30 abril 2010

Combatendo fogo com fogo


Estabelecemos por aqui que a morte do futebol brasileiro irá ocorrer em 2014, com a Copa do Mundo em nossa terra. Os argumentos são vários e refletem ações tomadas ou propostas por gente que nunca pisou numa arquibancada, justamente para prejudicar quem sempre estamos lá. Falamos também que o futebol está sendo infestado por uma horda que busca holofotes, geralmente com fins eleitoreiros.

O sempre atento Barneschi, esse totem do verdadeiro torcedor, nos presenteou nesta sexta-feira, via Twitter, com uma matéria cujo título é estarrecedor: "Justiça decide punir clubes por briga de torcida organizada em SP". Aviso de antemão que dá asco ler tudo, por isso destaquei os pontos principais da decisão de um desembargador que, pelo texto, expõe-se como um alienígena no mundo dos gramados.

Diz a reportagem sobre o nobre membro do Judiciário, Lineu Peinado, do TJ-SP, que a Federação Paulista de Futebol será obrigada a incluir no regulamento do próximo estadual que
"o clube que tiver seus torcedores envolvidos em brigas, tanto dentro como nos arredores dos estádios, perderá três pontos na tabela e fará os dois jogos seguintes com os portões fechados — sem direito a transmissão pela televisão ou rádio. Os clubes também perderão um ponto caso seus torcedores sejam pegos com objetos proibidos dentro dos estádios. Cabe recurso. Para evitar que torcedores vistam a camisa de times rivais para prejudicá-los, Peinado determinou que o regulamento preveja, nesses casos, a eliminação sumária do clube para o qual o acusado de vandalismo realmente torce."

Antes de tudo, gostaria de perguntar aos advogados que por aqui passam se isso tem embasamento jurídico válido. A meu ver, é discriminação das brabas. Posteriormente, tenho uma sugestão, inclusive para justificar a pecha de bandidos que nos tacam sobre os ombros.
Teremos o Paulistão dos pontos negativos. Defendo que as três torcidas da capital quebrem o pau todo jogo, sem exceção. Rebaixados, que a porradaria continue rolando na A2, garantindo portões fechados toda rodada e transformando estadual naquilo que os abutres querem há muito tempo: um paulistinha. Mais adiante, que o C13 se reúna a fim de estender a abobada ação liminar ao Brasileiro. A violência atingirá níveis nacionais e, assim, voltaremos à várzea, único lugar onde o futebol ainda mantém intactos suas raízes e seus valores, hoje tratados como obsoletos e primitivos. Manteremos no peito a alma e a identidade. E, principalmente, iremos ver um clamor geral e irrestrito pela nossa volta, porque sem o torcedor de verdade não há business que resolva.

A alternativa radical e extremista é a única que nos resta, até porque jamais nos consultam antes de qualquer decisão, invariavelmente imposta de cima para baixo. A estratégia dos pulhas é muito clara: vamos manter os vândalos como moribundos para não destruir nossa demanda de mercado; depois enchemos a burra de grana na Copa e entregamos a terra devastada para esses otários. É isso, simples e direto, assim como fazem com qualquer outro tipo de movimento social de massas. Criminalizam e capitalizam sobre a temática, sem que os problemas reais sejam colocados em pauta, tampouco as soluções em prática.

É preciso que o torcedor entenda de uma vez por todas o que está em jogo.
Estão matando nossa paixão, destruindo nossa máquina de sonhos. Você aí, que fica preocupado em colecionar títulos como um moleque babaca cheio de brinquedos e sem nenhum amigo para conversar, deveria repensar prioridades. Quando o furacão chamado Copa 2014 for embora, talvez não haja nada sob os escombros para recuperar.

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