17 novembro 2008

Ceninha imbecil


Vindo hoje ao trabalho, presenciei uma cena grotesca, porém muito comum em São Paulo ultimamente. Na saída do Metrô Vila Madalena há uma tiazinha que bate ponto por ali faz muito tempo, vendendo bolos, chás e café para o pessoal que sai correndo de casa e não tem tempo para o desjejum. Ao que parece, essa segunda-feira foi sua última. Uma operação truculenta da Subprefeitura de Pinheiros quase derrubou a velha e ainda levou um outro gaiato com seus DVDs piratas.

Apesar de muita gente defender o fim do comércio informal, recorrendo sempre à política higienista e alegando prejuízo na arrecadação de impostos e tudo mais, não é assim que se promove a inclusão desse pessoal no mercado de trabalho. Não basta descer o cacete, levar mercadoria (comprada com muito suor, diga-se) e tratar os ambulantes como bandidos. É preciso lembrar que esse povo só está dando duro nas ruas porque não tem oportunidade de emprego.

Quem vai aos estádios, por exemplo, já não encontra as fabulosas barraquinhas de pernil, e os vendedores de cerveja têm de ficar escondidos para não serem presos pela GCM. Na região da 25 de Março, a coisa beira à selvageria e a propina come solta - puxemos pela memória os casos de envolvimento de funcionários da prefeitura nessa cobrança, típicos das gestões Pitta e Kassab e que foram esquecidos pela mídia nas últimas eleições.

Falando em pleito, nota-se que o tom proibitivo voltou após a reeleição do generalzinho. Depois de falar aquele monte de mentira na campanha, o solteirão mais famoso da capital paulista retomou sua política repressiva, está fechando bares e tornou a restringir toda e qualquer possibilidade de melhoria de vida aos mais pobres.

Pior de tudo: se formos colocar na calculadora, o valor arrecadado com os impostos recolhidos pela tiazinha do café não daria para pagar nem metade do salário dos imbecis que atuam contra sua própria classe e abusam da "otoridade" que lhes é concedida, muito menos a gasolina e o IPVA da kombi que levou a mercadoria apreendida.

Por esse motivo, é inevitável pensar que essas ações são feitas por pura maldade. Sorria, meu bem...

2 comentários:

Filipe disse...

A arena aflorou e quer sangue, a vampirada tá faminta. A servidão, voluntária sempre, faz a ponte. Triste época, e ainda vem mais por aí...

Rodrigo Barneschi disse...

Foda, japonês. O fim das barraquinhas de pernil é, na minha visão, o marco de uma era sombria. Acabou-se com o prazer de chegar ao estádio e ter o que comer. E eu nunca comi nessas tiazinhas do café da manhã, mas é fato que sempre me pareceu de enorme utilidade.