldo, ao menos para mim, foi o maior guarda-metas de nossa Centenária História e dificilmente será substituído à altura. Ronaldo, aliás, só tem um!

Antes do apedrejamento por causa da assertiva polêmica, ressalto que
Dida foi quem esteve mais perto de ocupar o status do "queixada". Aqueles inúmeros pênaltis defendidos que valiam gols são inesquecíveis, mas sua genialidade era ofuscada pela extrema frieza, coisa tão adversa da alma corinthiana. E apesar de outros gigantes durante esses 100 anos, como Gilmar dos Santos Neves, Ado, Cabeção, Tobias e Carlos, Ronaldo é presença garantida no time de todos os tempos da imensa maioria dos corinthianos.

Tanta introdução foi necessária para falarmos sobre a última substituição do arqueiro alvinegro, saindo o comedor de acarajé e chegando Aldo Bobadilla. Primeiro, falemos sobre aquele que se vai. Irregular, alternava no mesmo jogo defesas impossíveis e frangos homéricos. Custou-nos a Copa do Brasil em 2008 e, meses antes, se mostrou um canalha ao pleitear aumento de salário por ter colaborando com a tragédia de 2 de dezembro de 2007. Alçado ao posto de ídolo por aquele mesmo pessoal que pedia autógrafo para empresário iraniano e que bate palma em eliminação vergonhosa, Felipe abandona o
Timão - numa negociação meio obscura, diga-se - e não me deixa nenhuma saudade.

Quem chega tem 34 anos, mas pouco fez de muito excepcional. Na bagagem, consta uma gratidão ao tampão Sanchez e, portanto, é menos provável que nos esfaqueie pelas costas. Do ponto de vista místico, e isso deve ser sempre levado em conta quando se trata de Corinthians, detém o mesmo nome de Aldo Malagoli, grande atleta dos anos 50 e 60 que hoje se dedica aos chocolates aqui perto de casa. E é só isso o que podemos dizer sobre o novo reforço.

Ocorre que me assusta um pouco a distorção de valores da torcida com relação a Bobadilla, pois nem assinado o contrato está e a grita começou forte. Assusta justamente porque acolhem tão bem alguns trastes como Herrera, só para citar o caso mais recente. Sobre quem eu realmente gostaria de ver sob as traves do
Coringão, cito aquele Renê, que está no Bahia e passou por Portuguesa e ex-Barueri. Apesar da idade avançada, trata-se de um ótimo goleiro e, além de tudo, é corinthiano de fato.

Nomes à parte, todos os citados aqui como traíras, novidades ou desejos estão no mesmo nível técnico e muito abaixo de Ronaldo, em todos os sentidos. Ao paraguaio, resta a prova do caráter e o restante do Brasileirão para sabermos se trocamos seis por meia dúzia. No prejuízo, tenho certeza, não ficamos.

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** Atualização (06/07): segundo o Lanche!, o comedor de acarajé não vai ser mais contratado para a reserva do Genoa. Temos que ver se o Bragantino aceita ele de volta...


6 comentários:

Walter Pereira Silva disse...

uma divagação:

não teria o Herrera (credo) causado uma aversão aos goleiros estrangeiros?

Mônikita disse...

É nos resta esperar e ver ... mas de qq maneira o mercenário já era.

E estou na campanha de MANO PRA SELEÇÃO JÁ, embora saiba que com isso o Brasil com certeza em 2014 ficará no quase...

QUASE QUE DEU!!!

VAI CORINTHIANS!

Álvaro disse...

Continuo com a minha opinião: começou a fase de experiências no gol do timão.

O paraguaio pode dar certo? Pode, mas parece apenas que ele será o primeiro de uma longa fila de goleiros a serem testados.

E já não conto com a vitória do próximo jogo, pois ele não estará em campo e nossos reservas são horrorosos.

Matheus Antunes disse...

É difícil de entender, realmente, Claudio. O cara nem chegou e já tem um monte de "especialista" por aí dando pareceres "abalizados" sobre o rapaz. Logicamente uma atitude pouco inteligente. De minha parte, estou meio com um pé atrás, mas posso estar completamente enganado. Vou apoiar o cara e esperar pra ver, corinthianamente. É o que me cabe, penso eu.
Muita hora nessa calma!

Craudio disse...

Walter, pois então, eu acho que isso nem deveria ter muito a ver. Aliás, lembro de Gato Fernandes e Rodolfo Rodriguez, ambos extraordinários guarda-metas gringos. Tá certo que não jogaram no Coringão, mas foram lendários.

Monikita, é um a menos pra urubuzar o Corinthians.

Alvaro, eu sei não... Pra mim essa busca por goleiro nunca acabou.

Matheus, acreditemos no poder de redenção do Corinthians para que o cara seja uma revelação tardia. No mais, já faz muito tempo que eu não me comovo com qualquer contratação, para o bem ou para o mal.

Unknown disse...

Toda razão com relação ao duvidoso caráter do Felipe. Acho que já vai tarde mesmo. Mas é preciso admitir uma coisa: se ele falhou na final em 2008, fechou ABSURDAMENTE o gol na final de 2009 no Pacaembu. Pra mim, os responsáveis diretos por aquele título são ele e JH.